apesar de estar relativamente consciente da pobreza do termo "arte sequencial", nunca tinha dado atenção pra questão da simultaneidade como essa espécie de alternativa... preciso urgentemente saber mais sobre isso. esse vídeo foi incrível não só por me lembrar mais uma vez de que tinha muita coisa acontecendo antes do advento de "quadrinhos e arte sequencial", mas por me apresentar a Hannah Miodrag! tô sempre atrás de mais mulheres pesquisadoras, já que parece que são tão poucas, mesmo não sendo!
Ainda sobre o Chris Ware, ele promove um tipo de leitura única no Building Stories, a história não sendo linear e sendo dividida entra vários cadernos distintos, ele torna a percepção de cada um sobre aquela história única, já que as surpresas tidas por cada leitor serão diferentes dependendo de por qual desses cadernos eles começarem, uma linear que explica da falta de autoestima da personagem até o casamento? ou observar o casamento e depois entender certos maus tratos do passado da personagem. Ele tem sido super mal publicado por aqui, ainda que no caso do Building Stories ele sairia por um valor de mercado muito acima da media do poder aquisitivo do leitor, até mesmo pro colecionador. Ótimo Vídeo.
Bem interessante esse ponto sobre "simultaneidade" - aliás, sinto que muitos quadrinhos pecam em não olharem para a composição das pgs como um todo, se preocupando apenas com a narrativa quadro-pós-quadro, com a sequencialidade apenas. Recentemente li um quadrinho independente nacional que me passou uma visão bem completa nesse sentido, linkando de forma bem harmônica esses dois elementos (sequencialidade e simultaneidade/leitura tabular), chamado Zênite (de Gabriel Calfa e Diego Porto). Voltando para exemplos que vc citou - sobre quadrinhistas das décadas de 60/70 que valorizavam a questão tabular das pgs - eu incluiria, além dos nomes que vc já citou, um artista que lida muito bem com a questão toda da simultaneidade, que é o italiano Sérgio Toppi (que felizmente vem recebendo mais atenção das editoras brasileiras nos últimos anos)
Muito Bom Linck - mais uma vez uma aula de como pensar quadrinhos - tenho aprendido muito nos vídeos o que tem colocado em cheque a minha visão de interpretar esta arte que sou apaixonado desde que me descobri vivo. Agradeço muito o conteúdo - o canal está excelente! Abraço!
Eu tinha esse questionamento quando via a diagramação de artistas como Jae Lee, Sergio Toppi... Não há como interpretar a história como se está acostumado, com artes sequenciais quadro a quadro, porque toda a página contem elementos essenciais, quase como uma splatpage. Não havia me atentado a essa questão ergonômica do percorrer da visão periférica para ajudar a perceber o que está sendo contado, e sem o texto, é praticamente impossível ter o entendimento profundo da mensagem do roteirista. Alguns artistas possuem essa pegada mais simultânea do que sequencial. Não conhecia esse termo de quadrinhos simultâneos, obrigado pelo conteúdo!
Assunto mega interessante! Apesar de ser uma leitora de quadrinhos de longa data, iniciei meus estudos aprofundados nessa área apenas ano passado (estudo iniciado também por ter começado a produzi-los). Quando leio algo que não concordo 100% ou que me incomoda um pouco (como esse termo Arte Sequencial), tenho medo de estar sendo prepotente diante dos grandes mestres. Gostaria de ter mais debates e reflexões como essa. Obrigada pelo conteúdo!
Baita vídeo que só descobri hoje! Esse tema da simultaneidade nos quadrinhos é muito bem abordade (e demonstrado) na obra "Desaplanar" do Nick Sousanis, onde ele defende que um novo sentido pode ser extraído da história ao se analisar as relações entre os vários elementos que compõem a página... Mas é interessante ver que existem quadrinistas talentosíssimos que "discordam" dessa visão, como o Marcelo Quintanilha, que já afirmou não acreditar na composição da página como um todo como elemento narrativo, o que talvez explica suas histórias resultarem em uma linguagem mais "cinematográfica"! Enfim, um debate interessantíssimo!
Conheci o canal hoje (com video sobre os clássicos) e gostei muito dos videos que assisti até aqui, por isso não seria nenhum exagero afirmar que o material que produz é excelente, parabéns por isso e obrigado por compartilhar todos esses conhecimentos conosco. Só para tentar agregar um pouco na discussão (e quem sabe indicar uma boa leitura): um quadrinho que pode-se enxergar com clareza essa questão de sequencialidade e simultaneidade é Imbattable de Pascal Jousselin. O autor as trabalha com maestria e bom humor.
Há algo que tem de ser levado em conta quando se utiliza exemplos de páginas de quadrinhos como essas do Frank King. Essas páginas, bem como diversas outras como Little Nemo, Flash Gordon, Bringing Up Father, pertencem a um tempo anterior a existência do que viria a ser conhecido como "comicbook". Publicadas em jornais, uma por vez, tinham características peculiares, mais singulares, pensadas para as dimensões totais do suporte. Mas foram surgindo também páginas com características diferentes, como Popeye, por ex., com composição "tira sobre tira", que podem ser remontadas e se adaptar a espaços menores. O próprio surgimento dos comicbook se deu com compilações de tiras de jornal. O Superman começou assim, eram tiras, mas foram remontadas para compor uma revista. Com a explosão dos comics surge a necessidade de material inédito semanalmente e estúdios começam a produzir e produzir realmente páginas, que vão se distanciando daquela grade de tiras sobrepostas. Tudo isso para dizer que esse caminho parece ser também um caminho da tabularidade acentuada das páginas dos jornais para a sequencialidade evidente de um comicbook.
4 года назад+2
Bem observado, André. O formato também faz a mídia. Razão esta que não gosto muito dos tabletes ou "quadrinhos animados", pra mim isso não é quadrinho, justamente porque por mais novas "ferramentas" que o formato digital possa trazer, também elimina as possibilidades de simultaneidade nas páginas. E não é porque os comics books seguiram esse caminho sequencial num primeiro momento, que precisam se limitar a isso, nem se limitam. Vários ilustradores dentro do próprio quadrinho mainstream de super-herói já brincaram com simultaneidade, e pra ficar no mais recente, cito o premiado J. H. Williams.
Acho que a questão da sequencialidade interseccionada à da simultaneidade traz aos HQs a função poética de Jakobson. Ele mesmo analisava a arte como projeção do eixo linguístico sintagmatico da linguagem sobre o eixo paradigmático da mesma e, melhor ainda, para ser exato, o vice-verso disso.
