Eu acho muito curiosa essa obsessão pela etimologia. Se a etimologia de uma palavra não é conhecida pela população, qual a relevância para determinar se uma palavra é ofensiva ou não? Como você disse, as palavras vivem sendo ressignificadas, então o fato de em algum momento da história ela ter tido uma conotação positiva ou negativa não parece fazer diferença na maneira como ela é usada no presente.
Acho super interessante o movimento de ressignificação das palavras! As palavras queer e poc, no campo LGBT, tbm vêm sendo apropriadas positivamente pela comunidade, apesar de todo o passado opressor que elas tiveram.
na verdade, a palavra queer só foi reapropriada em certos contextos kkkkkkk na gringa, ela foi reapropriada pra uma palavra de resistência, já no Brasil, é meio foda-se pq quase ninguém usa essa palavra
A própria palavra "gay" tem isso, não é? Porque em inglês é tipo "animado, alegre" e imagino que era usada com sentido discriminatório para insinuar que homens homossexuais eram afeminados, digamos assim. Hoje em dia soa até ultrapassado falar "homossexual" 😂 No mínimo, soa formal demais
Essa discussão sobre palavras consideradas racistas sem considerar o contexto, me faz lembrar do caso em que uma padaria aqui em São Paulo etiquetou um bolo de floresta negra como "bolo de floresta afrodescendente".
@@JanaViscardi Oi Jana!!! Sim, infelizmente. Só errei no nome do bolo, na verdade era o bolo Nega Maluca, e a padaria etiquetou como "bolo afrodescendente". Apareceu na mídia, no início desse ano.
16:50 exatamente. Cresci em cidades alemãs no RS e SC, e preto era um termo bastante racista. Quem falava alemão chamava pessoas negras de "schwarz", que significa preto em alemão. E sempre que ouvi alguém ser chamado de preto era acompanhado de uma crítica ou bordão racista. Ainda não me acostumei com essa ressignificação. A única vez que falei que alguém era preto senti um peso enorme na consciência e medo de ser julgado como racista, no mesmo instante voltei a falar "negro".
Pois então... Eu fui corrigido por uma pessoa da comunidade para usar sem medo o termo preto. Porém, eu ainda não me sinto à vontade. O que faço é, quando a conversa segue nesse sentido, é me justificar e contextualizar antes, para evitar qualquer conflito de interpretação. É estranho e anti natural, mas como qualquer outro tema delicado é e deve ser tratado com cuidado
Minha avó não falava preto, falava a palavra em alemão, e minha mãe, que fala português, chamava de "escurinho", agora chama de "moreninho", ela tem 81 anos, difícil aprender, não é falta de vontade nem racismo. Ela confunde a cidade onde eu moro, enfim... Preto é uma palavra ofensiva.
@@aoxomoxoaummagumma392 é interessante, pq "negger" é usado no dialeto italiano (lombardo /Veneto) para definir a cor preta! Que junção estranha, me parece uma junção austro /friulana (Friuli Venezia Giulia). Sem falar que aqui no norte da Itália são racistas, infelizmente 😑
Jana, eu tenho uma questão mal resolvida em relação à expressão "ovelha negra". Durante o ano eu vi o apresentador Manoel Soares ficar bastante incomodado com essa expressão. Mas eu sempre me considerei uma ovelha negra e nunca entendi a palavra com uma significação negativa. A ovelha negra, para mim, seria a que distoa, a que questiona, a única, a que representa a diversidade. Eu fico irritado com a forma como algumas pessoas atribuem aquilo que é negro como algo negativo. Isso sim me soa como racismo. Aí eu me pergunto: a expressão "pérola negra" seria negativa? "Diamante negro" seria algo negativo? Para mim, atribuir aquilo que é negro automaticamente como algo negativo é muito prejudicial para o psicológico da sociedade.
Gostei do seu comentário. Pelo que entendi do que li por aí, o preto ou negro acaba sendo usado de forma negativa com frequência pelo simples contraste de noite-dia, escondido-aparente. Uma coisa envolta em sombra é estranha, desconhecida. Nossos instintos nos levam a ter atenção com coisas que não conseguimos ver ou compreender claramente. Então, não acredito que tenha ligação direta com a etnia ou cor da pele. Mas se reflete, com certeza, quando passa a ser adotado nesse sentido, normalmente por quem já tem inclinação racista.
