Qual é o problema do quadrinho (e da arte) do Brasil?

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  • Опубликовано: 11 сен 2024

Комментарии • 731

  • @IlhaKaijuu
    @IlhaKaijuu 3 года назад +1234

    Existem dois fatores que, quando juntos, acredito que contribuam pra esse fenômeno. O primeiro é que a arte produzida por brasileiros em muitos casos só recebe algum tipo de prestígio dentro do país depois de ser bem recebida e premiada fora do Brasil, numa lógica de que importamos nossa própria produção artística depois dela ter sido legitimada externamente. Segundo, que a recepção na Europa e nos EUA (as metrópoles do Ocidente) da produção artística de países periféricos ocorre de maneira muito mais fácil quando esta produção tem um caráter de "exótico" e de "típica representação da cultura local". Apesar de nós nos vermos como ocidentais, muitas teorias e construções de imaginário dessas metrópoles ocidentais vê a América Latina como algo a parte que chamam de "Extremo Ocidente", e o interesse pela produção dessa região acaba acontecendo mais com uma intenção etnográfica. Tem um texto do Néstor García Canclini no qual ele trata da recepção das esculturas do mexicano Gabriel Orozco pelas galerias e colecionadores de arte dos EUA e da Europa. Nesse texto ele cita algumas declarações do Orozco no qual fala sobre sua produção ser bem aceita internacionalmente, mas que, mesmo assim, sempre é lida com um caráter etnográfico. A série de esculturas de crânios dele, por exemplo, são famosos fora do México, mas, segundo ele, elas são sempre lidas e procuradas por serem uma continuidade na arte contemporânea das tradições mexicanas de calaveras e do imaginário do Dia dos Morto mexicano, e nunca como uma obra de arte internacional que dialoga com a tradição das caveiras barrocas. E, quando um artista latino-americano tenta produzir uma obra que seja continuidade de uma tradição artística europeia, por exemplo, ou mesmo quando um teórico latino-americano ou africano se torna especialista em arte europeia, ele raramente é bem aceito nos círculos dos sistema das artes das metrópoles ocidentais por não ser "genuíno" e só um "cópia" de uma tradição artística internacional a qual ele não tem o direito de pertencer.

    •  3 года назад +44

      caramba, é bem isso.

    • @gersonmacd1447
      @gersonmacd1447 3 года назад +39

      Não acredito que li até o final.

    • @djzion_
      @djzion_ 3 года назад +19

      qual texto? é o _sociedad sin relato?_

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu 3 года назад +29

      @@djzion_ Sim, é no tópico "Distribución global del poder simbólico" do segundo capítulo.

    • @djzion_
      @djzion_ 3 года назад +6

      massa, valeu!

  • @heitorsantoslima9289
    @heitorsantoslima9289 3 года назад +648

    Engraçado, quando eu estava pensando nas histórias que eu queria fazer, eu me culpava por não serem "brasileiras" o suficiente. Isso que tu falou me abriu os olhos.

    •  3 года назад +28

      Putz, idem

    • @capuchatedio
      @capuchatedio 3 года назад +37

      Eu também, sempre tive esse pensamento de representar o Brasil nas minhas obras.

    • @rafaelgomes3872
      @rafaelgomes3872 3 года назад +9

      Meu amigo, fale sobre sua terra e te tornarás universal. Essa antiga fórmula funciona hoje

    • @numerosdigolfinho
      @numerosdigolfinho 2 года назад +22

      @Rodrigo Ramos também dá pra misturar certas culturas nas obras, tipo juntar a Austrália antes da colonização e a China do século XX com uma pitada da fauna da Indonésia, o que me parece uma idéia promissora

    • @jefersonmorais929
      @jefersonmorais929 2 года назад +5

      Concordo,sou um caso parecido

  • @camilaferrers6332
    @camilaferrers6332 3 года назад +277

    Faço teatro e é a mesma coisa. Os grandes prêmios valorizam mais a retratação social que formas alternativas de mostrar o meio social em que vivemos.

  • @andersonpiresdasilva9959
    @andersonpiresdasilva9959 3 года назад +308

    Machado de Assis, no ensaio "Instinto de nacionalidade", faz uma crítica sobre a obsessão do tema nacional na literatura da época dele com uma linha de raciocínio semelhante a sua. Há uma frase que resume a questão, quando Machado discute o indianismo romântico: "Os escritores indianistas tentam concialiar na ficção aquilo que a fatalidade da história separou".

    • @crystianvasconcelos1951
      @crystianvasconcelos1951 2 года назад +18

      Machado foi um gigante da literatura brasileira mesmo depois de 1 século ninguém infelizmente conseguiu alcançar essa grandeza ele é o único escritor brasileiro q eu recomendo a leitura de seus livros mesmo eu não sendo fã das histórias de dramas da vida cotidiano q ele adorava escrever

    • @movieclip6830
      @movieclip6830 2 года назад

      @@crystianvasconcelos1951 É fã do quê? De imbecilidades irreais com ogros? Foda-se.

    • @will_d76
      @will_d76 2 года назад +3

      O que a fatalidade da história separou?

    • @BrazilianImperialist
      @BrazilianImperialist 2 года назад

      @@will_d76 "Escravização e genocide" do povo indigenous

  • @umapessoaaleatoria6724
    @umapessoaaleatoria6724 2 года назад +564

    EU SEMPRE ACHEI TRISTE O BRASIL QUASE NÃO TER OBRAS DE FICÇÃO CIENTIFICA OU FANTASTICA...

    • @diokurako9270
      @diokurako9270 2 года назад +25

      Conhece um escritor chamado Leonel Caldela ? Deveria

    • @semnome9574
      @semnome9574 2 года назад +9

      @@diokurako9270 Quais são os estilos de escritura dele? Ficção científica ou fantasia? Tem um tom mais humorístico ou é mais sério? Os livros dele pode pra 15 anos? Fiquei interessada kkk

    • @v1312ini
      @v1312ini 2 года назад +32

      Vale citar também a obra A Rainha do Ignoto, da Emília Freitas. Uma das senão a primeira obra de Ficção Científica e Fantasia do Brasil.

    • @azulceleste9877
      @azulceleste9877 2 года назад +17

      Espadachim de carvão 😎

    • @azulceleste9877
      @azulceleste9877 2 года назад +5

      @@v1312ini interessante, nunca tinha ouvido falar

  •  3 года назад +359

    Eu desejo ser escritor, mas as histórias que quero contar são de pura fantasia folclórica, depois desse vídeo me caiu a ficha de que posso sim fazer aquilo que me interessa, apenas por ser brasileiro, as influências adquiridas ao longo da minha vida vão se refletindo ali, não preciso ter medo de ser julgado por não ser tão brasileiro, ótimo episódio!

    • @zm.9096
      @zm.9096 2 года назад +17

      Cara, eu te entendo.
      Eu fiquei me forçando muito pra tentar fazer uns designs abrasileirados pra minha arte... Daí percebi que eu poderia só fazer o que eu quero

    • @BrazilianImperialist
      @BrazilianImperialist 2 года назад +5

      Lança teu conteúdo em inglês, vai fazer mais sucesso

  • @NerdOfTheMountain
    @NerdOfTheMountain 2 года назад +703

    Irmão do Jorel é uma obra bem brasileira, sem muletar o enredeo

    • @fireclaire9360
      @fireclaire9360 2 года назад +117

      sim, existem pequenos detalhes nessa série que remetem mt ao que a gnt viveu na nossa infância, é um sentimento, um "gosto" de nostalgia e infância, é mt bom, até a maneira q eles falam, se vestem, interagem, as piadas, é uma obra muito brasileira, deveríamos ter mais desse tipo.

    • @Darkerns
      @Darkerns 2 года назад +27

      Não sabia que irmão do jorel era brasileiro

    • @rmaiabr
      @rmaiabr 2 года назад +25

      @@Darkerns eu não sabia nem que era quadrinho…

    • @RodrigoMacielCosta
      @RodrigoMacielCosta 2 года назад +37

      Dá pra imaginar que é um caso de alcance? Puseram o desenho em um canal que muita gente assiste (ou assistiu) e o próprio canal tinha muita propaganda e vinheta sobre isso, o que leva mais gente a falar sobre isso. Esses quadrinhos citados neste vídeo, eu nunca havia ouvido falar antes.

    • @thunders2393
      @thunders2393 2 года назад +4

      @@Darkerns Então você não é muito inteligente kkkkkkkkk.

  • @giuseppeherge5743
    @giuseppeherge5743 3 года назад +140

    Cara, esse vídeo me abriu os olhos!! Sempre me senti meio culpado por minha arte não ser "brasileira", e me colocava essa obrigação, achava que sofria do complexo de vira-lata e que não valorizava a cultura do meu país. Agr, depois de s
    tua explicação, tirou um peso das minhas costas como artista! Tbm acho que essa necessidade retratista trava um pouco o cinema e o quadrinho nacional. Enquanto outros países tratam sobre outras culturas com muito mais tranquilidade (como BlackSad, que é feito por espanhóis), nós vemos isso pouco aqui no Brasil, e as vezes quando um artista se arrisca a explorar outra cultura ou simplesmente não abordar a sociedade e história brasileira, é acusado de ter o complexo de vira-lata e etc.

    • @nivaldowesley666
      @nivaldowesley666 2 года назад +11

      velho, da pra fazer um trampo fenomenal baseado na cultura brasileira sem cair nesses esteriotipos retratistas! ja assistiu bom dia veronica ou cidades invisiveis? são sensacionais!

    • @Puffball_208
      @Puffball_208 2 года назад +6

      Tipo "Underverse", a criadora ela fala espanhol, não sei direito se ela é da Argentina ou coisa do tipo mas na série dela os personagens falam inglês e ficam acusando ela do complexo de vira-lata e ela fala que é por que na maioria das obras colocam as coisas em inglês (Já que ela fez um universo alternativo de uma obra já existente que é originalmente inglesa)

    • @irinaiturri
      @irinaiturri 2 года назад +6

      @@nivaldowesley666 possivel é, mas também é um saco o sentimento de que é obrigação usarmos o Brasil como ambientação

    • @nivaldowesley666
      @nivaldowesley666 2 года назад +1

      @@irinaiturri eu acho que se for baseado na realidade do escritor, é normal.

    • @irinaiturri
      @irinaiturri 2 года назад +7

      @@nivaldowesley666 pra historia baseada no cotidiano ou experiencias pessoais do escritor sim, e sem necessariamente precisar ser retratista.
      Mas quando um escritor/desenhista quer fazer uma historia massavei empolgante baseada em outras mídias que a pessoa consome é um saco o sentimento de obrigação que é imposto por certos círculos sociais de que TEM que ser feito no Brasil ter brasilidade essas coisas. E isso que incomoda demais

  • @sapobrothers
    @sapobrothers 3 года назад +124

    E eu que cliquei no vídeo achando que ia encontrar uma "defesa" do quadrinho nacional "culpando o público" por não gostar (e o vídeo até cita isso no começo), me surpreendo com essa visão que além de tudo me ajudou a entender o porquê de eu compartilhar esse incômodo com as "narrativas nacionais" que sempre parecem tão "mais do mesmo", não só nos quadrinhos. Embora, sendo justo, de tudo o que consumo, o que menos eu vejo é justamente essa "falta de sutileza" nas metáforas (ou, melhor ainda de vez em quando - e eu prefiro até de vez em sempre - sem metáfora, só tentando divertir mesmo).

    •  2 года назад +7

      É ISSO MESMO SAPÓLAS. SEU AMIGO SOS JORGINHO AQUI FALANDO. VAMO FAZER UMAS ARTES MUITO LOKA!!!!

    • @dingola_
      @dingola_ 2 года назад +3

      @ Eu quero fazer artes muito loka posso tbm? :3

    •  2 года назад +2

      @@dingola_ SIM

  • @ender5892
    @ender5892 3 года назад +331

    Como uma pessoa totalmente leiga em arte brasileira, e que só consome oque vem pra mim, não saio procurando as coisas, não tenho amigos "cults" do meio de quadrinhos muito menos de livros , o que me incomoda nas poucas artes brasileiras que vejo são a necessidade de representar a miséria, a pobreza, a favela, o sertão miserável, a violência em todo lugar.
    Eu gostei muito da série 3% que possui um mundo onde há extrema desigualdade social, 97% das pessoas são extremamente pobres , vivem no continente e os outros 3% vivem numa ilha cheia de tecnologia. Nessa história eu acho que tem necessidade sim de mostrar uma miséria, uma violência.
    Outra série brasileira que assisti que fez relativo sucesso foi a Cidade Invisível, essa eu já não gosto tanto. Sei que teve uma pequena repercussão fora do Brasil. Essa série basicamente pega personagens do folclore brasileiro e traz eles pra uma cidade grande. Eu imagino os gringos assistindo isso e vendo seres como curupira, que eles não fazem ideia quem é, representado por um homem velho, sujo, sentado numa cadeira de rodas, vivendo na rua numa parte feia de uma cidade grande. Será que faz sentido representar um personagem importante do nosso folclore dessa forma?
    Compara essa retratação do curupira com sei lá, como os deuses gregos são retratados nas produções americanas tipo god of war , Percy Jackson ou qualquer outra coisa. São sempre seres gigantes, superpoderosos, bonitos. Porr*, até o Lúcifer deram um jeito de glamourizar, de transformar num homem bonito e bombado.
    Você pode dizer que essas obras não tem valor ( eu particularmente acho lúcifer uma breguice ) , que são uma porcaria, mas elas infelizmente são extremamente populares. Os norte americanos em especial são especialistas em glamourizar seu povo, seus personagens, eles mesmos.
    Nem todo mundo tá interessado em ler algo que tenha miséria, violência e seja uma criticq social o tempo inteiro. As vezes você só quer desligar a cabeça um pouco e ver uma produção que é menos polítizada, mais tranquila, que cria uma realidade nova e não retrata a realidade miseravel e triste do seu país.
    Parece que o exterior é permitido pegar a cultura de outros povos ( gregos, maias, egípcios , china antiga, Japão ) e escrever histórias fantasiosas em outros reinos e mundos, enquanto quem nasceu no Brasil, tem esse peso, de fazer o Brasil. Você não é só um "escritor", você é um "escritor brasileiro". Você não pode sonhar , nem escrever histórias num lugar que não seja aqui. Não pode sonhar em um Brasil perfeito e bom, tem que mostrar a parte ruim de tudo. Tem que ser uma obra realista que mostre a realidade do país. Idai que você gosta de mitologia nórdica? Tem que escrever sobre a mitologia brasileira. Idai que você gosta de steampunk? Tem que escrever sobre algo mais brasileiro.
    Isso corta as asas das pessoas. Na minha opinião. Porra, nós já vivemos num país de merda, que tem muita cosia boa sim, mas a maioria das produções insiste em mostrar sempre o lado ruim do país, sempre o lado ruim do povo, sempre a realidade.
    Não acho que retratar a realidade brasileira seja ruim. As nossas melhores obras retratam. Mas acho uma merda você considerar qualquer quadrinho uma merda vira-lata sem valor cultural só porque não tem a droga de um Saci Pererê no meio.

