Debate muito interessante sobre o tema. Tiveram ambos uma postura muito madura e construtiva! Queria apenas acrescentar um ponto que penso que não foi explorado: quando é mencionada uma atitude irresponsável que possa resultar num aborto, e esta mesma atitude é "equiparada" a um acidente de carro, a mesma questão deveria ser colocada: a pessoa que foi irresponsável a conduzir, deve ser obrigada a colocar os seus orgãos ao dispôr da pessoa vitimizada, para que esta possa sobreviver? Realçando o excelente debate que foi realizado, penso que não deram foco suficiente num dos pontos fulcrais do debate que é a questão de autonomia corporal. Com a penalização do aborto, o que acontece é que de facto, estão a dar mais direitos a um feto do que qualquer outro ser vivo num mundo civilizado: em nenhuma circunstância, o corpo de uma pessoa pode ser utilizado para beneficio de outra, por muito má que o/a sujeito/a seja ou mesmo que essa pessoa tenha sido a causa da infelicidade de outra, nem mesmo se o impacto nela for nulo. O mesmo se passa com cadáveres: Não é permitido utilizar orgãos de um cadáver, mesmo que estes salvem a vida de uma criança inocente, caso essa pessoa, quando viva, não o tenha permitido. Esta dualidade de critérios não pode existir. Quando se sucede a penalização do aborto, o que na prática acontece é a mulher grávida passar a ter menos direitos que qualquer outro ser humano, uma vez que o corpo dela está a ser utilizado em beneficio alheio sem o seu consentimento, e o feto passar a ter mais direitos que qualquer outro ser humano. No caso do feto ser do sexo feminino, irá perde-los no imediato momento em que sai do utero da mãe e o cordão umbilical é cortado. E é sobre isto que as pessoas que são contra precisam de estar confortáveis.
ANTES DE COMENTAR LEIAM ISTO 👇🏽 Olá! Daqui Tomás Magalhães. Contemplei não partilhar este vídeo porque depois de o ver fiquei com a sensação de ter passado uma imagem mais anti-aborto do que realmente sou 🤓. Embora diga logo no início que, de forma a tornar o debate mais rico, assumi propositadamente a posição mais pro-vida possível dentro do meu espectro de incerteza, a verdade é que como acabámos por focar quase exclusivamente na parte MORAL (somos um bocado viciados em dilemas morais) acabei por não expor a minha visão no que toca à parte LEGAL. Uma amiga disse-me (e muito bem) que as pessoas poderiam confundir a minha visão MORAL pessoal (ainda que propositadamente exagerada) com uma posição LEGAL de proibição total do aborto. Oh no! Então, para clarificar: a minha opinião LEGAL neste momento (e que pode ser outra daqui a uma boa conversa) está alinhada com a lei Portuguesa. Talvez reduziria de 10 para 8 semanas o direito geral, mantendo todos os prolongamentos que já existem para violação, malformações e outros perigos. Um dia se calhar faço um vídeo tranquilão a explicar porquê. Independentemente da minha opinião pessoal, uma das razões para ser a favor da escolha durante esse período é porque após muito estudo (principalmente Meta-ética a Desenvolvimento Neurológico do Feto) e muita leitura, sei que as decisões morais são muito mais EMOTIVAS e menos racionais do que gostamos de pensar. Uma das coisas que aprendi nesse meu estudo foi que para muita gente bastaria que o feto ao terceiro dia (mantendo todas as mesmas características neurológicas de senciência) tivesse o aspecto FÍSICO de um bébé recém-nascido a sorrir, que muita gente pelo mundo fora já SENTIRIA o aborto como sendo moralmente condenável a partir desse momento. Para quase toda a gente o valor moral de um feto é uma soma de MUITAS coisas e cada um de nós dá peso diferente a cada uma dessas variáveis. Não há uma fórmula matemática para o crescendo gradual do valor moral do feto. Assim sendo, tal como existem pessoas inteligentes, cultas, e bondosas que SENTEM o embrião de 10 semanas como sendo equivalente a um bébé (e que por isso sentem o aborto como análogo ao homicídio), também existem muitas pessoas - como foi demonstrado no referendo - que não o sentem DE TODO. Sem querer filosofar demais, por muito imperfeita que a democracia seja, é a melhor forma de organização que temos. Ainda que acredite que na nossa vida pessoal a consciência moral deva estar acima da lei, nestes casos fraturantes acredito que nenhum de nós deve ousar IMPOR a sua visão moral aos outros acima da democracia. Para mostrar que leste isto começa o teu comentário por ABÓBORA 😂
Tomás, acho que em nenhum momento referi que os homens não podem falar do assunto. Até disse, uma coisa é falarem, outra é terem um poder de decisão num tema que afecta principalmente as mulheres. Vi a introdução e parece-me que os dois saltaram imediatamente para o ponto seguinte concordando que fazem muito bem em estar a falar (que eu não estou a dizer que não). O que contraponho (e acho discutível) é, num referendo, o vosso voto valer tanto como o da mulher. Saber as estatísticas de opinião em relação ao género, como o Pedro referiu, é um dado bastante importante, neste caso.
@@MrsMariaFroes isso abre precedentes perigosos... em democracia, isso de "qualificar" votos para "consultas" sejam referendos ou eleições, pode levar a situações muito complexas. Na assembleia, devem apenas ser as deputadas mulheres a discutir e aprovar diplomas que dizem respeito exclusivamente a mulheres? Mas entendo de onde vem esse comentário.
@@eduardocosta5298 sinceramente, eu sentia mais confiança que fossem apenas deputadas mulheres a aprovar diplomas que dizem respeito a mulheres. Não podendo escolher ninguém mais bem qualificado, em termos de representatividade. Por outro lado, revolta-me que o que aconteceu nos EUA tenha sido uma decisão tomada por 5 homens + 1 mulher.
@@MrsMariaFroes entendes como essa linha de pensamento é perniciosa? Se aplicarmos esse raciocínio a cada tema, há temas onde as mulheres também não são consultadas... ou negros... ou gays... estrangeiros... etc. Em vez de termos uma coesão social, temos fragmentos, "bolhas" que categorizam pessoas em vez de as ouvirem e integrarem na sociedade.