@@tuliotonheiro Mas existem casos que essa expressão é racista. Como em uma universidade no qual há apenas um estudante negro e o professor o chama de "ovelha negra". Nesse caso, a expressão desumaniza e bestializa a pessoa. Mas não são todas as situações em que isso acontece.
@@MrHyperRocker era isso que estava pensando, considerar pejorativo "pérola negra" ou "ovelha negra" me parece forçar a barra. Lembro que, como adulta, eu mesma me considerava a ovelha negra da família, mas como um auto-elogio, rsrsrs.
@@annamariamarques3606 mas vamos lembrar do uso do termo "preto" ou "negro" como algo negativo em suas origens. Possivelmente, o termo "ovelha-negra" carrega essa conotação de algo ruim, aversivo. Mas é bom que esteja ganhando uma ressignificação, uma conotação não mais ofensiva.
Confesso que tive "medo" de clicar no vídeo porque esse tema mexe muito com a emoção das pessoas e as análises acabam ficando comprometidas. Mas posso dizer que minha admiração só aumentou. Muito bom!
Jana, parabéns, adorei esse vídeo, muito bom e como sempre, muito esclarecedor. Eu queria acrescentar só mais uma coisa, essa frase sobre a quantidade de arrobas de um negro, foi dita no clube hebraica, um clube majoritariamente de judeus, e eles deram muita risada, pra você ver, eles não aprenderam nada, com a dor que eles passaram, a dor deles que é legítima, é invocada sempre que acontece algo em relação a eles, agora a dor dos outros, parece que pra eles não é legítima, é muito triste ver e perceber a total falta de empatia deles, claro que não vou generalizar, pois ali estavam apenas alguns judeus, mas mesmo assim é muito chato. De Bolsonaro nem precisa falar, é esse ser nojento e sórdido mesmo.
Eu sinto que é o mesmo esquema da ecologia neoliberal: 3 R, seja sustentável etc; como se pequenas práticas individuais adotadas ou abolidas fossem capazes de resolver um problema infinitamente maior, e muita gente fica nisso por desencargo de consciência, sem perceber que isso é só a ponta do iceberg.
Gostei muito da reflexão, gosto quando alguns conteúdos na internet põe a gente, os autointitulados progressistas, para refletir sobre o que estamos propondo
Falando sobre termos, algo que me irrita bastante: "secretaria do lar". O povo me inventa umas artes que só dá vontade de mandar tomar no olho de agamoto. Me inventaram um nome para definir empregada doméstica que é considerado pejorativo por remeter aos bichos domesticados e colocaram outro que pra mim é 500x pior, pois tenta mascarar as relações de trabalho no Brasil, em especial, a do trabalho doméstico que muitas famílias querem fazer a pessoa de escrava e tenta se passar por chefes generosos e a trabalhadora que é preguiçosa. Prefiro empregada doméstica mesmo pq tem senso de realidade, história e, por consequência, empoderamento destas trabalhadoras, isso sem falar que a parte "do lar" da a impressão que a pessoa é propriedade da casa 😳 (o tiro saiu pela culatra). A gente precisa tbm pontuar que o uso da língua portuguesa pela população negra foi algo imposto na escravidão. Independente de qual seja a melhor palavra a ser usada para eliminar o racismo, a língua portuguesa como um todo, no Brasil, tem a mesma origem racista seja em relacao a negros ou indígenas. Ah, eu conhecia a origem "feito nas coxas" com um fundo etmologico de safadeza😂
Sim, e a etimologia que relaciona safadeza a "feito nas coxas" faz muito mais sentido, quando se trata de alguma coisa mal feita (pelo menos, mais do que fazer uma telha sem ferramentas adequadas).
Ótimo vídeo. Temos que ter cuidado. O termo fazer nas coxas, por exemplo, pra quem faz ceramica sabe que não faz muito sentido associar ao processo de fabricação de telhas. Não seria "produtivo" moldar telhas nas pernas de um escravizado pois a espera para secar e a retirada da telha crua da perna seria muito complicada. Este tipo de debate raso dá armas para os racistas desqualificarem a nossa luta. Dar voz a estas teorias sem provas e ignorar os contextos históricos e os dados estatísticos que comprovam o brutal racismo no Brasil não é uma boa estratégia de luta.
Jana, sou nordestina , especificamente baiana. Adoraria conhecer-te pessoalmente. Eu te adoro! Aprendo demais contigo. Este vídeo de hoje, para mim, foi uma aula extraordinária.