    • @mendigosupremo
      @mendigosupremo 3 года назад +9

      Passo de 3 linhas não leio 😃👍

    • @ender5892
      @ender5892 3 года назад +74

      @@mendigosupremo O que você tá fazendo num canal sobre quadrinhos? 😂 eu hein....

    • @limorfl7829
      @limorfl7829 3 года назад +13

      Entendi seu ponto de vista.✌

    • @srweigert
      @srweigert 2 года назад +51

      Carai... Escreveu com sangue nos zóio. Mas concordo contigo. É muita crítica social já manjada. Se não fez efeito até hoje deve mudar a abordagem. Existem formas de tratar a realidade sem deixar aquilo real demais, ou fiel demais.
      God of War mesmo é uma forma de falar sobre deuses do Olimpo sem precisar contar a Ilíada.

    • @mariadoceudemacedomaria3601
      @mariadoceudemacedomaria3601 2 года назад +6

      Somos podados o tempo todo, igual menino negro que quer brincar de super herói e escolhe um herói que é branco

  • @KeylaKey________
    @KeylaKey________ 2 года назад +47

    Eu estudo no IFMT no campus de rondonópolis, lá tem um corredor na biblioteca que é só de literatura clássica de vários países. Na literatura portuguesa tinha o pássaro de fogo, contos de como enganar a morte; na literatura inglesa tinha alice no país das maravilhas, harry potter, o mágico de oz; na literatura alemã tinha os irmãos grimm; e na literatura brasileira? Adivinha. O quinze (fala sobre a miséria no Brasil), vidas secas (fala sobre a miséria no Brasil), a viuvinha (que também fala da miséria no Brasil). O meu sonho é ser artista e escritora, mas quando vejo esse tipo de coisa eu fico pensando se eu devia continuar meu sonho aqui ou se eu vou ter que me mudar para outro país se quiser que meu trabalho tenha algum reconhecimento

    • @ladymorwendaebrethil-feani4031
      @ladymorwendaebrethil-feani4031 Год назад +13

      Se vc for fazer quadrinhos/comics e etc, escreve em ingles e garante seu publico alvo la fora e depois vc bota em português aqui dentro. Em geral banda de metal aqui faz isso, pq a industria musical aki odeia o genero e as bandas so chegam no grande publico apos fazerem sucesso la fora.

  • @lilllilillililililil
    @lilllilillililililil 2 года назад +45

    Eu não gosto das obras nacionais por parecerem muito com novelas, acho que a tv brasileira influenciou muito mal os artistas brasileiros. Toda historia tem sempre que ser um drama ou uma comedia, sempre com aquele jeito novelesco ou com jeito de documentário.

  • @ianduarteaugusto
    @ianduarteaugusto 2 года назад +34

    O problema da arte no Brasil em geral, é achar que tudo precisa ser igual Cidade de Deus ou tropa de elite. Você dificilmente lê ou vê um filme brasileiro sem eles precisarem jogar na sua cara aquela apresentação manjada e panorâmica do Brasil: favelas, fauna, um close no Cristo redentor, samba, baiana com cesta de acarajé na mão. Chega a ser meio cômico ter que passar por esse panorama toda vez que alguém situa uma história por aqui.
    Porra, eu já sei que tem corrupção e desigualdade nesse país, eu nasci aqui. Sempre que alguém escreve uma história que se passa no Brasil, o Brasil precisa ser o protagonista. Ele é quem precisa ser devidamente retratado e explorado, ao ponto de muitas vezes a história servir só como um plano de fundo pra crítica.
    A verdade é que eu tô cansado de ter que ouvir das belezas naturais e das mazelas do meu país, só queria que os próprios brasileiros se resolvessem em relação a essa necessidade de ter que reafirmar sua própria identidade o tempo todo.

    • @E.V.E_Verdadeiro
      @E.V.E_Verdadeiro 4 месяца назад +4

      Concordo contigo cara, você simplesmente tirou todas a palavras de minha boca.
      Você resumiu a minha opinião em um simples comentário.

  • @gabrielsaraiva595
    @gabrielsaraiva595 10 месяцев назад +12

    Não leio quadrinhos com frequência, muito menos quero ser desenhista. Meu foco é cinema e quero ser artista, mas maratono seus vídeos e aprendo muito sobre arte, sociologia e história com eles! De longe, um dos melhores canais aqui do RUclips Brasileiro, você faz muita diferença e todos deviam ver o seu conteúdo!!

  • @jeffersonsmithjr.8197
    @jeffersonsmithjr.8197 2 года назад +41

    Oque mais me irrita é a "Realidade brasileira" que eles tentam passar nos filmes e na arte em geral. Cara, a realidade do Brasil, não é a realidade do rio de Janeiro/São Paulo. O brasil é muito maior que isso. Chega a ser ofensivo.

    • @Deckkkkkkk
      @Deckkkkkkk 2 года назад +2

      Não generalizando, né?

    • @maiornegrovivo
      @maiornegrovivo Год назад +8

      Brasil: Rio de Janeiro, SP, sertão ou Amazonas kkkkk sempre cai em uns desses 4

    • @E.V.E_Verdadeiro
      @E.V.E_Verdadeiro 4 месяца назад +2

      @@maiornegrovivo exatamente, já para os gringos o Brasil só existe se for Amazonas ou Rio de Janeiro.

  • @moisescw
    @moisescw 3 года назад +57

    As pessoas têm muita dificuldade em criticar uma obra que aborda "temas importantes". É como se isso já gerasse um atestado de relevância, por mais medíocre que seja o resultado.

  • @RogerHetfield
    @RogerHetfield 3 года назад +53

    *Eu procuro evitar quadrinhos e filmes que retratam a realidade como em um documentário. E o Brasil abusa desse tipo de arte de forma cansativa. Outra coisa que me afasta dos quadrinhos brasileiros: a arte sempre caricata. Detesto. Gosto de arte realista e bem finalizada. Se a arte é ruim, meus olhos se cansam e perco o interesse.*

    • @Red-Kido1
      @Red-Kido1 2 года назад +1

      Mangá e HQ norte-americana já são cultura daqui, pq querer mudar isso ??

    • @wenddelweiss1827
      @wenddelweiss1827 2 года назад +19

      A arte no quadrinho tem que ser um detalhe, não um todo. Existe um debate sobre animação ser considerado para crianças desde que me entendo por gente e isso beira o preconceito. O que você faz, escolhendo desenho ao invés de conteúdo é o mesmo. Se você escolhe sua HQ simplesmente pelo traço e não pela história, aprendizado e etc. tenho um sério problema para te contar...

    • @berinjomunistarude6665
      @berinjomunistarude6665 Год назад +2

      Acho que o pior são caricaturas de supers americanos! Algumas podem ser até bem ilustradas,mas a premissa e roteiros da maioria não convencem nem uma criança de 5 anos. Além de repetitivos são patéticos!

    • @Karol-bz1lp
      @Karol-bz1lp Год назад +1

      Eu sou totalmente ao contrário KDKSKDKDKDKSKD

  • @lucasbranc
    @lucasbranc 2 года назад +31

    Eu não tenho nada contra as obras brasileiras no geral, na verdade fico até animado quando vejo um novo projeto brasileiro, mas quando eu vejo que é mais um "retrato da realidade brasileira" eu dou uma broxada, tipo, "De novo?".
    As vezes parece que só tem um tipo de tema nas obras daqui, como dito no vídeo é quase inconsciente ter que colocar algum "retrato da nossa realidade" nas obras, é legal e talz mas fica maçante depois de um tempo.

  • @alineoliveira977
    @alineoliveira977 3 года назад +98

    adorei a descrição do "retratrismo", identificou um nicho da HQ brasileira - só não acredito que seja esse o motivo do público rejeitar a arte brasileira

    • @QuadrinhosNaSarjeta
      @QuadrinhosNaSarjeta  3 года назад +36

      De fato é só uma parte da equação.

    • @movieclip6830
      @movieclip6830 2 года назад +5

      Rejeita por ser ruim mesmo. Serem histórias pros amiguinhos.

    • @alineoliveira977
      @alineoliveira977 2 года назад +13

      @@movieclip6830 só não acredito que seja esse o motivo do público rejeitar a arte brasileira (2)

    • @0606Deco
      @0606Deco 2 года назад +8

      @@movieclip6830 O que quer dizer com isso? Que as histórias são pessoais e particulares demais? Eu acho que essas histórias também tem seu espaço. Especialmente quando é delas que experienciamos as obras mais sinceras e genuínas

    • @talkysassis
      @talkysassis 2 года назад +5

      @@alineoliveira977 É o meu motivo certamente. Gosto de muita coisa feita aqui, porém 99% delas é justamente por não ser algo com crítica manjada.

  • @channelofdeath
    @channelofdeath 3 года назад +32

    só queria te agradecer. muito, mas MUITO obrigado por isso. poucas vezes pude ter contato com uma opinião tão alinhada com a minha sobre arte brasileira. a tua contribuição é corajosa e iluminadora e traz um apoio precioso pra uma multidão de artistas brasileiros que, por conta de "assombrações culturais" como as que você aponta aqui, nunca conseguiram se sentir à vontade como os criadores livres que, na real, poderiam ter sido desde sempre.

  • @Nokuzi
    @Nokuzi 2 года назад +22

    Se vocês estiverem desanimados pra fazer uma obra/arte/quadrinho/livro só por vocês serem do brasil, lembrem-se que No game No life foi criado por um brasileiro

    • @dudutsdias2255
      @dudutsdias2255 2 года назад

      Ox kk, lembre-se que qm crio foi um japonês que so nasceu no brasil "ah mas isso n tem nada a ver ele é brasileiro do mesmo jeito" vai sfd

    • @BRUNN1NHO
      @BRUNN1NHO 7 дней назад +1

      No Game no Life foi feito no Japão, onde já se tem uma indústria de quadrinhos estabelecido, diferentemente do Brasil. Além de que o autor foi pro Japão antes dos 18 anos

  • @ninjadofuturo3286
    @ninjadofuturo3286 2 года назад +14

    Acho que o problema é que as "artes" no Brasil é mais para ganhar prêmios do que para ganhar público. No final o público não se identifica com as obras, mas devo admitir que eu concordo com você.

  • @pedra-
    @pedra- 3 года назад +34

    Não consumo muito conteúdo brasileiro no geral, mas realmente do pouco que eu conheço da para resumir em nordestinos que enfrentam a seca e as pessoas da favela que convivem com o crime, talvez seja até por isso que eu não sou muito chegado a obras BR já que eu prefiro ficção e fantasia.

    • @antonioluiz9409
      @antonioluiz9409 2 года назад +6

      Cara tem muitas lendas indígenas e até dava para desenvolver uma fantasia boa

    • @antonioluiz9409
      @antonioluiz9409 2 года назад +2

      Mais os autores brasileiros não saím do realismo.

    • @antonioluiz9409
      @antonioluiz9409 2 года назад +8

      folclore cultura e lendas tem aos montes mais os autores brasileiros não sabem lagar o realismo retratistas.

  • @yaoieyurieruimeissoeumfato4801
    @yaoieyurieruimeissoeumfato4801 2 года назад +41

    O problema das HQ's brasileiras é que elas se limitam ao "ai, olha como é triste viver no brasil", ou é depressivo, ou é algo mais "bobo". Gostaria muito que tivesse uma obra brasileira mais focada em temas novos, tipo dark fantasy ou simplesmente um mundo novo (igual as cidades de One Punch Man e etc).

    • @blenderpot5340
      @blenderpot5340 Год назад +13

      O problema é: Quando fazem não dá sucesso.

    • @Joczy458
      @Joczy458 Год назад +7

      Ter até tem, só que ninguém da muitos créditos

    • @yaoieyurieruimeissoeumfato4801
      @yaoieyurieruimeissoeumfato4801 Год назад +2

      @@Joczy458 Ah maioria da mais credito para uma história que se passa no Brasil, o que é bem chato, póis limita dms eles.

