Página da INSIDER: www.insiderstore.com.br/Glossonauta Cupom de desconto: GLOSSONAUTA ------------------------------------------------------------ 00:00 Introdução e agradecimento 01:03 Afirmação inicial "intensa" 02:26 Exemplo da pronúncia do grego koiné dos primeiros cristãos 04:06 Esclarecimento sobre o uso da pronúncia 06:19 Resumo da história da pronúncia grega 08:19 Exemplo da pronúncia do grego ático no século IV a.C. 09:09 O erro cometido por muitos na pronúncia: Anacronismo 11:37 Como analisar mudanças de pronúncia por meio da grafia 15:54 Início da análise das evidências históricas 19:25 ει ~ ι 21:42 αι ~ ε 22:58 ω ~ ο 24:38 οι ~ υ 27:08 η ~ ει ~ ι (alternância mais tardia) 29:54 αυ, ευ, ηυ ~ αβ, εβ, ηβ / β, δ, γ (pronúncia fricativa) 37:04 A perda da aspiração 40:30 Resumo do sistema vocálico do grego do Novo Testamento 41:41 Comentários finais e encerramento ------------------------------------------------------------ Referências: · The Pronunciation of New Testament Greek: Judeo-Palestinian Greek Phonology and Orthography from Alexander to Islam (Benjamin Kantor); · Ἡ Κοινὴ Προφορά (Randall Buth); · Greek: A History of the Language and its Speakers (Geoffrey Horrocks); · Vox Graeca (W. Sidney Allen).
O cara é tão bom que a entrada do canal é só ele falando "olá, pessoal, tudo bem?" e o nome do canal aparecendo lentamente com uma música obscura e, mesmo assim, tem um baita impacto.
Dá uma sensação de espaço aberto, desolação, solidão.
4 месяца назад+115
Gostaria de ver um texto em português sendo lido com as pronuncias de Portugal e do Brasil de 1500, 1600, 1700, 1800, 1900 e atual. Seria uma ótima forma de sentir as mudanças de pronuncia no decorrer da história. Poderia se pegar um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha pra usar como exemplo.
Meu vizinho está alugando uma casa para casal, e escreveu na placa "cazal". A gente ri, mas releva, já que é um senhor humilde de mais de 80 anos de idade, mas é curioso pensar que na linguística, mesmo isso, que pra nós é uma piada, tem valor histórico para as gerações futuras descobrirem que nesse caso S e Z tem exatamente o mesmo som.
Há mais ou menos uns 120 anos muitas palavras não tinham um padrão normatizado S e Z tendo duas grafias cosinha em vez de cozinha. Até o Brasil era escrito com Z.
Seu canal é essencial para esta plataforma que carece tanto de qualidade de conteúdo e de pessoas comprometidas com seu objeto de estudo e com o aprendizado. Parabéns!
Olá, Estevam! Poderia fazer um vídeo detalhado contando a tua trajetória no aprendizado da língua latina? Por exemplo, mostrando os materiais e técnicas utilizados e assim por diante. Seria muito interessante.
Esse vídeo aula vem de encontro a uma curiosidade que todo estudante dos textos do novo testamento querem saber, como pronunciar o grego koine, onde muitas gramáticas básicas sequer dão atenção e o estudante acaba adotando a pronúncia clássica. É uma aula pra ser revista com atenção. Uma pérola. Fiquei impressionado ao conferir que as evidências da pronúncia estão nos textos do novo testamento. Muito obrigado, professor.
Sou novo no seu canal. Vim pelo vídeo que você fez em colab com o canal estranha historia. Queria saber o porquê do slackware. Sei que desvia do tema do seu vídeo, mas é que quando eu vi fiquei bem impactado. Geralmente que usa essa distro é mais galera entusiasta ou que trabalha com TI. Geralmente, quando se fala de pessoas que usam linux para outros fins que não relacionados com o trabalho com tecnologia da informação, indicamos distros como o Ubuntu ou o Pop_OS.
09:38 ~ 09:57 caramba, que profundo! eu pensava exatamente o oposto. Achava que seria interessante sempre ler como na época para ter uma imersão completa. Realmente, faz sentido que o texto mude a forma de ser lido, apesar de manter a escrita, quando os falantes - e o idioma e pronúncia por consequência - passam por mudanças ao longo do tempo.
Apesar de minha formação ser outra gosto muito de línguas em geral e por isso seu canal caiu como uma luva pra mim! Caiu como uma luva? Luvas caem??? Rsrsrs
Conheço as letras porquê sou físico, mas sou completamente analfabeto em grego. Grego para mim "é grego". Há um "causo" interessante sobre a semelhança do grego com o russo. O professor Mário Schenberg lia os clássicos gregos no idioma original, encadernados em vermelho e ficavam em sua estante. Como ele era do "partidão", quando a polícia social "baixou" lá o "macaco" viu os livros e perguntou para ele que livros russos eram aqueles.
Nesse caso eu dou um desconto porque o alfabeto cirílico foi criado na idade média com base no alfabeto grego, então para o troglodita achar que é russo está bom demais.
Pior foi um caso de uma pernambucana da elite ao ir à Grécia e numa livraria comprar livros em árabe ao invés de livros em grego, que uma conhecida minha havia pedido! Pense numa pessoa que nem diferenciar alfabetos totalmente distintos! Confesso que fiquei chocado na época e perplexo com a gafe daquela mulher! Foi uma pena terem abolido o latim e acho que deveríamos ter o grego clássico no lugar da maldita " Religião", sempre odiei essa matéria. Não quero dizer para que quebrássemos nossas cabeças com as complicações verbais do grego clássico, mas pelo menos uma introdução e algo de leitura dos clássicos, Homero, Ilíada,etc.
@@Νορντεστινοταξιδευτής Infelizmente estamos no meio de um apocalipse educacional, distópico e pós moderno, onde zumbis sem cérebro nacionais vagam em septuagésimo segundo lugar no "rank" de Q.I. mundial.
sou de Fortaleza, e minha mãe que veio do interior costuma muito dizer ''dirligar'' em vez de desligar, e ''rezistro'' em vez de registro. Essa troca de S por R e G pelo som de z tem sido muito comum na minha vida, e fico pensando em como isso vai afetar no futuro.
não estudo grego, mas sei ler as letras, assim como outros idiomas. fiquei interessado em mais sobre a pronúncia e história do idioma. se puder sempre trazer um contexto histórico explicando o motivo das alterações, o que ocorria na época, seria bem legal.
Hoje em dia não precisa ser programador nem ser um entendedor sobre informática para usar Linux. A maioria das pessoas conseguiria usar uma das versões mais famosas sem achar mais difícil que Windows.
Eu ia comentar justamente isso kkkkkkkkk Tipo, não é só linux, que é algo que já desvia do padrão, é o slackware! É tipo você descobrir que alguém que você conhece não só joga CS, mas tbm é global, ou que não só joga xadrez, mas é um grande mestre, ou ainda que não só gosta de "Senhor dos Anéis", mas tbm fala élfico.
@@mrNoobplaying Eu uso distribuições da família Debian para garantir que as minhas dúvidas já foram perguntadas antes. Só vou testar essas distribuições mais exóticas quando eu já estiver bem familiriazado com Ubuntu e derivados.
Acho tão interessante como algumas pessoas estudam a bíblia a fundo e ainda continuam crendo que é a palavra de Deus. Quando, historicamente, já temos diversas evidências de que a bíblia está cheia de erros e que é só um livro. Já sabemos que moises não existiu e muito mais. Fora isso, ótimo vídeo. muito interessante a leitura do grego.
Οικος = ίkos , ειρήνη= Iríni , αίμα= ema, αυτός = aftós ... Ακόμα και σήμερα μαθαίνουμε στο σχολείο αρχαία ελληνικά. Πολλοί Έλληνες που έχουν τελειώσει το σχολείο πριν από την δεκαετία του 80 δεν καταφέρουν να γράψουν καλά τα νέα ελληνικά, επειδή έχουν γίνει πολλές αλλαγές στην γραμματική για να είναι πιο εύκολο την εκμάθηση της ελληνικής γλώσσας.
@@Νορντεστινοταξιδευτής "Γειά σας!" ( Όταν δεν γνωρίζεις κάποιους καλό είναι να του μιλήσει στο πληθυντικός αριθμός από ευγένεια) Πολύ ωραία που γνωρίζετε την ελληνική γλώσσα. Κρίμα που εσείς δεν έχετε έρθει ποτέ στην Ελλάδα. Εγώ μένω στην Αθήνα και είναι μια μαγική πόλη. Έχουμε πολλοί τουρίστες που έρχονται ξανά και ξανά στην Ελλάδα. Εύχομαι κάποτε να καταφέρετε να επισκεφθείτε την Ελλάδα. Αν έρθετε κάποτε μην ξεχάσετε να πας στα μουσεία, ειδικά τον αρχαιολογικό μουσείο που βρίσκεται στην Αθήνα, είναι το αγαπημένο μου. Η ελληνική γλώσσα είναι μαγική και όσο περισσότερο μαθαίνουμε βλέπουμε πόσο πλούσια είναι το ελληνικό πολιτισμό. Συνεχίσετε να διαβάζετε ποιος ξέρει, ίσως κάποτε εσείς θα καταφέρετε να έρθεις στην Αθήνα. 🇬🇷📝📚💓 ( Μπορεί να ακούγεται περίεργο, αλλά πάντα χρησιμοποιούνται το πληθυντικός αριθμός για να δείξεις ευγένια στον άτομο που μιλάς )
Você podia fazer um vídeo sobre características que tendem a se perder nos idiomas com o passar do tempo, características que oscilam, e características que tendem a ser cíclicas. Por exemplo, o grego foi perdendo suas aspirações. Com o português ocorreu da mesma forma. Seria essa uma tendência geral dos idiomas? Ou, em vez disso, observa-se que alguns perdem essa característica enquanto outros ganham? Todos os idiomas românicos perderam as declinações, com exceção do romeno. Seria essa uma tendência geral? Das linguas se tornarem mais analíticas. Li uma vez que o português brasileiro tem a tendência de tornar intransitivos verbos que em Portugal são obrigatoriamente transitivos diretos. Exemplo: alguém pergunta a um portuga: você comprou X? E ele responde: comprei-o. Nós brasileiros respondemos apenas: comprei. *Que é exatamente como se fazia em latim.* Seria a regência verbal um caráter cíclico dos idiomas? Ou esse meu exemplo é apenas um caso isolado? Enfim, acho que já deu para entender. Você poderia falar sobre três tipos de tendência: A - coisas que costumam acontecer na mesma direção em todos os idiomas B - características que costumam ter evolução variável. Aparecem em um grupo de idiomas, ao mesmo tempo em que desaparecem em outros grupos. C - mudanças que tendem a ocorrer de forma cíclica. Vão, depois voltam.
Caríssimo anfitrião, uma pergunta: Você acha que o processo de mudança de escrita das línguas, hoje, pode ser muito mais lento em comparação com os períodos anteriores, tendo em vista que tem-se um registro muito mais amplo e acessível graças à internet?
Boa tarde Glossonauta. Eu tenho dúvidas de como pronunciar os tons no grego antigo, do período com a pronúncia politônica. Esse assunto poderia ser uma sugestão de vídeo. Adoro esse canal e sempre te acompanho
Olá, Paulo! De forma resumida, o acento melódico do grego clássico funciona assim: - ά (sílaba tônica com subida de tom); - ὰ (sílaba tônica sem subida de tom); - ᾶ (sílaba tônica com subida e descida de tom). No trecho em que eu li o começo da Odisseia, você pode ouvir como isso soa. É só ir para o seguinte momento deste vídeo: 08:19 Abraço!
@@glossonauta Pra mim ficou claro. Eu penso que é um assunto que poderia render um vídeo, porque - até mesmo em outras línguas como o inglês -, você não vê muito os professores demonstrando esse tons do grego clássico na prática - nas pronúncias restauradas. Você pelo menos trouxe esse elemento na sua reconstrução.
Eu queria fazer uma pergunta um pouco fora do contexto, mas é que faz um tempo que tenho essa duvida. No video sobre o sotaque nordestino vc falou que o S pode chiar antes de L e M, mas eu percebi que na Maioria das vezes o S se transforma em R, pelo menos na minha região, que ainda está dentro da área do sotaque. Por exemplo, ao invés de ''aZH lambidas'' nós diríamos ''arr lambida'' ou até mesmo ''urr dois'' ao invés de ''uZH dois''. Eu já pesquisei muito, mas esse fenômeno nunca é citado. Poderia explicá-lo?