Não há como não lembrar de você toda aula que tenho na pós em linguística forense da UFRN. Você poderia nos dar aula, né? Hoje você falou em “contexto “ e li um autor que fala sobre “VAN DIJK, T. A. Discurso e contexto….. você tatua nossa alma quando nos ensina!❤
Nossa. Que necessário, esse vídeo. Essa reflexão. É exatamente isso. E trago aqui uma extensão por dois pontos mais. Uma indagação: em que se justifica o uso do politicamente correto. E como isso resolve ou piora a questão racista. O extirpar de uma comunidade termos linguísticos que são extirpados (?) da linguagem. Ex: Criado Mudo nunca mais! Pessoas do próprio movimento podem defender a retirada ou substituição do termo. Mas esses dias, eu, pessoa negra, estava pensando sobre isso: retirar ou substituir resolve o que já aconteceu (e se aconteceu, como é dito sobre a etimologia). E se tem essa base etimológica, como fazer essa substituição progressista sem deixar que se perca os vestígios da nossa história de uma sociedade racista. Acho complicado essa substituição quando apaga da nossa história, a longo pra, a questão de que existiu (e ainda existe) uma prática racista e o quanto é importante esse histórico. Uma frase feita diz algo como: A pessoa que desconhece o seu passado, não vive o seu presente. Não constrói o seu futuro. Nesse ponto, o resignificar ou a substituição do termo acompanhado do histórico da mudança do termo me parece possível e razoável. Outro ponto de trata também de como é e pra quem é feita essa RESIGNIFICAÇÃO. Pra quê? E por quem. Tem um diálogo no primeiro ou segundo episódio da série "Invasão secreta" da Disney + em que um Agente negro (Nick Fury) faz um comentário que poderia ser racista. Então a colega que é uma mulher branca rebate amistosamente: " Você não pode falar assim, vc sabia né!?" E então ele retrucar: "você não pode falar assim. Eu posso falar assim. Pra mim essa cena é emblemática. Há uma fala de resignificar. Mas será que isso seria uma forma de tornar leve um termo violento? E pra quem? Pro politicamente incorreto poder usar com mais liberdade, ou para as pessoas vítimas dessa expressão poderem viver e vivificar essas expressões de forma a, ironicamente, empoderar-se sobre o termo discriminatório. Eu sou negro. A comunidade negra resignificou a palavra "pessoa preta" ou "preto". Apesar de preferir o termo "negro", entendo ser chamado de preto pels comunidade preta. Mas, jamais por algum branco ou outra etinia. Sou um homem gay. E sim, a resignificação de vários termos referentes a pessoa homoafetiva foram resisnificados. Hoje, alguns GAYS falam ENTRE SI "bicha" ,"viado", "Poc". Mas lembro. ENTRE SI. O colateral dessa história é héteros fazendo festa chamando homossexuais desses "termos resignificação" como se tivesse tudo liberado. Não é assim. A resignificação, ao meu ver, é ainda mais um protesto e atitude de empoderamento da comunidade lgbtqia+ do que "essa festa pobre" que não me chamaram e nem teria como participar. Enfim. Penso sobre o que você já tratou da dinâmica natural da linguagem. Especificamente sobre a preservação e repúdio a termos e expressões novas do uso da língua portuguesa e o quanto isso não estingue ou deprecia a língua no seu processo continuo de modificação pelo usuário. Mas nesse assusto específico desse vídeo, concordo com tudo. Não há a palavra isolada, não há o discurso por palavra. Há o contexto e a intenção também. Ex: Eu sou gay. Entre amigos gays ou colegas gays eu não ligo de me chamarem de bixa. Isso foi superado na comunidade, por mais que eu particularmente não me sinta a vontade pra usar esse termo. Bem diferente escutar alguma pessoa hétera se referir a mim me chamando de "bixa". Essa pessoa, principalmente se não for íntima, não tem permissão pra isso. E num terceiro cenário desse termo. Se um hétero se referenciar a mim usando o termo "bixa", eu, como bom homossexual em meu processo de protesto e empoderamento respondo "que bixa o que garoto. Me Respeita! Eu sou é Viado mesmo" ou como diria o saudoso Paulo Gustavo, "viaderrérrima". É isso. Desculpa o texto. Mas é uma reflexão em tempo de comunicação remota por redes. Parabéns pelo vídeo. Abraço
Como socióloga diria que está nas relações que o reproduz... Pode se expressar em palavras, em pensamentos "que estão nas mentes das pessoas", mas existe muito concretamente na vida de quem é alvo do racismo e da dominação racial...