Acabei de conhecer o canal e me pegou nesse primeiro vídeo que vi. Gosto dos canais empolgados com publicação, canais de editoras, mas queria um com uma abordagem mais acadêmica. Achei.
Eu uso "Arte Sequencial' no sentido de ampliar o leitura de obras que não são necessariamente gibis, graphic novels e outras publicações ligadas à quadrinhos. Ou seja, entendo isso como uma isca conceitual, pois abre margem não só para criar um vínculo gravitacional-acadêmico entre Mcloud e Eisner, e questões narrativas próprias das Artes Visuais, como tripticos, séries e representações figurativas de estórias ( sim, eu usei só para levantar outro termo problemático cuja a discussão não passou em branco). Mas não faço questão de usar "Arte Sequencial' para definir a produção de quadrinhos, só mesmo no sentido de isca e etc. Mas gostei bastante da questão da simultaneidade, que é um tema que eu adoro e que está em alguns dos meus trabalhos.
Essa questão da simultaneidade é inclusive bem anterior aos quadrinhos. No Renascimento extra-Itália já tem uns exemplares, como A Paixão de Cristo do Hans Memling, por exemplo; ela contém uma série de passagens da vida de Jesus que, embora sucessivas em critérios cronológicos, estão materializadas num único momento. Os flamengos faziam muito isso de aglutinar ações em espaços, e antes deles provavelmente também os egípcios. A diferença pros quadrinhos é só que não tem a tabulação - ou seja, a divisão em quadros. Inclusive dá pra pensar essa questão da simultaneidade até como critério pedagógico, como modo de facilitar mensagens pra populações iletradas e coisas do tipo.
Concordo. Na verdade, gosto das definições de Román Gubern, um semioticista espanhol que trabalhou bastante no contexto da cultura de massa (cinema, quadrinhos, etc.) e que pensava os quadrinhos como uma estrutura narrativa (primeira definição primordial) formada por uma sequência progressiva de pictogramas nas quais se poderia inserir elementos de escrita fonética (isso em "El lenguaje de los comics"). Essa definição ainda trabalha uma ideia de sequência, mas destaca o caráter acumulativo (chamado aqui de "tabular") da leitura quadrinística, bem como a necessária transformação do material linguareiro do mundo que nos cerca nessa escritura fonética única dos quadrinhos. O próprio Gubern é um dos poucos teóricos que conheço a estudar a maneira única como os quadrinhos tratam o elemento cinético em sua natureza peculiar... Enfim, bom saber que há um canal calcado no estudo mais objetivo dos quadrinhos e de sua linguagem/narrativa.
Eu tenho boas ressalvas ao Gubern. Acho que, como muitos de sua geração, seu olhar aos quadrinhos era muito afetado pela teoria do cinema e, obviamente, pelo estruturalismo. Mas sem dúvida é alguém a se passar. Seja bem-vindo!
@@QuadrinhosNaSarjeta Em primeiro lugar agradeço pela iniciativa do canal - é sempre revigorante ver iniciativas assim, eficazes e agora disponíveis para a discussão de modo mais amplo. Agora, quanto às ressalvas; no que tange ao estruturalismo, a verdade é que vejo com bons olhos essa percepção metodológica e creio que, apesar de críticas sempre possíveis, acho que tal abordagem perdeu pouco de sua relevância pois ainda estamos enredamos na discussão de aspectos do sentido, coisa que o estruturalismo (por sua herança linguística) estruturou tão bem. Quanto ao Gubern, novamente, críticas são sempre possíveis e necessárias. Mas ele abriu caminho (e aí minha visão diverge da sua) para uma abordagem mais linguística da HQ, como linguagem, não como "arte" (uma percepção mais ingênua, creio), com uma estrutura pictográfica e fonética simultânea. Esse aspecto que, destaco, ainda é pouco discutido mesmo nos círculos mais avançados da semiótica do visível, seguindo a terminologia de Jacques Fontanille.
Acho que, na verdade, o McCloud, apesar de insistir na sequencialidade, ressalta a justaposição das imagens. Embora não fosse a intenção, a meu ver, isso acaba abarcando essa compreensão da simultaneidade concomitante com a sequencialidade. Entendo que a exploração artística dos quadrinhos como linguagem leva a isso, assim como nas artes plásticas: um experimentalismo gráfico para transmitir a mensagem. Uma coisa que acho curiosa, no entanto, é que hoje em dia a modalidade de leitura de quadrinhos por celular desconstrói a página (e a reflexão desses autores que analisam o grafismo geral) e institui a leitura quadro a quadro em muitos casos, o que resgata a compreensão do Eisner e meio que a atualiza, ainda que sem intencionalidade. No fim, a linguagem fica refém das limitações do suporte. Ótimo vídeo! Grande abraço!
Opa! Então, as webcomics tipo "storyboard" estão sendo superadas pelas"webtoons" sul-coreanas que repensam o leiaute para telas pequenas e, mais uma vez, ressaltam a simultaneidade com sequencialidade. Ou seja, isso me parece tanto histórica quanto esteticamente inerente aos quadrinhos. Por isso julgo que a abordagem discreta do McCloud da simultaneidade acaba por ser ruim dentro da sua proposta de análise. Debates legais... Abraço!
4 года назад+3
Eu sempre me perguntei qual o problema com o termo "Histórias em Quadrinhos"? Faz sentido no contexto que o Eisner estava, onde chamam a parada de "comics" (o que por si só tira a seriedade de toda a mídia em si), mas aqui o termo é tão limitador quanto alguém diria que "histórias em quadrinhos" também é (pela questão dos quadros - embora eu pense que a própria página em si é um quadro, então mesmo se você retirar as bordas, ou desenhar elas redondas, sempre vão ser quadrinhos!).
A arte sequencial, no caso de quadrinhos pensados para dispositivos digitais onde carrega um único quadrinho de cada vez (tipo o efeito carrossel do instagram) não é uma leitura mais restritamente sequencial?
E uma vez que a simultaneidade pode ser usada mas não necessariamente é usada, enquanto a sequencialidade é parte essencial da concepção dos quadrinhos, a definição inicial não é mais recorrente do que a proposta?
Justamente pela ausência de simultaneidade, os quadrinhos para tela pequena muitas vezes se tornaram meros storyboards. Isso explica a revolução ainda em curso pelos webtoons, quadrinhos para telas pequenas , originalmente sul-coreanos, que restituem a simultaneidade, e portanto, fazem quadrinhos mais uma vez.