@@gabrielmaximianobielkael3115 Oi! Tudo bem? É o seguinte, nos sotaques do Nordeste, é comum que o som de Z seja trocado por uma aspiração. No caso de "as lambidas", como o S de "as" aparece antes de um L, ele se sonoriza, o que o deixaria com som de Z (ou com um som de J, caso você faça um chiado). Entretanto, esse som de Z pode se tornar aspirado, fazendo com que soe como um "RR". Eu mencionei essa transformação neste vídeo: ruclips.net/video/5aoBTdVieT8/видео.htmlsi=KeZsZMjbhXfrFamv Basta ir para o 16:34 desse vídeo que eu acabo de mandar. Abraço!
@@glossonautao canal chama biblical mastery academy. E ele recomenda o livro do Benjamin Kantor “the pronunciation of the New Testament” que usa o método que vc falou no outro vídeo, a partir de spelling mistakes e outras técnicas para saber como era pronunciado na época. No vídeo ele fala sobre a Erasmian Pronunciation que é a mais usada porém não é verdadeira.
@@xiaofei89 Dei uma olhada no vídeo dele. Ótimo! Eu fico feliz que, aos poucos, isso esteja sendo corrigido e haja cada vez mais pessoas usando uma pronúncia mais adequada para a leitura desses textos.
não lembro se você já comentou sobre isso em algum vídeo, mas poderia explicar num vídeo curto o nome do canal, pronúncia... Parece-me grego, mas não tenho conhecimento suficiente pra ter certeza. É apenas uma ideia de vídeo :)
Essa é a pronúncia usada no canal www.youtube.com/@KoineGreek Você pode dar uma olhada lá. Além disso, se quiser um material escrito, tem _Ἡ Κοινὴ Προφορά,_ do professor Randall Buth, só que é em inglês (estou pensando em fazer um em português). Se quiser, posso lhe passar o PDF desse material, pode falar comigo no Instagram. Se quiser um material mais profundo e completo, tem o livro _The Pronunciation of New Testament Greek,_ de Benjamin Kantor. Abraço!
Os manuscritos em hebraico achados na Índia resolvem essas contradições, mas infelizmente, os cristãos não vão gostar por se tratar de algo firmando a judaicidade de quem eles creem ser cristão.
Muito boa a explicação. Assim faz sentido porque na palavra "auto" nós falamos auto mas em idiomas como o russo e ucraniano eles falam avto. Porque na verdade fomos todos influenciados pelo grego. Estou correto na minha observação?
O que você acha do trabalho do Luke Ranieri do canal Polymathy? Curto pra caramba o trabalho de vocês dois no resgate das línguas clássicas! Parabéns por fazer esse trabalho excelente em português brasileiro!
O trabalho dele é excelente! Concordo com a maior parte das análises dele e gosto do canal dele (e ele gosta do meu trabalho também, inclusive). Obrigado pelo comentário! Um abraço!
Creio que seria interessante lembrar que não existia essa uniformidade da pronúncia do grego coloquial. O grego era falado em imensa lista de países, com culturas epercepções linguísticas diferentes. Gerando, comumente sotaques, regionalismos e expressões idiomáticas ligadas às suas línguas maternas. No caso bíblico isso fica evidente pela diferença de escrita do grego presente nas epístolas, o que certamente evidência prováveis diferenças.
O vídeo apresenta um ótimo exemplo de como o linguista deve trabalhar com diferentes fontes para elaborar hipóteses de reconstrução de pronúncia. Glossonauta vc faz um belíssimo e compente trabalho de divulgação científica. Parabéns. No entanto, como o tema deste vídeo é amplo, creio que seria interessante uma breve menção a 3 fatos importantes, próprios da história externa da língua. (1) Os evangelhos sinóticos são traduções para o grego, a língua franca do Médio Oriente à época, de narrativas em hebraico e aramaico. (2) É principalmente pelo fato de o grego ser língua franca, que sua pronúncia se alterou bastante desde o período de Alexandre até o surgimento do cristianismo, perdendo a distinção de longas e breves e as variações tonais. Ademais, os primeiros cristãos certamente variavam bastante, conforme a região e a classe, o modo de pronunciar o grego, de modo que não faz sentido pressupor uma só e correta pronúncia do texto. (3) A chamada "nova lei" anunciada pelo messias dirigia-se a todos os indivíduos de todos os povos, o que promoveu uma nova compreensão do valor religioso da linguagem: doravante a letra importava menos que o espírito. Desse modo, a mensagem divina, diferentemente do que acontece no judaísmo, passou a poder ser enunciada em qualquer língua. Portanto, em termos teológicos, a "pureza" da mensagem depende menos da reconstituição da pronúncia do grego e mais da escuta inspirada do ouvinte. Por fim, um detalhe técnico referente ao trecho iniciado em 27:08. Ao menos do ponto de vista da pronúncia clássica (grego ático dos séculos V-IV a.e.c.), os valores foneticos de η e ε foram invertidos, como uma consulta à Wikipedia em inglês pode confirmar. η = vogal anterior semiaberta não arredondada / open-mid front unrounded vowel [ IPA ɛː ] => semelhante a "éé" em português ε = vogal anterior semifechada não arredondada / mid front unrounded vowel [ IPA e̞ ou ɛ̝ ] => semehlhante a "ê" em português
Olá! Muito obrigado pelo comentário. Vou deixar aqui as minhas respostas aos pontos apresentados (fique à vontade para responder novamente, se desejar): 1. Mesmo havendo algumas pessoas que questionam isso, há um consenso acadêmico de que os evangelhos sinóticos foram redigidos originalmente em grego, apesar de terem partido de uma tradição oral em aramaico. Ainda assim, mesmo que tivessem sido escritos em hebraico e aramaico, a sua tradução para o grego seria do primeiro século, contemporânea aos primeiros cristãos, o que manteria como válido o que eu expus no vídeo. 2. De fato, havia variação na pronúncia do grego, principalmente porque havia algumas variedades com uma sonoridade mais arcaica, ao mesmo tempo que algumas já tinham passado por inovações. Entretanto, a partir do primeiro século d.C., as evidências mostram que a pronúncia apresentada neste vídeo estava bem generalizada pelo mundo de língua grega (principalmente na região onde se escreveu o Novo Testamento) e, além disso, ainda foi se expandindo mais, de forma que, no terceiro século d.C., já estava consolidada. Havia variações, claro, mas próximas do sistema apresentado aqui, já nada próximo da pronúncia do ático clássico. Sendo assim, você tem razão, não podemos dizer que havia uma única maneira correta de pronunciar o grego, mas sabemos ao redor de que giravam as variações do sistema fonético e quais variações podia haver, portanto, podemos garantir que a pronuncia erasmiana (bastante utilizada em seminários) não se encaixa na pronúncia desse período, sendo altamente anacrônica. 3. É verdade, o uso de uma pronúncia diferente não é algo grave no sentido teológico, por isso fiz o esclarecimendo presente no 04:06. O bom conhecimento do que apresentei no vídeo se torna bem mais relevante ao fazermos a análise de manuscritos e crítica textual, pois é necessário saber que αι representava o mesmo som que ε, ou que οι representava o mesmo som que υ, etc. Sem esse conhecimento, não é possível entender corretamente o motivo de diversas variantes no texto, o que pode levar a conclusões errôneas acerca do que está sendo observado. Sobre a menção à vogal η que fiz em 27:08, não me referia à sua pronúncia no período clássico, a qual era [ɛː], como você disse. Essa pronúncia pode pode ser ouvida quando fiz a leitura do início da Odisseia em 08:19, em que pronuncio o η como [ɛː]. Ou seja, na parte do vídeo que você mencionou, eu me referia à sua pronúncia já no período do grego koiné, que era como [e], ou seja, fechado. Ao longo do período do grego koiné, o som da vogal longa η foi fechando-se, enquanto a vogal breve ε se relaxou e abriu-se. Como resultado, ε e αι se igualaram em [ε], enquanto o η se fechou para [e]. Posteriormente, o η fechou-se ainda mais para [i], que é a pronúncia que apresenta desde o final do período do grego koiné até os dias atuais. Abraço!
@@glossonauta Caro Glossonauta, eu que agradeço pelo zelo em sua resposta. De modo geral, até onde posso avaliar, creio que estamos de acordo na grande maioria das questões levantadas. Sim, tudo indica que os evangelhos são traduções de narrativas orais (faltou esse adjetivo no meu comentário anterior) em hebraico e aramaico para a língua franca (o grego). Eu apenas quis chamar a atenção para uma novidade da religião cristã em relação à judaica, para um fato da história externa das línguas. Para o judaísmo, deus escolheu falar em hebraico, de tal modo que sua mensagem é corrompida se transmitida em outra língua. Para o cristianismo, Deus pode falar em qualquer língua, a verdade da mensagem não depende da língua. Portanto, teologicamente, para o Cristão, tanto faz ler os textos sagrados em grego, copta, latim, português, tupi, chinês ou iorubá. Já para o judeu (ou o mulçumano, aludindo a uma terceira religião de origem semítica), ler a mensagem em outra língua que a escolhida por deus faz toda a diferença, podendo até mesmo configurar sacrilégio. Quanto à pronúncia do grego em época protocristã, eu tenho muito a aprender com vc, porque só conheço a do clássico, a qual, por razões práticas, pronuncio de forma adaptada, combinando elementos de 2 pronúncias: a reconstituída e a do grego moderno. Para fins de fixação ortográfica, em certos casos também traio a pronúncia para seguir a letra (por exemplo, pronuncio o dígrafo ει como "êi"). A bem da verdade, até hoje não encontrei nenhum especialista que, de fato, recite o grego clássico de modo plenamente satisfatório, com todas as variações fonêmicas, rítmicas e (sobretudo) tonais. Luke Rainieri e Ioannis Stratakis fazem um belo trabalho, mas ainda não chegaram lá. De todo modo, ao início do cristianismo, certamente diferentes cristãos de diferentes regiões e etnias, falantes de diferentes línguas e de diferentes dialetos gregos, pronunciavam o texto bíblico de diferentes modos. Tal assertiva não pretende de modo algum invalidar a tentativa de reconstrução, mas sim mostrar que ela é bem mais complexa do que parece, que exige considerações de simultaneidades, de modo que a eleição de uma só pronúncia supostamente autêntica é um equívoco epistemológico. Pelos poucos vídeos que já vi em seu ótimo canal, você tem formação em linguística e decerto concorda com isso. Talvez a pronúncia do grego no terceiro século d.C. já tivesse uma considerável homogeneidade nos termos que você coloca, mas certamente também se preservavam e se criavam muitas variantes pelo vasto universo da língua grega. De todo modo, você está certíssimo em garantir que a pronúncia erasmiana não reflete de modo algum a do período protocristão. Diga-se de passagem, é bem provável que o próprio Erasmo concordasse com isso, dada sua disputa com os sábios bizantinos. Mil desculpas pela desatenção à sua bela recitação do trecho homérico, a qual rivaliza com a de Ioannis Stratakis! Quanto à evolução como que "invertida" de η e ε, eu simplesmente não sabia dela, mas a conjecturei diante do que vc falou. Bastante interessante. De todo modo, como sabemos, do ponto de vista diacrônico, nenhuma letra "é" um som, mas sempre "está" com um som. Agradecendo pelo bom e rico diálogo, fica um forte abraço fileleno! P.S. Vc já deve ter visto e revisto, mas, por via das dúvidas, fica a dica do seguinte vídeo de Luke Ranieri: "Greek Pronunciation: φ θ χ (phi theta chi), the full history" . ruclips.net/video/5lcIcYFveII/видео.html
A respeito das vogais longas, não entendi muito bem se apenas o oméga deixou de ser uma vogal longa, ou se o eta e as palavras que são acentuadas com o acento circunflexo também deixaram de ser longas.
Na sua leitura do trecho da Odisseia, a pronúncia das sílabas me pareceu ser qualitativa, em vez de quantitativa. No caso, o ideal não seria se levar em consideração a duração das vogais/sílabas para uma pronúncia mais correta (nos termos expostos na 4ª seção do vídeo e imediatamente antes da récita)?