Sempre um vídeo mais sensacional que o outro. Muito obrigado, Jana! É claro que as lutas por um outro mundo possível vão demandar mudanças das línguas, mas acho que isso se faz antes de tudo num esforço por mudar seus contextos de uso. Lutemos por contextos minoritários de uso, por práticas sociais não-opressivas :)
Jana foi longe demais, e não se esperaria menos de suas análises num momento de entrincheiramentos e consensos. Jana e Rui Costa Pimenta são imprescindíveis ao Brasil. Achei muito interessante essa questão da etimologia e da apropriação neoliberal, e ainda não deixando de iluminar as consequências nas discussões jurídicas (pra mim é óbvio que neoliberalismo é responsável pelo bolsonarismo, ambos se alimentam mutuamente, sendo que o bolsonarismo seria a tropa de choque e os neoliberais é que marginalizam economicamente) sobre o que é "bandido" e defesa de mudança de maioridade penal. Moça, muito gosto dá te ouvir 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
Esse vídeo me faz pensar na novela "Vai na fé" e a Globo fingindo que se importa com as minorias. Nesse momento, é conveniente para a Globo se fazer de decolonial. Olhos desatentos vão deixar passar batido.
Nossa, gratidão Jana, você é a primeira pessoa não -negra que teve a empatia de esclarecer às pessoas que essas expressões além de antiquadas são racistas, eu como negra fico muito feliz!❤️
A questão não é ser bandido ou não, porque quando a gente acha que é justiça atirar em "bandido", a gente abre precedente pra que se atire em qualquer pessoa em determinados territórios e se acertar em mulher grávida, por exemplo, é "dano colateral". A questão é: onde se atira em bandido? Por que em alguns lugares o bandido tem granada, atira na polícia e SAI VIVO?
sim, certamente. é que o tema do vídeo não era esse, o exemplo vem apenas para mostrar o quanto as manchetes já escolhem o termo para uns e não para outros.
uma coisa que eu percebo é que as pessoas acham que a origem etimológica da palavra é o significado dela. por mais que uma palavra tenha origem controversa, o significado atual dela não é aquele. essa lógica de proibir o uso de uma palavra pra mim não faz sentido. imagina ser considerado racista par falar o nome de um móvel? isso não entra na minha cabeça. kk aliás, vi que a palavra tchau tmb tem origem racista. não sei se é vdd, mas não consigo imaginar os brasileiros deixando de dizer tchau por causa da origem etimológica. e não duvido realmente tentarem proibir. será interessante ver a reação dos brasileiros. k
Em francês se chama « valet de chambre, valet muet(criado mudo) tem também o valet de nuit p apoiar as roupas ». Valet era o servo de confiança dos Senhores nobres.
A palavra "criado-mudo" tem origem na expressão inglesa ",dumbwaiter", e tem significado parecido com o francês que vc citou. É um termo usado desde o século XVIII, e nada tem a ver com a escravidão de pessoas negras. Podemos dizer que é um termo ofensivo, mas não é racista.
Jana, e quando ele falou essa frase horrenda, ele estava no CIB - Clube Israelita Brasileiro no Rio , e foi recebido com risadas e aplausos, um clube esportivo composto majoritariamente por judeus. Me Explique.
O que também me causa estranheza e que me parece esta, normalizado desde sempre na mídia em geral (grandes ou pequenas), são as expressões; O primeiro presidente negro, a primeira mulher a conquistar algo relevante, sendo que no meu modesto entender, o que mereceria o destaque principal seria as conquistas do indivíduo independente da etnia, sexo, orientação sexual. Pois quando Donald Trump se elegeu não houve manchetes do tipo "o primeiro presidente laranja dos EUA"
Muito interessante a reflexão. Realmente, se partirmos do pressuposto de que a língua é viva, seremos mais cuidadosos ao condenar ou não certos termos.
Esse é o primeiro vídeo teu que vi. Primeira impressão é que fala bem. Achei prolixa, mas talvez tenha sido necessário para chegar em uma explicação tão coerente.