Certo. Mas se estiver em causa a representatividade da "vítima" acho um factor importante a considerar, sim. Voltando ao exemplo dos EUA, 9 juízes no total, 5 homens votaram a favor de reverter a decisão Roe V. Wade, 1 votou contra. Já 1 mulher votou a favor, e 2 votaram contra. Se só fossem considerados os votos das mulheres, o resultado teria sido outro. Se queremos viver em democracia, então o mais importante, na minha opinião, é garantir a representatividade, da sociedade como um todo e não por influência da história que nos trouxe até aqui. Os tais 50/50 que o Pedro falava. Deixo aqui umas estatísticas interessantes : archive.ipu.org/wmn-e/classif.htm news.gallup.com/poll/245618/abortion-trends-gender.aspx
Olá, Tomás! Olá, Pedro! Obrigada por esta conversa tão rica que, mais do que nos dar respostas, cria perguntas. Num tema polémico como este, é fácil escalar para o insulto, intolerância e falta de empatia. Debates construtivos dão-nos a oportunidade de questionar as nossas ideias e crenças, perceber que as coisas não são tão lineares como parecem e que há muitos tons de cinzento. É sempre bom recordar que todos nós somos fruto das nossas circunstâncias e que a nossa forma de pensar e agir poderia ser totalmente diferente se tivéssemos nascido e crescido do outro lado do mundo. Assim, este tipo de conteúdo torna-se urgente, não só por nos permitir refletir sobre o tema aborto, mas também por nos fazer pensar sobre a forma como olhamos para quem pensa diferente de nós. Frequentemente, temos a tentação de classificar as pessoas como “boas ou más” e este tipo de discussão ensina-nos a sermos mais tolerantes, compreensivos e empáticos. Muito obrigada! 🤍
Abóbora. Olá. Bom debate. Apreciei terem esclarecido o factor "fake" ou exagerado da posição do Tomás, tanto no vídeo como nos comentários. Também gostei que tivessem falado logo do aspecto possivelmente polémico de serem dois homens a discutir este assunto. Gostei muito dos exercícios morais e acho que aprendi algo com eles. A minha posição, é basicamente a do Pedro e não o achei exagerado nem radical em nada do que disse. Em termos de "anedoctal evidence", acredito que todos temos exemplos para dar e vender. Tenho a amiga anti-aborto que o fez, a que levou a fim uma gravidez indesejada que foi a melhor coisa que lhe aconteceu, e as que abortaram uma ou mais vezes e que nunca se arrependeram mas para quem a experiência nunca foi desejável, divertida, ou fácil. Algumas delas são mulheres que fizeram de tudo para não engravidar mas que foram a exceção à regra, outras tiveram realmente uma atitude mais relaxada. Há de tudo. E a solução nunca (pelo menos até às tais 10 semanas) deveria ser recorrer a um mercado ilegal, potencialmente perigoso, e com repercussão penal. Acho que se tocou de forma leviana em alguns assuntos, especialmente no de "dar" uma criança para adoção. Não se pode ignorar a complexidade dessa opção. Não só do ponto de visto do sistema que governa as adoções (confesso não o conhecer bem em Portugal mas sei de realidades do nosso país vizinho que são extremamente polémicas e complicadas) e das instituições que tutelam as crianças até elas poderem ser adoptadas, mas acima de tudo do ponto de vista do peso dessa escolha para uma mulher (ou eventualmente um casal). - Pá desculpem lá, essa frase ficou um bocado comprida. - O sacrifício físico, emocional e moral (que acredito tocará também à gestante que não quer ter um filho/a no fim da gravidez) têm que ser considerados. Escolher entre aborto e adoção não é exactamente como comprar um par de sapatilhas online e andar com elas uma vez para se aperceber que não são o tamanho certo mas agora já não dá para devolver. A escolha entre "deitar fora" as sapatilhas (opção pouco utilitária e pouco sustentável) ou a de dar ou vender em segunda mão, near mint condition, (um ponto para a economia circular) é, comparativamente, pouco consequente. Também acho que a metáfora do atropelamento da criança órfã que só sobreviverá se ligada a uma máquina por 9 meses ao condutor que teve azar, sinceramente não faz sentido. Esse sacrifício e os custos a ele associados são praticamente efêmeros e a "recompensa", a de salvar a vida no caso que assim se escolha, imensurável. O preço de não a salvar existe claramente, mas eu pessoalmente não acredito que se possa paragonar à tal gravidez e parto "forçados". Sou mãe, defensora do direito ao aborto e, pessoalmente acredito que muito poucas circunstâncias me levariam a alguma vez escolher abortar. E acho que todas elas estão cobertas pela lei seja aí em Portugal como na Dinamarca, onde moro. Acho que o que é preciso debater cai um pouco ao lado do que foi aqui falado (especialmente se ninguém está a dizer que a lei em Portugal é demasiado liberal). Acho que devíamos falar mais sobre temas que pareciam começar a aproximar-se no final do debate. A responsabilidade do homem em evitar gravidezes indesejadas, por exemplo, e para começar. Seria para mim um debate muito mais interessante, rico, útil e progressista entre dois homens que foram recentemente pais. Fica a ideia. Há muito mais para discutir em relação a este assunto e é difícil não entrar em reflexões acesas sobre o estado da política nos EUA nos tempos que correm. Mas acho que não é por aí. Há realmente que olhar para isto doutra maneira e achei super interessante a ideia de no futuro se olhar para trás com horror à noção de abortar. Acho que faz perfeitamente sentido, deveríamos conseguir evitar gravidezes indesejadas para que o aborto não seja uma opção necessária e o ónus disso cai em ambas as pessoas que têm actos sexuais que podem resultar numa gravidez. Bom projecto, há mesmo que despolarizar. PS: perdoem-me os inglesismos e algum erro gramatical, o meu português está enferrujado.
Mas se no futuro poderá ser visto como “horror” abortar porque não achar agora que é um “horror “ ? O que me parece é que estão a dizer que o abortar é de facto um “horror” mas que justifica porque não há outra oração quando a gravidez não é desejada, ou quando não dá jeito ? Ou por qualquer outra razão ?
@@tafteresataf Do meu ponto de vista, é lamentável ainda termos que engravidar quando não o queremos (seja porque motivo for). Esse é o "horror", passo expressão.
Abóbora 😅 Que violência emocional tão grande para uma mulher que não quer estar grávida levar uma gravidez até ao final e depois doar para a adoção! Não consigo nem imaginar se isso fosse a realidade, seria triste demais! Completamente zero de liberdade para a mulher e é triste as pessoas não verem isso! Se fosse uma questão do corpo do homem nem haveria debate!
Excelente episódio, não conhecia o Pedro mas foi um excelente convidado. Um ponto: gostava imenso que acabassem o programa a tentar legislar uma lei para o aborto (podia até ser especificamente para os USA por razões óbvias da impopularidade que a decisão teria dentro de um grupo especifico de pessoas) em que conseguissem chegar a num "mal menor" em que ambos conseguissem acordar que seria uma legislação aceitável e não completamente divisória ou extremada.