Mas eu fiz a pronúncia das quantidades silábicas, sim. Você pode prestar atenção no primeiro verso, por exemplo. Ao pronunciar «Ἄνδρα μοι ἔννεπε, Μοῦσα...», você pode ouvir o ritmo causado pelas quantidades silábicas, como «ΑΝ-δρα μοι | ΕΝ-νε-πε | ΜΟΥ-σα» (TΑ-ta-ta | TA-ta-ta | TA-ta). Abaixo, você tem uma parte do trecho que eu li com as marcações de quantidade silábica. Você pode ouvir a minha leitura enquanto lê os versos abaixo, talvez fique mais claro assim. Ᾱνδρᾰ μοῐ | ε̄ννεπε, | Μου̅σᾰ, // πο̆ | λῡτρο̆πο̆ν, | ο̄ς μᾰλᾰ | πο̄λλᾰ Πλᾱγχθη̆, ε̆ | πει̅ Τρο̆ῐ | η̄ς // ῐε̆ | ρο̄ν πτο̆λῐ | ε̄θρο̆ν ε̆ | πε̄ρσε̆ν Πο̄λλω̄ν | δ 'ᾱνθρω̄ | πω̄ν // ῐδε̆ν | ᾱστε̆ᾰ | και̅ νο̆ο̆ν | ε̄γνω̄. Abraço!
@@glossonauta Na primeira metade do primeiro verso dá pra perceber sim, pois os acentos coincidem com as vogais/sílabas longas. Mas, por exemplo, a partir da segunda metade do primeiro verso, o que eu ouço, embora dê para perceber certo alongamento de algumas vogais (como em "pol-", de "pollá"), é mais parecido com: "po- | -LÝ-tro-pon |, hos MÁ-la | po-LLÁ" (ta | TA-ta-ta | ta-TA-ta | ta-TA), em vez de algo mais como: "po- | -LÝ-tro-pon | HOS má-la | PO-llá" (ta | TA-ta-ta | TA-ta-ta | TA-ta). Da mesma maneira, "TRÓI | es ", em vez de "TRÓI | ES"; "ptoLÍ | ethron", em vez de "ptolí | Ethron"; "É | persen", em vez de "é | PERsen ". Ou, "po-LLÔN | d'an-TRÓ | pon Í-den | ÁS-te-a ..." (ta-TA | ta-TA | ta-TA-ta | TA-ta-ta), em vez de "PO-LLÔN | D'AN-THRÓ- | -PON í-den | ÁS-te-a ..." (TA-TA | TA-TA | TA // ta-ta | TA-ta-ta) Para mim, em relação ao que estou mais acostumado, sua pronúncia dos acentos soa mais como se fossem tônicos, em vez de melódicos, o que me dá uma confundida no ritmo. Acho que isso que me causou certo estranhamento, porque, como acabei de dizer, me acostumei com outra maneira de pronunciar não só os acentos mas também as quantidades. Cheguei a pensar que, nesse trecho, sua intenção fosse mostrar a pronúncia "em geral", por assim dizer (sem levar em consideração quantidade, acentuação melódica), pra comparar com as mudanças fonéticas do koiné. Mas isso acabou me gerando a dúvida inicial. Enfim, de resto, muito bom vídeo. E seu trabalho aqui no RUclips é ótimo. Abraço!
@@aprendiz-8 Entendi. Ainda assim, se prestar atenção, vai ver que quando eu digo "ὃς μάλα πολλὰ", o "ὃς", por ter uma vogal fechada por consoante, tem uma duração maior que a sílaba "μά", que vem em seguida. A duração está na sílaba como um todo, não na vogal em si, que é breve. O "μά" é mais agudo, por causa do acento melódico, mas não é alongado. Às vezes, sílabas longas são mais agudas, outras vezes não. Indo mais para o meio da leitura, perceba como o "ψυ" de "ψυχὴν" é alongado, em vez de eu passar por ele rapidamente, mesmo sem ser agudo. Talvez você esteja acostumado com uma forma de recitar diferente, como você disse. Eu li tentando dar um ar de naturalidade à recitação, mas mantendo a pronúncia das sílabas longas e do acento melódico. Pode me escrever no Instagram, que lá posso mandar áudios comparando alguns elementos da leitura, caso queira. Abraço!
Uma dúvida. Se εἰς foi escrito posteriormente como ις, como sabemos que não houve uma mudança apenas de pronúncia? Ou seja, falava-se antes "eis" e agora "is", semelhante a "djia" e "jia" no exemplo que você deu. Não seria a mesma coisa com "edade" - "idade" e "escripta" - "escrita"? Porque ai neste caso, o verdadeiro anacronismo seria entendermos sempre a grafia mais recente como correta. Não sei se me fiz entender. Parabéns pelo video, virei inscrito.
Como que pode eu não estudar grego, não estar nem aí pra bíblia, mas achar esse vídeo tão interessante? Hahaha A parte do "ai" virando "é" me fez pensar no francês, é um processo parecido?
Essa é a pronúncia usada no canal www.youtube.com/@KoineGreek Você pode dar uma olhada lá. Além disso, se quiser um material escrito, tem Ἡ Κοινὴ Προφορά, do professor Randall Buth, só que é em inglês (estou pensando em fazer um em português). Se quiser, posso lhe passar o PDF desse material, pode falar comigo no Instagram. Também tem a opção de marcar uma aula comigo, que eu lhe explico esse sistema de pronúncia. Caso queira, pode me mandar uma mensagem no Instagram também. Abraço!
Muito obrigado! Sobre a palavra παράκλητος, há duas pronúncias válidas em grego. Pode ser "parácletos" ou "paráclitos". Lembrando que a sílaba tônica é a antepenúltima, como nas palavras "hálito" e "árido", ou seja: "paRÁcletos / paRÁclitos". Ficou claro? Abraço!
Olá! Tudo bem? Pronuncia-se "ké". No período do ático clássico, séculos antes de Cristo, a pronúncia era "kai", mas no período dos autores do Novo Testamento, era "ké". Como eu expliquei no vídeo, normalmente não dão muita importância à questão da pronúncia, então terminam usando e ensinando o grego do Novo Testamento com uma pronúncia do período incorreto, de séculos antes de Cristo. Neste vídeo, eu decidi trazer um pouco mais de informação sobre esse assunto. Mesmo que a pronúncia não influencie na interpretação do texto, considero mais adequado (e mais belo) usar a pronúncia correta do período em questão. Um abraço!
Eu tenho um problema em falar e distinguir l de r quando ele vem imediatamente após uma consoante geralmente pronunciando l como r a ponto de eu mal conseguir distinguir os 2 sons nesses casos e cometo erros de ortografia muito frequentemente com isso
Isso depende do sotaque, na verdade. Há sotaques em que o "ni" é palatalizado e fica como se fosse um "nhi". No meu sotaque isso não acontece, o N de "ni" é idêntico ao N de "na". Essa transformação do N em "ni" é pelo mesmo motivo da transformação do T em "ti", que fica como se fosse "tchi", com um chiado (algo que também não ocorre no meu sotaque, em que o T nunca tem esse chiado). O contato com o "i" (que é uma vogal palatal) termina palatalizando a consoante anterior. Ficou claro? Abraço!
Olá, Henrico! Eu sou professor e dou aulas à distância, mas não tenho nenhum curso gravado para vender na internet. Caso queira ser meu aluno de latim ou grego, pode me mandar uma mensagem no Instagram, que eu falo com você por lá. Abraço!
Na opinião de um linguista, sem um apego a qualquer corrente teológica, tecnicamente, qual seria a tradução de João 1:1? A tradução convencional é "a palavra era Deus", mas há alguns que argumentam pela tradução "a palavra era divina" ou "um deus".
Vou ajudar: PRIMEIRO: no Evangelho de João está assim escrito em todos os manuscritos e códices: -> Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος. SEGUNDO: "divino" é uma adjetivação de algo com qualidades de deus ou que se refere a deus. Se o sentido fosse esse, deveria ser escrito θεῖος (theíos), um adjetivo no caso nominativo singular masculino, e significa "divino". E não está escrito assim. TERCEIRO: estão escritas duas declinações da palavra "Deus", Θεὸς (Theós), que é a forma nominativa singular (não declinada), ou seja, a forma básica e dicionarizada da palavra, usada quando "Deus" é o sujeito de uma frase, por vezes podendo ser usada como um predicativo do sujeito, como é o caso do trecho em questão. Já a forma Θεόν (Theón) é o caso acusativo de Θεός (Theós), que é usado quando "Deus" é o objeto direto de uma ação. Em outras palavras, Θεόν seria usado quando alguém ou algo faz uma ação que envolve "Deus" como o objeto. Por exemplo, em João 1:1, a frase πρὸς τὸν Θεόν (pros ton Theón) é traduzida como "com Deus" ou "junto a Deus." Aqui, Θεόν está no caso acusativo porque é o objeto da preposição πρὸς (pros), que indica direção ou relação. Portanto, enquanto Θεός (nominativo) é usado quando "Deus" é o sujeito ou predicativo do sujeito da frase, Θεόν (acusativo) é usado quando "Deus" é o objeto da ação. QUINTO: A palavra λόγος (lógos) não tem uma tradução precisa, pois é um termo filosófico utilizado na época. Foi traduzido como "verbo", no sentido de "palavra", que originalmente significa isso mesmo, mas nesse texto, e pelo contexto da época do primeiro século, está sendo utilizado como um termo filosófico. A palavra λόγος é um termo que já possuía uma rica história de uso, tanto na filosofia grega, quanto no pensamento judaico, antes de ser adotado no Novo Testamento. Na filosofia grega, especialmente entre os estoicos e no pensamento de Heráclito, λόγος era usado para se referir ao princípio racional ou à razão cósmica que ordenava o universo. Era uma força fundamental que dava sentido e coerência a todas as coisas. No contexto judaico, particularmente na literatura sapiencial e nos escritos de Filon de Alexandria, λόγος foi associado ao conceito de uma palavra ou sabedoria divina que mediava entre Deus e o mundo criado. SEXTO: A palavra grega ἀρχή (archē) pode ser traduzida de várias maneiras, dependendo do contexto, mas a tradução mais comum e precisa em João 1:1 é "princípio". No contexto do Evangelho de João, ἀρχή geralmente se refere ao começo absoluto, especialmente no sentido de "o começo de tudo" ou "a origem dos tempos". Essa ideia de "princípio" remete à criação e ao início da existência, semelhante ao uso de "No princípio" em Gênesis 1:1. No entanto, ἀρχή também tem outras conotações em grego, como "autoridade", "poder" ou "origem", dependendo do contexto filosófico ou literário. Em outros textos, pode até se referir a um "governo" ou "domínio". PORTANTO, a melhor tradução para a Língua portuguesa, mantendo a sintaxe e os casos das palavras, e um sentido que não geraria ambiguidade dos termos, bem ao pé da letra grega, sem mudar a ordem dos termos, seria: -> Na Origem era o Logos, e o Logos estava com Deus, e Deus era o Logos. Não sei nem porque existe essa dúvida nos meios teológicos, porque é grego bem básico.
Olá, Gleisiel! Tudo bem? O Evagelho de João começa assim: Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος. Para realizar a tradução, é necessário fazer algumas escolhas, por exemplo, como traduzir o termo λόγος? Traduções possíveis são _palavra_ e _verbo_ (sendo esta segunda com o sentido mais amplo de "palavra", não simplesmente dos verbos que se conjugam na gramática da nossa língua). Entretanto, λόγος vai além disso, porque também faz referência à razão e ao pensamento. No final, qualquer tradução terá que fazer uma escolha, mas é importante conhecer o texto original para ter uma profundidade um pouco maior do que está sendo apresentado. Bem, esse trecho inicial começa dizendo que "ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος" (no começo, existia a palavra [o logos]). Esse "existia" também pode ser traduzido como _havia, estava ou era._ Em seguida, afirma-se: "καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν" (e a palavra [o logos] estava junto de Deus). Após isso, temos o trecho sobre o qual você perguntou: καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος. Esse trecho pode ser traduzido como "e a palavra [o logos] era Deus". Sim, mesmo que Θεός apareça antes de λόγος nessa oração, o grego é uma língua de ordem de palavras bem livre e é comum encontrar o predicativo do sujeito antes do sujeito, principalmente quando esse predicativo é um substantivo sem artigo. Além disso, temos algo interessante que podemos comentar sobre esse trecho. Dizer que _o logos_ era Deus não quer dizer que _o logos_ é o Pai. Como assim? Pense na seguinte frase: O Evangelho de João contém texto autoritativo para os cristãos, porque *o Evangelho de João é Bíblia.* · Dizer que o Evangelho de João é Bíblia *não* significa que ele seja todos os livros da Bíblia, mas ele ainda é Bíblia. · Dizer que esse Evangelho é Bíblia também não significa dizer que ele é *uma bíblia.* Da mesma forma, o trecho "καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος" (e a palavra [o logos] era Deus) indica que o _logos_ é Deus (ainda que não seja o Pai e ainda que não seja _um_ deus). Respondendo à sua outra pergunta em que você questionou se esse _logos_ não seria Jesus Cristo: A resposta é que sim, esse _logos_ é Jesus, como se explica logo depois, ainda no mesmo texto, quando se explica que "καὶ ὁ Λόγος σὰρξ ἐγένετο καὶ ἐσκήνωσεν ἐν ἡμῖν" (e a palavra [o logos] se fez carne e habitou entre nós). Linguisticamente, essa é a explicação mais clara e evidente, além de ser a que foi aceita pelos próprios cristãos gregos, além dos coptas, sírios, romanos, etc. De fato, é a explicação aceita por quase a totalidade dos cristãos ao longo de toda a história. Aqueles que se desviam dessa interpretação são grupos menores que forçam um pouco o texto para poder fazê-lo coincidir com uma visão teológica diferente da apresentada no texto em questão. Ficou claro? Abraço!