Esse neoliberalismo é real no vale tbm. Mês de junho as marcas usam suas logos do arco íris, mas dia 01 de julho as logos originais já estão de volta e nada se faz para reparar ou trazer mudanças significativas para a sociedade ou inclusive para o meio organizacional... E essa reflexão desse lembrete são importantes pq eu acho que é muito fácil esquecer e esvaziar a conversa para se refletir sobre essas palavras isoladas E o uma ressignificação tbm. Uso viado toda hora agora...
Racismo (e todo preconceito) é maldade. Está nas palavras e nas ações, por que primeiramente está nos corações. Que nos enxerguemos em profundidade, nos vigiemos e nos coloquemos como agentes do bem, a começar dentro de nós mesmos, espelhando para fora o melhor em nós que pudermos, todos os dias.
Lembrando sempre que a sociedade está em constante movimento. Excelente vídeo para reflexão de nossos atos e palavras. Em relação à propaganda da mesinha de cabeceira, penso que seria muito mais efetiva fazer com atores de etnia branca, pois seria um indicativo de que o "branco" foi levado a refletir sobre o uso da palavra. Do modo que está, novamente vemos o "negro contando suas trágicas histórias" (usei aqui propositalmente o pensamento usualmente racista). Minha sogra, por exemplo, considerando a idade e a educação tradicionalmente racista, nem assistiria a propaganda, ou pior, faria piada. Então penso que é preciso saber bem qual público a propaganda quer influenciar. Mas como percebo, o negócio é vender.
Eu tenho essa dúvida também em relação a palavra com n (n word) que é preconceituosa se falada por uma pessoa não negra. Há contextos e contextos, nunca sei se é exagero ou se realmente não deve-se utilizar. Eu sou branco e estou estudando de verdade agora esses assuntos.
O contexto, e esses demais elementos q fortalecem um termo pejorativo ou uma locução pejorativa, é sempre o q pesa mais pra mim. No meu ponto de vista, o "politicamente correto" é importante, não importa como, pq força alguém a questionar o por quê de "agora" ser assim e não mais assado. É ele que, por exemplo, fez muitos humoristas no mundo todo terem de repensar como fazer os seus textos e saírem do lugar da piada discrimadora comum. E por mais que ainda tenha grupos resistentes, que insistem em dizer q "humor não tem limite", a piada, q é uma zona muito expressiva para fortalecimentos racistas e discriminatórios, tem mostrado muita transformação nos últimos anos. Mostra, inclusive, q não é o politicamente correto o culpado, mas a incapacidade intelectual e moral dessas próprias pessoas q as limitam. Eu cresci ouvindo os termos mais pejorativos que existem, e que hoje abomino, porque é isso: independende da etimologia, mas, sim, do interesse do sujeito que a usa e em qual narrativa ela é usada. Porque, como vc bem disse, ainda q usando um termo aceitável, ela não impede a violência de se manter explícita no contexto inserido. A questão da reapropriação/ressignificação de termos é importantíssima. Do 'preto' pela população negra, do 'viado' pela comunidade LGBT, e demais outros que, antes, eram utilizados para marginalizar grupos, mas hoje perderam significantemente essa força discriminatória porque os grupos estão tomando a frente narrativa desses termos e recolocando-os em um lugar comum outro que fez perder essa força vinculante nociva e não fazer mais sentido.
Claro que não é um documento histórico, mas próximo a minha cidade tem uma fazenda histórica que foi a que teve o maior números de escravos do Brasil, tem as "masmorras"( não sei se o nome é esse) que ainda tem as marcas de sangue de escravos. Essas expressões do criado mudo e nas coxas são explicados exatamente assim. Tanto por descendentes de escravos quanto por descendentes dos donos da fazenda... Independente do impacto real que isso poderia ou não trazer, eu prefiro mudar meu vocabulário. Acho que quando conhecemos nossa história as palavras trazem a mente o real significado delas, e esse conhecimento pode fazer escolhermos caminhos melhores...