Pumpkin. Se me permitem contribuir para a discussão, algumas considerações: A diferença entre o aborto e a IVG: não querendo ser pedante, creio que é necessário fazer a diferença entre o aborto e a interrupção voluntária da gravidez. O facto de ter ali a palavra voluntária faz toda a diferença. Nenhuma pessoa com o mínimo de empatia, condena uma mulher por esta ter tido um aborto espontâneo, ou por outras palavras, involuntário. Toda esta conversa começa quando estamos a debater se uma mulher (ou outras pessoas) devem voluntariamente terminar uma gravidez. As diferentes dimensões sobre o tema Este tema é bastante complexo, porque se fosse simples, provavelmente já tinha sido resolvido há muito tempo. Por isso, reuni aqui algumas dimensões que considero importantes a ter em conta, às quais adiciono algumas questões que, na minha opinião, também devem ser ponderadas. - Política/Legislativa: Quanto da posição oficial do partido é representativa da opinião dos seus membros e dos seus representantes/simpatizantes? Será a opinião final decidida entre portas por um grupo restrito de pessoas sobre as quais nada sabemos, através de métodos que não conhecemos? Qual é a base ideológica de cada partido para defender a posição que defende? É consistente com outras posições defendidas relacionadas com o tema? São opiniões que estão ajustadas aos nossos dias? De que forma a posição fortalece/fragiliza o partido junto do seu e potencial eleitorado? De que forma a posição final se enquadra com a nossa constituição? De que forma é que a IVG se enquadra nas políticas de saúde/planeamento familiar? - Legal/Jurídica: de que forma é realizar uma IVG é diferente de outras formas de terminar a vida que são crime? Ou que não são crime? Quais são os fundamentos legais para que o feto tenha direitos e tenha direitos de proteção da sua vida? Existem diferentes tipos de IVG’s que podem penalizar a mulher em diferentes graus? E se for o feto que coloca a vida da mulher em risco e o aborto é a única alternativa para manter a vida da mulher, o feto pode ser acusado de atentado à vida? Pode o estado e a lei se sobrepor à autonomia da mulher sobre o seu próprio corpo? Porque pode a mulher se sobrepor à autonomia do feto sobre o seu próprio corpo? A partir de que momento atribuímos personalidade jurídica ao feto? Esse reconhecimento implica outro tipo de obrigações como qualquer outro cidadão? - Saúde: a não realização da IVG coloca em risco a saúde da mulher, então qual é o dever do estado perante a mulher que está em risco de vida por causa da gravidez? Qual é o número de mulheres que recorrem à IVG? Qual é a opinião científica sobre o tema? E deontológica? Quais são as alternativas para mulheres que querem recorrer à IVG mas não podem fazer em segurança e legalmente? Quais são os riscos de saúde para as mulheres que recorrem à IVG em segurança ou a outras soluções? Qual é o risco real para saúde do corpo e saúde mental para as mulheres no caso de realizar IVG fora do procedimento seguro? A realização de uma IVG inviabiliza futuras gravidezes para a mulher? Quais são os custos financeiros para o orçamento da saúde para tratar efeitos de IVGs clandestinas? Quais são os custos de incluir a IVG no orçamento da saúde? - Social/Moral: o direito à vida é um dos direitos inalienáveis partilhado por todas as sociedades do mundo. Nesta situação, a mulher e o feto têm o mesmo direito? Pode uma pessoa decidir terminar a vida/potencial vida de outra pessoa de forma legal, sem que essa pessoa tenha cometido qualquer crime? O fenómeno da IVG é transversal a todas as mulheres, de todos estratos sociais? Qual é a caracterização sociodemográfica das mulheres que recorrem à IVG? Qual é a probabilidade de reincidência? Está a sociedade preparada para aceitar a IVG como um direito das mulheres ou estará mais predisposta para condenar quem recorre à IVG? Que outros equivalentes morais colocam em causa a posição final? - Filosófica/Religiosa: O que define a vida que deve ser protegido? O que cada religião defende relativamente a este assunto e quais são as suas bases? De que forma a posição final é um atentado contra o sistema de crença instituído? Este é um tema de decisão da esfera pessoal ou não? O que mantém na esfera pessoal ou que o transforma da esfera pública? Será o direito à vida da mulher mais importante que o direito à vida do feto? Devemos culpabilizar/responsabilizar a mulher por descuido nas relações sexuais e obriga-la a levar a termo uma gestão de uma vida inocente, independentemente do tipo de transtornos que isso possa trazer a sua vida? Será uma mulher capaz de decidir e viver em paz com a decisão de interromper uma gravidez? Estas são algumas das perguntas a considerar entre muitas (muitas!) outras. Umas são estúpidas, mas outras nem por isso. Uma coisa é certa: nenhuma mulher faz um aborto porque acha que vai ser divertido.
Abóbora. Adorei a conversa. Foi o meu episódio preferido do despolariza. Os dilemas levantados levam-nos a questionar as nossas opiniões e a ver os problemas de outro prisma. Sou fã dos dois. Continuação de bom trabalho.
Boa noite! Gostei imenso do debate e sinto que fiquei ainda mais rico neste tema tao polémico. No entanto, senti (e espero não estar enganado) que houve uma questão que não foi tao explorada que reside no debate entre coletivo e individual. No caso do Pedro, ainda que não considere uma pessoa (por aqueles 3cm de pele😂) não fará sentido pensar no contributo para o bem estar da sociedade em geral. Por exemplo, mesmo que essa mãe não seja feliz após o nascimento do seu filho, e mesmo que esse filho tenha enfrentado diversos problemas durante a sua educação, este poderá fazer outras pessoas felizes incluindo ele mesmo. Neste caso, continuará a fazer sentido pensarmos numa vertente mais individual e não numa mais coletiva? Mais uma vez obrigado, e parabéns por esta iniciativa!
O aborto é sempre uma decisão muito triste para uma mulher ou casal. Penso que o aborto legal idealmente não deveria ultrapassar as 10 semanas, salvo em caso de estupro, malformações ou risco de vida da mãe. Pessoalmente não consigo lidar bem com abortos a partir das 11 semanas.😢 Mas acho que temos que saber respeitar as opções da mulher ou do casal. Nenhuma mulher acorda de manhã grávida e vai fazer um aborto só porque lhe apetece, não é simples.
Abóbora. Fiquei com menos certezas da minha posição por isso acho que o objectivo de ser despolarizado foi cumprido. Acho que está aqui um grande contributo para a continuação da discussão deste tema na esfera pública. Muito obrigado pelo debate. Espero que abordem mais temas.
Imaginemos que acordamos num hospital e estamos ligados a outro homem ou mulher por uma transfusão de sangue. Esta permite a esse ser que nos é adido, continuar vivo. A partir do momento que, nós nos desligamos dele, para seguirmos a nossa vida, porque a final de contas não temos nada a ver com aquele adido, não nos deve de ser condenado o ato de sairmos da relação, pois temos direito à nossa vida. Não temos nenhuma obrigação de abdicar de nós em prole de um outro ser. Embora fosse uma acção super meritória.
Se a moralidade é algo na qual nós podemos escolher o que fazer, e o que não podemos, então já há livre arbítrio, porque na moralidade temos a faculdade de escolher, certo?
Boua nôite aicho inademisival comu falarão açim do aborto! Estou a brincar, achei riquíssima esta conversa de quem óbviamnete não sabe tudo sobre este tema, como quase todos nós em quase todos os temas, e mesmo assim se disporem a estudar o que está ao vosso alcance e conversar sem medo, como nos bons velhos tempos! A minha posição, que sempre tendeu a ser a favor de legalizar o aborto, o que não implicaria deixar de olhar para o assunto como uma grande responsabilidade de lidar com a vida humana (comparando de forma básica, como o álcool ou tabaco, é legal porém sensibilizamos para a responsabilidade do seu uso). Depois de vos ouvir, com argumentos que nunca consegui ouvir em mais lado nenhum, tal tem sido o ruído, confesso que só fiquei mais confuso... e informado também, o que prova que este tema é, de facto, complexo e talvez seja demasiado redutor simplificá-lo a uma frase de um cartaz nas redes sociais. Obrigado por me terem gerado tantas dúvidas :)
Confesso que para mim opinião de homem sobre o aborto só conta quando ele é a favor porque quando é contra é o mesmo que ir contra a minha liberdade! 🙃
Abóbora. Lamento que tenha sentido a necessidade de esclarecer a sua posição porque isso diz muito sobre a (in)tolerância em que vivemos. Muito bom debate!