@@glossonauta Sim, entendo, ficou claro. Porém, a palavra theos nesse texto aparece de duas maneiras. A primeira com o artigo definido (literalmente "o Deus") e a segunda sem o artigo, geralmente usado para se referir a uma deidade. Não seria o segundo theos neste caso um qualitativo de Logos? Ou seja, o Logos teria a qualidade de theos? Ou seja, o Logos teria a essência divina e não ser "o Deus" mencionado no início? Falta o artigo definido na segunda parte. Isso não é relevante?
@@gleisielaraujo7413 No Novo Testamento, nem sempre que a palavra Θεός aparece sem artigo isso se refere a _uma divindade._ Em João 3:2, quando Nicodemos diz que Jesus vem de Deus (e não de uma divindade), "Deus" aparece sem artigo (no caso genitivo, ou seja, Θεοῦ em vez de τοῦ Θεοῦ). O termo Θεός que aparece no começo do Evangelho de João está se referindo mesmo a Deus, não a _uma divindade._ O artigo definido não está faltando, porque ele não é necessário. Nem sempre o artigo definido aparece nesses casos, principalmente quando o predicativo do verbo _εἰμί_ aparece antes do sujeito. Ainda no primeiro capítulo de João, "Deus" aparece sem artigo nos versículos 6, 12 e 18. Tentar formular que o Θεός sem artigo que aparece no começo do capítulo se refere a _uma divindade_ parte do desconhecimento da língua grega. Você me pediu que eu respondesse como linguista, não me baseando numa corrente teológica. Eu estou lhe dizendo que, lendo esse trecho sem as lentes de uma corrente teológica específica, a conclusão imediata é que "καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος" singifica "e a palavra (o logos) era Deus". Se tentar forçar outras correntes teológicas aí com base em outros argumentos, é possível forçar uma leitura diferente, mas a leitura imediata e natural é a que eu disse. Abraço!
Sabe dizer se esses trabalhos de reconstrução da pronúncia do grego coinê já foram levados em conta no trabalho de crítica textual dos manuscritos do Novo Testamento? Sabemos que muitos livros eram copiados em _scriptoria_ onde um escriba lia em voz alta o livro a ser copiado, e vários outros copiavam de ouvido no manuscrito que estavam produzindo. Esse era um método comum. Inclusive é sabido que essa é a origem muito provável de algumas variantes textuais. Porém, aprendi neste vídeo que a pronúncia do grego coinê tem sido ensinada de forma errada. Então deduzo que muitas detecções de ocorrências desse tipo podem ter passado em branco, por estarem levando em conta pronúncias inexatas. Ou seja, para além de outras funções, a reconstrução de pronúncias antigas de línguas clássicas tem essa utilidade de auxiliar nos trabalhos de crítica textual. Devido à forma como muitas vezes os manuscritos eram produzidos.
A fonética do grego koiné é bem conhecida entre os estudiosos da linguística histórica que trabalham com a língua grega. Muitas pessoas que pesquisam as variantes textuais no trabalho de crítica textual costumam conhecer esses elementos, mas nem todo mundo. Como resultado, pode ter gente que deixe passar despercebido o motivo de certas variantes. Eu acho que conhecer a pronúncia desse período é o ideal, em vez de simplesmente adotar um sistema de pronúncia anacrônico, por isso fiz este vídeo. Abraço!
@@franklimricarte9973 É que eu não tenho nenhum curso à venda. Entretanto, caso tenha interesse, sou professor particular, basta falar comigo no Instagram. Abraço!
Boa tarde, Luciano! Você chegou a ver o vídeo? Nele, eu explico quais eram os sons presentes na pronúncia do grego koiné e mostro como é possível saber que era assim. Não é algo que está perdido, não. Além disso, no meu vídeo anterior, eu falei com mais detalhes sobre a forma como sabemos os sons de línguas do passado. A pronúncia erasmiana é uma reconstrução da pronúncia do grego que se aproxima à fonética do ático clássico, de alguns séculos antes de Cristo, mas não é a mais adequada para o grego koiné. Se após ver o vídeo ainda tiver dúvidas de como sabemos a pronúncia do grego koiné, pode me falar no Instagram, que eu explico mais alguns detalhes importantes. Abraço!
Olha eu tenho uma dúvida, que depois foi me incomodando e não sei o correto. As vezes vendo coisas da bíblia. Já Vi pastores falando septuaginta alguns com som de jinta e outros com som de guinta. A mesma coisa na palavra geena. Algums falam je-ena e outros falam gue-ena .poderia dizer se as duas são corretas ou qual o correto .
A palavra "Septuaginta", que significa "Setenta" em latim, pode ser pronunciada de diferentes formas quando estamos falando latim. Por outro lado, quando usamos essa palavra na língua portuguesa, a única pronúncia correta é "Septuajinta". O mesmo se aplica a "Geena", que deve pronunciar-se como "Jeena" quando é utilizada ao falarmos em português. Se estivermos falando em latim com a pronúncia do período clássico, o "g" ficaria com o mesmo som que tem em "gato", ou seja, ficaria "Septuaguinta", como você mencionou. Entretanto, essa não é a única forma de pronunciar palavras latinas. Existem outros sistemas de pronúncia, como a pronúncia eclesiástica romana, em que o "g" antes de "e" e "i" se pronuncia como "dj", ou seja, nessa pronúncia fica: "Sep-tu-a-djin-ta". E, entre as diferentes formas de pronúncia, existe a tradição portuguesa de pronúncia do latim, em que o "g" representa o mesmo som que em português e, assim, você lê a palavra Septuaginta como uma palavra do português, ou seja, "Septuajinta". Se você pegar uma gramática da língua latina como a de Napoleão Mendes de Almeida ou a gramática de João Ravizza, vai ver a explicação deste último sistema de pronúncia que eu mencionei. Quando falamos em português, as palavras latinas usadas no direito, na biologia, na teologia ou em qualquer âmbito, devem ser pronunciadas de acordo com a pronúncia portuguesa do latim, por isso, deve-se pronunciar "Septuaginta" como "Septuajinta". A palavra "Geena", que passou do hebraico para o grego, do grego para o latim e, por meio do latim, chegou até nós, também deve ser pronunciada em português como uma palavra da língua portuguesa, ou seja, ao falar português devemos dizer "Jeena". Neste vídeo, eu falo sobre a mudança do som do "g" ao longo da história: ruclips.net/video/Bkno36tkMn8/видео.html Dizer "Septuaguinta" e "Gueena" não é errado, só não é a pronúncia adequada para usarmos quando estamos falando em português, assim como devemos pronunciar "Cícero" como "Síssero" e não como "Kíkero", ainda que a pronúncia em latim no período clássico fosse "Kíkero". Ficou claro? Abraço!
Página da INSIDER: www.insiderstore.com.br/Glossonauta
Cupom de desconto: GLOSSONAUTA
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00:00 Introdução e agradecimento
01:03 Afirmação inicial "intensa"
02:26 Exemplo da pronúncia do grego koiné dos primeiros cristãos
04:06 Esclarecimento sobre o uso da pronúncia
06:19 Resumo da história da pronúncia grega
08:19 Exemplo da pronúncia do grego ático no século IV a.C.
09:09 O erro cometido por muitos na pronúncia: Anacronismo
11:37 Como analisar mudanças de pronúncia por meio da grafia
15:54 Início da análise das evidências históricas
19:25 ει ~ ι
21:42 αι ~ ε
22:58 ω ~ ο
24:38 οι ~ υ
27:08 η ~ ει ~ ι (alternância mais tardia)
29:54 αυ, ευ, ηυ ~ αβ, εβ, ηβ / β, δ, γ (pronúncia fricativa)
37:04 A perda da aspiração
40:30 Resumo do sistema vocálico do grego do Novo Testamento
41:41 Comentários finais e encerramento
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Referências:
· The Pronunciation of New Testament Greek: Judeo-Palestinian Greek Phonology and Orthography from Alexander to Islam (Benjamin Kantor);
· Ἡ Κοινὴ Προφορά (Randall Buth);
· Greek: A History of the Language and its Speakers (Geoffrey Horrocks);
· Vox Graeca (W. Sidney Allen).
O cara é tão bom que a entrada do canal é só ele falando "olá, pessoal, tudo bem?" e o nome do canal aparecendo lentamente com uma música obscura e, mesmo assim, tem um baita impacto.
Acho que é pela música, mas o cara é bom mesmo
@@p.fiteen mas a expressão e o jeito que fala também contribui. Tudo me parece muito bem encaixado.
@@vitorafa7394poisé
É o poder do reverb
Dá uma sensação de espaço aberto, desolação, solidão.
Gostaria de ver um texto em português sendo lido com as pronuncias de Portugal e do Brasil de 1500, 1600, 1700, 1800, 1900 e atual. Seria uma ótima forma de sentir as mudanças de pronuncia no decorrer da história. Poderia se pegar um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha pra usar como exemplo.
Up
É uma boa ideia de vídeo. Abraço!
Já existe. Tem uma moça no YT que já fez isso.
up
Com a pronúncia de qual região?
Meu vizinho está alugando uma casa para casal, e escreveu na placa "cazal". A gente ri, mas releva, já que é um senhor humilde de mais de 80 anos de idade, mas é curioso pensar que na linguística, mesmo isso, que pra nós é uma piada, tem valor histórico para as gerações futuras descobrirem que nesse caso S e Z tem exatamente o mesmo som.
Eu captei a ideia. Esse vizinho nunca deve ter ido à escola.
Perfeito
@@flavio-viana-gomide Ou parou de estudar cedo por "n" motivos.
Há mais ou menos uns 120 anos muitas palavras não tinham um padrão normatizado S e Z tendo duas grafias cosinha em vez de cozinha. Até o Brasil era escrito com Z.
@@simonenascimentodasilva8364 Brazil é com Z mesmo
Quem mais não tá entendendo, mas tá assistindo mesmo assim ?
Mais vídeos sobre Latim e grego!! canal absurdamente bom com informações riquíssimas
Seu canal é essencial para esta plataforma que carece tanto de qualidade de conteúdo e de pessoas comprometidas com seu objeto de estudo e com o aprendizado. Parabéns!
Ser membro é uma singela contribuição para teu grande trabalho. Parabéns!
Muito obrigado, Ricardo! Um forte abraço!
Olá, Estevam!
Poderia fazer um vídeo detalhado contando a tua trajetória no aprendizado da língua latina? Por exemplo, mostrando os materiais e técnicas utilizados e assim por diante.
Seria muito interessante.
Um tarde de sábado com um vídeo do glossonauta, ótima maneira de descansar da semana corrida
Esse vídeo aula vem de encontro a uma curiosidade que todo estudante dos textos do novo testamento querem saber, como pronunciar o grego koine, onde muitas gramáticas básicas sequer dão atenção e o estudante acaba adotando a pronúncia clássica. É uma aula pra ser revista com atenção. Uma pérola. Fiquei impressionado ao conferir que as evidências da pronúncia estão nos textos do novo testamento. Muito obrigado, professor.
Fico muito feliz que tenha gostado, Leandro! Um abraço!
Esse tema seria incrível de se discutir com o Estranha História
Boa ideia pra Live de amanhã a noite
Sou novo no seu canal. Vim pelo vídeo que você fez em colab com o canal estranha historia. Queria saber o porquê do slackware. Sei que desvia do tema do seu vídeo, mas é que quando eu vi fiquei bem impactado. Geralmente que usa essa distro é mais galera entusiasta ou que trabalha com TI. Geralmente, quando se fala de pessoas que usam linux para outros fins que não relacionados com o trabalho com tecnologia da informação, indicamos distros como o Ubuntu ou o Pop_OS.