Eu acho que no caso de quadrinhos pensados para dispositivos digitais, a definição de arte sequencial nunca esteve tão atual. É literalmente uma sequencia. E se for desenhada a mão, página quadrada por página quadrada, "escaneada" e depois postada uma a uma em sequencia "carrossel", depois esse material pode perfeitamente ser encadernado e transformado em um livro, e se for feita totalmente digital também.
Muito legal! Excelente! Agora, atenção para se chegar a uma compreensão da história o indivíduo necessita observar a linha do espaço, do tempo e dos diálogos. Logo, Mcloud e Eisner são monstros do conceito da narrativa. Não é tão simples criticar grande mestres.
Boa, Alexandre, embora eu esteja a par dos debates sobre simultaneidade de narrativa, acabava volta e meia usando o termo por conta desse aspecto de guarda chuva como vc fala. Ultimamente tenho usado muito "quadrinhos", "histórias em quadrinhos" e até mesmo "gibis" pra irritar a galera que usa muita pompa pra falar da mídia e pra simplificar mesmo, é o nome da parada! hahaha. Mas a reflexão é ótima. Li um tempo atrás (e gravei um episódio no meu podcast!) sobre um artigo que fala do uso da oralidade enquanto tradição nos quadrinhos. Um dos aspectos citados pela autora (focada em hqs alternativas canadenses e nas tradições indígenas) é a própria simultaneidade da narrativa nos quadrinhos, que ocorre também nas narrativas e práticas da oralidade, segundo ela há uma fluidez nas duas formas de narrar.
@@QuadrinhosNaSarjeta O livro é "The Canadian Alternative: Cartoonists, Comics, and Graphic Novels", tem em inglês apenas, meio salgado pra comprar, mas tenho em PDF que consegui de um amigo espanhol. O pessoal que faz PHD fora do país tem acesso a muita coisa legal hehehe. Posso te passar pelo facebook mesmo! xD
Prezado Alexandre como vai? Parabéns pelo canal, só tomei conhecimento dele agora e já me inscrevi(acompanho pelo instagram tb). Tenho assistido alguns vídeos e gostado bastante. Sobre essa discussão desse vídeo, se me permite, gostaria de fazer algumas observações. Sou artista visual e tenho pesquisado sobre as discussões entre narrativa e imagem, algo muito presente nos trabalhos de artistas contemporâneos e que também vai de encontro aos quadrinhos(que me interessam bastante). Também me formei e trabalhei muito com o cinema de animação. Um termo muito usado no cinema é a "narrativa visual". Talvez seja um termo guarda-chuva que simbolize melhor também o quadrinho. O termo é utilizado para denominar obras em diversas mídias da produção visual, que vai do cinema aos quadrinhos, da literatura às artes visuais. Como um campo intermídia, a Narrativa Visual faz uso de diversas linguagens, visuais, textuais, sonoros, tem caráter transdisciplinar. Mas pelo que andei pesquisando, o termo carece de estudo, pois não se tornou um campo de pesquisa ainda. Talvez até pela sua fragmentação em diversas áreas. Eu encontrei um artigo de pesquisadores indianos( Sherline Pimenta, Ravi Poovaiah) em que defendem a criação desse campo de pesquisa e dividem o campo em 3 linhas/subgêneros. Narrativa visual estática, narrativa visual dinâmica e narrativa visual interativa. Achei bem interessante e apontam alguns caminhos nesse sentido. Se você souber de algum estudo sobre isso, me interessa. Também sobre o termo Graphic Novel criado por Will Weisner, eu entendo o motivo, e entendo também quem defenda simplesmente "quadrinhos" ou "gibis". Vivenciando o ambiente das artes plásticas vejo todo o preconceito que o termo levanta. "Quadrinho" no diminutivo, gibi, são termos bem estabelecidos, mas são termos que para o senso comum ou acadêmico, estão vinculados à coisas de criança ou algo pejorativo, e é difícil mudar toda uma visão de uma sociedade sobre essa mídia. Graphic Novel já se torna algo pomposo, meio forçado, pra tentar trazer maior respeitabilidade. Não consegui ainda tomar um partido nesse sentido, mas vejo que cada dia mais os quadrinhos estão conseguindo um maior respeito pela seriedade das discussões presentes hoje. Essa questão da "Arte sequencial", fico pensando se a sequencia no termo diz respeito às imagens, de uma quantidade de quadros dentro de uma obra, e não sobre uma linearidade de uma narrativa. Enfim, um grande abraço
Valeu. Seja bem-vindo. Sobre a narratividade, cabe dizer que nem todo quadrinho é narrativo. Dá uma espiada no meu vídeo sobre quadrinhos abstratos. Abraço!
@@QuadrinhosNaSarjeta Obrigado Alexandre. Maravilha, não tinha visto ainda esse outro vídeo dos quadrinhos abstratos. Muito interessante, fui correndo ver se achava o livro Abstract Comics na Amazon, infelizmente não está mais disponível para a venda. Você demonstra a complexidade dos quadrinhos e como é quase impossível defini-los em uma caixinha. Esses quadrinhos que citou estão em uma situação fronteiriça entre mídias e linguagens .... alguns podem dizer que esses exemplos são mais obras de artes plásticas, e nas artes plásticas ainda os definiriam como "livros de artistas", um termo recente, provavelmente você conhece, e que ainda está sendo discutido pois não tem uma definição tão clara pois existem livros das mais variadas formas, alguns de tiragem única outros impressos em grandes quantidades, livros performance, etc... Aqui em BH tem um pesquisador que é especialista em livro de artista. O Amir Cador. Coloco um link do blog dele, dá pra ver exemplos por categorias, inclusive tem a categoria quadrinho lá, talvez te interesse. colecaolivrodeartista.wordpress.com/ Tem também um artista que faz uns livros bem interessantes, um deles chamado French Fries(1984), que é uma peça de teatro composta por imagens de ícones e placas encontradas em fast-foods. warrenlehrer.com/french-fries-1984/ warrenlehrer.com/grrrhhhh-study-social-patterns-1988/ O assunto rende :D, seguimos conversando, Um abração
Há inúmeros "universos especulativos" que se pode impregnar dentro de qualquer forma e estrutura de arte. Só que existe o maistream de qualquer uma delas, em que é viável perceber o maior "poder econômico" que ela traz. É uma pena.
Alexandre, tem alguma alternativa à "arte sequencial"? Eu acho que não só a parte de "sequencial" é reducionista, mas também a "arte" (que serve mais pra gentrificar a bagaça e afagar o ego do Eisner). Mas acho meio impossível de limar esse termo. "Comics" ainda tá por aí e não tem nada a ver com o produto final.