Lá em casa sempre usamos "bidê" para designar esse móvel. Mas, falando mais sério, e levando em conta meu lugar de fala - homem branco - acho válido que as pessoas ou as comunidades se manifestem sobre palavras e expressões que julgam problemáticas ou ofensivas. Meu ponto nessa discussão é o cuidado que se deveria ter com a fundamentação do argumento, ou seja, que fosse possível assumir grau de subjetividade, de sentimento puro e simples, no lugar de uma explicação histórica mirabolante com pouca chance de comprovação. Um exemplo é o verbo "denegrir", que parece ser mais antigo na língua do que a exploração escravagista. Ora, denegrir parece obviamente relacionado com o binômio trevas/luz, comum em várias línguas, em que o verbo "esclarecer" traz a nuance oposta. Nesse sentido não parece honesto que se faça relação causal com a questão racial e firmar a alegação em cima desse pretexto - portanto frágil, quiçá falso - pode justamente dar munição ao campo oposto, que acusa vitimismo, coitadismo etc. Denegrir pode causar a mesma dor e desconforto que judiar, embora provavelmente não tenha a mesma origem nefasta. Nesse caso, acho que seria muito mais prudente apenas citar que é um verbo incômodo, desconfortável, e que poderia/deveria ser substituído por outros. Nessa linha, então, permito questionar se há alguém que realmente se doa com expressões como "feito nas coxas". Posso estar redondamente enganado, mas a origem já parece irrelevante, inócua. Sempre associei isso com redigir uma redação de escola em papel almaço diretamente sobre as coxas. Quero fazer esse paralelo com denegrir porque, a despeito das alegadas etimologias, o verbo traz a sonoridade que remete diretamente ao grupo humano, à cor da pele; a expressão não escancara nada. Uma questão relacionada e pertinente é a celeuma sobre o hino gaúcho, em que é citada a palavra "escravo". Conheces a polêmica?
Entendo seu ponto. Mas acho que devemos pensar melhor a respeito se devemos simplesmente “banir” algumas palavras, como “denegrir” porque algumas pessoas, de uma maneira não baseada na origem etimológica real, a vinculam a uma expressão de cunho racista
Essa questão da cooptação das pautas dos oprimidos pelo Capitalismo tem uma única função: mais consumidores. Os burgueses não querem o respeito e sim o dinheiro.
A flor que chamamos de rosa, se outro nome tivesse, teria o mesmo perfume? Se a comunidade não enxerga a palavra como algo ruim, então acabou a questão. No final das contas, as palavras são apenas símbolos sonoros que em si não dizem nada. Se a palavra tem uma história ruim e a sociedade mudou o significado ao longo do tempo, então que fique valendo o que de fato as pessoas entendem. Essa arqueologia que fazem das palavras visando buscar origens do mal é ridícula
Bacana, Jana. Muito bom! Dois pontos que me chamaram atenção: você usa bastante “é evidente”, em nítida oposição à expressão amplamente difundida (e controversa) “é claro”.… Outro: não ficou explico se a definição de politicamente correto é sua… Muito boa, por sinal.
Na lógica capitalista não há olhar de privilégio, o que existe é o fetiche, a precificação para tudo. "A carne mais barata do mercado é a carne negra".
Será que na Etna tem pessoas negras ocupando espaços de destaque dentro da empresa? Obs: eu achei uma violência ter que colocar pessoas negras para lerem esse texto. Deve ter dado vários gatilhos.
Jana, adorei o vídeo! Só achei que faltou falar mais sobre a evolução da língua. Termos e palavras evoluem junto com a sociedade. Assim, termos que poderiam significar algo podem até mesmo perder completamente o sentido original e adotar uma nova significação quando expostos a uma nova realidade social. Se criado-mudo, alguma vez, foi referente a uma pessoa escravizada, esse sentido já se perdeu e, como você bem disse, o contexto é relevante. Pessoas não compram um móvel pensando de forma maquiavélica "vou simular uma pessoa escravizada". Elas compram e o chamam pelo termo que aprenderam. Acredito que seja até um desfavor ficar "resgatando" contextos racistas ou de qualquer outra forma pejorativos quando esses já estão esvaziados. É, basicamente, reintroduzir o racismo onde ele já não existe. A luta contra o racismo precisa existir. Acho apenas que é muito mais importante escolher as lutas certas, e não lutar contra moinhos de vento.