Obrigado, Tomás e Pedro! Sobretudo por me fazerem sentir mais normal nas dúvidas e incertezas que tenho em relação ao tema. Não consigo mesmo perceber a facilidade com que se polariza num tema tão delicado. Um abraço!
Não se trata que os homens não podem falar e argumentar, a questão é exatamente ao contrário. As mulheres não poderam falar e argumentar durante anos e anos sendo uma consequência para elas. Sem falar da violência emocional para a mulher para continuar com uma gravidez indesejada ou ainda doar um bebê depois de passar por uma experiência traumática. Se por um lado temos de defender aqueles que são os mais indefesos, o direito ao aborto veio exatamente nesse sentido, defender as mulheres pois nao eram "inferiores" aos homens.
Quero apenas acrescentar a esta conversa que me parece pouco coerente afirmar que este também é uma debate de homens e que os mesmo também sofrem com estas questões, mas por outro lado dizer várias vezes que a responsabilidade é da pessoa que engravidou involuntariamente. O problema também está aí. A facilidade com que se culpa as mulheres de tudo e mais alguma coisa. Se a questão fosse analisada de forma racional e utilitária, o homem devia ser o responsável em utilizar métodos anticoncepcionais, sendo que pode engravidar 1 ou mais pessoas por dia, ao contrário das mulheres que podem engravidar só num curto período de tempo por mês e podemos ainda acrescentar que a mulher engravidando, se levar a gravidez até ao fim, durante os nove meses não engravida. Não existem razões hoje em dia para que as coisas não funcionem assim, apenas o facto de os homens não querem passar por esse desconforto (estão no seu direito e nós também) e ser demasiado estranho para a sociedade colocar o homem nesse papel, enquanto nós nos sentimos obrigadas a ter essa responsabilidade, com todas as suas repercussões, porque se não engravidamos e se engravidamos somos julgadas (continuando ou não com a gravidez, vai depender). É cansativo e deixa-me com um nó na garganta ouvir este tipo de argumento injusto, sou sincera. Boa continuação e espero ter contribuído!
Com todo o respeito pela vossa tentativa de chegar a uma verdade com este debate, acho que há algumas definições que poderiam ter sido melhor definidas, com a devida fonte e talvez algum maior rigor científico, sem querer soar desconstrutivo. Nessas situações sem definição assumida, acho que seria bom reforçar que estão mais no campo opinativo que técnico. Exemplos: 1) Não percebi a teoria de que uma pessoa se define pela capacidade de sinapse mas talvez tenha percebido mal. Se percebi bem e foi mesmo isso que foi defendido, gostaria de saber de onde veio essa definição e como é que se distingue todo o animal que faz sinapses da pessoa humana. 2) Partindo do princípio de que a definição de pessoa se sustentou na capacidade de fazer sinapse e que foi argumentado que essa definição é o que define o cutoff para a possibilidade de aborto, também gostaria de saber a fonte científica que justifica o tal surgimento na vigésima semana. Na literatura científica encontram-se referências entre a 5a e a 20a semana para o início das sinapses neuronais. Maturação sináptica só acontece muito mais tarde, entre o 1o e 3o ano, e continua a desenvolver-se até bem mais tarde. Aliás, convido-vos a ler a definição médica para paralisia cerebral. Posto isto e baseando-nos nessa definição sináptica, quando é que a pessoa é pessoa? Desde a 1a sinapse ou desde um conjunto de sinapses maduras? 3) Não será mais fácil definir um ser em potencial de pessoa do que pessoa em si? Não sei se alguma vez se chegará a algum consenso sobre definição de pessoa, um conceito por si só abstracto e não objectivável. Especialmente, nunca haverá consenso sobre o cutoff de transição. 4) No mundo médico, a existência de cutoffs é por si só controversa. São forma criadas para tornar mais fácil a definição de doenças, factores de risco, critérios para tratamento, etc. O movimento médico recente tende para nos afastarmos de cutoffs binários e aproximarmos de espectros. Nesse espectro, interessa para motivos de rastreio usar o valor mais sensível possível e para motivos de certeza diagnóstica o valor mais específico possível. 5) Aplicando a definição espectral à definição de pessoa ou de ser em potencial de pessoa, interessa sobretudo (na minha opinião, mas estou disposto a que me convençam do contrário) usar um valor o mais sensível possível, já que estamos a falar numa possível morte intencional de uma pessoa, algo que poucos aceitarão. E sobre ainda mais tudo o facto de que não estamos a falar daqueles exemplos clássicos que separam os utilitaristas dos deontológicos em se uma morte é pior que várias. Neste caso falamos de uma morte de um ser potencialmente pessoa de um lado vs 0 mortes do outro [a perda do outro lado é uma eventual e não necessária perda de liberdade ou condições, quer da pessoa que está em potencial ou mesmo da sua mãe (para provar o "não necessária" basta conhecer melhor a verdadeira história da famosa Noma McCorvey ou Jane Roe, que deu nome à tão discutida lei Roe v. Wade)].
Olá Tomás e Pedro. Sinto que já cheguei tarde. Contudo, queria só esclarecer um ponto que não me parece bem explicado, e que talvez ajude o Tomás no seu dilema moral: O uso da pílula do dia seguinte não é, em si, uma técnica abortiva, uma vez que ela não 'destrói' o potencial ovo que esteja a caminho de se implantar no endométrio. A pílula do dia seguinte atua como uma pílula contraceptiva, ao impedir ou ao atrasar o momento da ovulação, e como tal o espermatozóide não conseguirá fecundar em tempo útil. Caso tenha ocorrido já a ovulação, e no decorrer de uma relação sexual, uma fecundação, a pílula do dia seguinte consegue tornar o endométrio menos espesso, e portanto, praticamente inóspito à implantação do ovo. Como tal, nunca se poderá saber com certeza se a pílula efetivamente impediu uma gravidez, muito menos uma gravidez que fosse a bom porto (uma vez que também é relativamente normal a ocorrência de abortos espontâneos nas primeiras semanas de gravidez). Posto isto, quero dizer que gostei muito desta vossa conversa, e talvez tenha sido a primeira vez que gostei de ouvir 2 homens a debater este assunto sem a presença de, pelo menos, uma mulher. Provavelmente porque pude escolher se queria e quando queria ouvir-vos. ;)
Ola, Ola! Queria só dizer que não é que os homens “não possam” falar acerca do aborto. Eu diria é que são sempre homens (maioritariamente brancos) a fazê-lo e faz falta diversificar os interlocutores. Se vocês querem ou não contribuir para essa diversidade, será outro assunto. Beijinhos
Que comentário deficiente. Assuntos onde se debatem a moralidade e a lógica de matar um ser humano têm que ser discutidos por seres humanos. Qual é a dúvida?
Debate muito interessante sobre o tema. Tiveram ambos uma postura muito madura e construtiva!
Queria apenas acrescentar um ponto que penso que não foi explorado: quando é mencionada uma atitude irresponsável que possa resultar num aborto, e esta mesma atitude é "equiparada" a um acidente de carro, a mesma questão deveria ser colocada: a pessoa que foi irresponsável a conduzir, deve ser obrigada a colocar os seus orgãos ao dispôr da pessoa vitimizada, para que esta possa sobreviver?