    • @E.V.E_Verdadeiro
      @E.V.E_Verdadeiro 4 месяца назад +2

      ​@@yaoieyurieruimeissoeumfato4801 Se passa no Brasil não, em uma favela do Rio de Janeiro.

  • @assai007
    @assai007 2 года назад +15

    Nem todos os brasileiros são tias que ficam assistindo pernas pro ar e novelas da Globo
    Alguns gostam de ficção
    Alguns de super heróis
    Alguns de animações japonesas ou de outros países
    Mesmo assim deveríamos gostar um pouco mais das obras do nosso próprio país

  • @ju_thmz
    @ju_thmz 2 года назад +14

    Sou desenhista, e tô fazendo um quadrinho, mas por enquanto só tô escrevendo. Já me senti culpada pela história não estar sendo "brasileira" o suficiente, porque é uma fantasia com ficção científica. Eu não quero colocar uma coisa folclórica, aquele estereótipo de índio e saci Pererê, saca? Quero colocar elementos da nossa cultura do nosso cotidiano, como o formato das casas e até mesmo os objetos e costumes. Um de meus personagens, por exemplo, é paulista e descendente de japoneses imigrantes, ele nasceu em Liberdade. Quis colocar isso porque o Brasil é até um local de alto índice de imigração japonesa. Dá pra você fazer críticas sociais, mandar alguma mensagem de forma implícita.

  • @7canal
    @7canal 3 года назад +24

    Imaginem se toda mídia francesa fosse sobre culinária?

  • @anhangamirim
    @anhangamirim 3 года назад +134

    Na ilustração tb, uma profa que trabalha e mora na Itália disse q p pegar mercado na Europa eu tinha de fazer uma ilustração "mais brasileira". Eu consigo fazer qq tipo de ilustração, não tenho o menor apego ao traço. Mas me senti violada com a proposta, afinal, se nem mesmo no unico lugar q tenha p me expressar (=existir) eu posso ser dona de mim... caceta! Sifudê, mano! Deixa eu ser eu e desenhar de meu jeito. Muito bem colocado e espero sim que saia big treta deste teu novo vídeo!!!!! SIFUDÊ o patrulhamento retratista porraaaa!

    • @halaneverson4549
      @halaneverson4549 2 года назад +15

      Oi, só li seu comentário hj e sinceramente, eu não sei o que é uma ilustração brasileira. Ela te deu alguem de exemplo do que isso queria dizer?

    • @play7700
      @play7700 2 года назад +7

      @@halaneverson4549 também fiquei curioso

    • @gabiaz.carpes5981
      @gabiaz.carpes5981 2 года назад

      Como assim?

    • @emanuellyosterne8813
      @emanuellyosterne8813 2 года назад +6

      @@halaneverson4549 eh.pra botar um índio, uma favela e o Cristo redentor?

    • @Itsthat_Yu
      @Itsthat_Yu 2 года назад

      Rebelde hein

  • @TheXm2012
    @TheXm2012 3 года назад +49

    Tem uma palestra com o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto que, numa tentativa de "definir" o que é poesia (ou o que não é) ele comenta sobre essa época dos anos 50-70 que haviam diversas vanguardas e que sempre estava se perguntando "o que é o Brasil? Qual é a cara do Brasil". Se não me engano, ele fala que a Tropicália foi a última grande vanguarda no Brasil, que no início estava conjecturando uma identidade nacional, mas que logo perceberam que não era mais "necessário". Tanto é que, na literatura, o concretismo, que veio um pouco depois, não tem essa preocupação como fio condutor. Outro movimento (mais estética, nesse caso, na verdade) mesmo seria o Brutalismo lá do Rubem Fonseca, que bebe numa fonte de literatura e cinema policial que não tem nada a ver com o Brasil, ou pelo menos, o Brasil não é um expoente desse tipo de narrativa.
    Gostei muito desse seu comentário, parece um impasse que a nossa classe artística ainda está presa e que se ela não se liberta, o pensamento do nosso povo também não o faz. Mudando de assunto, ou não (já que aqui tem um grande nome argentino, junto com um grande nome italiano falando de uma guerra "majoritariamente" europeia) será que não vale um vídeo do Ernie Pike? Saiu recentemente pela Figura e seria muito bom um comentário teu. Abraços, professor!

    • @QuadrinhosNaSarjeta
      @QuadrinhosNaSarjeta  3 года назад +8

      Sim, e antes de todo mundo tava Mario Pedrosa defendendo o abstracionismo. Foi muito em sintonia com ele esse vídeo.
      Sobre Ernie PIke. Em algum momento sim.

    • @mendigosupremo
      @mendigosupremo 3 года назад +1

      Passo de 3 linhas não leio 😎🤙

    • @user-ry6ge6sf1l
      @user-ry6ge6sf1l 2 года назад +2

      Então o que nos falta é uma identidade própria para nós basearmos e dizermos : s
      im esse é o Brasil ou,sim esse pode ser o Brasil e todas as pessoas que estão aqui ?Pra fazer isso precisaria de uma representação muito forte de uma nação poderosa que fizesse levantar o ânimo das pessoas,não precisa ser como na realidade mas sim como nos olhamos nós mesmos.

  • @lu6716
    @lu6716 2 года назад +9

    Faço faculdade de animação e meu curso é bastante desatualizado. Focando muito no tipo de material que se usa, as tecnicas ultrapassadas de se montar um rosto (dai fica todo mundo com sobrancelha quadrada e o rosto perfeitamente simetrico) e, sinceramente, era essa perspectiva que eu queria estudar. Excelente video meu caro!! sei muito sobre quadrinhos e histórias japonesas, mas é mt dificil minerar aqui pelo brasil, Não que nao tenha, mas é tão nichado infelizmente

  • @Boblebeex
    @Boblebeex 2 года назад +16

    Acho que um filme brasileiro bom ,seria a história do edinaldo pereira ,saber como foi a história da criação do universo seria interessante 🤔(e esse video foi recomendando enquanto eu fazia um debate sobre arte brasileira ,estranho )

  • @NayanaVeiga
    @NayanaVeiga 11 месяцев назад +2

    Achei o vídeo muito interessante e me fez enxergar outros pontos que eu não tinha reparado ainda. Obrigada!

  • @brunoprosaiko5542
    @brunoprosaiko5542 2 года назад +6

    Bacana o debate. A primeira coisa que me vem à cabeça sobre esse "retratismo" nas obras brasileiras é a facilidade para vendê-la para um patrocinador, seja via edital público ou privado. Em segundo, vem o ciclo de retroalimentação de novos autores acreditando que as obras que consumiram em sua formação são a única forma de mostrar nossa identidade. Mas falando de identidade, qual a identidade do quadrinho brasileiro? Tenho dificuldade para perceber uma identidade que vá além do retratismo/regionalismo, talvez pelo pequeno volume das nossas obras em comparação com as indústrias mais maduras de outros países. Nós temos uma forma de contar histórias diferente da de outros países?

  • @adrianoarnold3090
    @adrianoarnold3090 3 года назад +34

    Eu a pouco tempo descobrir a Urukum editora, e a arte é tão fabulosa quanto as narrativas dos títulos, eles são mais voltados para os mitos e narrativas indígenas, vale muito apena sem falar na qualidade gráfica, é uma pena que não seja muito comentada.

    • @monkgyatso3424
      @monkgyatso3424 3 года назад +5

      Obrigado

    • @adrianoarnold3090
      @adrianoarnold3090 3 года назад +4

      @@monkgyatso3424 é muito bom mesmo, eu adquirir o Samaúma e valeu muito apena.

  • @RyanJesusss
    @RyanJesusss 2 года назад +50

    O que o vídeo quer dizer é que, em termos simples, o maior problema da arte brasileira é justamente retratar demais a realidade do Brasil (de forma literal). Quando se retrata uma realidade a arte não pode sair da própria realidade sendo a realidade um objeto intocado, limitando assim a arte Brasileira que por não sair da retratação perde o fantasioso, limitando a arte Brasileira a apenas a realidade da forma como ela é. É isso? Essa é a crítica?

    • @guilhermenetto9254
      @guilhermenetto9254 2 года назад +5

      Tipo um documentário né?

    • @sergiolyrio2593
      @sergiolyrio2593 2 года назад +16

      Não, ele não faz uma crítica a legitimidade do retratismo, porque obviamente o retratismo é legítimo, a crítica dele é sobre o fato de que o Brasil não dá tanto espaço para obras que falem sobre contextos sociais de maneiras mais ficcionais

    • @RyanJesusss
      @RyanJesusss 2 года назад +4

      @@sergiolyrio2593 Mas eu não falei que ele fez uma crítica a legitimidade do retratismo.

    • @BrazilianImperialist
      @BrazilianImperialist 2 года назад

      A arte brasileira é uma merda porque não é igual a arte europeia/japonesa/Americana.

  • @AliceSantos-vz4zw
    @AliceSantos-vz4zw 2 года назад +15

    Na minha opinião: Acho que as melhores HQs que marcaram minha infância foram Toda saga de turma da Monica e Literatura brasileira em quadrinhos
    Uma delas foram
    "a Memórias de um Sargento de milícias"
    e "O cortiço"

  • @ntvasconcelos
    @ntvasconcelos 3 года назад +89

    O mesmo "fenômeno" acontece na literatura.

    • @22Gugoo22
      @22Gugoo22 3 года назад +23

      Nos filmes também, a gente adora fazer uma biografia. E as vezes é ainda pior, junta os tópos temáticos com os tópos geográficos, focando as histórias só no Sertão, Amazônia ou Rio/São Paulo

    • @gersondelimadacosta4160
      @gersondelimadacosta4160 3 года назад +9

      @@pedrot.9569 Interessante esse debate. Todos os grandes escritores escreveram suas realidades. Porém, como influência, beberam dos grandes mestres universais. Garcia Marquez, se só lesse autores colombianos, jamais seria o que foi. Leu de tudo, e de todos países, principalmente o americano Faulkner.

    • @graffiti9145
      @graffiti9145 2 года назад +9

      E em filmes, poemas, novelas, até a música brasileira ultimamente esta muito obsecada com "mostrar pros gringos como é a musica brasileira"

  • @Guilherme5988
    @Guilherme5988 2 года назад +13

    O problema é que os brasileiros médios associam os quadrinhos com algo infantil. Então, um quadrinho voltado ao público adulto vai ser rejeitado pelo brasileiro médio que descarta como algo infantil e ainda pode entregar o material adulto para uma criança da família sem olhar. Ou ainda, pode olhar o material adulto e pensar que estão direcionando conteúdo adulto ou sangrento para crianças através do quadrinho. É o mesmo preconceito que os brasileiros médios tem com as animações.

  • @BolchenTheDrummer
    @BolchenTheDrummer 3 года назад +64

    O problema é um pouco mais embaixo.
    Para exemplificar, eu vou citar a literatura angolana, como Pepetela, Ondjaki e escambau. Eles são realmente lidos em Angola, ninguém odeia ler e são tão retratistas, ou até mais, que o brasileiro falando de si mesmo. Por que lá eles conseguem lerem as próprias obras com vigor e nós não conseguimos com as nossas próprias? Porque quase 90% do "retratismo" brasileiro não é para ser lido por brasileiros, é voltado para o inglês ver o Brasil e falar "nossa!".
    O problema que você fala é um problema que na literatura angolana dos anos 70 pra trás chamava-se "exotismo". Por que o Brasil é tão grande e desigual por natureza, nós temos estrangeiros dentro de nossa própria realidade, o próprio Bolsonaro é um estrangeiro sendo o nosso presidente, agindo igual Justin Bieber em relação as regras dentro do nosso próprio país, ou seja, desobedecendo, mas de repente se tornando cachorrinho comportado em qualquer outro, até um de terceiro mundo como o Equador. O exotismo é ver um país pela ótica de ser "o outro" e não "nós". Muitos no Brasil não escrevem como sendo "nós", mas sim como se estivesse retratando "o outro" ou, no pior dos casos, "EU!", o que não seria um problema se não tivesse esse objetivo por trás. Quando você vê nos grupos de quadrinhos brasileiros alguém escrevendo um sobre "Estas são as índias super empoderadas X e tal", essa pessoa muito provavelmente é branca, de classe média, que mora em um bairro relativamente bem estruturado, então naturalmente ela acabará escrevendo uma história de uma forma igual a um europeu chegando numa tribo isolada e escrevendo sobre ela.
    E quando isso acontece, vem um problema muito sério dos quadrinhos brasileiros: Ninguém faz boas personagens. Fazem boas ambientações, boas histórias até, mas quase todos desprezam a importância de uma personagem profunda ou, se não tem profundidade, minimamente CARISMÁTICA em um todo. Nos próprios grupos mesmo fazem vinte mil heróis com cara de vilões fascistas e ninguém se pergunta "Ei, mas isso tem cara de herói? Alguém conseguirá olhar e ter carisma por ele?". NINGUÉM. Literalmente é uma personagem genérica com fantasia colada, algum ou outro símbolo brasileiro como cota e umas armas. Ninguém se pergunta "Tá, mas as pessoas vão gostar de terem alguma compaixão, empatia ou identificação com essa personagem/contexto?".
    E, do outro lado da moeda, você vê mil artistas com tão pouca originalidade que literalmente fazem CTRL+C/CTRL+V das estéticas japonesas e americanas, e conseguem cativar tanto quanto uma parede e outros "retratistas", pois se é pra copiar outras artes, tem que ser bom nisso, mas quase todos os casos isso não é verdade.
    O nosso problema não está em ser retratista ou necessitar de representatividade ou sair dela. Neste país há pessoas que sequer sabem que Brasília tem formato de avião (E nem estou falando de pessoas que moram em favela. Pessoas de classe média mesmo), então quando escrevemos nossas histórias, temos que ter em mente e considerar que nem todos vão entender essas histórias, precisamos ter cuidado para não sobrecarregar esses leitores.
    EDIT: Como provocação, eu diria que o maior desafio do quadrinho brasileiro hoje é, metaforicamente, queimar a sua própria bandeira. Não no sentido de negar o Brasil, mas sim evitar ser o "quadrinho brasileiro", em vez de "Uma boa história em quadrinhos". Queimar o rótulo e deixar se ser apenas uma boa história em quadrinhos, seja com muitos elementos brasileiros ou não.