Eu tinha a mesma pergunta kkkkk😂
Parabéns pelos 100 mil inscritos, adoro seu canal!
Já pensou em fazer algum vídeo sobre Wittgenstein?
09:38 ~ 09:57
caramba, que profundo! eu pensava exatamente o oposto. Achava que seria interessante sempre ler como na época para ter uma imersão completa. Realmente, faz sentido que o texto mude a forma de ser lido, apesar de manter a escrita, quando os falantes - e o idioma e pronúncia por consequência - passam por mudanças ao longo do tempo.
O cara é linguista poliglota fora da curva e ainda usa Slackware, o diabo treme na base com um caba desses!
Boa tarde Professor Estevam e seguidores do canal.
Parabéns pelos 100mil inscritos
@@NullCyan Obrigado!
Apesar de minha formação ser outra gosto muito de línguas em geral e por isso seu canal caiu como uma luva pra mim! Caiu como uma luva? Luvas caem??? Rsrsrs
Sou formado em Letras e mesmo assim aprendo muito aqui. O cara é um professor de primeira.
Fico muito feliz que goste do canal! É bom ter um colega de Letras aqui acompanhando os vídeos. Um abraço!
Conheço as letras porquê sou físico, mas sou completamente analfabeto em grego. Grego para mim "é grego".
Há um "causo" interessante sobre a semelhança do grego com o russo. O professor Mário Schenberg lia os clássicos gregos no idioma original, encadernados em vermelho e ficavam em sua estante. Como ele era do "partidão", quando a polícia social "baixou" lá o "macaco" viu os livros e perguntou para ele que livros russos eram aqueles.
Nesse caso eu dou um desconto porque o alfabeto cirílico foi criado na idade média com base no alfabeto grego, então para o troglodita achar que é russo está bom demais.
Pior foi um caso de uma pernambucana da elite ao ir à Grécia e numa livraria comprar livros em árabe ao invés de livros em grego, que uma conhecida minha havia pedido!
Pense numa pessoa que nem diferenciar alfabetos totalmente distintos! Confesso que fiquei chocado na época e perplexo com a gafe daquela mulher! Foi uma pena terem abolido o latim e acho que deveríamos ter o grego clássico no lugar da maldita " Religião", sempre odiei essa matéria. Não quero dizer para que quebrássemos nossas cabeças com as complicações verbais do grego clássico, mas pelo menos uma introdução e algo de leitura dos clássicos, Homero, Ilíada,etc.
@@Νορντεστινοταξιδευτής Infelizmente estamos no meio de um apocalipse educacional, distópico e pós moderno, onde zumbis sem cérebro nacionais vagam em septuagésimo segundo lugar no "rank" de Q.I. mundial.
100k followers parabéns 🎉
Muito obrigado, Renan!
Estudei Hebraico e Grego Koiné no Seminário e na Pós-Graduação em Teologia e realmente percebo diferenças na pronúncia. Excelentes explicações.
sou de Fortaleza, e minha mãe que veio do interior costuma muito dizer ''dirligar'' em vez de desligar, e ''rezistro'' em vez de registro. Essa troca de S por R e G pelo som de z tem sido muito comum na minha vida, e fico pensando em como isso vai afetar no futuro.
Beirando os 100 mil inscritos. Parabéns!
Muito obrigado!
não estudo grego, mas sei ler as letras, assim como outros idiomas. fiquei interessado em mais sobre a pronúncia e história do idioma. se puder sempre trazer um contexto histórico explicando o motivo das alterações, o que ocorria na época, seria bem legal.
mesmo meu caso, pela curiosidade absurda eu sei falar os fonemas de várias línguas mas não faço ideia do que estou falando, hehehehe
Muito bom! Se, nos próximos textos, vc colocar uma marcação abaixo das palavras pra acompanharmos, seria fantástico ! Parabéns
Fico feliz em ver o canal crescendo logo voce chega a 100k de inscritos!
Seria um ótimo curso para você ministrar. Grego do período bíblico
Fico feliz por você estar crescendo 😊
Obrigado!
Aprendi muito com esse vídeo. Interessante. Quero pesquisar mais como as pessoas descobre fonemas de línguas antigas.
Fiquei surpreso em ver que você usa Linux Slackware. Muito legal!
Você é programador? Programação tem muito a ver com a linguística.
@@nicollizanon Eu só sou programador por hobbie, não trabalho com isso :)
Hoje em dia não precisa ser programador nem ser um entendedor sobre informática para usar Linux. A maioria das pessoas conseguiria usar uma das versões mais famosas sem achar mais difícil que Windows.
Eu ia comentar justamente isso kkkkkkkkk Tipo, não é só linux, que é algo que já desvia do padrão, é o slackware! É tipo você descobrir que alguém que você conhece não só joga CS, mas tbm é global, ou que não só joga xadrez, mas é um grande mestre, ou ainda que não só gosta de "Senhor dos Anéis", mas tbm fala élfico.
@@mrNoobplaying Eu uso distribuições da família Debian para garantir que as minhas dúvidas já foram perguntadas antes.
Só vou testar essas distribuições mais exóticas quando eu já estiver bem familiriazado com Ubuntu e derivados.
Você vai ter mais membros. 👏👏👏
Se eu pudesse, eu apoiaria todos os meus canais favoritos. 😔
Assistindo aqui com minha camisa Insider 😃
Se tiver sido comprada com o cupom GLOSSONAUTA, ela vai lhe dar o poder de falar a língua que você quiser kkkk
Bora pra mais um vídeo top!!!!
Cheguei aqui com medo do que ia ouvir.
Saí encantado. Mais um inscrito.
@@deniciogodoy Fico feliz! Bem-vindo ao canal!
Acho tão interessante como algumas pessoas estudam a bíblia a fundo e ainda continuam crendo que é a palavra de Deus. Quando, historicamente, já temos diversas evidências de que a bíblia está cheia de erros e que é só um livro. Já sabemos que moises não existiu e muito mais. Fora isso, ótimo vídeo. muito interessante a leitura do grego.
Há meses eu procuro duas cores de camiseta tech dessa loja e nunca tem, acabou e eles não repõem o estoque. Não aguento mais propaganda dessa loja.
boumjía! direto da fronteira oeste do RS, parabéns pelos primeiros 100k
Queria deixar uma sugestão, dos sotaques do nordeste, o baiana se difere um pouco dos demais, seria interessante um vídeo sobre esse tema
Gostei muito do vídeo e da leirura do texto biblico em grego antigo e, aos meus ouvidos, lembrou-me, mesmo que distante, a língua aramaica.
Canal é fera demais, obrigada
Obrigado professor, tenha um ótimo dia.
Οικος = ίkos , ειρήνη= Iríni , αίμα= ema, αυτός = aftós ... Ακόμα και σήμερα μαθαίνουμε στο σχολείο αρχαία ελληνικά. Πολλοί Έλληνες που έχουν τελειώσει το σχολείο πριν από την δεκαετία του 80 δεν καταφέρουν να γράψουν καλά τα νέα ελληνικά, επειδή έχουν γίνει πολλές αλλαγές στην γραμματική για να είναι πιο εύκολο την εκμάθηση της ελληνικής γλώσσας.
Για σου! Είμαι από τη Ρεσίφε και κατάλαβα όλα! Δεν έχω πάει ποτέ στην Ελλάδα, αλλά ξέρω να διαβάζω τα ελληνικά.
Χαιρετισμός από τη Μαδρίτη!
@@Νορντεστινοταξιδευτής "Γειά σας!" ( Όταν δεν γνωρίζεις κάποιους καλό είναι να του μιλήσει στο πληθυντικός αριθμός από ευγένεια)
Πολύ ωραία που γνωρίζετε την ελληνική γλώσσα. Κρίμα που εσείς δεν έχετε έρθει ποτέ στην Ελλάδα. Εγώ μένω στην Αθήνα και είναι μια μαγική πόλη. Έχουμε πολλοί τουρίστες που έρχονται ξανά και ξανά στην Ελλάδα. Εύχομαι κάποτε να καταφέρετε να επισκεφθείτε την Ελλάδα. Αν έρθετε κάποτε μην ξεχάσετε να πας στα μουσεία, ειδικά τον αρχαιολογικό μουσείο που βρίσκεται στην Αθήνα, είναι το αγαπημένο μου. Η ελληνική γλώσσα είναι μαγική και όσο περισσότερο μαθαίνουμε βλέπουμε πόσο πλούσια είναι το ελληνικό πολιτισμό. Συνεχίσετε να διαβάζετε ποιος ξέρει, ίσως κάποτε εσείς θα καταφέρετε να έρθεις στην Αθήνα. 🇬🇷📝📚💓 ( Μπορεί να ακούγεται περίεργο, αλλά πάντα χρησιμοποιούνται το πληθυντικός αριθμός για να δείξεις ευγένια στον άτομο που μιλάς )
@@Νορντεστινοταξιδευτής έχω επισκεφτεί την Μπαρτσελόνα, Μάλαγα και Βαλεντίνα..
@@Νορντεστινοταξιδευτής συγγνώμη, δεν ήταν κριτική για να γράφεις στον πληθυντικό αριθμό, απλά είναι ευκαιρία να μάθεις κάτι παραπάνω 😉🇬🇷
@@Νορντεστινοταξιδευτής συγγνώμη, δεν ήταν κριτική για να γράφεις στον πληθυντικό αριθμό, απλά είναι ευκαιρία να μάθεις κάτι παραπάνω 😉🇬🇷
Muito interessante, parabéns ❤
Muito obrigado!
Também me chamo Fortunato e sou desse aí...um dos poucos de alta capacidade...talento incrível.
seria muito legal também se fizesse vídeos comentando sobre esses aspectos de mudanças na leitura de latim, por exemplo. valeu por mais um vídeo!
Sugiro um vídeo, em específico, de todos os sons do grego koiné.
Você podia fazer um vídeo sobre características que tendem a se perder nos idiomas com o passar do tempo, características que oscilam, e características que tendem a ser cíclicas.
Por exemplo, o grego foi perdendo suas aspirações. Com o português ocorreu da mesma forma. Seria essa uma tendência geral dos idiomas? Ou, em vez disso, observa-se que alguns perdem essa característica enquanto outros ganham?
Todos os idiomas românicos perderam as declinações, com exceção do romeno. Seria essa uma tendência geral? Das linguas se tornarem mais analíticas.
Li uma vez que o português brasileiro tem a tendência de tornar intransitivos verbos que em Portugal são obrigatoriamente transitivos diretos. Exemplo: alguém pergunta a um portuga: você comprou X? E ele responde: comprei-o. Nós brasileiros respondemos apenas: comprei. *Que é exatamente como se fazia em latim.*
Seria a regência verbal um caráter cíclico dos idiomas? Ou esse meu exemplo é apenas um caso isolado?
Enfim, acho que já deu para entender. Você poderia falar sobre três tipos de tendência:
A - coisas que costumam acontecer na mesma direção em todos os idiomas
B - características que costumam ter evolução variável. Aparecem em um grupo de idiomas, ao mesmo tempo em que desaparecem em outros grupos.
C - mudanças que tendem a ocorrer de forma cíclica. Vão, depois voltam.
Caríssimo anfitrião, uma pergunta:
Você acha que o processo de mudança de escrita das línguas, hoje, pode ser muito mais lento em comparação com os períodos anteriores, tendo em vista que tem-se um registro muito mais amplo e acessível graças à internet?
Por favor, faça um vídeo do mesmo tipo com a pronúncia do grego ático!
Boa tarde Glossonauta. Eu tenho dúvidas de como pronunciar os tons no grego antigo, do período com a pronúncia politônica. Esse assunto poderia ser uma sugestão de vídeo. Adoro esse canal e sempre te acompanho
Olá, Paulo! De forma resumida, o acento melódico do grego clássico funciona assim:
- ά (sílaba tônica com subida de tom);
- ὰ (sílaba tônica sem subida de tom);
- ᾶ (sílaba tônica com subida e descida de tom).
No trecho em que eu li o começo da Odisseia, você pode ouvir como isso soa. É só ir para o seguinte momento deste vídeo: 08:19
Abraço!
@@glossonauta Obrigado pela resposta Glossonauta
@@Paulovocal Ficou claro com essa explicação? Se não tiver ficado, pode me escrever no Instagram. Abraço!
@@glossonauta Pra mim ficou claro. Eu penso que é um assunto que poderia render um vídeo, porque - até mesmo em outras línguas como o inglês -, você não vê muito os professores demonstrando esse tons do grego clássico na prática - nas pronúncias restauradas. Você pelo menos trouxe esse elemento na sua reconstrução.