Adorei o vídeo. E o termo "Quadrinhos"? Não acha limitante também? É o melhor que achei até hoje, mas é muito reducionista... mesmo sendo melhor que "comic", que acaba remetendo só a comédia.
Termos são sempre arbitrários. Quadrinhos, comics, bande dessinée, fumetti, historieta, mangá etc. Porém esses, ao contrário de "Arte Sequencial", não são utilizados a título de definição, procurando operar um discurso sobre o que os quadrinhos são. Se outrora comics servia para ressaltar o aspecto cômico, e fumetto as "fumaças" (balões), esse sentido se perdeu, ao contrário da suposta objetividade de "arte sequencial".
Arte Simultâneo-Sequencial? (kkkkkk) Lembrei aqui (de repente) que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) também possui esta característica: Sequencialidade & Simultaneidade conjuntas e ao mesmo tempo.
Boa tarde. Primeiramente parabéns pelo canal. Não conhecia. Com todo o respeito, se eu parar de chamar de arte sequencial, a partir daí chamaria de quê? Como você próprio diz: é arte sequencial, mas não é só arte sequencial, também é simultânea e tem leitura tabular e não apenas linear. Neste sentido, como chamaria a partir de agora? Não vejo erro em chamar como arte sequencial, pelo simples fato de você considerar velho e pobre por não contemplar tudo. Nesse mesmo sentido, não poderia nem mesmo chamar de história em quadrinhos, fumetti, mangá, bande dessinée ou comics, pois não se restringe somente aos quadrinhos. Lembro que quando ainda fazia artes plásticas na Universidade, Arte sequancial veio com a ideia de substituir o termo Quadrinhos, pelo menos no Brasil. Por ser assim qual seria o termo que substituiria, nas sua visão, Arte sequencial, mesmo sabendo que continua como uma arte sequencial, mas com uma nova linguagem aplicadas por alguns grandes nomes dessa arte. Desde já agradeço o conhecimento, a sua dedicação e esse canal que mantém com maestria.
@@QuadrinhosNaSarjeta aquele gigantesco da década de 1930 já conhecia pelo site Töpfferiana. Curto esses antigoes, tenho até um blog (HQ Retrô) onde tento elenca-los. Gostaria desse do francês (creio q francês) onde uma cena é "debulhada " em várias outras no decorrer do tempo, manda detalhes dele: nome, editora etc
Boa tarde galera , discordo completamente , narrativa gráfica é o gênero , seja americano , europeu ou japonês , arte sequencial é o subgênero , existem artistas que focam, na arte sequencial e são mestres nesse aspecto específico , já que escrevem e desenham de forma linear , assim como a maioria dos filmes , quem lê bonneli sabe o que estou falando , já outros artistas tomam um caminho narrativo não linear, moebius no caso fazia isso em algumas páginas , mas o cara ter ranço tanto da definição quanto da arte em si não faz sentido , já que ele estaria perdendo trabalhos de artistas incríveis que fazem trabalhos lineares, um exemplo de trabalho não linear que saiu ultimamente foi ganhador do eisner , o Sr milagre do tom king que hora vc está no tempo normal, hora vc está , em um tempo desconhecido e hora vc está dentro da mente do Sr milagre, o direcionamento não linear tem subgêneros dentro de si mesmo, já que não utiliza só o tempo real , mas diversas outras formas, como é o caso do senhor milagre , dentro da própria mente dele.
Opa, beleza? Você está cometendo um equivoco bastante comum. Não existe MAIS ou MENOS sequencialidade e simultaneidade. Todo quadrinho, do leiaute mais regular (Turma da Mônica) ao mais irregular (Druillet etc), tem sua dimensão de simultaneidade pois isso é inerente ao dispositivo dos quadrinhos (simultaneidade dos quadros em uma superfície). Isso já é bastante pacífico desde os anos 1970 nos estudos dos quadrinhos. Abraço.
parceiro, primeiro escreve uma tese ou um livro fundamentando teoricamente tudo isso ai, eu VOU PENSAR em dar um crédito pra ele após ler e dissecar o texto em si. mas enquanto isso...........
@@rafaelalexandrinomalafaia8476pinta no instagram do canal, dá uma espiada no meu Lattes, no Academia.Edu também estão os meus artigos, tese e dissertação sobre quadrinhos.
To trabalhando com quadrinhos com alunos do 6º e 7º ano.
Esse canal era tudo o que eu precisava.
Obrigado!!
Se cada vez que o Alexandre diz "isso é assunto para outro vídeo", realmente virar um novo vídeo, teremos conteúdo para os próximos cem anos😅
apesar de estar relativamente consciente da pobreza do termo "arte sequencial", nunca tinha dado atenção pra questão da simultaneidade como essa espécie de alternativa... preciso urgentemente saber mais sobre isso. esse vídeo foi incrível não só por me lembrar mais uma vez de que tinha muita coisa acontecendo antes do advento de "quadrinhos e arte sequencial", mas por me apresentar a Hannah Miodrag! tô sempre atrás de mais mulheres pesquisadoras, já que parece que são tão poucas, mesmo não sendo!
Ainda sobre o Chris Ware, ele promove um tipo de leitura única no Building Stories, a história não sendo linear e sendo dividida entra vários cadernos distintos, ele torna a percepção de cada um sobre aquela história única, já que as surpresas tidas por cada leitor serão diferentes dependendo de por qual desses cadernos eles começarem, uma linear que explica da falta de autoestima da personagem até o casamento? ou observar o casamento e depois entender certos maus tratos do passado da personagem. Ele tem sido super mal publicado por aqui, ainda que no caso do Building Stories ele sairia por um valor de mercado muito acima da media do poder aquisitivo do leitor, até mesmo pro colecionador. Ótimo Vídeo.
Seu canal é de longe o melhor canal de quadrinhos do youtube...
Parabéns , por favor não desista de por mais videos
Cara, por mais vídeos como esse! Brilhante! Que aula!
Bem interessante esse ponto sobre "simultaneidade" - aliás, sinto que muitos quadrinhos pecam em não olharem para a composição das pgs como um todo, se preocupando apenas com a narrativa quadro-pós-quadro, com a sequencialidade apenas.
Recentemente li um quadrinho independente nacional que me passou uma visão bem completa nesse sentido, linkando de forma bem harmônica esses dois elementos (sequencialidade e simultaneidade/leitura tabular), chamado Zênite (de Gabriel Calfa e Diego Porto).