Realçando o excelente debate que foi realizado, penso que não deram foco suficiente num dos pontos fulcrais do debate que é a questão de autonomia corporal. Com a penalização do aborto, o que acontece é que de facto, estão a dar mais direitos a um feto do que qualquer outro ser vivo num mundo civilizado: em nenhuma circunstância, o corpo de uma pessoa pode ser utilizado para beneficio de outra, por muito má que o/a sujeito/a seja ou mesmo que essa pessoa tenha sido a causa da infelicidade de outra, nem mesmo se o impacto nela for nulo. O mesmo se passa com cadáveres: Não é permitido utilizar orgãos de um cadáver, mesmo que estes salvem a vida de uma criança inocente, caso essa pessoa, quando viva, não o tenha permitido.
Esta dualidade de critérios não pode existir. Quando se sucede a penalização do aborto, o que na prática acontece é a mulher grávida passar a ter menos direitos que qualquer outro ser humano, uma vez que o corpo dela está a ser utilizado em beneficio alheio sem o seu consentimento, e o feto passar a ter mais direitos que qualquer outro ser humano. No caso do feto ser do sexo feminino, irá perde-los no imediato momento em que sai do utero da mãe e o cordão umbilical é cortado. E é sobre isto que as pessoas que são contra precisam de estar confortáveis.
ANTES DE COMENTAR LEIAM ISTO 👇🏽
Olá! Daqui Tomás Magalhães. Contemplei não partilhar este vídeo porque depois de o ver fiquei com a sensação de ter passado uma imagem mais anti-aborto do que realmente sou 🤓.
Embora diga logo no início que, de forma a tornar o debate mais rico, assumi propositadamente a posição mais pro-vida possível dentro do meu espectro de incerteza, a verdade é que como acabámos por focar quase exclusivamente na parte MORAL (somos um bocado viciados em dilemas morais) acabei por não expor a minha visão no que toca à parte LEGAL. Uma amiga disse-me (e muito bem) que as pessoas poderiam confundir a minha visão MORAL pessoal (ainda que propositadamente exagerada) com uma posição LEGAL de proibição total do aborto. Oh no!
Então, para clarificar: a minha opinião LEGAL neste momento (e que pode ser outra daqui a uma boa conversa) está alinhada com a lei Portuguesa. Talvez reduziria de 10 para 8 semanas o direito geral, mantendo todos os prolongamentos que já existem para violação, malformações e outros perigos. Um dia se calhar faço um vídeo tranquilão a explicar porquê.
Independentemente da minha opinião pessoal, uma das razões para ser a favor da escolha durante esse período é porque após muito estudo (principalmente Meta-ética a Desenvolvimento Neurológico do Feto) e muita leitura, sei que as decisões morais são muito mais EMOTIVAS e menos racionais do que gostamos de pensar. Uma das coisas que aprendi nesse meu estudo foi que para muita gente bastaria que o feto ao terceiro dia (mantendo todas as mesmas características neurológicas de senciência) tivesse o aspecto FÍSICO de um bébé recém-nascido a sorrir, que muita gente pelo mundo fora já SENTIRIA o aborto como sendo moralmente condenável a partir desse momento. Para quase toda a gente o valor moral de um feto é uma soma de MUITAS coisas e cada um de nós dá peso diferente a cada uma dessas variáveis. Não há uma fórmula matemática para o crescendo gradual do valor moral do feto.
Assim sendo, tal como existem pessoas inteligentes, cultas, e bondosas que SENTEM o embrião de 10 semanas como sendo equivalente a um bébé (e que por isso sentem o aborto como análogo ao homicídio), também existem muitas pessoas - como foi demonstrado no referendo - que não o sentem DE TODO. Sem querer filosofar demais, por muito imperfeita que a democracia seja, é a melhor forma de organização que temos. Ainda que acredite que na nossa vida pessoal a consciência moral deva estar acima da lei, nestes casos fraturantes acredito que nenhum de nós deve ousar IMPOR a sua visão moral aos outros acima da democracia.
Para mostrar que leste isto começa o teu comentário por ABÓBORA 😂
Tomás, acho que em nenhum momento referi que os homens não podem falar do assunto. Até disse, uma coisa é falarem, outra é terem um poder de decisão num tema que afecta principalmente as mulheres. Vi a introdução e parece-me que os dois saltaram imediatamente para o ponto seguinte concordando que fazem muito bem em estar a falar (que eu não estou a dizer que não). O que contraponho (e acho discutível) é, num referendo, o vosso voto valer tanto como o da mulher. Saber as estatísticas de opinião em relação ao género, como o Pedro referiu, é um dado bastante importante, neste caso.
@@MrsMariaFroes isso abre precedentes perigosos... em democracia, isso de "qualificar" votos para "consultas" sejam referendos ou eleições, pode levar a situações muito complexas. Na assembleia, devem apenas ser as deputadas mulheres a discutir e aprovar diplomas que dizem respeito exclusivamente a mulheres?
Mas entendo de onde vem esse comentário.
@@eduardocosta5298 sinceramente, eu sentia mais confiança que fossem apenas deputadas mulheres a aprovar diplomas que dizem respeito a mulheres. Não podendo escolher ninguém mais bem qualificado, em termos de representatividade. Por outro lado, revolta-me que o que aconteceu nos EUA tenha sido uma decisão tomada por 5 homens + 1 mulher.
@@MrsMariaFroes entendes como essa linha de pensamento é perniciosa?
Se aplicarmos esse raciocínio a cada tema, há temas onde as mulheres também não são consultadas... ou negros... ou gays... estrangeiros... etc. Em vez de termos uma coesão social, temos fragmentos, "bolhas" que categorizam pessoas em vez de as ouvirem e integrarem na sociedade.
Certo. Mas se estiver em causa a representatividade da "vítima" acho um factor importante a considerar, sim. Voltando ao exemplo dos EUA, 9 juízes no total, 5 homens votaram a favor de reverter a decisão Roe V. Wade, 1 votou contra. Já 1 mulher votou a favor, e 2 votaram contra. Se só fossem considerados os votos das mulheres, o resultado teria sido outro. Se queremos viver em democracia, então o mais importante, na minha opinião, é garantir a representatividade, da sociedade como um todo e não por influência da história que nos trouxe até aqui. Os tais 50/50 que o Pedro falava.
Deixo aqui umas estatísticas interessantes :
archive.ipu.org/wmn-e/classif.htm
news.gallup.com/poll/245618/abortion-trends-gender.aspx
Olá, Tomás! Olá, Pedro! Obrigada por esta conversa tão rica que, mais do que nos dar respostas, cria perguntas. Num tema polémico como este, é fácil escalar para o insulto, intolerância e falta de empatia. Debates construtivos dão-nos a oportunidade de questionar as nossas ideias e crenças, perceber que as coisas não são tão lineares como parecem e que há muitos tons de cinzento. É sempre bom recordar que todos nós somos fruto das nossas circunstâncias e que a nossa forma de pensar e agir poderia ser totalmente diferente se tivéssemos nascido e crescido do outro lado do mundo. Assim, este tipo de conteúdo torna-se urgente, não só por nos permitir refletir sobre o tema aborto, mas também por nos fazer pensar sobre a forma como olhamos para quem pensa diferente de nós. Frequentemente, temos a tentação de classificar as pessoas como “boas ou más” e este tipo de discussão ensina-nos a sermos mais tolerantes, compreensivos e empáticos. Muito obrigada! 🤍
P.S. Abóbora
Obrigado!! 🙌🏼
Abóbora.