100k de inscritos é o mínimo que você merece
Obrigado 🥹
Qual obra para aprender grego do NT você recomenda? Pode ser em inglês também.
Eu queria fazer uma pergunta um pouco fora do contexto, mas é que faz um tempo que tenho essa duvida. No video sobre o sotaque nordestino vc falou que o S pode chiar antes de L e M, mas eu percebi que na Maioria das vezes o S se transforma em R, pelo menos na minha região, que ainda está dentro da área do sotaque. Por exemplo, ao invés de ''aZH lambidas'' nós diríamos ''arr lambida'' ou até mesmo ''urr dois'' ao invés de ''uZH dois''. Eu já pesquisei muito, mas esse fenômeno nunca é citado. Poderia explicá-lo?
@@gabrielmaximianobielkael3115 Oi! Tudo bem?
É o seguinte, nos sotaques do Nordeste, é comum que o som de Z seja trocado por uma aspiração.
No caso de "as lambidas", como o S de "as" aparece antes de um L, ele se sonoriza, o que o deixaria com som de Z (ou com um som de J, caso você faça um chiado).
Entretanto, esse som de Z pode se tornar aspirado, fazendo com que soe como um "RR".
Eu mencionei essa transformação neste vídeo:
ruclips.net/video/5aoBTdVieT8/видео.htmlsi=KeZsZMjbhXfrFamv
Basta ir para o 16:34 desse vídeo que eu acabo de mandar.
Abraço!
@@glossonauta Era isso mesmo que eu queria saber, muito obrigado :)
Perfeito a análise. Sim, foi muito útil para nós.
Obrigado pelo comentário!
No grego, nas palavras de Jesus na ultima ceia, foi traduzido "isto é meu corpo" ou "isto representa meu corpo"?
Eu sigo um canal que está mudando para a pronúncia restaurada. Agora entendi pq.
Olá, Gabi! Fiquei curioso, qual é o canal?
@@glossonautao canal chama biblical mastery academy. E ele recomenda o livro do Benjamin Kantor “the pronunciation of the New Testament” que usa o método que vc falou no outro vídeo, a partir de spelling mistakes e outras técnicas para saber como era pronunciado na época. No vídeo ele fala sobre a Erasmian Pronunciation que é a mais usada porém não é verdadeira.
@@xiaofei89 Dei uma olhada no vídeo dele. Ótimo! Eu fico feliz que, aos poucos, isso esteja sendo corrigido e haja cada vez mais pessoas usando uma pronúncia mais adequada para a leitura desses textos.
não lembro se você já comentou sobre isso em algum vídeo, mas poderia explicar num vídeo curto o nome do canal, pronúncia... Parece-me grego, mas não tenho conhecimento suficiente pra ter certeza. É apenas uma ideia de vídeo :)
Por que o Gama é pronunciado como ni quando precede imediatalmente capa, qui ou outro gama? Será que foi uma mudança de pronúncia?
Qual livro você indicaria para estudo dessa pronúncia reconstituida do koine?
Essa é a pronúncia usada no canal www.youtube.com/@KoineGreek
Você pode dar uma olhada lá.
Além disso, se quiser um material escrito, tem _Ἡ Κοινὴ Προφορά,_ do professor Randall Buth, só que é em inglês (estou pensando em fazer um em português).
Se quiser, posso lhe passar o PDF desse material, pode falar comigo no Instagram.
Se quiser um material mais profundo e completo, tem o livro _The Pronunciation of New Testament Greek,_ de Benjamin Kantor.
Abraço!
Os manuscritos em hebraico achados na Índia resolvem essas contradições, mas infelizmente, os cristãos não vão gostar por se tratar de algo firmando a judaicidade de quem eles creem ser cristão.
Muito boa a explicação. Assim faz sentido porque na palavra "auto" nós falamos auto mas em idiomas como o russo e ucraniano eles falam avto. Porque na verdade fomos todos influenciados pelo grego. Estou correto na minha observação?
O que você acha do trabalho do Luke Ranieri do canal Polymathy? Curto pra caramba o trabalho de vocês dois no resgate das línguas clássicas! Parabéns por fazer esse trabalho excelente em português brasileiro!
O trabalho dele é excelente! Concordo com a maior parte das análises dele e gosto do canal dele (e ele gosta do meu trabalho também, inclusive).
Obrigado pelo comentário! Um abraço!
Que vídeo maravilhoso!
Só percebo o quanto eu não sei nada. kkkk
Meus parabéns!!
Parabéns pelo excelente trabalho.
Muito obrigado!
Creio que seria interessante lembrar que não existia essa uniformidade da pronúncia do grego coloquial. O grego era falado em imensa lista de países, com culturas epercepções linguísticas diferentes. Gerando, comumente sotaques, regionalismos e expressões idiomáticas ligadas às suas línguas maternas. No caso bíblico isso fica evidente pela diferença de escrita do grego presente nas epístolas, o que certamente evidência prováveis diferenças.
❤ Amando !! Você é fera!
Muito obrigado!
O vídeo apresenta um ótimo exemplo de como o linguista deve trabalhar com diferentes fontes para elaborar hipóteses de reconstrução de pronúncia. Glossonauta vc faz um belíssimo e compente trabalho de divulgação científica. Parabéns.
No entanto, como o tema deste vídeo é amplo, creio que seria interessante uma breve menção a 3 fatos importantes, próprios da história externa da língua.
(1) Os evangelhos sinóticos são traduções para o grego, a língua franca do Médio Oriente à época, de narrativas em hebraico e aramaico.
(2) É principalmente pelo fato de o grego ser língua franca, que sua pronúncia se alterou bastante desde o período de Alexandre até o surgimento do cristianismo, perdendo a distinção de longas e breves e as variações tonais. Ademais, os primeiros cristãos certamente variavam bastante, conforme a região e a classe, o modo de pronunciar o grego, de modo que não faz sentido pressupor uma só e correta pronúncia do texto.
(3) A chamada "nova lei" anunciada pelo messias dirigia-se a todos os indivíduos de todos os povos, o que promoveu uma nova compreensão do valor religioso da linguagem: doravante a letra importava menos que o espírito. Desse modo, a mensagem divina, diferentemente do que acontece no judaísmo, passou a poder ser enunciada em qualquer língua. Portanto, em termos teológicos, a "pureza" da mensagem depende menos da reconstituição da pronúncia do grego e mais da escuta inspirada do ouvinte.
Por fim, um detalhe técnico referente ao trecho iniciado em 27:08. Ao menos do ponto de vista da pronúncia clássica (grego ático dos séculos V-IV a.e.c.), os valores foneticos de η e ε foram invertidos, como uma consulta à Wikipedia em inglês pode confirmar.
η = vogal anterior semiaberta não arredondada / open-mid front unrounded vowel [ IPA ɛː ] => semelhante a "éé" em português
ε = vogal anterior semifechada não arredondada / mid front unrounded vowel [ IPA e̞ ou ɛ̝ ] => semehlhante a "ê" em português
Olá! Muito obrigado pelo comentário.
Vou deixar aqui as minhas respostas aos pontos apresentados (fique à vontade para responder novamente, se desejar):
1. Mesmo havendo algumas pessoas que questionam isso, há um consenso acadêmico de que os evangelhos sinóticos foram redigidos originalmente em grego, apesar de terem partido de uma tradição oral em aramaico. Ainda assim, mesmo que tivessem sido escritos em hebraico e aramaico, a sua tradução para o grego seria do primeiro século, contemporânea aos primeiros cristãos, o que manteria como válido o que eu expus no vídeo.
2. De fato, havia variação na pronúncia do grego, principalmente porque havia algumas variedades com uma sonoridade mais arcaica, ao mesmo tempo que algumas já tinham passado por inovações. Entretanto, a partir do primeiro século d.C., as evidências mostram que a pronúncia apresentada neste vídeo estava bem generalizada pelo mundo de língua grega (principalmente na região onde se escreveu o Novo Testamento) e, além disso, ainda foi se expandindo mais, de forma que, no terceiro século d.C., já estava consolidada. Havia variações, claro, mas próximas do sistema apresentado aqui, já nada próximo da pronúncia do ático clássico. Sendo assim, você tem razão, não podemos dizer que havia uma única maneira correta de pronunciar o grego, mas sabemos ao redor de que giravam as variações do sistema fonético e quais variações podia haver, portanto, podemos garantir que a pronuncia erasmiana (bastante utilizada em seminários) não se encaixa na pronúncia desse período, sendo altamente anacrônica.
3. É verdade, o uso de uma pronúncia diferente não é algo grave no sentido teológico, por isso fiz o esclarecimendo presente no 04:06. O bom conhecimento do que apresentei no vídeo se torna bem mais relevante ao fazermos a análise de manuscritos e crítica textual, pois é necessário saber que αι representava o mesmo som que ε, ou que οι representava o mesmo som que υ, etc. Sem esse conhecimento, não é possível entender corretamente o motivo de diversas variantes no texto, o que pode levar a conclusões errôneas acerca do que está sendo observado.
Sobre a menção à vogal η que fiz em 27:08, não me referia à sua pronúncia no período clássico, a qual era [ɛː], como você disse. Essa pronúncia pode pode ser ouvida quando fiz a leitura do início da Odisseia em 08:19, em que pronuncio o η como [ɛː]. Ou seja, na parte do vídeo que você mencionou, eu me referia à sua pronúncia já no período do grego koiné, que era como [e], ou seja, fechado.
Ao longo do período do grego koiné, o som da vogal longa η foi fechando-se, enquanto a vogal breve ε se relaxou e abriu-se.
Como resultado, ε e αι se igualaram em [ε], enquanto o η se fechou para [e]. Posteriormente, o η fechou-se ainda mais para [i], que é a pronúncia que apresenta desde o final do período do grego koiné até os dias atuais.
Abraço!
@@glossonauta Caro Glossonauta, eu que agradeço pelo zelo em sua resposta.
De modo geral, até onde posso avaliar, creio que estamos de acordo na grande maioria das questões levantadas. Sim, tudo indica que os evangelhos são traduções de narrativas orais (faltou esse adjetivo no meu comentário anterior) em hebraico e aramaico para a língua franca (o grego). Eu apenas quis chamar a atenção para uma novidade da religião cristã em relação à judaica, para um fato da história externa das línguas. Para o judaísmo, deus escolheu falar em hebraico, de tal modo que sua mensagem é corrompida se transmitida em outra língua. Para o cristianismo, Deus pode falar em qualquer língua, a verdade da mensagem não depende da língua. Portanto, teologicamente, para o Cristão, tanto faz ler os textos sagrados em grego, copta, latim, português, tupi, chinês ou iorubá. Já para o judeu (ou o mulçumano, aludindo a uma terceira religião de origem semítica), ler a mensagem em outra língua que a escolhida por deus faz toda a diferença, podendo até mesmo configurar sacrilégio. Quanto à pronúncia do grego em época protocristã, eu tenho muito a aprender com vc, porque só conheço a do clássico, a qual, por razões práticas, pronuncio de forma adaptada, combinando elementos de 2 pronúncias: a reconstituída e a do grego moderno. Para fins de fixação ortográfica, em certos casos também traio a pronúncia para seguir a letra (por exemplo, pronuncio o dígrafo ει como "êi"). A bem da verdade, até hoje não encontrei nenhum especialista que, de fato, recite o grego clássico de modo plenamente satisfatório, com todas as variações fonêmicas, rítmicas e (sobretudo) tonais. Luke Rainieri e Ioannis Stratakis fazem um belo trabalho, mas ainda não chegaram lá. De todo modo, ao início do cristianismo, certamente diferentes cristãos de diferentes regiões e etnias, falantes de diferentes línguas e de diferentes dialetos gregos, pronunciavam o texto bíblico de diferentes modos. Tal assertiva não pretende de modo algum invalidar a tentativa de reconstrução, mas sim mostrar que ela é bem mais complexa do que parece, que exige considerações de simultaneidades, de modo que a eleição de uma só pronúncia supostamente autêntica é um equívoco epistemológico. Pelos poucos vídeos que já vi em seu ótimo canal, você tem formação em linguística e decerto concorda com isso. Talvez a pronúncia do grego no terceiro século d.C. já tivesse uma considerável homogeneidade nos termos que você coloca, mas certamente também se preservavam e se criavam muitas variantes pelo vasto universo da língua grega. De todo modo, você está certíssimo em garantir que a pronúncia erasmiana não reflete de modo algum a do período protocristão. Diga-se de passagem, é bem provável que o próprio Erasmo concordasse com isso, dada sua disputa com os sábios bizantinos. Mil desculpas pela desatenção à sua bela recitação do trecho homérico, a qual rivaliza com a de Ioannis Stratakis! Quanto à evolução como que "invertida" de η e ε, eu simplesmente não sabia dela, mas a conjecturei diante do que vc falou. Bastante interessante. De todo modo, como sabemos, do ponto de vista diacrônico, nenhuma letra "é" um som, mas sempre "está" com um som.