Voltando para exemplos que vc citou - sobre quadrinhistas das décadas de 60/70 que valorizavam a questão tabular das pgs - eu incluiria, além dos nomes que vc já citou, um artista que lida muito bem com a questão toda da simultaneidade, que é o italiano Sérgio Toppi (que felizmente vem recebendo mais atenção das editoras brasileiras nos últimos anos)
Dúvidas válidas, você me levou a pensar sobre o assunto, obrigado.
Excelente! Esse seu vídeo é um achado!
HQ é uma arte de muitas possibilidades.
Cada artista deram sua contribuição muito importante.
Inclusive Will Einer.
"Will Eisner"
Parabéns. Muito obrigado. Eu sempre me perguntei se a expressão estava completa na definição em paralelo às outras. Muito obrigado mesmo.
Um abraço.
Muito Bom Linck - mais uma vez uma aula de como pensar quadrinhos - tenho aprendido muito nos vídeos o que tem colocado em cheque a minha visão de interpretar esta arte que sou apaixonado desde que me descobri vivo. Agradeço muito o conteúdo - o canal está excelente! Abraço!
Eu tinha esse questionamento quando via a diagramação de artistas como Jae Lee, Sergio Toppi... Não há como interpretar a história como se está acostumado, com artes sequenciais quadro a quadro, porque toda a página contem elementos essenciais, quase como uma splatpage. Não havia me atentado a essa questão ergonômica do percorrer da visão periférica para ajudar a perceber o que está sendo contado, e sem o texto, é praticamente impossível ter o entendimento profundo da mensagem do roteirista. Alguns artistas possuem essa pegada mais simultânea do que sequencial. Não conhecia esse termo de quadrinhos simultâneos, obrigado pelo conteúdo!
Essa canal é muito foda. Parabéns pelos vídeos
Assunto mega interessante! Apesar de ser uma leitora de quadrinhos de longa data, iniciei meus estudos aprofundados nessa área apenas ano passado (estudo iniciado também por ter começado a produzi-los). Quando leio algo que não concordo 100% ou que me incomoda um pouco (como esse termo Arte Sequencial), tenho medo de estar sendo prepotente diante dos grandes mestres. Gostaria de ter mais debates e reflexões como essa. Obrigada pelo conteúdo!
Baita vídeo que só descobri hoje!
Esse tema da simultaneidade nos quadrinhos é muito bem abordade (e demonstrado) na obra "Desaplanar" do Nick Sousanis, onde ele defende que um novo sentido pode ser extraído da história ao se analisar as relações entre os vários elementos que compõem a página... Mas é interessante ver que existem quadrinistas talentosíssimos que "discordam" dessa visão, como o Marcelo Quintanilha, que já afirmou não acreditar na composição da página como um todo como elemento narrativo, o que talvez explica suas histórias resultarem em uma linguagem mais "cinematográfica"! Enfim, um debate interessantíssimo!
Opa! Cara, muito bacana o conteúdo do vídeo e muito interessante o tema do debate. Parabéns
Muito bom. Taí uma discussão que eu tava muito por fora. Valeu pelas referências. ✌
Ei Linck! Poderia fazer um vídeo sobre o livro "Faces do Humor" de Paulo Ramos? É uma tese que busca encontrar a relação do humor com as tirinhas.
Conheci o canal hoje (com video sobre os clássicos) e gostei muito dos videos que assisti até aqui, por isso não seria nenhum exagero afirmar que o material que produz é excelente, parabéns por isso e obrigado por compartilhar todos esses conhecimentos conosco.
Só para tentar agregar um pouco na discussão (e quem sabe indicar uma boa leitura): um quadrinho que pode-se enxergar com clareza essa questão de sequencialidade e simultaneidade é Imbattable de Pascal Jousselin. O autor as trabalha com maestria e bom humor.
Seja bem-vindo!
Há algo que tem de ser levado em conta quando se utiliza exemplos de páginas de quadrinhos como essas do Frank King. Essas páginas, bem como diversas outras como Little Nemo, Flash Gordon, Bringing Up Father, pertencem a um tempo anterior a existência do que viria a ser conhecido como "comicbook". Publicadas em jornais, uma por vez, tinham características peculiares, mais singulares, pensadas para as dimensões totais do suporte. Mas foram surgindo também páginas com características diferentes, como Popeye, por ex., com composição "tira sobre tira", que podem ser remontadas e se adaptar a espaços menores. O próprio surgimento dos comicbook se deu com compilações de tiras de jornal. O Superman começou assim, eram tiras, mas foram remontadas para compor uma revista. Com a explosão dos comics surge a necessidade de material inédito semanalmente e estúdios começam a produzir e produzir realmente páginas, que vão se distanciando daquela grade de tiras sobrepostas. Tudo isso para dizer que esse caminho parece ser também um caminho da tabularidade acentuada das páginas dos jornais para a sequencialidade evidente de um comicbook.
Bem observado, André. O formato também faz a mídia. Razão esta que não gosto muito dos tabletes ou "quadrinhos animados", pra mim isso não é quadrinho, justamente porque por mais novas "ferramentas" que o formato digital possa trazer, também elimina as possibilidades de simultaneidade nas páginas. E não é porque os comics books seguiram esse caminho sequencial num primeiro momento, que precisam se limitar a isso, nem se limitam. Vários ilustradores dentro do próprio quadrinho mainstream de super-herói já brincaram com simultaneidade, e pra ficar no mais recente, cito o premiado J. H. Williams.
Acho que a questão da sequencialidade interseccionada à da simultaneidade traz aos HQs a função poética de Jakobson. Ele mesmo analisava a arte como projeção do eixo linguístico sintagmatico da linguagem sobre o eixo paradigmático da mesma e, melhor ainda, para ser exato, o vice-verso disso.
uau, assisti sua explicação pensando em como isso se aplica à dança. Que legal!
Acabei de conhecer o canal e me pegou nesse primeiro vídeo que vi. Gosto dos canais empolgados com publicação, canais de editoras, mas queria um com uma abordagem mais acadêmica. Achei.
Bem-vindo!
Eu uso "Arte Sequencial' no sentido de ampliar o leitura de obras que não são necessariamente gibis, graphic novels e outras publicações ligadas à quadrinhos. Ou seja, entendo isso como uma isca conceitual, pois abre margem não só para criar um vínculo gravitacional-acadêmico entre Mcloud e Eisner, e questões narrativas próprias das Artes Visuais, como tripticos, séries e representações figurativas de estórias ( sim, eu usei só para levantar outro termo problemático cuja a discussão não passou em branco). Mas não faço questão de usar "Arte Sequencial' para definir a produção de quadrinhos, só mesmo no sentido de isca e etc. Mas gostei bastante da questão da simultaneidade, que é um tema que eu adoro e que está em alguns dos meus trabalhos.