Olá. Bom debate. Apreciei terem esclarecido o factor "fake" ou exagerado da posição do Tomás, tanto no vídeo como nos comentários. Também gostei que tivessem falado logo do aspecto possivelmente polémico de serem dois homens a discutir este assunto. Gostei muito dos exercícios morais e acho que aprendi algo com eles.
A minha posição, é basicamente a do Pedro e não o achei exagerado nem radical em nada do que disse. Em termos de "anedoctal evidence", acredito que todos temos exemplos para dar e vender. Tenho a amiga anti-aborto que o fez, a que levou a fim uma gravidez indesejada que foi a melhor coisa que lhe aconteceu, e as que abortaram uma ou mais vezes e que nunca se arrependeram mas para quem a experiência nunca foi desejável, divertida, ou fácil. Algumas delas são mulheres que fizeram de tudo para não engravidar mas que foram a exceção à regra, outras tiveram realmente uma atitude mais relaxada. Há de tudo. E a solução nunca (pelo menos até às tais 10 semanas) deveria ser recorrer a um mercado ilegal, potencialmente perigoso, e com repercussão penal.
Acho que se tocou de forma leviana em alguns assuntos, especialmente no de "dar" uma criança para adoção. Não se pode ignorar a complexidade dessa opção. Não só do ponto de visto do sistema que governa as adoções (confesso não o conhecer bem em Portugal mas sei de realidades do nosso país vizinho que são extremamente polémicas e complicadas) e das instituições que tutelam as crianças até elas poderem ser adoptadas, mas acima de tudo do ponto de vista do peso dessa escolha para uma mulher (ou eventualmente um casal). - Pá desculpem lá, essa frase ficou um bocado comprida. - O sacrifício físico, emocional e moral (que acredito tocará também à gestante que não quer ter um filho/a no fim da gravidez) têm que ser considerados. Escolher entre aborto e adoção não é exactamente como comprar um par de sapatilhas online e andar com elas uma vez para se aperceber que não são o tamanho certo mas agora já não dá para devolver. A escolha entre "deitar fora" as sapatilhas (opção pouco utilitária e pouco sustentável) ou a de dar ou vender em segunda mão, near mint condition, (um ponto para a economia circular) é, comparativamente, pouco consequente. Também acho que a metáfora do atropelamento da criança órfã que só sobreviverá se ligada a uma máquina por 9 meses ao condutor que teve azar, sinceramente não faz sentido. Esse sacrifício e os custos a ele associados são praticamente efêmeros e a "recompensa", a de salvar a vida no caso que assim se escolha, imensurável. O preço de não a salvar existe claramente, mas eu pessoalmente não acredito que se possa paragonar à tal gravidez e parto "forçados".
Sou mãe, defensora do direito ao aborto e, pessoalmente acredito que muito poucas circunstâncias me levariam a alguma vez escolher abortar. E acho que todas elas estão cobertas pela lei seja aí em Portugal como na Dinamarca, onde moro. Acho que o que é preciso debater cai um pouco ao lado do que foi aqui falado (especialmente se ninguém está a dizer que a lei em Portugal é demasiado liberal). Acho que devíamos falar mais sobre temas que pareciam começar a aproximar-se no final do debate. A responsabilidade do homem em evitar gravidezes indesejadas, por exemplo, e para começar. Seria para mim um debate muito mais interessante, rico, útil e progressista entre dois homens que foram recentemente pais. Fica a ideia. Há muito mais para discutir em relação a este assunto e é difícil não entrar em reflexões acesas sobre o estado da política nos EUA nos tempos que correm. Mas acho que não é por aí. Há realmente que olhar para isto doutra maneira e achei super interessante a ideia de no futuro se olhar para trás com horror à noção de abortar. Acho que faz perfeitamente sentido, deveríamos conseguir evitar gravidezes indesejadas para que o aborto não seja uma opção necessária e o ónus disso cai em ambas as pessoas que têm actos sexuais que podem resultar numa gravidez.
Bom projecto, há mesmo que despolarizar.
PS: perdoem-me os inglesismos e algum erro gramatical, o meu português está enferrujado.
Obrigado Raquel! Gostei muito de ler 🙌🏼
Mas se no futuro poderá ser visto como “horror” abortar porque não achar agora que é um “horror “ ? O que me parece é que estão a dizer que o abortar é de facto um “horror” mas que justifica porque não há outra oração quando a gravidez não é desejada, ou quando não dá jeito ? Ou por qualquer outra razão ?
@@tafteresataf Do meu ponto de vista, é lamentável ainda termos que engravidar quando não o queremos (seja porque motivo for). Esse é o "horror", passo expressão.
gostei da perspectiva de como os homens podem contribuir para mitigar o problema. De facto é pouco falado.
Abóbora 😅
Que violência emocional tão grande para uma mulher que não quer estar grávida levar uma gravidez até ao final e depois doar para a adoção! Não consigo nem imaginar se isso fosse a realidade, seria triste demais! Completamente zero de liberdade para a mulher e é triste as pessoas não verem isso! Se fosse uma questão do corpo do homem nem haveria debate!
Excelente episódio, não conhecia o Pedro mas foi um excelente convidado. Um ponto: gostava imenso que acabassem o programa a tentar legislar uma lei para o aborto (podia até ser especificamente para os USA por razões óbvias da impopularidade que a decisão teria dentro de um grupo especifico de pessoas) em que conseguissem chegar a num "mal menor" em que ambos conseguissem acordar que seria uma legislação aceitável e não completamente divisória ou extremada.
Pumpkin.
Se me permitem contribuir para a discussão, algumas considerações:
A diferença entre o aborto e a IVG: não querendo ser pedante, creio que é necessário fazer a diferença entre o aborto e a interrupção voluntária da gravidez. O facto de ter ali a palavra voluntária faz toda a diferença. Nenhuma pessoa com o mínimo de empatia, condena uma mulher por esta ter tido um aborto espontâneo, ou por outras palavras, involuntário. Toda esta conversa começa quando estamos a debater se uma mulher (ou outras pessoas) devem voluntariamente terminar uma gravidez.
As diferentes dimensões sobre o tema
Este tema é bastante complexo, porque se fosse simples, provavelmente já tinha sido resolvido há muito tempo. Por isso, reuni aqui algumas dimensões que considero importantes a ter em conta, às quais adiciono algumas questões que, na minha opinião, também devem ser ponderadas.
- Política/Legislativa: Quanto da posição oficial do partido é representativa da opinião dos seus membros e dos seus representantes/simpatizantes? Será a opinião final decidida entre portas por um grupo restrito de pessoas sobre as quais nada sabemos, através de métodos que não conhecemos? Qual é a base ideológica de cada partido para defender a posição que defende? É consistente com outras posições defendidas relacionadas com o tema? São opiniões que estão ajustadas aos nossos dias? De que forma a posição fortalece/fragiliza o partido junto do seu e potencial eleitorado? De que forma a posição final se enquadra com a nossa constituição? De que forma é que a IVG se enquadra nas políticas de saúde/planeamento familiar?