Agradecendo pelo bom e rico diálogo, fica um forte abraço fileleno!
P.S. Vc já deve ter visto e revisto, mas, por via das dúvidas, fica a dica do seguinte vídeo de Luke Ranieri: "Greek Pronunciation: φ θ χ (phi theta chi), the full history" .
ruclips.net/video/5lcIcYFveII/видео.html
18:35 essa pronúncia de um ditongo com som único, seria como o AE do latim que se lê praticamente E?
Sim
É incrível como a sua voz parece ser outra ao ler um texto em outra língua.
Gosto desse assunto sobre diacronia ou estudo dás palavras através do templo e sincronia!!
A respeito das vogais longas, não entendi muito bem se apenas o oméga deixou de ser uma vogal longa, ou se o eta e as palavras que são acentuadas com o acento circunflexo também deixaram de ser longas.
Vídeo excelente!
Um dos 10 usuários de slackware :p
Na sua leitura do trecho da Odisseia, a pronúncia das sílabas me pareceu ser qualitativa, em vez de quantitativa.
No caso, o ideal não seria se levar em consideração a duração das vogais/sílabas para uma pronúncia mais correta (nos termos expostos na 4ª seção do vídeo e imediatamente antes da récita)?
Mas eu fiz a pronúncia das quantidades silábicas, sim. Você pode prestar atenção no primeiro verso, por exemplo. Ao pronunciar «Ἄνδρα μοι ἔννεπε, Μοῦσα...», você pode ouvir o ritmo causado pelas quantidades silábicas, como «ΑΝ-δρα μοι | ΕΝ-νε-πε | ΜΟΥ-σα» (TΑ-ta-ta | TA-ta-ta | TA-ta).
Abaixo, você tem uma parte do trecho que eu li com as marcações de quantidade silábica. Você pode ouvir a minha leitura enquanto lê os versos abaixo, talvez fique mais claro assim.
Ᾱνδρᾰ μοῐ | ε̄ννεπε, | Μου̅σᾰ, // πο̆ | λῡτρο̆πο̆ν, | ο̄ς μᾰλᾰ | πο̄λλᾰ
Πλᾱγχθη̆, ε̆ | πει̅ Τρο̆ῐ | η̄ς // ῐε̆ | ρο̄ν πτο̆λῐ | ε̄θρο̆ν ε̆ | πε̄ρσε̆ν
Πο̄λλω̄ν | δ 'ᾱνθρω̄ | πω̄ν // ῐδε̆ν | ᾱστε̆ᾰ | και̅ νο̆ο̆ν | ε̄γνω̄.
Abraço!
@@glossonauta Na primeira metade do primeiro verso dá pra perceber sim, pois os acentos coincidem com as vogais/sílabas longas.
Mas, por exemplo, a partir da segunda metade do primeiro verso, o que eu ouço, embora dê para perceber certo alongamento de algumas vogais (como em "pol-", de "pollá"), é mais parecido com:
"po- | -LÝ-tro-pon |, hos MÁ-la | po-LLÁ" (ta | TA-ta-ta | ta-TA-ta | ta-TA),
em vez de algo mais como:
"po- | -LÝ-tro-pon | HOS má-la | PO-llá" (ta | TA-ta-ta | TA-ta-ta | TA-ta).
Da mesma maneira, "TRÓI | es ", em vez de "TRÓI | ES";
"ptoLÍ | ethron", em vez de "ptolí | Ethron";
"É | persen", em vez de "é | PERsen ".
Ou, "po-LLÔN | d'an-TRÓ | pon Í-den | ÁS-te-a ..." (ta-TA | ta-TA | ta-TA-ta | TA-ta-ta), em vez de "PO-LLÔN | D'AN-THRÓ- | -PON í-den | ÁS-te-a ..." (TA-TA | TA-TA | TA // ta-ta | TA-ta-ta)
Para mim, em relação ao que estou mais acostumado, sua pronúncia dos acentos soa mais como se fossem tônicos, em vez de melódicos, o que me dá uma confundida no ritmo.
Acho que isso que me causou certo estranhamento, porque, como acabei de dizer, me acostumei com outra maneira de pronunciar não só os acentos mas também as quantidades.
Cheguei a pensar que, nesse trecho, sua intenção fosse mostrar a pronúncia "em geral", por assim dizer (sem levar em consideração quantidade, acentuação melódica), pra comparar com as mudanças fonéticas do koiné. Mas isso acabou me gerando a dúvida inicial.
Enfim, de resto, muito bom vídeo. E seu trabalho aqui no RUclips é ótimo.
Abraço!
@@aprendiz-8 Entendi. Ainda assim, se prestar atenção, vai ver que quando eu digo "ὃς μάλα πολλὰ", o "ὃς", por ter uma vogal fechada por consoante, tem uma duração maior que a sílaba "μά", que vem em seguida.
A duração está na sílaba como um todo, não na vogal em si, que é breve.
O "μά" é mais agudo, por causa do acento melódico, mas não é alongado.
Às vezes, sílabas longas são mais agudas, outras vezes não.
Indo mais para o meio da leitura, perceba como o "ψυ" de "ψυχὴν" é alongado, em vez de eu passar por ele rapidamente, mesmo sem ser agudo.
Talvez você esteja acostumado com uma forma de recitar diferente, como você disse.
Eu li tentando dar um ar de naturalidade à recitação, mas mantendo a pronúncia das sílabas longas e do acento melódico.
Pode me escrever no Instagram, que lá posso mandar áudios comparando alguns elementos da leitura, caso queira.
Abraço!
O grego contemporâneo é muito diferente do grego clássico como o latim e o português? Ou são mais parecidos?
Uma dúvida. Se εἰς foi escrito posteriormente como ις, como sabemos que não houve uma mudança apenas de pronúncia? Ou seja, falava-se antes "eis" e agora "is", semelhante a "djia" e "jia" no exemplo que você deu. Não seria a mesma coisa com "edade" - "idade" e "escripta" - "escrita"? Porque ai neste caso, o verdadeiro anacronismo seria entendermos sempre a grafia mais recente como correta. Não sei se me fiz entender. Parabéns pelo video, virei inscrito.
Como que pode eu não estudar grego, não estar nem aí pra bíblia, mas achar esse vídeo tão interessante? Hahaha
A parte do "ai" virando "é" me fez pensar no francês, é um processo parecido?
Fico feliz que tenha gostado! :)
Isso mesmo, o francês também passou pela mesma transformação no som do "ai".
Abraço!
Legal! Mas coo eu posso aprender grego koiné e pronunciar dessa forma correta, existe algum curso que ensine ou literatura ?
Essa é a pronúncia usada no canal www.youtube.com/@KoineGreek
Você pode dar uma olhada lá.
Além disso, se quiser um material escrito, tem Ἡ Κοινὴ Προφορά, do professor Randall Buth, só que é em inglês (estou pensando em fazer um em português).
Se quiser, posso lhe passar o PDF desse material, pode falar comigo no Instagram.
Também tem a opção de marcar uma aula comigo, que eu lhe explico esse sistema de pronúncia. Caso queira, pode me mandar uma mensagem no Instagram também.
Abraço!
Se você fizer em português acredito que vai ser um sucesso, parabéns pelo trabalho
Estudei 2 anos de grego koine e 2 anos de hebraico hoje não sei mais de nada não pratiquei mais nem leitura nem a fala...
Muito interessante ouvir a pronúncia do grego antigo, mas se você aceita uma pequena crítica, acredito que ficaria melhor sem a música de fundo.
de nada meu mano tmj 👍👍😎😎💪💪
Meu caro, parabéns pelo trabalho excelente.
Você poderia nos dizer qual seria a pronúncia da palavra παρακλητος parakletos?
Muito obrigado!
Sobre a palavra παράκλητος, há duas pronúncias válidas em grego. Pode ser "parácletos" ou "paráclitos".
Lembrando que a sílaba tônica é a antepenúltima, como nas palavras "hálito" e "árido", ou seja:
"paRÁcletos / paRÁclitos".
Ficou claro?
Abraço!
@@glossonauta Você é fera. Muito obrigado.
Eu sempre achei que a conjunção "kai" deveria ser lida como KÁI....você leu como KÊI...sou seu mais novo inscrito..quero aprender ..corretamente
Olá! Tudo bem? Pronuncia-se "ké". No período do ático clássico, séculos antes de Cristo, a pronúncia era "kai", mas no período dos autores do Novo Testamento, era "ké".
Como eu expliquei no vídeo, normalmente não dão muita importância à questão da pronúncia, então terminam usando e ensinando o grego do Novo Testamento com uma pronúncia do período incorreto, de séculos antes de Cristo.
Neste vídeo, eu decidi trazer um pouco mais de informação sobre esse assunto.
Mesmo que a pronúncia não influencie na interpretação do texto, considero mais adequado (e mais belo) usar a pronúncia correta do período em questão.
Um abraço!
@@glossonauta obrigado.
Poderia fazer um vídeo com a pronuncia correta do prólogo do evangelho de João, ou seja, João 1:1-18?
Obrigado
@@TeologiaRadical Pretendo fazer no futuro, ainda não sei quando, mas pode falar comigo pelo Instagram, que eu mando um áudio pronunciando por lá.
Eu tenho um problema em falar e distinguir l de r quando ele vem imediatamente após uma consoante geralmente pronunciando l como r a ponto de eu mal conseguir distinguir os 2 sons nesses casos e cometo erros de ortografia muito frequentemente com isso
Como você aprendeu grego?
Oi, eu gostaria de saber sobre o som 'ni' que é diferente do restante das outras sílabas, 'na', 'ne', 'no' e 'nu'.
Isso depende do sotaque, na verdade. Há sotaques em que o "ni" é palatalizado e fica como se fosse um "nhi".
No meu sotaque isso não acontece, o N de "ni" é idêntico ao N de "na".
Essa transformação do N em "ni" é pelo mesmo motivo da transformação do T em "ti", que fica como se fosse "tchi", com um chiado (algo que também não ocorre no meu sotaque, em que o T nunca tem esse chiado).
O contato com o "i" (que é uma vogal palatal) termina palatalizando a consoante anterior.
Ficou claro?
Abraço!
Como faço para ser seu aluno de Grego Ático? Tenho interesse. Abs e parabéns!
Opa, Glossonauta! Blz? Você é cristão também? 💙
O grego é tão parecido foneticamente com o castelhano. Bem, é o que acho ao escutá-lo.
Principalmente o espanhol europeu
Interessantíssimo. Parabéns.
Você tem curso online ou algum plano de abrir turmas??? 🤔
Olá, Henrico! Eu sou professor e dou aulas à distância, mas não tenho nenhum curso gravado para vender na internet. Caso queira ser meu aluno de latim ou grego, pode me mandar uma mensagem no Instagram, que eu falo com você por lá. Abraço!
Boa tarde! Como me inscrevo em seu curso de grego?
Pode me mandar uma mensagem no Instagram, que eu falo com você por lá. Abraço!
Maneirasso demais
Essa leitura aparece na Wikdictionary
Brilliant!!! 👏👏👏👌
Na opinião de um linguista, sem um apego a qualquer corrente teológica, tecnicamente, qual seria a tradução de João 1:1? A tradução convencional é "a palavra era Deus", mas há alguns que argumentam pela tradução "a palavra era divina" ou "um deus".
Vou ajudar:
PRIMEIRO: no Evangelho de João está assim escrito em todos os manuscritos e códices:
-> Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος.
SEGUNDO: "divino" é uma adjetivação de algo com qualidades de deus ou que se refere a deus. Se o sentido fosse esse, deveria ser escrito θεῖος (theíos), um adjetivo no caso nominativo singular masculino, e significa "divino". E não está escrito assim.