Rapaz, seu canal é muito bom! Veni Vidi i mi inscrivi :P
Essa questão da simultaneidade é inclusive bem anterior aos quadrinhos. No Renascimento extra-Itália já tem uns exemplares, como A Paixão de Cristo do Hans Memling, por exemplo; ela contém uma série de passagens da vida de Jesus que, embora sucessivas em critérios cronológicos, estão materializadas num único momento. Os flamengos faziam muito isso de aglutinar ações em espaços, e antes deles provavelmente também os egípcios. A diferença pros quadrinhos é só que não tem a tabulação - ou seja, a divisão em quadros. Inclusive dá pra pensar essa questão da simultaneidade até como critério pedagógico, como modo de facilitar mensagens pra populações iletradas e coisas do tipo.
O barroco e a contra-reforma é um bom exemplo histórico de simultaneísmo pedagógico.
Minha tese é sobre isso. parabéns pelo tema.
Eu chorei lendo Jimmy... A arte é tão estranha que uma hora te pega pela surpresa e pela emoção...
Concordo. Na verdade, gosto das definições de Román Gubern, um semioticista espanhol que trabalhou bastante no contexto da cultura de massa (cinema, quadrinhos, etc.) e que pensava os quadrinhos como uma estrutura narrativa (primeira definição primordial) formada por uma sequência progressiva de pictogramas nas quais se poderia inserir elementos de escrita fonética (isso em "El lenguaje de los comics"). Essa definição ainda trabalha uma ideia de sequência, mas destaca o caráter acumulativo (chamado aqui de "tabular") da leitura quadrinística, bem como a necessária transformação do material linguareiro do mundo que nos cerca nessa escritura fonética única dos quadrinhos. O próprio Gubern é um dos poucos teóricos que conheço a estudar a maneira única como os quadrinhos tratam o elemento cinético em sua natureza peculiar... Enfim, bom saber que há um canal calcado no estudo mais objetivo dos quadrinhos e de sua linguagem/narrativa.
Eu tenho boas ressalvas ao Gubern. Acho que, como muitos de sua geração, seu olhar aos quadrinhos era muito afetado pela teoria do cinema e, obviamente, pelo estruturalismo. Mas sem dúvida é alguém a se passar. Seja bem-vindo!
@@QuadrinhosNaSarjeta Em primeiro lugar agradeço pela iniciativa do canal - é sempre revigorante ver iniciativas assim, eficazes e agora disponíveis para a discussão de modo mais amplo. Agora, quanto às ressalvas; no que tange ao estruturalismo, a verdade é que vejo com bons olhos essa percepção metodológica e creio que, apesar de críticas sempre possíveis, acho que tal abordagem perdeu pouco de sua relevância pois ainda estamos enredamos na discussão de aspectos do sentido, coisa que o estruturalismo (por sua herança linguística) estruturou tão bem.
Quanto ao Gubern, novamente, críticas são sempre possíveis e necessárias. Mas ele abriu caminho (e aí minha visão diverge da sua) para uma abordagem mais linguística da HQ, como linguagem, não como "arte" (uma percepção mais ingênua, creio), com uma estrutura pictográfica e fonética simultânea. Esse aspecto que, destaco, ainda é pouco discutido mesmo nos círculos mais avançados da semiótica do visível, seguindo a terminologia de Jacques Fontanille.
Como vc definiria a arte dos quadrinhos, alguma sugestão?
Algumas. Mas não cabem aqui... Taí uma ideia de debate.
Acho que, na verdade, o McCloud, apesar de insistir na sequencialidade, ressalta a justaposição das imagens. Embora não fosse a intenção, a meu ver, isso acaba abarcando essa compreensão da simultaneidade concomitante com a sequencialidade. Entendo que a exploração artística dos quadrinhos como linguagem leva a isso, assim como nas artes plásticas: um experimentalismo gráfico para transmitir a mensagem.
Uma coisa que acho curiosa, no entanto, é que hoje em dia a modalidade de leitura de quadrinhos por celular desconstrói a página (e a reflexão desses autores que analisam o grafismo geral) e institui a leitura quadro a quadro em muitos casos, o que resgata a compreensão do Eisner e meio que a atualiza, ainda que sem intencionalidade. No fim, a linguagem fica refém das limitações do suporte.
Ótimo vídeo! Grande abraço!
Opa! Então, as webcomics tipo "storyboard" estão sendo superadas pelas"webtoons" sul-coreanas que repensam o leiaute para telas pequenas e, mais uma vez, ressaltam a simultaneidade com sequencialidade. Ou seja, isso me parece tanto histórica quanto esteticamente inerente aos quadrinhos. Por isso julgo que a abordagem discreta do McCloud da simultaneidade acaba por ser ruim dentro da sua proposta de análise.
Debates legais... Abraço!
Eu sempre me perguntei qual o problema com o termo "Histórias em Quadrinhos"? Faz sentido no contexto que o Eisner estava, onde chamam a parada de "comics" (o que por si só tira a seriedade de toda a mídia em si), mas aqui o termo é tão limitador quanto alguém diria que "histórias em quadrinhos" também é (pela questão dos quadros - embora eu pense que a própria página em si é um quadro, então mesmo se você retirar as bordas, ou desenhar elas redondas, sempre vão ser quadrinhos!).
vi uma palestra do art spigelman certa vez, em que ele meio que "elogiava" o termo historias em quadrinhos, justamente em oposicao ao "comics"
A arte sequencial, no caso de quadrinhos pensados para dispositivos digitais onde carrega um único quadrinho de cada vez (tipo o efeito carrossel do instagram) não é uma leitura mais restritamente sequencial?
E uma vez que a simultaneidade pode ser usada mas não necessariamente é usada, enquanto a sequencialidade é parte essencial da concepção dos quadrinhos, a definição inicial não é mais recorrente do que a proposta?
Falar que quadrinhos são arte sequencial (como definição) afinal de contas é incompleto ou é errado?
Justamente pela ausência de simultaneidade, os quadrinhos para tela pequena muitas vezes se tornaram meros storyboards. Isso explica a revolução ainda em curso pelos webtoons, quadrinhos para telas pequenas , originalmente sul-coreanos, que restituem a simultaneidade, e portanto, fazem quadrinhos mais uma vez.