- Legal/Jurídica: de que forma é realizar uma IVG é diferente de outras formas de terminar a vida que são crime? Ou que não são crime? Quais são os fundamentos legais para que o feto tenha direitos e tenha direitos de proteção da sua vida? Existem diferentes tipos de IVG’s que podem penalizar a mulher em diferentes graus? E se for o feto que coloca a vida da mulher em risco e o aborto é a única alternativa para manter a vida da mulher, o feto pode ser acusado de atentado à vida? Pode o estado e a lei se sobrepor à autonomia da mulher sobre o seu próprio corpo? Porque pode a mulher se sobrepor à autonomia do feto sobre o seu próprio corpo? A partir de que momento atribuímos personalidade jurídica ao feto? Esse reconhecimento implica outro tipo de obrigações como qualquer outro cidadão?
- Saúde: a não realização da IVG coloca em risco a saúde da mulher, então qual é o dever do estado perante a mulher que está em risco de vida por causa da gravidez? Qual é o número de mulheres que recorrem à IVG? Qual é a opinião científica sobre o tema? E deontológica? Quais são as alternativas para mulheres que querem recorrer à IVG mas não podem fazer em segurança e legalmente? Quais são os riscos de saúde para as mulheres que recorrem à IVG em segurança ou a outras soluções? Qual é o risco real para saúde do corpo e saúde mental para as mulheres no caso de realizar IVG fora do procedimento seguro? A realização de uma IVG inviabiliza futuras gravidezes para a mulher? Quais são os custos financeiros para o orçamento da saúde para tratar efeitos de IVGs clandestinas? Quais são os custos de incluir a IVG no orçamento da saúde?
- Social/Moral: o direito à vida é um dos direitos inalienáveis partilhado por todas as sociedades do mundo. Nesta situação, a mulher e o feto têm o mesmo direito? Pode uma pessoa decidir terminar a vida/potencial vida de outra pessoa de forma legal, sem que essa pessoa tenha cometido qualquer crime? O fenómeno da IVG é transversal a todas as mulheres, de todos estratos sociais? Qual é a caracterização sociodemográfica das mulheres que recorrem à IVG? Qual é a probabilidade de reincidência? Está a sociedade preparada para aceitar a IVG como um direito das mulheres ou estará mais predisposta para condenar quem recorre à IVG? Que outros equivalentes morais colocam em causa a posição final?
- Filosófica/Religiosa: O que define a vida que deve ser protegido? O que cada religião defende relativamente a este assunto e quais são as suas bases? De que forma a posição final é um atentado contra o sistema de crença instituído? Este é um tema de decisão da esfera pessoal ou não? O que mantém na esfera pessoal ou que o transforma da esfera pública? Será o direito à vida da mulher mais importante que o direito à vida do feto? Devemos culpabilizar/responsabilizar a mulher por descuido nas relações sexuais e obriga-la a levar a termo uma gestão de uma vida inocente, independentemente do tipo de transtornos que isso possa trazer a sua vida? Será uma mulher capaz de decidir e viver em paz com a decisão de interromper uma gravidez?
Estas são algumas das perguntas a considerar entre muitas (muitas!) outras. Umas são estúpidas, mas outras nem por isso.
Uma coisa é certa: nenhuma mulher faz um aborto porque acha que vai ser divertido.
Abóbora. Adorei a conversa. Foi o meu episódio preferido do despolariza. Os dilemas levantados levam-nos a questionar as nossas opiniões e a ver os problemas de outro prisma. Sou fã dos dois. Continuação de bom trabalho.
Boa noite!
Gostei imenso do debate e sinto que fiquei ainda mais rico neste tema tao polémico. No entanto, senti (e espero não estar enganado) que houve uma questão que não foi tao explorada que reside no debate entre coletivo e individual. No caso do Pedro, ainda que não considere uma pessoa (por aqueles 3cm de pele😂) não fará sentido pensar no contributo para o bem estar da sociedade em geral. Por exemplo, mesmo que essa mãe não seja feliz após o nascimento do seu filho, e mesmo que esse filho tenha enfrentado diversos problemas durante a sua educação, este poderá fazer outras pessoas felizes incluindo ele mesmo. Neste caso, continuará a fazer sentido pensarmos numa vertente mais individual e não numa mais coletiva?
Mais uma vez obrigado, e parabéns por esta iniciativa!
O aborto é sempre uma decisão muito triste para uma mulher ou casal. Penso que o aborto legal idealmente não deveria ultrapassar as 10 semanas, salvo em caso de estupro, malformações ou risco de vida da mãe. Pessoalmente não consigo lidar bem com abortos a partir das 11 semanas.😢 Mas acho que temos que saber respeitar as opções da mulher ou do casal. Nenhuma mulher acorda de manhã grávida e vai fazer um aborto só porque lhe apetece, não é simples.
Abóbora. Fiquei com menos certezas da minha posição por isso acho que o objectivo de ser despolarizado foi cumprido. Acho que está aqui um grande contributo para a continuação da discussão deste tema na esfera pública. Muito obrigado pelo debate. Espero que abordem mais temas.
Imaginemos que acordamos num hospital e estamos ligados a outro homem ou mulher por uma transfusão de sangue. Esta permite a esse ser que nos é adido, continuar vivo. A partir do momento que, nós nos desligamos dele, para seguirmos a nossa vida, porque a final de contas não temos nada a ver com aquele adido, não nos deve de ser condenado o ato de sairmos da relação, pois temos direito à nossa vida. Não temos nenhuma obrigação de abdicar de nós em prole de um outro ser. Embora fosse uma acção super meritória.
Se a moralidade é algo na qual nós podemos escolher o que fazer, e o que não podemos, então já há livre arbítrio, porque na moralidade temos a faculdade de escolher, certo?
Boua nôite aicho inademisival comu falarão açim do aborto!
Estou a brincar, achei riquíssima esta conversa de quem óbviamnete não sabe tudo sobre este tema, como quase todos nós em quase todos os temas, e mesmo assim se disporem a estudar o que está ao vosso alcance e conversar sem medo, como nos bons velhos tempos! A minha posição, que sempre tendeu a ser a favor de legalizar o aborto, o que não implicaria deixar de olhar para o assunto como uma grande responsabilidade de lidar com a vida humana (comparando de forma básica, como o álcool ou tabaco, é legal porém sensibilizamos para a responsabilidade do seu uso). Depois de vos ouvir, com argumentos que nunca consegui ouvir em mais lado nenhum, tal tem sido o ruído, confesso que só fiquei mais confuso... e informado também, o que prova que este tema é, de facto, complexo e talvez seja demasiado redutor simplificá-lo a uma frase de um cartaz nas redes sociais. Obrigado por me terem gerado tantas dúvidas :)
Confesso que para mim opinião de homem sobre o aborto só conta quando ele é a favor porque quando é contra é o mesmo que ir contra a minha liberdade! 🙃
Abóbora.
Lamento que tenha sentido a necessidade de esclarecer a sua posição porque isso diz muito sobre a (in)tolerância em que vivemos.
Muito bom debate!
«Quanto mais nos humanizamos, mais divinos nos tornamos» A. Silva
Abóbora! Seguidor e ouvinte no Spotify. 😁
Obrigado, Tomás e Pedro! Sobretudo por me fazerem sentir mais normal nas dúvidas e incertezas que tenho em relação ao tema.
