Canção dos Desejos - Pistoleta (Legendado PT-BR)
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- Опубликовано: 7 фев 2025
- Não muito benquisto por seus pares por causa de sua pobreza, suas vestimentas simples, e conversas não muito cultas, o aprendiz Pistoleta viu-se excluído por seus colegas de corte. Como forma de se defender, compôs a "canção dos desejos", onde expressa seus sonhos e diz que ninguém pode culpar ou envergonhar um homem que não é rico, mas que também busca por aquilo que é bom e nobre. Em suma, o poeta diz que ele também faria grandes coisas se pudesse, mas, por não ter, não deve ser culpado se grandes coisas não faz.
Tendo fama de vilão por sua origem humilde, Pistoleta nem era conhecido pelo seu nome, mas por seu apelido, que significa "Epistolazinha". Ele era aprendiz do trovador-mestre Arnaut de Maruelh, e tornou-se jogral (uma espécie de interpréte/estagiário) até que famoso entre os mestres. Ele entregava cartas, poemas, cantava, e até arriscava versejar poemas à maneira de seu mestre.
Depois de 20 anos de serviço às cortes, Pistoleta venceu a pobreza e usou tudo que acumulou como jogral na compra de uma casa e um estabelecimento em Marselha, onde casou e viveu o resto da sua vida em paz.
"Ar agues eu mil marcs de fin argen" é um poema moral occitano (sirventês) em decassílabo. São coblas uníssonans em 5 estrofes de 8 versos, com rima em ABABCCDD. Esse poema atingiu grande fama, tendo sua melodia preservada em dois manuscritos Nossa tradução segue à maneira da estrutra, respeita o esquema e o metro.
Em occitano medieval:
(I)
Ar agues eu mil marcs de fin argen
et atrestan de bon aur e de ros,
et agues pro civada e formen,
bos e vacas e fedas e moutos,
e cascun jorn .c. liuras per despendre,
e fort chastel en que·m pogues defendre,
tal que nuls hom no m’en pogues forsar,
et agues port d’aiga dousa e de mar.
(II)
Et eu agues atrestan de bon sen
et de mesura com ac Salamos,
e no·m pogues far ni dir faillimen,
e·m trobes hom leial totas sasos,
larc e meten, prometen ab atendre,
gent acesmat d’esmendar e de rendre,
et que de mi no·s poguesson blasmar
e ma colpa cavallier ni joglar.
(III)
Et eu agues bella domna plazen,
coinda e gaia ab avinens faissos,
e cascun jorn .c. cavallier valen
que·m seguisson on qu’eu anes ni fos
ben arnescat, si com eu sai entendre;
e trobes hom a comprar et a vendre,
e grans avers no me pogues sobrar
ni res faillir qu’om saubes atriar.
(IV)
Car enueis es qui tot an vai queren
menutz percatz, paubres ni vergoinos,
perqu’eu volgra estar suau e gen
dinz mon ostal et acuillir los pros
et albergar cui que volgues deissendre,
e volgra lor donar senes car vendre.
Aissi fera eu, si pogues, mon afar,
e car non pois no m’en deu hom blasmar.
(V)
Domna, mon cor e mon castel vos ren
e tot quant ai, car etz bella e pros;
e s’agues mais de que·us fezes presen,
de tot lo mon o fera, si mieus fos,
qu’en totas cortz pois gabar ses contendre
qu’il genser etz en qu’eu pogues entendre.
Aissi·us fes Dieus avinent e ses par
que res no·us faill que·us deia ben estar.
Interpretação pelo grupo de Gerard Zuchetto no álbum "La troba".
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Tradução conforme métrica, rimas e esquema do poema original:
(I)
S'eu tivesse mil marcos de fino argento,
E tanto bom ouro e sopas vermelhas,
Se tivesse muita cevada e fermento,
Bois e vacas e carneiros e ovelhas,
E todo dia cem libras p'ra ceder,
E castel' que pudess' me defender,
Que homem nenhum pudesse me forçar,
E com um porto d'água doce e do mar.
(II)
E se eu tivesse boa sabedoria
E de mesura, como o Salomão,
E não fizesse dito d'erronia,
E achasse homem leal toda sazão,
Que prometesse e pudesse fazer,
Presto para me ajudar e render,
E que contra mim não fossem culpar
Qual nocente, cavaleiro e joglar.
(III)
E eu tivesse bela dama aprazente,
Alegre e gaia, co'atraente feição,
E sempre cem cavaleiros valentes
Que me seguissem em toda ocasião,
Bem equipados, qu'eu possa entender;
E achasse alguém a comprar e vender
E grande haver que não pudess' faltar
E nada qu'eu não soubesse encontrar.
(IV)
Pois é enojoso quem vai querente
Do básico, qual pobre vergonhoso,
Por isso quero estar suavemente
Em mi'a casa, acolhendo o valoroso,
E albergar quem quisesse jazer,
E quero doar sem nada o vender.
Assim faria se eu pudesse obrar,
Mas não posso, e não deve me culpar.
(V)
Madama, meu castelo a vós se rende,
O que tenho, que sois bela e d'engenho,
Se mais tivesse, mais daria presente,
Até o mundo, mas ele eu não tenho;
E por corte poss' gabar sem ceder
Que sois a bela que posso entender.
Assim Deus vos fez atraente e sem par,
Nada vos falte, sempre em bem estar!
Pos de chantar m'es talentz. Você lembra dessa música 🎶
Do duque Guilherme IX!
@@CantosCruzados Isso aí mesmo depois de três anos que foi lançada ainda escuto essa música
Fantástica!!!
Canção maravilhosa do Pistoleta. ✨👏👏👏
❤❤❤❤❤❤
Que linda canção. Pistoleta pelo que parece foi homem bem gentil e simples. Vídeo, tradução e descrição maravilhosas! ✨👏👏👏
Ele é de qual país?
@@natheriver8910 ele é occitano, meu caríssimo.
@@literaudiobrasil4797 obrigado
Canção muito bela
Deveras, caríssimo. :)
Lindíssimo!
Nunca me canso dessas músicas medievais é um remédio contra a cacofonia do mundo moderno
Obrigado pela presença, meu caro. A complexidade da música e da poesia medieval supera qualquer obra banal de nosso século.
Primeiro. Salve cantos cruzados
Salve!
Seria Pistoleta o primeiro estagiário da história? Rsrsrs
Kkkkkk