Eu acho que no caso de quadrinhos pensados para dispositivos digitais, a definição de arte sequencial nunca esteve tão atual. É literalmente uma sequencia. E se for desenhada a mão, página quadrada por página quadrada, "escaneada" e depois postada uma a uma em sequencia "carrossel", depois esse material pode perfeitamente ser encadernado e transformado em um livro, e se for feita totalmente digital também.
Muito legal! Excelente! Agora, atenção para se chegar a uma compreensão da história o indivíduo necessita observar a linha do espaço, do tempo e dos diálogos. Logo, Mcloud e Eisner são monstros do conceito da narrativa. Não é tão simples criticar grande mestres.
Boa, Alexandre, embora eu esteja a par dos debates sobre simultaneidade de narrativa, acabava volta e meia usando o termo por conta desse aspecto de guarda chuva como vc fala. Ultimamente tenho usado muito "quadrinhos", "histórias em quadrinhos" e até mesmo "gibis" pra irritar a galera que usa muita pompa pra falar da mídia e pra simplificar mesmo, é o nome da parada! hahaha. Mas a reflexão é ótima. Li um tempo atrás (e gravei um episódio no meu podcast!) sobre um artigo que fala do uso da oralidade enquanto tradição nos quadrinhos. Um dos aspectos citados pela autora (focada em hqs alternativas canadenses e nas tradições indígenas) é a própria simultaneidade da narrativa nos quadrinhos, que ocorre também nas narrativas e práticas da oralidade, segundo ela há uma fluidez nas duas formas de narrar.
Eita, que interessante isso. Quero links, referências, o que tiveres...
@@QuadrinhosNaSarjeta O livro é "The Canadian Alternative: Cartoonists, Comics, and Graphic Novels", tem em inglês apenas, meio salgado pra comprar, mas tenho em PDF que consegui de um amigo espanhol. O pessoal que faz PHD fora do país tem acesso a muita coisa legal hehehe. Posso te passar pelo facebook mesmo! xD
Ah, eu tenho ele já! Tá na pilha! Maravilha!!!
Aquele momento que eu queria ter seu contato pra ter acesso a esse artigo hahaha.
Guilherme Silva como eu faço pra escutar esse podcast que vc gravou? Essa discussão que vc apontou me interessa bastante...
Outros que têm uma simultaniedade incrível são o Imbattable e as tirinhas do Ibn Al Rabin
Sundays with Walt and Skeezix alguém sabe onde consigo encontrar o scan desse quadrinho? Ou alguma versão com um valor acessível?
Prezado Alexandre como vai? Parabéns pelo canal, só tomei conhecimento dele agora e já me inscrevi(acompanho pelo instagram tb). Tenho assistido alguns vídeos e gostado bastante. Sobre essa discussão desse vídeo, se me permite, gostaria de fazer algumas observações. Sou artista visual e tenho pesquisado sobre as discussões entre narrativa e imagem, algo muito presente nos trabalhos de artistas contemporâneos e que também vai de encontro aos quadrinhos(que me interessam bastante). Também me formei e trabalhei muito com o cinema de animação. Um termo muito usado no cinema é a "narrativa visual". Talvez seja um termo guarda-chuva que simbolize melhor também o quadrinho. O termo é utilizado para denominar obras em diversas mídias da produção visual, que vai do cinema aos quadrinhos, da literatura às artes visuais. Como um campo intermídia, a Narrativa Visual faz uso de diversas linguagens, visuais, textuais, sonoros, tem caráter transdisciplinar. Mas pelo que andei pesquisando, o termo carece de estudo, pois não se tornou um campo de pesquisa ainda. Talvez até pela sua fragmentação em diversas áreas. Eu encontrei um artigo de pesquisadores indianos( Sherline Pimenta, Ravi Poovaiah) em que defendem a criação desse campo de pesquisa e dividem o campo em 3 linhas/subgêneros. Narrativa visual estática, narrativa visual dinâmica e narrativa visual interativa. Achei bem interessante e apontam alguns caminhos nesse sentido. Se você souber de algum estudo sobre isso, me interessa.
Também sobre o termo Graphic Novel criado por Will Weisner, eu entendo o motivo, e entendo também quem defenda simplesmente "quadrinhos" ou "gibis". Vivenciando o ambiente das artes plásticas vejo todo o preconceito que o termo levanta. "Quadrinho" no diminutivo, gibi, são termos bem estabelecidos, mas são termos que para o senso comum ou acadêmico, estão vinculados à coisas de criança ou algo pejorativo, e é difícil mudar toda uma visão de uma sociedade sobre essa mídia. Graphic Novel já se torna algo pomposo, meio forçado, pra tentar trazer maior respeitabilidade. Não consegui ainda tomar um partido nesse sentido, mas vejo que cada dia mais os quadrinhos estão conseguindo um maior respeito pela seriedade das discussões presentes hoje. Essa questão da "Arte sequencial", fico pensando se a sequencia no termo diz respeito às imagens, de uma quantidade de quadros dentro de uma obra, e não sobre uma linearidade de uma narrativa. Enfim, um grande abraço
Valeu. Seja bem-vindo. Sobre a narratividade, cabe dizer que nem todo quadrinho é narrativo. Dá uma espiada no meu vídeo sobre quadrinhos abstratos. Abraço!
@@QuadrinhosNaSarjeta Obrigado Alexandre. Maravilha, não tinha visto ainda esse outro vídeo dos quadrinhos abstratos. Muito interessante, fui correndo ver se achava o livro Abstract Comics na Amazon, infelizmente não está mais disponível para a venda. Você demonstra a complexidade dos quadrinhos e como é quase impossível defini-los em uma caixinha. Esses quadrinhos que citou estão em uma situação fronteiriça entre mídias e linguagens .... alguns podem dizer que esses exemplos são mais obras de artes plásticas, e nas artes plásticas ainda os definiriam como "livros de artistas", um termo recente, provavelmente você conhece, e que ainda está sendo discutido pois não tem uma definição tão clara pois existem livros das mais variadas formas, alguns de tiragem única outros impressos em grandes quantidades, livros performance, etc... Aqui em BH tem um pesquisador que é especialista em livro de artista. O Amir Cador. Coloco um link do blog dele, dá pra ver exemplos por categorias, inclusive tem a categoria quadrinho lá, talvez te interesse. colecaolivrodeartista.wordpress.com/
Tem também um artista que faz uns livros bem interessantes, um deles chamado French Fries(1984), que é uma peça de teatro composta por imagens de ícones e placas encontradas em fast-foods. warrenlehrer.com/french-fries-1984/
warrenlehrer.com/grrrhhhh-study-social-patterns-1988/
O assunto rende :D, seguimos conversando, Um abração
Micro tretinha que explodiu minha mente. Esses livros que você citou já foram publicados no Brasil?