Não consigo mesmo perceber a facilidade com que se polariza num tema tão delicado.
Um abraço!
No incêndio eu salvaria o bebê de 10 meses, sem dúvidas nenhuma.
Não se trata que os homens não podem falar e argumentar, a questão é exatamente ao contrário. As mulheres não poderam falar e argumentar durante anos e anos sendo uma consequência para elas.
Sem falar da violência emocional para a mulher para continuar com uma gravidez indesejada ou ainda doar um bebê depois de passar por uma experiência traumática.
Se por um lado temos de defender aqueles que são os mais indefesos, o direito ao aborto veio exatamente nesse sentido, defender as mulheres pois nao eram "inferiores" aos homens.
Quero apenas acrescentar a esta conversa que me parece pouco coerente afirmar que este também é uma debate de homens e que os mesmo também sofrem com estas questões, mas por outro lado dizer várias vezes que a responsabilidade é da pessoa que engravidou involuntariamente. O problema também está aí. A facilidade com que se culpa as mulheres de tudo e mais alguma coisa. Se a questão fosse analisada de forma racional e utilitária, o homem devia ser o responsável em utilizar métodos anticoncepcionais, sendo que pode engravidar 1 ou mais pessoas por dia, ao contrário das mulheres que podem engravidar só num curto período de tempo por mês e podemos ainda acrescentar que a mulher engravidando, se levar a gravidez até ao fim, durante os nove meses não engravida. Não existem razões hoje em dia para que as coisas não funcionem assim, apenas o facto de os homens não querem passar por esse desconforto (estão no seu direito e nós também) e ser demasiado estranho para a sociedade colocar o homem nesse papel, enquanto nós nos sentimos obrigadas a ter essa responsabilidade, com todas as suas repercussões, porque se não engravidamos e se engravidamos somos julgadas (continuando ou não com a gravidez, vai depender). É cansativo e deixa-me com um nó na garganta ouvir este tipo de argumento injusto, sou sincera. Boa continuação e espero ter contribuído!
Interessante! Nunca tinha pensado nessa perspectiva de “número de dias por mês e que pode gerar uma vida” neste contexto. Obrigado!
Muito bom!
Com todo o respeito pela vossa tentativa de chegar a uma verdade com este debate, acho que há algumas definições que poderiam ter sido melhor definidas, com a devida fonte e talvez algum maior rigor científico, sem querer soar desconstrutivo. Nessas situações sem definição assumida, acho que seria bom reforçar que estão mais no campo opinativo que técnico. Exemplos:
1) Não percebi a teoria de que uma pessoa se define pela capacidade de sinapse mas talvez tenha percebido mal. Se percebi bem e foi mesmo isso que foi defendido, gostaria de saber de onde veio essa definição e como é que se distingue todo o animal que faz sinapses da pessoa humana.
2) Partindo do princípio de que a definição de pessoa se sustentou na capacidade de fazer sinapse e que foi argumentado que essa definição é o que define o cutoff para a possibilidade de aborto, também gostaria de saber a fonte científica que justifica o tal surgimento na vigésima semana. Na literatura científica encontram-se referências entre a 5a e a 20a semana para o início das sinapses neuronais. Maturação sináptica só acontece muito mais tarde, entre o 1o e 3o ano, e continua a desenvolver-se até bem mais tarde. Aliás, convido-vos a ler a definição médica para paralisia cerebral. Posto isto e baseando-nos nessa definição sináptica, quando é que a pessoa é pessoa? Desde a 1a sinapse ou desde um conjunto de sinapses maduras?
3) Não será mais fácil definir um ser em potencial de pessoa do que pessoa em si? Não sei se alguma vez se chegará a algum consenso sobre definição de pessoa, um conceito por si só abstracto e não objectivável. Especialmente, nunca haverá consenso sobre o cutoff de transição.
4) No mundo médico, a existência de cutoffs é por si só controversa. São forma criadas para tornar mais fácil a definição de doenças, factores de risco, critérios para tratamento, etc. O movimento médico recente tende para nos afastarmos de cutoffs binários e aproximarmos de espectros. Nesse espectro, interessa para motivos de rastreio usar o valor mais sensível possível e para motivos de certeza diagnóstica o valor mais específico possível.
5) Aplicando a definição espectral à definição de pessoa ou de ser em potencial de pessoa, interessa sobretudo (na minha opinião, mas estou disposto a que me convençam do contrário) usar um valor o mais sensível possível, já que estamos a falar numa possível morte intencional de uma pessoa, algo que poucos aceitarão. E sobre ainda mais tudo o facto de que não estamos a falar daqueles exemplos clássicos que separam os utilitaristas dos deontológicos em se uma morte é pior que várias. Neste caso falamos de uma morte de um ser potencialmente pessoa de um lado vs 0 mortes do outro [a perda do outro lado é uma eventual e não necessária perda de liberdade ou condições, quer da pessoa que está em potencial ou mesmo da sua mãe (para provar o "não necessária" basta conhecer melhor a verdadeira história da famosa Noma McCorvey ou Jane Roe, que deu nome à tão discutida lei Roe v. Wade)].
Olá Tomás e Pedro. Sinto que já cheguei tarde. Contudo, queria só esclarecer um ponto que não me parece bem explicado, e que talvez ajude o Tomás no seu dilema moral: O uso da pílula do dia seguinte não é, em si, uma técnica abortiva, uma vez que ela não 'destrói' o potencial ovo que esteja a caminho de se implantar no endométrio. A pílula do dia seguinte atua como uma pílula contraceptiva, ao impedir ou ao atrasar o momento da ovulação, e como tal o espermatozóide não conseguirá fecundar em tempo útil. Caso tenha ocorrido já a ovulação, e no decorrer de uma relação sexual, uma fecundação, a pílula do dia seguinte consegue tornar o endométrio menos espesso, e portanto, praticamente inóspito à implantação do ovo. Como tal, nunca se poderá saber com certeza se a pílula efetivamente impediu uma gravidez, muito menos uma gravidez que fosse a bom porto (uma vez que também é relativamente normal a ocorrência de abortos espontâneos nas primeiras semanas de gravidez). Posto isto, quero dizer que gostei muito desta vossa conversa, e talvez tenha sido a primeira vez que gostei de ouvir 2 homens a debater este assunto sem a presença de, pelo menos, uma mulher. Provavelmente porque pude escolher se queria e quando queria ouvir-vos. ;)
Vim aqui dizer exactamente isto!
Abóbora (Só quis ser a primeira 😅)
Agora já posso ver o vídeo
Madrinha 😍
@@patriciacarvalho4533 Madrinha!
Abóbora :)
Ola, Ola! Queria só dizer que não é que os homens “não possam” falar acerca do aborto. Eu diria é que são sempre homens (maioritariamente brancos) a fazê-lo e faz falta diversificar os interlocutores. Se vocês querem ou não contribuir para essa diversidade, será outro assunto. Beijinhos
Só falta pedir para eles mudarem de sexo, cor de pele e orientação sexual para poderem falar à vontade
Que comentário deficiente. Assuntos onde se debatem a moralidade e a lógica de matar um ser humano têm que ser discutidos por seres humanos. Qual é a dúvida?