    • @BolchenTheDrummer
      @BolchenTheDrummer 3 года назад +20

      E uma antítese ao que escrevi: Por outro lado, ninguém acusa obras americanas de serem regionalistas mesmo quando falam sempre sobre "De que estado tu é?" ou "Nossa, como você é caipira sulista" e assim por diante. Ninguém acusa de serem "retratistas" porque estamos tão acostumados a uma noção de que eles são a potência e o centro do mundo que jamais paramos pra pensar que as obras deles são tão regionalistas quanto um quadrinista falando do sertão brasileiro ou Bacurau. A única diferença é que eles tem dinheiro, nós não, e isso basicamente diferencia um ser considerado "universal" e outro "regionalista".
      Você só acusa de ser "retratista" porque pra você isso não é algo próximo o suficiente pra considerar "comum". E pode não ser mesmo, mas isso não significa que é "retratista", apenas significa que você espera um universalismo que não é o mesmo universalismo das obras brasileiras, ainda que eu concorde contigo em evitar priorizar "elementos brasileiros", já que às vezes tendem ao artificialismo.
      Talvez o "retratismo" só pareça ser retratista porque, justamente, faltam personagens cativantes e um enredo melhorzinho e essa crítica é mais importante do que forçar ou não que "Há muita realidade brasileira, não precisa forçar isso", porque se tem algo que nesses países eles tem até cansar é impor "realidade japonesa" aos japoneses e "Realidade americana" aos americanos, muito mais do que nós. A diferença é que, por ser comum a eles, não consideram "forçado", já nós, que somos a periferia da economia do mundo, falar de nós mesmos sempre será "forçado", não importa de onde olhe.

    • @QuadrinhosNaSarjeta
      @QuadrinhosNaSarjeta  3 года назад +16

      Tem muitas questões aqui juntas. Eu diria, de maneira sucinta, o seguinte: criticar retratismo não tem obrigatoriamente nada a ver com regionalismo. Ainda que os regionalismos muitas vezes demandem um retrato, nem sempre. O que está em jogo é muito mais uma disposição retratista, ou seja, o hábito de fazer de tudo retratos, inclusive na leitura. Guimarães Rosa é um retrato? Penso que não. Mas existe toda uma fortuna crítica que o vê assim. Para falar de maneira rigorosa, o retrato é menos uma questão ontológica e mais epistemológica.

    • @BolchenTheDrummer
      @BolchenTheDrummer 3 года назад +16

      @@QuadrinhosNaSarjeta Mas aí que está, isso em si não é em nada diferente do que acontece em qualquer outro processo literário ou narrativo de qualquer outro lugar do mundo. Talvez não tenha sido a sua intenção, mas fica aquela ideia de que só no Brasil se faz retratismo, sendo que isso é praticamente constante em qualquer outro lugar do mundo, até muito mais do que nós fazemos em geral.
      O problema está muito mais na qualidade narrativa do que em retratos, tratar isso é muito mais importante do que se um cenário tem favela bem fidedigna ou se isso é forçar demais a realidade brasileira numa história. O que temos de autores ruins nos grupos não está escrito, a qualidade das histórias e personagens conseguem serem tão ruins quanto fanfics de jogos. Um até mesmo fez uma heroína com mamilos de ferro e nunca passou na cabeça da pessoa o quão ridículo aquilo é, considerando que o objetivo do cara não era fazer piada disso, mas levar a sério.

    • @ladymorwendaebrethil-feani4031
      @ladymorwendaebrethil-feani4031 Год назад +1

      O Bolsonaro age de acordo com os interesses da classe dominante rural brasileira. Esses interesses em geral convergem com os interesses da industria petrolifera internacional (seja americana ou seja a OPEP+ -> veja que a politica externa bolsonarista era bajular Trump, protetor da industria petrolifera e se aproximar dos arabes e de Putin - a OPEP+). Os agroexportadores dependem do petroleo para fertilizantes e eles sao grandes emissores - e eles sao alvos das regulamentações climaticas. Entao eles agem de acordo com interesses bem mesquinhos e locais contra o "globalismo" que eh basicamente quando o bom senso prevalece nos orgaos multilaterais. Bolsonaro nao eh um simpes puppet americano. Ele eh um dos lideres da extrema direita global. O governo Bolsonaro interviu nas eleições americanas contra Biden e atuou para minar as intituições americanas espalhando negacionismo eleitoral por la (Dudu se encontrou com varios dos invasores do capitolio na vespera). A politica contemporanea ultrapassa as determinações do estado nacional. As corporações petroliferas estão patrocinando a extrema direita global e governos autocraticos porque eles se sentem ameaçados pela energia renovavel. Eles promovem o negacionismo e eles patrocinam politicos que fomentam tensoes etnicas porque isso faz parte da estrategia autocratica deles e a unica forma como esse tipo de industria extrativista ve para sobreviver eh instalando ditaduras no mundo todo para evitar a crescente pressao popular por redução das emissoes. Os fazendeiros no mundo todo, tendem a ser desmatadores, criadores de gado e consumidores de disel que botam em suas pick ups e de fertilzantes a base de petroleo. Bolsonaro representa internamente essa classe social e internacionalmente ele se aliou junto com todos que trabalham em prol a proprietarios de terra brancos, os especuladores que compram os riscos da agropecuaria e a outros autocratas que defendem industria petrolifera da qual a base dele depende. Essa agenda não eh pro-americana, ela eh pro-extrema direita. Quanto mais os Estados Unidos forem de extrema direita, mais Bolsonaro se aproximaria deles. Quanto menos for, mais bolsonaro os acusara de comunistas e se juntara ateh a Putin contra "a ameaça comunista" que ele ve na casa branca agora. Porem, ai sim, a relação de poder nacional se impoe: quando Bolsonaro chia demais, a Casa Branca manda um figurão do Departamento de Estado para Brasilia mandar o Bolsonaro calar a boca. E eh isso que rolou nos ultimos 2 anos.
      De um outro lado, Bolsonaro também andou andando com politicos alemães que foram presos agora por planejarem um golpe nazista contra o governo socdem-verde da Alemanha. Na verdade, la fora eles ve Bolsonaro mais como um potencial aliado de Putin do que como esse vassalo fiel dosnamericanos. Bolsonaro esta com alguns americanos (Koch Brothers, Elom Musk, Peter Thiel). Mas ele também esta com oligarcas russos e principalmente, ele esta com os lordes do agro do centro-oeste e seus dominios neo-coloniais que se expandem parana Amazonia. E proprietario de terra eh reaça em qualquer lugar, seja os daqui, os redneck americanos, os proditores de queijo e vinho franceses (que sao reacionarios desde a era napoleonica), os agrocultores italianos, os grileiros israelenses na cijordania ou os sheiks arabes que nao plantam nada, mas tem petroleo debaixo das terras deles. Os interesses dessa classe social que Bolsonaro representa, aqui e no mundo inteiro.

  • @MurilloMattos1
    @MurilloMattos1 3 года назад +21

    Eu gosto muito do trabalho do Quintanilha e do DSalete mas entendi tua colocação. O brasileiro não precisa essencialmente fazer arte retratando o Brasil. Na verdade, o artista tem que expressar aquilo que o toca de maneira singular, usando as ferramentas que tem disponíveis. É meio por aí?

  • @danielmendes4443
    @danielmendes4443 3 года назад +13

    No cinema, Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos fazem isso, retratos. Essa obsessão em definir o Brasil também está em Caetano Veloso (para tal, consultar o seu livro Verdade Tropical). Como o nacional-popular (a velha política cultural do partidão, o PCB) definiu que os arquétipos da cultura brasileira é ou o favelado negro carioca ou o sertanejo nordestino (a recriação tupiniquim da aliança operária e camponesa, para referências o espetáculo Opinião com Nara Leão (depois substituída por Maria Bethania), João do Valle e Zé Kety, respectivamente o arquétipo do estudante, do camponês e do morador do morro.), não houve muito espaço histórico para outros regionalismos. A verdade é que a forma que consumimos (alta)-cultura(uso o termo alta cultura de forma muito perigosa!) no Brasil tem muito a ver com o nacional-popular, que penetrou até na indústria cultural (o velho frentismo do partidão! - para referências seria interessante um levantamento de roteiristas da TV globo ligados ao PCB durante a ditadura.). Creio portanto que o nacional-popular também está na raiz dessa obsessão por retratos e definições de identidade nacional.

  • @danilo.bittencourt
    @danilo.bittencourt 3 года назад +43

    Crítica cirúrgica! De fato, há uma obsessão retratista em nossos quadrinhos e arte em geral; para mim, às vezes ao ponto do tédio e da sensação de mesmice. "Eles Estão Por Aí" já conhecia, mas a indicação de "Burroughs" veio na hora certa (lendo Deleuze e Guattari), agradecido.

  • @mushisan
    @mushisan 3 года назад +15

    falando de forma umbiguista: não faço histórias sobre o Brasil que vivo, faço tiras num cenario ficcional, mas nunca tive muita culpa por isso, sei que nas entrelinhas e alguns detalhes vou deixar transparecer de onde e quando sou :)

  • @giulyanoviniciussanssilva2947
    @giulyanoviniciussanssilva2947 3 года назад +39

    Sinceramente eu sou vendido, eu amo o mercado brasileiro de HQs, concordo com o vídeo que a muita denuncia desse país em nossos materiais e muita necessidade de representa-lo, mas também a muita diversidade de temas e arte e muita pouca procura dos leitores e um preconceito dos próprios.
    Talvez seja porque eu quero ser um autor, mas eu vou defender as HQs daqui e de toda a América do Sul.

    • @Red-Kido1
      @Red-Kido1 2 года назад +1

      Eu consumo HQ de super heróis e mangás. Pq eu vou sair desses dois pra ler quadrinhos brasileiros ??

    • @pazamoruniaorespeito
      @pazamoruniaorespeito 2 года назад +7

      @@Red-Kido1 E o mais importante é que isso não faz de você menos brasileiro. Muito pelo contrário. É a tal da diversidade, que nós enfatizamos que temos mas, na verdade, não concordamos quando nos deparamos com exemplos como o seu.. como o meu..

    • @antonioluiz9409
      @antonioluiz9409 2 года назад +4

      @@Red-Kido1 o problema não é seu da nossa arte local e literatura, que é bem retratista, o chato no Brasil na literatura só aparece Amazônia, sertão, e Rio de Janeiro, saber o regionalismo ainda e vem forte no meio da arte brasileira e tbm essa tendência de fazer arte documentário

    • @paulowillianbentessampaio5864
      @paulowillianbentessampaio5864 2 года назад +2

      vendido sou eu, que só escuto música em inglês vindas de fora, em toda a minha vida eu só lembro de ter assistido filmes de fora, e tudo de quadrinhos que eu conheço e me interesso é Marvel e DC. Eu admiro você que tem orgulho de ser brasileiro, mas eu n consigo ter isso sosskfskskskksws, eu n consigo explicar, eu só não tenho isso, eu sinceramente nem ligo pro Brasil e COM CERTEZA eu não morreria por ele mas nem fudendo ksskskssks. Sério, toda vez que eu olho pra esse país eu fico pensando: "caralho, porque esse país é tão estranho? Porque que é um CU ser brasileiro, não só pra mim, mas pra MUUUITA gente?"...

    • @ocaraqnsabeviver155
      @ocaraqnsabeviver155 2 года назад +6

      @@paulowillianbentessampaio5864 verdade, tem muito disso, eu particularmente gosto do Brasil e de ser brasileiro, talvez pq eu cresci consumindo muita coisa brasileira em conjunto com as obras Americanas que tem muito espaço no país. Infelizmente a "cultura brasileira" vai se perdendo e o povo não se importa, museu é queimado e todo mundo esquece, as obras brasileiras muitas vezes são mais reconhecidas lá fora doq aqui no país, enquanto oq vem de fora tem mais peso aqui, porém, eu nunca entendi quem fica enchendo o saco das pessoas por não consumir obras brasileiras, como se todo mundo fosse obrigado a isso só pq nasceu no Brasil

  • @chantilly7026
    @chantilly7026 2 года назад +17

    Curiosidade: The Umbrella academy, uma das séries mais populares da Netflix foi baseado numa comic em que o desenhista era brasileiro.

  • @cecilove2982
    @cecilove2982 2 года назад +18

    Estudo artes a uns 40 anos, sem preconceitos sobre as diversas formas de se fazer arte. Vou citar um observação de cunho pessoal: a arte dos quadrinhos brasileiros é comprometida pela falta de universalidade. Fazemos quadrinhos, como os escritores regionalistas faziam livros. É só olhar para a produção norte americana: aceita em todos os lugares do mundo. São aceitas por possuírem valores universais (alguns falariam em imperialistas). Claro que não estou falando somente de obras de grandes qualidades mas sobre o aspecto de uma criação palatável para as diversas culturas. Todas as obras imortais, de todos os tempos, possuem esse valor intrínseco: a universalidade. Nos falta! E fica uma tarefa gigantesca, mudar essa visão num país que despreza a leitura.