discordo que seja um "desfavor" "resgatar" contextos racistas porque é a história do país reverberada na língua, que vem sendo apagada para muitos há mais de 500 anos. uma coisa é ponderar que esse sentido não se mantém no presente, outra coisa é assumir que discutir a questão seria "reintroduzir" o racismo. o racismo não está sendo "reintroduzido" quando essas questões são levantadas. ele está sendo discutido e questionado. num país que é violento e racista há 500 anos, não se reintroduz o racismo ao se discutir a origem de inúmeras palavras. mesmo que o sentido tenha já se alterado, nada impede - ou deveria impedir ou tolher - que a reflexão aconteça. além disso, a pergunta que você poderia se fazer é: o que estou chamando de "luta certa" e quem é que a define? pesquisas em Linguística sobre origem e usos de palavras podem ser feitas a qualquer tempo, sem que a questão seja considerada menor. refletir sobre a história e os usos de língua jamais deveria ser considerado "moinhos de vento". eu poderia ter trazido a questão da mudança dos sentidos de alguns termos - o que não fiz porque sequer a etimologia de muitas dessas palavras está "fechada"- mas jamais poderia fazê-lo considerando que seria "bobagem" discutir aquilo que uma palavra já teve como sentido. um abraço
@@JanaViscardi entendo seu ponto de vista. Respeitosamente, ainda discordo. Acho sim que devemos escolher as lutas. Mas me permita explicar melhor, porque acho que não me fiz a entender antes. Temos recursos limitados para empregar no trabalho, nem que desses recursos sejam simplesmente tempo. Assim, existem pontos muito relevantes que ficam menor abordados, talvez por serem mais evidentes. Por exemplo, a evidente discriminação por cor na colocação no mercado de trabalho. Sinto que há muito emprego de energia e atenção a debates como a origem do termo criado-mudo, cujo significado racista, se sequer exista, já não tem qualquer impacto social. O mesmo se diga de palavras que nem tem a mesma origem, como negação, por exemplo, que já foi usada para alegar ocorrência de racismo. Isso que me refiro. Mas longe de mim querer tolher o direito de qualquer pessoa em falar disso, ou, ainda, que se faça estudo científico, no caso, linguística. Eu também sou divulgador científico. Trabalho com o pessoal de SciCast. Nisso, acredito que todo estudo e debate acadêmico é bem vindo, por mais tangencial que seja. Meu ponto é muito mais uma opinião pessoal que qualquer outra coisa. E, claro, respeito demais a sua. Apenas acredito que, quando temos recursos limitados, devemos escolher onde emprega-los para termos melhor eficácia. Combatendo estruturalmente o racismo, outros pontos, como a evolução da língua e da linguagem, virão juntos, como consequência. Seria o mesmo que dizer, na biologia, que se escolhe fazer campanha para preservação de uma certa espécie de urso panda. Preservando o hábitat desse animal, tudo o ecossistema em que ele está inserido se beneficia. Entende o que quero dizer?
O neoliberalismo coloca essas propagandas como "combate" ao racismo mas não muda a estrutura administrativa da sua empresa
👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
Enquanto estivermos no capitalismo, não tem como resolver esse problema. Viva a revolução!
Perfeita a sua colocação!
kkkkkkkkkkkkkkkkk@@escuterbdeyungbluds2111
Com a Jana não tem erro , já chega no LIKE e depois assiste ! 😉
Bem assim!
Sempre!!
é isso!!
Eu também faço assim
Eu acho muito curiosa essa obsessão pela etimologia. Se a etimologia de uma palavra não é conhecida pela população, qual a relevância para determinar se uma palavra é ofensiva ou não? Como você disse, as palavras vivem sendo ressignificadas, então o fato de em algum momento da história ela ter tido uma conotação positiva ou negativa não parece fazer diferença na maneira como ela é usada no presente.
Acho super interessante o movimento de ressignificação das palavras! As palavras queer e poc, no campo LGBT, tbm vêm sendo apropriadas positivamente pela comunidade, apesar de todo o passado opressor que elas tiveram.
Kkkkk quando ouvi de um amigo gay a palavra POC pela primeira vez, achei genial e espirituoso da parte dele se identificar assim.
na verdade, a palavra queer só foi reapropriada em certos contextos kkkkkkk
na gringa, ela foi reapropriada pra uma palavra de resistência, já no Brasil, é meio foda-se pq quase ninguém usa essa palavra
A própria palavra "gay" tem isso, não é? Porque em inglês é tipo "animado, alegre" e imagino que era usada com sentido discriminatório para insinuar que homens homossexuais eram afeminados, digamos assim. Hoje em dia soa até ultrapassado falar "homossexual" 😂 No mínimo, soa formal demais
@@danieller.2067 É exatamente isso!
a palavra queer nem faz sentido no brasil, não sei pq insistem kk
Essa discussão sobre palavras consideradas racistas sem considerar o contexto, me faz lembrar do caso em que uma padaria aqui em São Paulo etiquetou um bolo de floresta negra como "bolo de floresta afrodescendente".