Os que falei eu português foram. Mas, infelizmente, a maioria não.
Há inúmeros "universos especulativos" que se pode impregnar dentro de qualquer forma e estrutura de arte. Só que existe o maistream de qualquer uma delas, em que é viável perceber o maior "poder econômico" que ela traz. É uma pena.
obrigado
Tô lendo o livro do Will Eisner, é um bom livro
Boxe - Alexandre Lourenço
Excelente lembrança (e que acabei emprestando e perdendo)
@@QuadrinhosNaSarjeta deixei reservado na Amazon, tá em falta
Alexandre, tem alguma alternativa à "arte sequencial"? Eu acho que não só a parte de "sequencial" é reducionista, mas também a "arte" (que serve mais pra gentrificar a bagaça e afagar o ego do Eisner). Mas acho meio impossível de limar esse termo. "Comics" ainda tá por aí e não tem nada a ver com o produto final.
Ainda acho que quadrinhos pra nós aqui tá de bom tamanho.
Adorei o vídeo. E o termo "Quadrinhos"? Não acha limitante também? É o melhor que achei até hoje, mas é muito reducionista... mesmo sendo melhor que "comic", que acaba remetendo só a comédia.
Termos são sempre arbitrários. Quadrinhos, comics, bande dessinée, fumetti, historieta, mangá etc. Porém esses, ao contrário de "Arte Sequencial", não são utilizados a título de definição, procurando operar um discurso sobre o que os quadrinhos são. Se outrora comics servia para ressaltar o aspecto cômico, e fumetto as "fumaças" (balões), esse sentido se perdeu, ao contrário da suposta objetividade de "arte sequencial".
7:28 "sobretudo um vídeo de ranço". E qual vídeo teu não é de ranço, pelo menos em uma ou duas frases?
Calúnia!
@@QuadrinhosNaSarjeta kkkkk
Inicio da calvície, nossa, Nostálgico.
Isso pq o cinema não é simplesmente sequencial também
Muito bom esse video
Arte Simultâneo-Sequencial? (kkkkkk) Lembrei aqui (de repente) que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) também possui esta característica: Sequencialidade & Simultaneidade conjuntas e ao mesmo tempo.
Ah, podemos chamar apenas de quadrinhos?
@@Az356 devemos
Boa tarde. Primeiramente parabéns pelo canal. Não conhecia. Com todo o respeito, se eu parar de chamar de arte sequencial, a partir daí chamaria de quê? Como você próprio diz: é arte sequencial, mas não é só arte sequencial, também é simultânea e tem leitura tabular e não apenas linear. Neste sentido, como chamaria a partir de agora? Não vejo erro em chamar como arte sequencial, pelo simples fato de você considerar velho e pobre por não contemplar tudo. Nesse mesmo sentido, não poderia nem mesmo chamar de história em quadrinhos, fumetti, mangá,
bande dessinée ou comics, pois não se restringe somente aos quadrinhos. Lembro que quando ainda fazia artes plásticas na Universidade, Arte sequancial veio com a ideia de substituir o termo Quadrinhos, pelo menos no Brasil. Por ser assim qual seria o termo que substituiria, nas sua visão, Arte sequencial, mesmo sabendo que continua como uma arte sequencial, mas com uma nova linguagem aplicadas por alguns grandes nomes dessa arte. Desde já agradeço o conhecimento, a sua dedicação e esse canal que mantém com maestria.
Manda nome e autor desses quadrinhos interessantes (simultâneos).
A rigor todo quadrinho opera simultaneidade. De Tintin à Turma da Mônica. Ali citei vários. Algum que não ficou claro, ou não achaste?
@@QuadrinhosNaSarjeta aquele gigantesco da década de 1930 já conhecia pelo site Töpfferiana.
Curto esses antigoes, tenho até um blog (HQ Retrô) onde tento elenca-los.
Gostaria desse do francês (creio q francês) onde uma cena é "debulhada " em várias outras no decorrer do tempo, manda detalhes dele: nome, editora etc
@@QuadrinhosNaSarjeta o Raphael Bordallo Pinheiro fazia umas coisas incríveis aqui no Brasil no século XIX
@@franciscodourado1308 sim, conheço teu blog!
@@franciscodourado1308 eu não mostrei nenhum francês... tá falando de Here (Aqui), do Richard McGuire? Saiu pela Quadrinhos na Cia.
Boa tarde galera , discordo completamente , narrativa gráfica é o gênero , seja americano , europeu ou japonês , arte sequencial é o subgênero , existem artistas que focam, na arte sequencial e são mestres nesse aspecto específico , já que escrevem e desenham de forma linear , assim como a maioria dos filmes , quem lê bonneli sabe o que estou falando , já outros artistas tomam um caminho narrativo não linear, moebius no caso fazia isso em algumas páginas , mas o cara ter ranço tanto da definição quanto da arte em si não faz sentido , já que ele estaria perdendo trabalhos de artistas incríveis que fazem trabalhos lineares, um exemplo de trabalho não linear que saiu ultimamente foi ganhador do eisner , o Sr milagre do tom king que hora vc está no tempo normal, hora vc está , em um tempo desconhecido e hora vc está dentro da mente do Sr milagre, o direcionamento não linear tem subgêneros dentro de si mesmo, já que não utiliza só o tempo real , mas diversas outras formas, como é o caso do senhor milagre , dentro da própria mente dele.
Opa, beleza? Você está cometendo um equivoco bastante comum. Não existe MAIS ou MENOS sequencialidade e simultaneidade. Todo quadrinho, do leiaute mais regular (Turma da Mônica) ao mais irregular (Druillet etc), tem sua dimensão de simultaneidade pois isso é inerente ao dispositivo dos quadrinhos (simultaneidade dos quadros em uma superfície). Isso já é bastante pacífico desde os anos 1970 nos estudos dos quadrinhos. Abraço.
zero
parceiro, primeiro escreve uma tese ou um livro fundamentando teoricamente tudo isso ai, eu VOU PENSAR em dar um crédito pra ele após ler e dissecar o texto em si.
mas enquanto isso...........
já escrevi tese. Faz cinco anos por esses dias inclusive.
nomes, trabalhamos com nomes =D *__________*
@@rafaelalexandrinomalafaia8476pinta no instagram do canal, dá uma espiada no meu Lattes, no Academia.Edu também estão os meus artigos, tese e dissertação sobre quadrinhos.