  • @9ziphion9
    @9ziphion9 2 года назад +3

    Eu decidi me tornar escritor pois acho incrível a ideia de por alegorias ou analogias "contarmos" um contexto que pode (ou não) condizer ou implementar na própria narrativa. Eu sinceramente não gosto desse "retratismo" ao qual estamos habituados, me parece que nos acostumamos apenas a esse tipo de representação e acabamos deixando de lado muitas obras muito boas, justamente pois são tratadas com menos consideração por serem "de fantasia, de ficção". Espero com o tempo contribuir para a mudança dessa visão...

  • @CubosBill
    @CubosBill 3 года назад +15

    Uma reflexão pertinente em um tema complexo de fato. Por vezes os "defensores" da produção nacional são radicais demais em suas exigências e expectativas; o que ironicamente acaba podando de certa forma a criatividade e diversidade geral da produção nacional.

    • @giulyanoviniciussanssilva2947
      @giulyanoviniciussanssilva2947 3 года назад +4

      Muitas vezes as HQs brasileiras podem retratar outros países e temas.
      E você se sentir lendo algo nacional.

  • @63r9u31o
    @63r9u31o Год назад +5

    Com este Linck menos treteiro eu fiquei desacostumado!
    Força aí, muita saúde para você e a família toda! E continue sendo essa pedra no sapato dos medíocres e acomodados nos privilégios!

  • @fernandafranco936
    @fernandafranco936 2 года назад +7

    Cara, muito obrigada. Você conseguiu me fazer entender o motivo que nem eu mesma conseguia explicar de eu me incomodar tanto com quadrinhos brasileiros (e animação também).
    Só pra ficar claro, eu quero trabalhar criando séries de animação, e talvez isso coopere pra aumentar o ranço que eu tenho. Eu me irrito muito com o fato de que QUASE TUDO nos quadrinhos brasileiros, e também nos outros modos de entretenimento no geral, o contexto da história e do mundo dela é sempre sobre retratar o Brasil. E não, não tô dizendo que é ruim mostrar o nosso país, sua variedade e tal... O que eu acho um saco é sempre ser só sobre isso. É como se o brasileiro não pudesse fazer outra coisa além de falar do próprio país e dedicar toda sua arte a ficar mostrando o Brasil, sendo que ele PODE SIM fazer histórias sobre outras coisas. Vou pegar como exemplo os desenhos animados/quadrinhos americanos (ou até mesmo europeus), olha pra eles mano, você raramente vê eles querendo esfregar na sua cara como é o país dele. Isso é porque eles não pensam só nisso. Eles fazem histórias fantásticas, num mundo original, e que AINDA SIM fala muito sobre a realidade, mesmo que de forma figurativa.
    Isso que me perturba tanto, porque a gente também pode fazer isso. Eu queria ver mais brasileiros fazendo histórias diferenciadas, além de um retrato do próprio país (o que já tá bem manjado). Eu por exemplo, escrevo uma história de alta fantasia, ou seja, num mundo completamente fictício.
    E não, não estou dizendo que é errado retratar o Brasil. Eu só digo que nós PODEMOS fazer algo além disso, e tá mais que na hora da gente fazer algo mais amplo, criativo e diferenciado aqui. Não precisamos deixar tudo pros gringos fazerem, não precisamos deixar nossa arte fadada apenas a explicar o que é nosso país. É isso.

  • @samuelwilliam9579
    @samuelwilliam9579 Год назад +1

    A questão da alegoria é muito importante pra levar o sentimento às pessoas. As vezes vc querer levar a narrativa história e social junto com o sentimento é difícil demais e pode ser informação excessiva pra quem ta consumindo. Então levar o sentimento como o Distrio 9 leva, mesmo que a pessoa não faça o link com o Apartheíd, quando ela tiver contato com o fato histórico o sentimento já vai ser mais familiar e ela vai estar mais preparada para entender o que aquilo significou na vida real.

  • @caiqueramos1473
    @caiqueramos1473 2 года назад +5

    O que mais me faz não ter interesse na arte brasileira é que era algo que eu não gostava por mim mesmo desde criança, simplesmente porque forçavam demais na escola e entre os familiares, meio que me empurravam sítio do picapau amarelo e coisas assim, acabou me passando uma grande impressão de não era algo que eu queria consumir, ao contrário da arte japonesa por exemplo que era algo quase "proibido" pelos pais e pela escola há um tempo atrás e justamente por isso era mais empolgante ler um mangá do que um quadrinho brasileiro

  • @dudao4642
    @dudao4642 3 года назад +6

    Meu amigo, você sintetizou perfeitamente algo que me incomodava mas eu nunca tinha parado pra refletir! Confesso que quando eu ouço uma resenha de algum quadrinho nacional falando: "essa HQ resgata a identidade regional de não sei o que", "O autor dá vozes a um Brasil não sei o que lá", fico com uma certa preguicinha de ler. Outra coisa que me dá uma certa preguiça do que às vezes intitulam de "Novo Quadrinho Nacional" é uma certa necessidade do gibi soar poético, cult, meio bossa nova e rocknroll.
    Ai eu dou muito valor ao pessoal da Escória, da Pé-de-cabra, o próprio Fabio Vermelho, que metem o pé na porta e fazem um quadrinho totalmente autoral, punk e que tem muito valor e que também fazer parte do "Novo Quadrinho Nacional". E que bom que o "Novo Quadrinho Nacional" me dê essa opção de poder escolher o Podrão Aniquilação do Pablo Carranza ao invés do Roseira Medalha e Engenho do Jefferson Costa.
    Aah e obrigado por falar sobre o Meu mundo versus Marta, do Rafael Sica, no seu canal. Peguei ele por sua indicação e achei FODA! Uma das melhores experiências lendo quadrinhos que tive esse ano! Acabei indo atrás do Ordinário e virei fã do trabalho do cara.

  • @ivyjmarinho
    @ivyjmarinho 3 года назад +47

    Só não gosto das HQs nacionais de super-heróis e daquelas com elementos da cultura (cuca, curupira, mulher do algodão, iemanjá, etc, etc) inseridos em "aventuras" bizarras (terror, crime, etc). Já tentei, mas, é como o millarworld, não consigo assimilar. Acho horrível, tipo um "superhomem" que protege o Pará, ou um curupira que luta contra o crime, lobisomen na caatinga/sertão ...e por aí vai.

    • @verzace15xd76
      @verzace15xd76 3 года назад +16

      Resumindo: qualquer algo "folclórico" demais, literalmente 90% das HQs brasileiras XD.

    • @ivyjmarinho
      @ivyjmarinho 3 года назад +12

      @@verzace15xd76 😄😄😄😄 Sei lá...também tem muita HQ brasileira que querendo ser "diferente" ou "inteligente" muitas vezes são fraquíssimas. Na crítica e na academia tratar as HQs como um "sistema intelectualizado" ou "mídia intelectualizada" talvez deva fazer sentido. Mas, para o leitor médio (meu caso), fazer quadrinhos como se fossem produtos de alta intelectualidade é uma merda.

    • @giulyanoviniciussanssilva2947
      @giulyanoviniciussanssilva2947 3 года назад +2

      @@verzace15xd76 resumiu boas HQs.

    • @JAGUARHX
      @JAGUARHX 3 года назад +25

      Eu compreendo o que você quer dizer. E, na minha opinião, o problema nem é criar um super-herói brasileiro e nem usar de elementos de folclore nacional em quadrinhos de aventura. Os japoneses fazem isso e o resultado é ótimo. E olha que, depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA meio que forçaram a redução do ensino de cultura popular nacional nas escolas, com a intenção de diminuir o espírito ou sentimento de orgulho nacional dos nipônicos.
      O problema, como você disse acima em seus dois comentários, é que tem gente que SABE fazer bons quadrinhos, que é bom em conceitos de criação e bom roteiristas, mas... NÃO sabe COMO produzir quadrinhos que sejam, ao mesmo tempo, divertidos, ''competitivos'' com qualquer bom quadrinho estrangeiro de massas, sem pretensão de ser somente isso (quadrinhos) e sem ser manifestante-panfletário. Falta uma mensagem que NÃO precisa ser escancarada e que respeite mais a inteligência do público, mas sem exigir dele uma ''obrigação'' intelectualoide.
      Eu costuma falar muito disso aos meus alunos dos cursos de animação e jogos digitais: Coloquem a cultura e o folclore brasileiro nas suas obras. O estrangeiro está carente de ver seres sobrenaturais e conceitos brasileiros em histórias de mitologia épica... super-heróis... cyberpunk... guerras... terror... comédia... aventura. O que o brasileiro não suporta e nem ninguém, na verdade, é achar que o ato de simplesmente colocar um curupira ou um saci ao lado de um policial, tr@ficante ou super-herói... ou falar pela milionésima vez da escravid@o já torna a sua obra algo ''espetacular e um divisor de águas que fez muito pelo Brasil''. Isso é idiotice. Nós podemos adicionar elementos de ''brasilidade'' nas nossas obras porque SOMOS brasileiros. E está tudo certo com isso. Faz parte. É natural e muito bom, por sinal. O contrário é que está errado: usamos esses elementos para contar uma boa história. Não usamos a história para vender nossos elementos do que ''significa ser brasileiro''.
      As pessoas gostam de boas histórias. Muitas vezes, de histórias que as pessoas possam PENSAR um pouco mais. E podemos pensar em alegorias e mensagens que falem dos erros da Humanidade... de ideologias que deveríamos adotar ou criticar... tudo isso e muito mais. Contudo, e antes de mais nada, quem compra uma revista em quadrinho numa banca, comic shop ou através da internet, quer se divertir e FUGIR da realidade. Quadrinhos não tem obrigação de levantar bandeiras, resolver problemas sociais ou erguer a cultura brasileira. A obrigação do quadrinho (ou filme, ou livro ou animação ou game) é servir de veículo para a imaginação e boa narrativa de alguém que tenha algo de interessante MESMO para contar. E passar uma mensagem legal e NÃO tão óbvia para esfregar na cara do leitor e nem de passatempo de crítico acadêmico.
      O maior exemplo de que essa visão atual é, no mínimo, equivocada: é o povo exigir ''representatividade'' na Turma da Mônica. O Maurício de Souza cria um personagem baseado em jogador de futebol famoso... em cadeirante... em meninas negras... em japoneses... torna os personagens adolescentes... cria personagens LGBT, etc. Mas, daí vem a pergunta que não quer calar: que raios esses personagens fizeram de diferente desde que foram criados? Nada. Porque eles foram criados somente para atender essa demanda e calar a boca de quem pediu (pediu e NÃO compra o quadrinho, por sinal). Só que o autor não viu motivo e nem desenvolvimento para esses personagens.
      OBS: Mesmo se centrando nos 4 personagens principais da Turminha, a galera que pedia mais ''representatividade'' se esquece que o Cascão NÃO é um menino branco de verdade. Ele é mulato. A mãe dele é negra e o pai tem o cabelo encaracolado.

    • @betomagnun9247
      @betomagnun9247 3 года назад +11

      Acho que falta uma adaptação pra nossa realidade. As HQs desse tipo que tive contato, os autores acham q é só botar verde amarelo na roupa do cara, e joga-lo numa São Paulo que parece Detroit (cidade citada aleatoriamente). Mas quando vc pega um Boku no Hero ou One Punch, percebe como os autores tratam de forma diferente a organização e modos operandi de seus heróis. Se compara-los vai ver que embora um vá mais pro lado da paródia, no fim os dois se assemelham nas características que citei. Heróis separados em categorias, agem em conjunto com a polícia, delegam tarefas diferentes para cada um em determinadas situações (enquanto uns confrotam o vilão outros controlam os danos, e outros evacuam o local).
      Agora como seria isso no Brasil? Sei lá.
      (Não assisti o vídeo quando digitei isso, então ignore se falei merda).

  • @thatstrangetownkid
    @thatstrangetownkid Год назад +3

    Isso é o que eu sempre reclamei na ficção brasileira!! Eu escrevo minhas histórias e muitas delas superficialmente não têm nada a ver com o Brasil, seja por não haver esse elemento retratista ou por nem ao menos se passar no Brasil (gosto de escrever space operas) Mas não é porque uma história minha não fala de secas no nordeste (que pela lógica retratista é oq eu deveria estar fazendo) ou se passam em um planeta alienígena que elas deixam de ser obras brasileiras. Até pq o Brasil não é apenas composto pela história da criação da nação, nós temos diversos dialetos em todo país, expressões, sotaques, o comportamento e forma de pensar de cada região e classe social. E MAIS!! pra ser brasileiro você não precisa estar no Brasil, você pode ser um brasileiro que mora no exterior ou que tenha pais brasileiros,mas nasceu em outro país, ou até mesmo, se sua família era composta por imigrantes e você sempre teve esse sentimento de que você não era brasileiro o suficiente pois não tinha ''cara de brasileiro''.
    Tem um livro que estou lendo que não tem nenhum personagem brasileiro e nem se passa no Brasil, mas a pessoa que escreveu é brasileira. Eu não terminei o livro ainda, por tanto não posso fazer uma analise muito aprofundada. Mas será que só pelo fato dela não ser uma história sobre o Brasil ela deixa de ser uma história brasileira? Não! Pois ela ainda pode ter elementos da própria autora, seja expressões usadas, experiências de vida no texto ou até mesmo, situações que se assemelhem a história brasileira de alguma forma (a personagem principal é uma hebreia escravizada, que é marginalizada pela sociedade egípcia e um dia acaba recebendo a proposta de um general a fazer parte do palácio, mesmo que ela tenha muito ressentimento quanto aos egípcios. Apesar dela receber tudo do bom e do melhor, o povo dela ainda sofre muito por causa dessa gente que tá no poder e ela se sente ainda pior com isso).
    Pq ninguém escreve algo no vacuo, mesmo que eu esteja escrevendo uma história de um robô em um planeta alienígena que seja muito diferente de quem eu sou, ainda vão haver elementos que diga a respeito de mim ou o que eu experienciei.