TERCEIRO: estão escritas duas declinações da palavra "Deus", Θεὸς (Theós), que é a forma nominativa singular (não declinada), ou seja, a forma básica e dicionarizada da palavra, usada quando "Deus" é o sujeito de uma frase, por vezes podendo ser usada como um predicativo do sujeito, como é o caso do trecho em questão. Já a forma Θεόν (Theón) é o caso acusativo de Θεός (Theós), que é usado quando "Deus" é o objeto direto de uma ação. Em outras palavras, Θεόν seria usado quando alguém ou algo faz uma ação que envolve "Deus" como o objeto. Por exemplo, em João 1:1, a frase πρὸς τὸν Θεόν (pros ton Theón) é traduzida como "com Deus" ou "junto a Deus." Aqui, Θεόν está no caso acusativo porque é o objeto da preposição πρὸς (pros), que indica direção ou relação. Portanto, enquanto Θεός (nominativo) é usado quando "Deus" é o sujeito ou predicativo do sujeito da frase, Θεόν (acusativo) é usado quando "Deus" é o objeto da ação.
QUINTO: A palavra λόγος (lógos) não tem uma tradução precisa, pois é um termo filosófico utilizado na época. Foi traduzido como "verbo", no sentido de "palavra", que originalmente significa isso mesmo, mas nesse texto, e pelo contexto da época do primeiro século, está sendo utilizado como um termo filosófico. A palavra λόγος é um termo que já possuía uma rica história de uso, tanto na filosofia grega, quanto no pensamento judaico, antes de ser adotado no Novo Testamento. Na filosofia grega, especialmente entre os estoicos e no pensamento de Heráclito, λόγος era usado para se referir ao princípio racional ou à razão cósmica que ordenava o universo. Era uma força fundamental que dava sentido e coerência a todas as coisas. No contexto judaico, particularmente na literatura sapiencial e nos escritos de Filon de Alexandria, λόγος foi associado ao conceito de uma palavra ou sabedoria divina que mediava entre Deus e o mundo criado.
SEXTO: A palavra grega ἀρχή (archē) pode ser traduzida de várias maneiras, dependendo do contexto, mas a tradução mais comum e precisa em João 1:1 é "princípio". No contexto do Evangelho de João, ἀρχή geralmente se refere ao começo absoluto, especialmente no sentido de "o começo de tudo" ou "a origem dos tempos". Essa ideia de "princípio" remete à criação e ao início da existência, semelhante ao uso de "No princípio" em Gênesis 1:1. No entanto, ἀρχή também tem outras conotações em grego, como "autoridade", "poder" ou "origem", dependendo do contexto filosófico ou literário. Em outros textos, pode até se referir a um "governo" ou "domínio".
PORTANTO, a melhor tradução para a Língua portuguesa, mantendo a sintaxe e os casos das palavras, e um sentido que não geraria ambiguidade dos termos, bem ao pé da letra grega, sem mudar a ordem dos termos, seria:
-> Na Origem era o Logos, e o Logos estava com Deus, e Deus era o Logos.
Não sei nem porque existe essa dúvida nos meios teológicos, porque é grego bem básico.
@@adambenorel9001 Então, esse Logos não seria Jesus Cristo?
Olá, Gleisiel! Tudo bem? O Evagelho de João começa assim:
Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος.
Para realizar a tradução, é necessário fazer algumas escolhas, por exemplo, como traduzir o termo λόγος? Traduções possíveis são _palavra_ e _verbo_ (sendo esta segunda com o sentido mais amplo de "palavra", não simplesmente dos verbos que se conjugam na gramática da nossa língua).
Entretanto, λόγος vai além disso, porque também faz referência à razão e ao pensamento. No final, qualquer tradução terá que fazer uma escolha, mas é importante conhecer o texto original para ter uma profundidade um pouco maior do que está sendo apresentado.
Bem, esse trecho inicial começa dizendo que "ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος" (no começo, existia a palavra [o logos]). Esse "existia" também pode ser traduzido como _havia, estava ou era._
Em seguida, afirma-se: "καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν" (e a palavra [o logos] estava junto de Deus).
Após isso, temos o trecho sobre o qual você perguntou: καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος.
Esse trecho pode ser traduzido como "e a palavra [o logos] era Deus".
Sim, mesmo que Θεός apareça antes de λόγος nessa oração, o grego é uma língua de ordem de palavras bem livre e é comum encontrar o predicativo do sujeito antes do sujeito, principalmente quando esse predicativo é um substantivo sem artigo.
Além disso, temos algo interessante que podemos comentar sobre esse trecho. Dizer que _o logos_ era Deus não quer dizer que _o logos_ é o Pai.
Como assim? Pense na seguinte frase: O Evangelho de João contém texto autoritativo para os cristãos, porque *o Evangelho de João é Bíblia.*
· Dizer que o Evangelho de João é Bíblia *não* significa que ele seja todos os livros da Bíblia, mas ele ainda é Bíblia.
· Dizer que esse Evangelho é Bíblia também não significa dizer que ele é *uma bíblia.*
Da mesma forma, o trecho "καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος" (e a palavra [o logos] era Deus) indica que o _logos_ é Deus (ainda que não seja o Pai e ainda que não seja _um_ deus).
Respondendo à sua outra pergunta em que você questionou se esse _logos_ não seria Jesus Cristo: A resposta é que sim, esse _logos_ é Jesus, como se explica logo depois, ainda no mesmo texto, quando se explica que "καὶ ὁ Λόγος σὰρξ ἐγένετο καὶ ἐσκήνωσεν ἐν ἡμῖν" (e a palavra [o logos] se fez carne e habitou entre nós).
Linguisticamente, essa é a explicação mais clara e evidente, além de ser a que foi aceita pelos próprios cristãos gregos, além dos coptas, sírios, romanos, etc. De fato, é a explicação aceita por quase a totalidade dos cristãos ao longo de toda a história. Aqueles que se desviam dessa interpretação são grupos menores que forçam um pouco o texto para poder fazê-lo coincidir com uma visão teológica diferente da apresentada no texto em questão.
Ficou claro?
Abraço!
@@glossonauta Sim, entendo, ficou claro. Porém, a palavra theos nesse texto aparece de duas maneiras. A primeira com o artigo definido (literalmente "o Deus") e a segunda sem o artigo, geralmente usado para se referir a uma deidade. Não seria o segundo theos neste caso um qualitativo de Logos? Ou seja, o Logos teria a qualidade de theos? Ou seja, o Logos teria a essência divina e não ser "o Deus" mencionado no início? Falta o artigo definido na segunda parte. Isso não é relevante?
@@gleisielaraujo7413 No Novo Testamento, nem sempre que a palavra Θεός aparece sem artigo isso se refere a _uma divindade._ Em João 3:2, quando Nicodemos diz que Jesus vem de Deus (e não de uma divindade), "Deus" aparece sem artigo (no caso genitivo, ou seja, Θεοῦ em vez de τοῦ Θεοῦ).
O termo Θεός que aparece no começo do Evangelho de João está se referindo mesmo a Deus, não a _uma divindade._ O artigo definido não está faltando, porque ele não é necessário. Nem sempre o artigo definido aparece nesses casos, principalmente quando o predicativo do verbo _εἰμί_ aparece antes do sujeito.
Ainda no primeiro capítulo de João, "Deus" aparece sem artigo nos versículos 6, 12 e 18. Tentar formular que o Θεός sem artigo que aparece no começo do capítulo se refere a _uma divindade_ parte do desconhecimento da língua grega.
Você me pediu que eu respondesse como linguista, não me baseando numa corrente teológica. Eu estou lhe dizendo que, lendo esse trecho sem as lentes de uma corrente teológica específica, a conclusão imediata é que "καὶ Θεὸς ἦν ὁ λόγος" singifica "e a palavra (o logos) era Deus".
Se tentar forçar outras correntes teológicas aí com base em outros argumentos, é possível forçar uma leitura diferente, mas a leitura imediata e natural é a que eu disse.
Abraço!
Sabe dizer se esses trabalhos de reconstrução da pronúncia do grego coinê já foram levados em conta no trabalho de crítica textual dos manuscritos do Novo Testamento? Sabemos que muitos livros eram copiados em _scriptoria_ onde um escriba lia em voz alta o livro a ser copiado, e vários outros copiavam de ouvido no manuscrito que estavam produzindo. Esse era um método comum. Inclusive é sabido que essa é a origem muito provável de algumas variantes textuais. Porém, aprendi neste vídeo que a pronúncia do grego coinê tem sido ensinada de forma errada. Então deduzo que muitas detecções de ocorrências desse tipo podem ter passado em branco, por estarem levando em conta pronúncias inexatas.
Ou seja, para além de outras funções, a reconstrução de pronúncias antigas de línguas clássicas tem essa utilidade de auxiliar nos trabalhos de crítica textual. Devido à forma como muitas vezes os manuscritos eram produzidos.
A fonética do grego koiné é bem conhecida entre os estudiosos da linguística histórica que trabalham com a língua grega.
Muitas pessoas que pesquisam as variantes textuais no trabalho de crítica textual costumam conhecer esses elementos, mas nem todo mundo.
Como resultado, pode ter gente que deixe passar despercebido o motivo de certas variantes.
Eu acho que conhecer a pronúncia desse período é o ideal, em vez de simplesmente adotar um sistema de pronúncia anacrônico, por isso fiz este vídeo.
Abraço!
Faltaram as informações sobre o curso de geego.
@@franklimricarte9973 É que eu não tenho nenhum curso à venda. Entretanto, caso tenha interesse, sou professor particular, basta falar comigo no Instagram. Abraço!
Mas eu li que a pronúncia do koine foi perdida para sempre. Essa que se tem a pronúncia Erasmiana. Ou seja, uma conjectura.
Boa tarde, Luciano!
Você chegou a ver o vídeo? Nele, eu explico quais eram os sons presentes na pronúncia do grego koiné e mostro como é possível saber que era assim. Não é algo que está perdido, não.
Além disso, no meu vídeo anterior, eu falei com mais detalhes sobre a forma como sabemos os sons de línguas do passado.
A pronúncia erasmiana é uma reconstrução da pronúncia do grego que se aproxima à fonética do ático clássico, de alguns séculos antes de Cristo, mas não é a mais adequada para o grego koiné.
Se após ver o vídeo ainda tiver dúvidas de como sabemos a pronúncia do grego koiné, pode me falar no Instagram, que eu explico mais alguns detalhes importantes.
Abraço!
Olha eu tenho uma dúvida, que depois foi me incomodando e não sei o correto. As vezes vendo coisas da bíblia. Já Vi pastores falando septuaginta alguns com som de jinta e outros com som de guinta. A mesma coisa na palavra geena. Algums falam je-ena e outros falam gue-ena .poderia dizer se as duas são corretas ou qual o correto .
A palavra "Septuaginta", que significa "Setenta" em latim, pode ser pronunciada de diferentes formas quando estamos falando latim. Por outro lado, quando usamos essa palavra na língua portuguesa, a única pronúncia correta é "Septuajinta".
O mesmo se aplica a "Geena", que deve pronunciar-se como "Jeena" quando é utilizada ao falarmos em português.
Se estivermos falando em latim com a pronúncia do período clássico, o "g" ficaria com o mesmo som que tem em "gato", ou seja, ficaria "Septuaguinta", como você mencionou. Entretanto, essa não é a única forma de pronunciar palavras latinas.
Existem outros sistemas de pronúncia, como a pronúncia eclesiástica romana, em que o "g" antes de "e" e "i" se pronuncia como "dj", ou seja, nessa pronúncia fica: "Sep-tu-a-djin-ta".
E, entre as diferentes formas de pronúncia, existe a tradição portuguesa de pronúncia do latim, em que o "g" representa o mesmo som que em português e, assim, você lê a palavra Septuaginta como uma palavra do português, ou seja, "Septuajinta".
Se você pegar uma gramática da língua latina como a de Napoleão Mendes de Almeida ou a gramática de João Ravizza, vai ver a explicação deste último sistema de pronúncia que eu mencionei.
Quando falamos em português, as palavras latinas usadas no direito, na biologia, na teologia ou em qualquer âmbito, devem ser pronunciadas de acordo com a pronúncia portuguesa do latim, por isso, deve-se pronunciar "Septuaginta" como "Septuajinta".
A palavra "Geena", que passou do hebraico para o grego, do grego para o latim e, por meio do latim, chegou até nós, também deve ser pronunciada em português como uma palavra da língua portuguesa, ou seja, ao falar português devemos dizer "Jeena".
Neste vídeo, eu falo sobre a mudança do som do "g" ao longo da história: ruclips.net/video/Bkno36tkMn8/видео.html
Dizer "Septuaguinta" e "Gueena" não é errado, só não é a pronúncia adequada para usarmos quando estamos falando em português, assim como devemos pronunciar "Cícero" como "Síssero" e não como "Kíkero", ainda que a pronúncia em latim no período clássico fosse "Kíkero".
Ficou claro?
Abraço!