    • @siluda9255
      @siluda9255 11 месяцев назад +1

      ss. parece que toda historia brasileira tem que ser a mesma coisa. ou favelas do rio, ou secas no nordeste, ou natureza na amazonia. e obrigatoriamente TEM que falar de corrupção. ja to de saco cheio dessa merda, so queria ler sobre historias pos apocalpticas ou de fantasia kkkk

  • @ClaytonVanBaak
    @ClaytonVanBaak 3 года назад +20

    Doutrinador é bem ruim.

    • @marcelogomes8642
      @marcelogomes8642 2 года назад

      A outra hq do roteirista ( destro ) foi pior !!! Só se salva o traço !!!

  • @AndarilhoMarco
    @AndarilhoMarco 2 года назад +4

    Um dos problemas que eu vejo é que ainda não se criou identidade visual de referência nacional. Há as identidades regionais, as sociais, mas nada em nível nacional que sirva como linguagem básica para permitir maior acesso, não há. Então acaba-se copiando comics, mangas, etc, que têm linguagens visuais próprias fáceis de reconhecer para quem é familiarizado com essas mídias. Só que essas linguagens visuais são baseadas em outras culturas, com suas lógicas próprias. Outro problema, mais fundamental, é que o Brasil nunca formou um mercado editorial saudável, com boa base de consumo.

    • @talkysassis
      @talkysassis 2 года назад +2

      O mercado editorial daqui é problemático pq ele conflita com o interesse de quem consome. Eles favorecem a publicação de algo que exiba uma narrativa (que só eles se interessam) invés de focar no que vende.

  • @FernandoSantos-nb4sb
    @FernandoSantos-nb4sb 2 года назад +27

    __Existe um ponto chave que pouca gente se toca a respeito: alegorias, criatividade, imaginação vem primeiramente de nossa identidade. Precisamos nos conhecer e reconhecer para trabalhar essas questões. Como sociedade temos nossas origens constantemente sendo negadas - é fato que a cultura dos povos originários estão arraigados em nós. Fala-se (um pouco pelo menos) da contribuição da negritude em nossa identidade nacional mas nada se fala da contribuição dos povos originários. A verdade é que negamos o tempo todo a herança deles em nós, o que nos faz permanentemente convulsionados identitariamente. Por isso a demanda pela arte retratista - estamos desesperadamente buscando saber quem somos na fila do pão. Em minhas sessões de terapia reclamava que minha criatividade tinha se reduzido a zero e minha terapeuta falou: - "Mas é lógico! Se vc não tem energia pra sair da cama nem pra buscar algo de comer e fica passando fome, tendo comida na panela... Suas funções básicas precisam estar funcionando antes de suas funções elaboradas!".
    __Vi algumas pessoas falando que os gringos forçam esse retratismo em nossa arte por valorizar exoticidade - mas será que interpretar a posição crítica deles dessa forma num tem uma pitada justamente da síndrome de viralatas?; e que eles criticam qdo criamos em cima da arte europeia alegando falta de genuidade... Talvez isso ocorra pq eles justamente sintam falta da nossa identidade nessas criações? Podemos abordar a arte europeia, chinesa, canadense e o escambau, mas precisamos colocar algo nosso na base dessas criações - nossa identidade, ponto de vista, interpretação pessoal, precisa estar presente pra que seja genuíno. Mas como fazer isso se além de termos nossa memória coletiva cultural apagada, adulterada, cooptada historicamente nós também a negamos diariamente?
    __A violência que foi e é causada em nosso coletivo afeta diretamente nosso individual. Eu vejo esse fenômeno como um sintoma de que nossa identidade está e sempre esteve, desde a colonização, em crise. Primeiro precisamos resolver as contradições da nossa história. E isso é missão impossível em meio a movimentos ainda de apagamento de nossas memórias, negacionistas, de reacionários que impedem o tempo todo de progredirmos. Enquanto seguirmos no caminho do genocídio dos povos originários e enquanto negarmos toda nossa herança cultural vinda deles - que é presente, valorosa, marcante, decisiva sobre nosso olhar de mundo, não estaremos em paz com nossa identidade, seguiremos alheios sobre nossa própria realidade, continuaremos em convulsão identitária, em necessidade de retratismo e incapacidade de mostrar originalidade basal qdo tentamos abordar arte extrangeira ou nacional.
    __Quanto que sabemos do nosso folclore? Somos capazes de fazer fantástico em termos atuais o Boto cor de rosa? Nos sentimos em lugar de fala pra abordar nosso próprio folclore? Somos capazes de valorizar quem o procura fazer? Eu acho que não. Se não nos apropriamos de nossa história não somos capazes de criar novos níveis de fantasia em cima dela. Já tive contato com algumas artes japonesas e o que vemos de criações novas sobre seu próprio folclore é de se espantar! E o como eles misturam as incluencias cristãs que adentraram e marcaram seu desenvolvimento como população... Eles não tem medo de falar de si e eles sabem falar de si. Nós ainda não! Não pq somos incapazes, mas pq nos fazem incapazes as violências colonizadoras!
    __ Eu não sei do que se trata esses dois quadrinhos trazidos por ti, Alexadre. E vc não se atrever a dar uma prévia sobre os temas fantásticos abordados, mesmo que por cima, decepcionou um pouco e não instigou curiosidade pra de fato correr atrás dos títulos. Por quê não se atreveu? Pois ao contrário, ironicamente vc retratou as questões políticas retratadas no meio da obra rsrs Pelo menos o da capa azul. Fica aqui, então, minha pergunta provocativa - por quê não se atreveu rs

    • @davi_internet
      @davi_internet 2 года назад

      "por quê não se atreveu rs" kkkkkk mano, melhor comentário, mds

  • @tomboywarrior3229
    @tomboywarrior3229 2 года назад +6

    Não sei se alguém mais passou por isso, mas já tive professor (ensino médio) que ficou bravo por eu não fazer arte com tema brasileiro mas com tema de outro país (no caso, era a França).
    Sei lá cara, as pessoas falam de liberdade artística, mas ficam colocando regras em tudo que a gente faz. Professores deveriam incentivar essa liberdade, e não ficar colocando trilhos pros alunos andarem na direção que eles querem. Sinto que as nossas escolas falam uma coisa, mas fazem outra (principalmente agora que estou fazendo faculdade de licenciatura).
    Enfim, o Brasil é um país muito diverso em etnias e culturas - e com a internet, nossa geração tem se tornado cada vez mais global. Não deveria haver esse pensamento, que vi outros comentários citando que assim pensavam, falando que a gente tem que abrasileirar nossa obra 100%.
    Seja livre, pois arte é uma expressão e não um manual a ser seguido.

  • @VitorV.
    @VitorV. 2 года назад +6

    Qual o problema da arte brasileira? Só existem 3 tipos de arte e mídia criados por aqui: cristã, infantil/adolescente, comédia e crítica social. E todas elas sempre usam a mesma fórmula, se for repetir os mesmos temas poderiam variar, mas nem isso.

  • @ManiacProdu42
    @ManiacProdu42 3 года назад +8

    e muitos me criticando por eu fazer uma hq que se ambienta no japão kkkk, nem cito o brasil no quadrinho kkk

  • @1986gmr
    @1986gmr 3 года назад +4

    Lembrei, por algum motivo, do filme argentino "La Antena". Gostaria muito de ver algo corajoso como aquilo por aqui.

  • @lucasedpp
    @lucasedpp 3 года назад +12

    Eu, pessoalmente, não consegui entender o argumento, Linck. Porque ele me parece que está dando voltas em si mesmo para tentar, de alguma forma, defender a ideia de "por que não é louvado aquilo que eu gosto?"
    Porque veja, se o problema é retratar a realidade (já que você suprimiu o termo "realismo" e no lugar usou "retratismo"), "Distrito 9" retrata tanto a realidade quanto "Talco de Vidro". Ou a fina camada metafórica (tão fina que qualquer expectador que esteja acordado a torna consciente imediatamente) que há sobre um, e não sobre o outro, os distancia tanto assim?
    Em contrapartida, Super Mario não é "retratista" nem "fabular/metafórico" (ok, o trabalhador segue entrando pelo cano atrás de um prêmio que nunca está lá, mas sejamos menos presidentes de grêmio estudantil).
    Que povo (esse conceito problemático) não fala de si nas suas produções artísticas? É possível produzir num vácuo social, ou a realidade sempre se fará retratar, em maior ou menor grau, em todo ato humano?
    Aí vamos aos nossos quadrinhos. O que estamos considerando a régua do sucesso? Porque tem muito autor por aqui que não sem razão considerará a mera absorção por uma editora um balizador de sucesso. Nesse sentido, quantos quadrinhos não estão sendo publicados hoje cujo caráter não é de tentar ser fiel no retrato da realidade brasileira?
    Se, por outro balizador, escolhemos as premiações como medida de sucesso...
    O último vencedor do Jabuti de quadrinhos, "Silvestre", do Wagner Willian... é retratismo?
    O anterior, "Jeremias: Pele", não é algo metafórico (apesar de um certo didatismo)?
    Enfim, não entenda como uma crítica à sua posição. Não é, porque primeiro preciso entender sua posição para então me posicionar acerca dela. Mas agora, neste momento, não consegui sacar o cerne da ideia...

    • @QuadrinhosNaSarjeta
      @QuadrinhosNaSarjeta  3 года назад +5

      Então Lucas, sendo rigoroso nos termos, acho que a dúvida está no fato de pensar que falo de retratismo como uma questão ontológica, sendo que estou apontando um problema epistemológico. Traduzindo: o retratismo é um modo de leitura acima de tudo, leitura de mundo e leitura das representações do mundo. Desse modo até obra surrealista pode virar retratista se assim desejarmos. Essa disposição não é original do Brasil, já que temos o exemplo dos fascistas vendo no futurismo o retrato do progresso italiano etc. Contudo, aqui isso é tendência. Sempre dominante? Também não. Na bienal de 51 houve a guinada abstrata na arte brasileira. Mas o retratismo voltou. O que eu quis apontar é um princípio ativo, um dispositivo de leitura e produção de subjetividades que é bastante inconsciente para muitos e se reflete no grosso de nossa produção cultural.

    • @mad_max5492
      @mad_max5492 3 года назад +6

      Desculpe, o vídeo é falho e generalista. Apesar de concordar, em partes, com os fundamentos, ele é apenas um recorte da produção dos quadrinhos nacionais. Recorte este, aliás, que representa uma pequena parcela da produção nacional. Esse retratismo deixou de ser o foco ou a ampla maioria dos quadrinhos nacionais há muitos anos. Pra saber disso basta entrar no catarse ou ir numa CCXP da vida. Obras como QUAD (ficção científica), Trilogia Gatilho (faroeste), Aos Cuidados de Rafaela (que pode se passar em qualquer local do mundo), A última Bailarina (comédia politicamente incorreta), Era uma vez (que está longe de ser retratista), Savants of Sounds (fantasia) os Protetores (super-heróis nacionais) são só alguns exemplos de que o autor do vídeo está totalmente por fora da produção atual nacional.

    • @mad_max5492
      @mad_max5492 3 года назад +4

      concordo com você Lucas. Pra mim ficou claro que trata-se mais de um "gosto pessoal" do que efetivamente uma análise técnica e factual da produção de quadrinho no Brasil.

    • @lucasedpp
      @lucasedpp 3 года назад +7

      ​@@QuadrinhosNaSarjeta Então espera: se a questão é epistemológica (e não ontológica), então estamos falando de um problema de recepção e não de produção. Isso põe a bola no colo da "mídia" e na "crítica" especializada (seja lá o que for isso no nosso cenário). E aí eu concordo.
      Porque a produção brasileira de quadrinhos anda sendo tão vasta, em tudo quanto é "plataforma" - via editoras, via Catarse, via web - está tão diversa que me parece muito, muito difícil os rotular sob qualquer aspecto formal (exceto o "quadrinho produzido no Brasil").
      Então, nesse sentido, concordo sim: a mídia e a crítica de quadrinhos brasileira prefere o "quadrinho verdade".
      Mas a produção (e a recepção lato senso), num cenário pulverizado como o nosso, cagam e andam pra isso diversas vezes. O quadrinho brasileiro é mais do que o "retratismo", ainda que a "intelligentsia" que sobre ele se debruça, queira aplaudir só isso (não só nos quadrinhos, mas na produção cultural brasileira em geral).
      E aí opera a velha ferramenta nacional de operar o corte do que considera "boa" e "má" arte - a boa arte brasileira é aquela denuncista, realista de algum modo, que fala em tons crus. A má arte é toda a outra.
      Com isso, a gente chega no ponto da conversa que mais me diz respeito: sim, o Brasil, em termos de povo, de nação, precisa de terapia. Isso desde 07 de setembro de 1822.

    • @QuadrinhosNaSarjeta
      @QuadrinhosNaSarjeta  3 года назад +5

      @@lucasedpp sim, é isso. Só um adendo: a recepção condiciona por vez a produção. Não é ao mesmo tempo, tampouco na mesma intensidade. Mas também é nesse ponto a se observar.

  • @NihlusN7
    @NihlusN7 2 года назад +2

    Eu sempre achei o quadrinho/cinema/literatura nacional um negócio meio pretensioso. Eu sinto que essas mídias sentem a necessidade de separar o retratismo do entretenimento, como se o entretenimento fosse algo ruim.
    Tenho vontade de ler e assistir mais cyberpunk nacional, por exemplo. Eu sei que existe, mas é complicado achar. Mike Pondsmith, criador do RPG de mesa Cyberpunk disse em entrevista que Rio de Janeiro e São Paulo são as cidades mais Cyberpunk em que ele esteve, e com toda a desigualdade e dificuldade que a gente passa, não tenho visto obras desse gênero sendo produzidas.

  • @superdancruz
    @superdancruz 3 года назад +2

    Excelente vídeo! Gostaria de saber sua opinião sobre quadrinhos nacionais que seguem a estética (e até a temática) dos mangás japoneses, como Holy Avenger e Ledd. Foi a primeira coisa que pensei quando vc falou sobre o Japão ser representado por um personagem "italiano" no encerramento das Olimpíadas: que boas histórias nacionais não precisariam ter, necessariamente, elementos tipicamente brasileiros.

    • @edu22218
      @edu22218 2 года назад +1

      Isso, sem contar que os personagens possuem nomes brasileiros, Sandro, lizandra, nieli e etc.

  • @milmundos
    @milmundos 5 месяцев назад +2

    Eu gosto muito como o Japão não tem medo de misturar a própria cultura deles com elementos do mundo inteiro, apesar de todo o tradicionalismo deles.

  • @JeffTheReviewer
    @JeffTheReviewer 2 года назад +3

    Acho que boa parte do problema também vem do Monopólio, boa parte da mídia aqui sempre é na mesma, musica? Sempre a mais popular é Funk ou Sertanejo. Filmes? Sempre com ator da Globo falando de como pobre é fudido e fazendo graça disso.
    Dificilmente temos originalidade e incentivo a criatividade.
    A indústria de comics americana está caindo de vendas pelo constante mal uso de representatividade e historia repetidas e a Industria do Mangá ta disparando de vendas pois sempre vem com mais criatividade e personagens bem escritos.
    Eu não me surpreenderia se a industria do mangá fosse a mais vendida aqui no Brasil pelo mesmo motivo, e olha que a Panini deixa os mangás BEM CAROS!

  • @arthursenna5373
    @arthursenna5373 2 года назад +4

    Você falando nisso, me fez lembrar daquela frase do Tolstoi: “ fala da tua aldeia, e falarás do universo”. Talvez o problema da arte brasileira não seja apenas esse caráter retratista que você comentou, mas talvez a necessidade de querer se propor a registrar nossa realidade, em vez de se valer dela para refletir sobre temas mais profundos, tal como os russos fizeram no século XIX.
    Por exemplo: Guimarães Rosa teve uma venda pífia na Alemanha A partir da segunda tiragem de grande sertão veredas, em comparação com os 100 anos de Solidão, do Gabriel Garcia Marques, que é muito lido até hoje mundo afora; também me incomodo muito com algumas análises meramente sociológicas que fazem da obra de Machado de Assis, Como se ela não passasse de um mero retrato da sociedade carioca da época.

  • @TPSCP
    @TPSCP 2 года назад +1

    Mano tu falou tudo vei?! Eu não sabia por que eu não gostava da mídia brasileira tipo assim, porém você falou sobre os brasileiros representando muito tudo do Brasil, até as coisas ruins, obrigado por você fazer eu me entender

  • @filipenunes304
    @filipenunes304 2 года назад +7

    Acho que tem dois pontos principais pra mim que podem ser estendidos pra toda a mídia brasileira
    1°: é inquestionável que na maioria das vezes, sim, a nossa mídia é BEM porca.
    2° e principal: eu sou cearense e me sinto um colono do Rio de Janeiro, você falou desses conflitos sociais e históricos que influenciam na mídia, mas eu não tô nem aí. Esses conflitos da sociedade cosmopolita do sudeste não existem aqui e não me interessam, eu tenho a minha própria história e cultura.
    "Há, mas é por isso que deve existir mais representatividade"
    Mas a representatividade de um cearense na sudeste é sempre um candango morto de fome ou um cangaceiro com sotaque baiano, aí é difícil.

    • @irinaiturri
      @irinaiturri 2 года назад +1

      inclusive isso que falaste no final é uma pauta de representatividade que se debateu mais desde a década passada (com mais força nos EUA e outros países desenvolvidos anglófonos mas que aqui também se discute, mas vejo ser mais debatido pelos grupos de militância negra, feminista e LGBT), de que a representação de grupos minoritários não pode ficar confinada só em estereotipos, que esses grupos possuem muito mais variedade interna e que vale a pena ver outros perfis, profissões, papeis na trama e afins do que continuar engessado nos mesmos papéis de sempre

    • @filipenunes304
      @filipenunes304 2 года назад +1

      @@irinaiturri tá aí outro coisa que as pessoas acham, sei lá porque...
      Nordestinos, assim como outras regiões e países que consomem a mídia BR, não são minoria, nos somos a maioria do público.
      E não é como se a indústria da Rio-São Paulo falhasse em representar esse público, é que eles nem tentam nos entender.
      E eu entendo que não tem como representar todo mundo, por isso eu prefiro MUITO mais a mídia homogênea dos Estados Unidos, do que a brasileiros que teoricamente representa a nossa "diversidade".

  • @R0MUl0
    @R0MUl0 3 месяца назад +2

    O problema não é ser uma obra que retrata o Brasil, o problema é o ato de retratar virar meramente uma ferramenta politica, vira uma caricatura idealizada.

  • @igoralbuquerque7251
    @igoralbuquerque7251 2 года назад +7

    esse é o problema de quadrinhos brasileiros. As pessoas normalmente querem entretenimento. Por isso manga faz muito mais sucesso

  • @rick1rj2rj3rj
    @rick1rj2rj3rj 3 года назад +1

    Para ilustrar melhor esse debate seria interessante voltarmos nosso olhar para um evento que marcou a história da arte brasileira que foi a 1a Bienal de São Paulo em que Max Bill (arquiteto, pintor, escultor, teórico da arte, professor natural da Suíça) conseguiu o grande prêmio de escultura com sua obra intitulada Unidade Tripartida. Foi daí que de fato se deu um grande interesse pela arte abstrata por parte de um grupo de artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro, dispostos a debater, entender e formular novas ideias acerca da abstração. Esse primeiro contato com a arte abstrata, que para esses grupos mais interessados em sua estética diferente de tudo até então produzido no Brasil, trás a arte moderna como uma espécie de chamado dentro desse momento divisor de águas que foi a 1a Bienal. Mas por outro lado a indignação de muitos foi o fato de não só não estarem preparados para apreciar as obras abstratas, mas também por não conseguirem apreciar obras "sem assunto" ou "sem figuras", melhor dizendo "sem objetos reconhecíveis". A constituição dos não figurativos em toda a suas nuances da arte impessoal, construtivista, chamada de abstracionismo veio confrontar obras objetivistas e figurativistas (retrativistas ou retratistas). Segundo o grande pensador e crítico de arte Mário Pedrosa "O abstracionismo trouxe elementos plásticos não diremos novos, mas completamente depurados, pela primeira vez, de todo compromisso de comunicação direta, elevando assim a Arte a uma distância psíquica ideal: de uma lado, o artista individual em todo o livre desabrochar da personalidade, de outro - a obra falando sozinha uma linguagem própria, sem apelos diretos e sentimentalidades, a prazeres e sugestões externas, a angústias ou neuroses da vida privada do seu criador". Portanto, para ele, o que se apresentava ali era indiscutivelmente um movimento em direção a uma arte realmente internacional. Isso também entra em confronto com o romantismo passado que buscou criar uma identidade brasileira através de experiências vividas pelo sujeito, ligadas aos sentimentos, aos prazeres e a relação do sujeito com "sugestões externas". Portanto o abstracionismo estava, na concepção dos novos apreciadores do abstracionismo, dialogando e confrontando esse antigo modelo romântico, criador de identidades e narrativas históricas bastante limitadas. Excelente vídeo, mais uma vez não me canso de agradecê-lo por nos convocar a debater coisas fundamentais a nossa cultura quadrinística e a arte em geral.

  • @augustofonseca4773
    @augustofonseca4773 3 года назад +2

    Bacana a crítica Alexandre. Penso que, na maioria dos casos, o que deixa mais interessante o quadrinho nacional é termos uma cultura tão rica que podemos falar de nós mesmos em uma diversidade muito grande. Acho que o maior problema na verdade é o modismo, no qual o mercado só abre espaço para um tipo de quadrinho. Acredito que as duas vertentes podem coexistir otimamente bem.

    • @augustofonseca4773
      @augustofonseca4773 3 года назад +1

      Agora não tem como ter ranço do quadrinho brasileiro tendo autores como Ziraldo, Angeli, Laerte, Flávio Colin, Mauricio, Dahmer, Fernando Gonzales, Mutarelli, D'salete, Quintanilha, Wagner William, Shiko, etc ... e vou puxar sardinha aqui pra BH, quero te recomendar o quadrinho "Saino a percurá" do Lélis, aproveitando que em breve chega o Popeye dele ... e também da revista "Graffiti 76% quadrinhos" que foi uma iniciativa muito bacana com contou com a presença de diversos autores mineiros e brasileiros entre os anos 90 e 2000.

  • @EricaUToob
    @EricaUToob 2 года назад +1

    No futuro, eu planejo fazer um ARG no RUclips que se passa no Brasil, mas não penso em botar muitos detalhes brasileiros além dos nomes das personagens.

  • @robertojoseseixasdouradolo7489
    @robertojoseseixasdouradolo7489 3 года назад +2

    Boa tarde,
    Fiquei com algumas questões ao assistir esse vídeo. Primeiramente, creio que esse problema que você aponta decorre, entre outras coisas, da falta de espaço para o quadrinho brasileiro, isso apesar de estarmos vivendo um dos melhores momentos para a diversidade da produção de quadrinhos por aqui.
    Gostaria também de citar três obras que se parecem com as que vc citou: O despertar do Azul de L.M. Melite, Sheiloca, de Love Love 6 e Rasga - mortalhas, de Diogo Bercito e Pedro Vergani.
    Concordo que exista uma tendência muito forte em discutir o Brasil e seus problemas através das artes, no entanto, não vejo nenhum problema nisso, ao contrário, percebo mesmo a necessidade dessas discussões e as mudanças das narrativas ao longo dos anos, acompanhando as discussões que a sociedade brasileira vem fazendo sobre seu violento processo histórico e social.

  • @MineAnimator
    @MineAnimator 2 года назад +3

    A desgraça da arte atual é querer representar tudo e todos, você não precisa colocar brancos, negros, ruivos, héteros, gays e tudo mais em uma obra só, sempre tem outra obra de alguém por aí para o público que você não focar. E o público também tem que parar de exigir todas as representatividades, pois isso força a obra a ter aquilo não ela não foi feita para ter, imagine que tem uma história sobre um menino que gosta de escrever poesia e precisa lidar com o pai que é mecânico e quer que o filho também seja, com certeza algum leitor vai falar "mas por quê o menino não é homossexual?" Sendo que isso não não tem nada a ver com a proposta

  • @adrianolourenco4672
    @adrianolourenco4672 4 месяца назад +2

    Na verdade, está faltando ficção científica, falta fantasia, faltam aventuras, está faltando boas histórias que agrade esse público brasileiro que se acostumou com os quadrinhos de fora

  • @gabrielahermans4722
    @gabrielahermans4722 7 месяцев назад

    por favor , faz mais análises filosóficas!!! adoro seu ponto de vista sobre a questão humana :)

  • @renatocamillo7779
    @renatocamillo7779 3 года назад +8

    Os quadrinhos Brasileiros tem muito potencial. Há algumas semanas atrás eu comecei a ler o Angola Janga do Marcelo D'Salete, e fiquei surpreendido com a narrativa e arte dele. Olhando pro público que consome esse tipo de conteúdo no Brasil, percebi que boa parte acaba apenas se limitando aos quadrinhos japoneses e americanos (aos poucos veem surgindo um interesse pelos argentinos), talvez isso seja o resultado de anos e anos de merchan por parte das editoras em trazer títulos de fora e ignorar os nacionais, juntamente com o estereótipo de que os quadrinhos brasileiros se resumem apenas a Turma da Mônica... enfim, bom vídeo!

    • @renatocamillo7779
      @renatocamillo7779 3 года назад +5

      Vale ressaltar também que esse pensamento de que "o que é de fora é melhor" é um reflexo do pensamento da elite (tanto financeira quanto intelectual), que transmitiu para as classes menos favorecidas.

    • @giulyanoviniciussanssilva2947
      @giulyanoviniciussanssilva2947 3 года назад +2

      Depois de ler Guilherme Petreca eu abri totalmente a minha visão.
      Aí conheci o Magenta King, Bräo, Beiruth etc.
      Obras como Diomedes depois disso eu descobri, não só o mercado brasileiro, mas todo um mercado Sul Americano como um todo, a Argentina por exemplo não perde em nada lá pra fora o mesmo para o Brasil.

  • @caltamoio6705
    @caltamoio6705 3 года назад +1

    Disse tudo.
    Vc sacou uma parada que polemizo há anos.
    Maneiro o toque do quadrinho sobre Burroughs.
    Beatnicks? I Loved!

  • @fabianomoraestattoo38
    @fabianomoraestattoo38 3 года назад +1

    Me inscrevi agora. Terceiro vídeo seu que assisto. Sensacional, Mestre. Merece multiplicar muito o num. De inscritos. Parabéns 🤟🌻👏

  • @WilliamCorreia95
    @WilliamCorreia95 3 года назад +12

    Discordo levemente. De maneira geral, me parece que os quadrinhos são bastante retratistas em maior ou menor grau, independentemente da origem. Não falamos em quadrinhos franco-belgas, japoneses ou americanos apenas por uma questão estilística. Inclusive, acho que o retratismo pouco faz sentido em se tratando de Brasil porque, diferentemente de outros países cuja identidade nacional é mais ou menos definida, somos menos a amálgama de diferentes culturas do que a convivência forçosa entre elas. Talvez, o que exista é uma tendência à estereotipização, que deve ser mesmo combatida - embora esse não pareça ser tanto um problema dos quadrinhos, pelo menos daqueles que são aclamados aqui e lá fora. Geralmente, tais títulos tratam justamente do contrário: mostrar as diferentes facetas do que se acostumou a chamar de "povo brasileiro" para além daquela imagem que é empurrada goela abaixo (gente festiva, pacífica, hospitaleira e sorridente).

    • @silasbezerra6954
      @silasbezerra6954 3 года назад +5

      "somos menos a amálgama de diferentes culturas do que a convivência forçosa entre elas".
      Pô, eu colocaria fácil essa frase na bandeira em vez de "Ordem e Progresso"!

    • @QuadrinhosNaSarjeta
      @QuadrinhosNaSarjeta  3 года назад +8

      Excelente comentário William. Eu só discordaria levemente da sua leve discordância (rs). Não é a produção estrangeira que é necessariamente retratista, mas sim a nossa disposição de interpretar o corpus de uma produção artística a partir de retratos de povo e nação. Ou seja, o Japão, a França, os EUA podem fazer o diabo que nós vamos procurar retratos porque esse é um modo de leitura bastante forte em nós, ainda que não exclusivo.

    • @limorfl7829
      @limorfl7829 3 года назад

      Legal. Da pra levar esse assunto pro campo da ficção ficção. Tipo as viagens do Sergio macedo.

  • @klagemello
    @klagemello 7 месяцев назад

    Só uma observação. Concordo em parte sobre o que tu falou sobre a turma da Mônica. Mas já faz um bom tempo, muito antes dos atuais personagens representativos, que os roteiristas do Maurício fazem questão de diferenciar o Cascão. Daí a minha bronca por terem escolhido um ator de pele muito clara pra fazer o personagem no cinema.

  • @josefranciscobotelho4295
    @josefranciscobotelho4295 2 года назад +3

    Outro problema é que a arte brasileira hoje é moralista no sentido amplo, ou seja, mesmo quando escapa do retratismo, permanece a ideia de que tudo deve ter uma mensagem (social, politica) clara. O problema com o moralismo na arte é que achata ou mesmo proscreve a ambiguidade e portanto limita muito a possibilidade de exploração da imaginação e da condição humana. Susan Sontag escreveu sobre algo semelhante em "Contra a Interpretação".

  • @cynicalfella
    @cynicalfella 2 года назад +3

    Eu gosto do regresso de Jaspion e esse quadrinho é br. Eu não gosto de quadrinho brasileiro porque ou a gente só tem filósofo que se importa em contar uma filosofia.

  • @rarukishi
    @rarukishi 2 года назад +2

    isso é algo que parte de cima pra baixo... os editores escolhem o que querem publicar... só olhar os vencedores de concursos recentes. Entre os finalistas só tem obras com temas de brasilidade... se você for olhar os participantes, logo vê que tem sim obras diversas, mas estas não passam na peneira.

  • @Pedro-S1lva
    @Pedro-S1lva 3 года назад +1

    Ótimo vídeo Alexandre! Vc pretende fazer algum vídeo dando dicas de aprender outras línguas no intuito de ler quadrinhos? Francês por exemplo, só saber ler em português e inglês limita um tanto minhas leituras 😅

  • @zensaida
    @zensaida 3 года назад +2

    Já que falou em Distrito 9, que é cinema, tem um exemplo feito aqui com texto brasileiro e mergulhado no jeito brasileiro e suas "lendas" O auto da compadecida o filme, pouco assisto o cinema brasileiro, mas este filme me encantou como a muito tempo não era fisgado. Foi assim com a tenda dos Milagres e Dona Flor e seus 2 maridos que tem um pé na realidade do local onde ocorrem mas com a realidade fantástica junto.

  • @endovelicus74
    @endovelicus74 Год назад +2

    Desprezar um produto que não seja de um país X, famoso por ele, é uma auto-sabotagem. De quantas pessoas você mata o sonho de serem quadrinistas no estilo mangá por exemplo? ou até o teu sonho?

  • @deruzon
    @deruzon 3 года назад

    Ótimo vídeo, amo acompanhar o conteúdo que produz aqui no Qns. Quando possível, continue a trazer estes ótimos exemplos na literatura, pois não conhecia o conto "Casa tomada" e gostei muito.

  • @marcadiabo1
    @marcadiabo1 3 года назад +1

    Muito bom, eu fiz uma reflexão nesta via na introdução de uma antologia de contos de terror de membros da ABL, sobre como o que não faz parte de certa narrativa tende a ser esquecido, ignorado ou jogado pra baixo do tapete. Parece que nunca superamos essa forma de escapismo que é o naturalismo/realismo/retratismo

  • @danielonix6605
    @danielonix6605 3 года назад +1

    São poucos filmes Brasileiros que vi no cinema na minha opinião salvo um e outro para mim tem algum destaque , como você disse e só realidade do Brasil quando alguém lê um quadrinho ou vê filme quer sair um pouco da realidade porque problemas o Brasil tem não é preciso quadrinhos e filmes dizer para mim.

  • @kamiccolosama1995
    @kamiccolosama1995 2 года назад +3

    Eu gosto do quadrinhos br, me lembra as épocas do prézinho que eu pegava na biblioteca da escola pra ler, me remete a tempos mais felizes, ala a nostalgia kkkk

  • @natalicruz5500
    @natalicruz5500 2 года назад +7

    Ainda estou na metade do vídeo e já concordo com muita coisa. Mas acho que a arte brasileira tem essa tendência retratista TB muito pelo fato que o Brasil sofre com uma enorme baixa autoestima e o artista brasileiro acha que tem a obrigação de "levantar a bola" do Brasil. O artista brasileiro quer que as pessoas parem de admirar um cavaleiro medieval, fantasiar com "high school" Americana, samurais e etc e tenha esse sentimento por personagens e o cotidiano brasileiro...o problema que eu não vejo os personagens e cotidiano brasileiro permeando arte brasileira com tanta naturalidade para que isso aconteça...enfim...estou falando muito. Mas tocou em um assunto que gosto de falar mas raramente tenho oportunidade. Vou ver o resto do vídeo.

    • @irinaiturri
      @irinaiturri 2 года назад

      e também é dificil levantar a bola de um país se realmente não tem muito o que glamourizar de verdade, devido a tantos problemas sociais que temos. É dificil "levantar a bola" de país pobre ou em desenvolvimento mas que tá em momentos ruins, fica mais fácil ter glamour onde já tem riqueza/prosperidade ou ao menos um passado dourado (independente de ser real ou falso) idealizado e relacionado a isso ou em terras muito distantes e exóticas onde possamos projetar fantasiosamente um senso de aventura

  • @PedroBarretoCarioca
    @PedroBarretoCarioca 2 года назад +4

    Pois é, eu faço uma webcomic fantasiosa, mas devido a isso , ou a ter fanservice, o meu publico lá fora é muito maior do que aqui dentro. Eu concordo contigo eu acho que realmente o povo brasileiro fica muito fechado nessas historias muito realistas e cotidianas.

    • @Matheus-ek2wy7cv7r
      @Matheus-ek2wy7cv7r 2 года назад +1

      Qual o nome da webcomic ?

    • @PedroBarretoCarioca
      @PedroBarretoCarioca 2 года назад

      @@Matheus-ek2wy7cv7r "Bronze Skin Inc"

    • @Deckkkkkkk
      @Deckkkkkkk 2 года назад

      @@PedroBarretoCarioca Mas aí cê complica também Kkkkk Nah, brincadeira.

    • @talkysassis
      @talkysassis 2 года назад

      @@Deckkkkkkk Ué. E pq o nome tem que ser em pt-br?

    • @Deckkkkkkk
      @Deckkkkkkk 2 года назад

      @@talkysassis O público ser maior lá fora, uai. Kkkk Mas não leva a sério não, Kkkkkkk foi somente uma piada para descontrair o clima.

  • @pedrooctavio5817
    @pedrooctavio5817 3 года назад +1

    Eu vejo 3 pontos ruins boa gibis nacionais:
    1 - como são poucos, todo gibi novo acha que precisa debater temas sérios, sendo que as vezes eu só quero ver uma briga ou romance.
    2 - Como o mercado é pequeno, entra mais quem é muito apaixonado, então por exemplo tem mais professores e acadêmicos produzindo, enquanto no Japão tem programador que no têmpo livre faz mangás para concurso.
    3 - Por conta do mercado ser pequeno se cria uma vontade do gibi ser muito nacional, então geralmente não tem muitos elementos lúdicos, ou é na periferia ou em uma fazenda.

  • @gabrielfraga1742
    @gabrielfraga1742 3 года назад +7

    Que epifania! Somos muito retratistas mesmo, afinal somos o país das novelas.

  • @danielfigueiredo1402
    @danielfigueiredo1402 3 года назад +11

    Foi no gogó de novo. Apenas alguns comentários relacionados a isso para dialogar: esse retratismo artístico veio no pacote da literatura regionalista e do naturalismo brasileiro. Lembro que autores de obras primas foram jogados de lado devido a esta ênfase no regionalismo, para lembrar apenas um deles Cornélio Penna, e o gótico brasileiro (olha o horror), com "Menina Morta" caiu no ostracismo por rivalizar com a literatura regionalista (fortemente retratista).
    Outra coisa, o cinema brasileiro, com louváveis exceções, puxa esse carro junto com a literatura (não suporto mais aquela película amarelo âmbar, de cores quentes, secas e sufocantes de um "Cidade de Deus), aliás, filmaço. Para tirar a prova é só olhar as obras que ganham o Jabuti, no geral, a maioria segue essa regra do "retratismo estético". Excelente vídeo

    • @danielfigueiredo1402
      @danielfigueiredo1402 3 года назад +1

      O problema é que "a realidade" (o retratismo, a literalidade da forma) cansa.

    • @pedrobecker1218
      @pedrobecker1218 3 года назад +5

      @@danielfigueiredo1402, muito bem colocado! Parece que há um certo vício no naturalismo/regionalismo, que insiste em se fazer presente, ano após ano.
      Só um adendo: essa "película amarelo âmbar, de cores quentes, secas e sufocantes" que tu citaste, é um espelho de como os EUA nos veem. Ou seja, passa longe da realidade concreta. Representa uma visão imperialista sobre as ex-colônias, onde os países ditos subdesenvolvidos são retratados como sujos, quentes, perigosos, dominados pelo tráfico e sem lei (no caso, sem a "lei estadunidense", sendo esta a única legitima). Podemos dizer, até, que reflete uma imagem projetada pelas lentes do darwinismo social. Então vem a pergunta: o que nos leva a fazer um autorretrato estereotipado?
      Particularmente, acho fundamental a existência de uma arte militante. E me parece que esse tal "espírito guerrilheiro" paira sobre todas as ex-colônias que se levantaram contra as metrópoles. Temos uma arte crítica, crua, ou "retratista", como o Linck colocou, nessas antigas colônias. A título de exemplo, esse "espírito guerrilheiro" atravessa todos os aspectos dessas sociedades, atingindo, inclusive, as religiões mais conservadoras (não é à toa que, na américa latina, surgiram movimentos religiosos ligados ao marxismo). No entanto, ainda vemos obras que, em termos de conteúdo, se colocam como críticas, mas, em termos estéticos, reproduzem aquela mesmice estereotipada - isso quando o próprio conteúdo já não é estereotipado. Por quê? Será que, numa certa medida, nos vemos do mesmo modo como somos representados, e, então, produzimos tais obras? E se assim nos vemos, será que não somos nós mesmos os responsáveis por "impedir" uma maior proliferação de obras que destoem desse modus operandi artístico? Às vezes, me parece que nos falta tato para percebermos que podemos muito bem nos impor, nacional e internacionalmente, com algo "original", que destoe do padrão esperado, do senso comum, do retratismo, e que isso também configura um modo de resistência. Enfim... minhas perguntas são retóricas, refletindo a minha percepção da coisa.

  • @gasparkandera9095
    @gasparkandera9095 9 месяцев назад +2

    O problema do cinema brasileiro : filmes com excelente fotografia porém roteiros ruins , finais abertos , a ideologia entra na frente da obra formando clinches fracos e batido argumentos ruins , filmes que prometem algo e não cumprem. Qual o problema do quadrinho brasileiro : a corrente ideológica que permeiam os filmes é igualzinha ao que colocam nos quadrinhos . A obra fica ruim ! Minha sugestão seria melhorar a estética e os roteiros tanto dos filmes
    Como dos quadrinhos .