🤣🤣🤣🤣
ai que horror. isso é real?
@@JanaViscardi Oi Jana!!! Sim, infelizmente. Só errei no nome do bolo, na verdade era o bolo Nega Maluca, e a padaria etiquetou como "bolo afrodescendente". Apareceu na mídia, no início desse ano.
@@karlaXdanielle o nome correto deveria ser: bolo mulher afrodescendente c distúrbios psicológicos haha
Nossa eu lembro disso, ridiculo demais.
16:50 exatamente. Cresci em cidades alemãs no RS e SC, e preto era um termo bastante racista. Quem falava alemão chamava pessoas negras de "schwarz", que significa preto em alemão. E sempre que ouvi alguém ser chamado de preto era acompanhado de uma crítica ou bordão racista. Ainda não me acostumei com essa ressignificação. A única vez que falei que alguém era preto senti um peso enorme na consciência e medo de ser julgado como racista, no mesmo instante voltei a falar "negro".
Pois então... Eu fui corrigido por uma pessoa da comunidade para usar sem medo o termo preto. Porém, eu ainda não me sinto à vontade. O que faço é, quando a conversa segue nesse sentido, é me justificar e contextualizar antes, para evitar qualquer conflito de interpretação. É estranho e anti natural, mas como qualquer outro tema delicado é e deve ser tratado com cuidado
Minha avó não falava preto, falava a palavra em alemão, e minha mãe, que fala português, chamava de "escurinho", agora chama de "moreninho", ela tem 81 anos, difícil aprender, não é falta de vontade nem racismo. Ela confunde a cidade onde eu moro, enfim... Preto é uma palavra ofensiva.
Cresci na Bahia e "preto" era ofensivo. Sempre usei a palavra negro.
Arnold Alois Schwarzenegger no Brazil seria chamado de Arnaldo Luiz Negrão.......
@@aoxomoxoaummagumma392 é interessante, pq "negger" é usado no dialeto italiano (lombardo /Veneto) para definir a cor preta!
Que junção estranha, me parece uma junção austro /friulana (Friuli Venezia Giulia).
Sem falar que aqui no norte da Itália são racistas, infelizmente 😑
Jana, eu tenho uma questão mal resolvida em relação à expressão "ovelha negra". Durante o ano eu vi o apresentador Manoel Soares ficar bastante incomodado com essa expressão. Mas eu sempre me considerei uma ovelha negra e nunca entendi a palavra com uma significação negativa. A ovelha negra, para mim, seria a que distoa, a que questiona, a única, a que representa a diversidade. Eu fico irritado com a forma como algumas pessoas atribuem aquilo que é negro como algo negativo. Isso sim me soa como racismo. Aí eu me pergunto: a expressão "pérola negra" seria negativa? "Diamante negro" seria algo negativo? Para mim, atribuir aquilo que é negro automaticamente como algo negativo é muito prejudicial para o psicológico da sociedade.
Gostei do seu comentário. Pelo que entendi do que li por aí, o preto ou negro acaba sendo usado de forma negativa com frequência pelo simples contraste de noite-dia, escondido-aparente. Uma coisa envolta em sombra é estranha, desconhecida. Nossos instintos nos levam a ter atenção com coisas que não conseguimos ver ou compreender claramente. Então, não acredito que tenha ligação direta com a etnia ou cor da pele. Mas se reflete, com certeza, quando passa a ser adotado nesse sentido, normalmente por quem já tem inclinação racista.
@@tuliotonheiro Mas existem casos que essa expressão é racista. Como em uma universidade no qual há apenas um estudante negro e o professor o chama de "ovelha negra". Nesse caso, a expressão desumaniza e bestializa a pessoa. Mas não são todas as situações em que isso acontece.
@@MrHyperRocker era isso que estava pensando, considerar pejorativo "pérola negra" ou "ovelha negra" me parece forçar a barra.
Lembro que, como adulta, eu mesma me considerava a ovelha negra da família, mas como um auto-elogio, rsrsrs.
@@annamariamarques3606 mas vamos lembrar do uso do termo "preto" ou "negro" como algo negativo em suas origens. Possivelmente, o termo "ovelha-negra" carrega essa conotação de algo ruim, aversivo. Mas é bom que esteja ganhando uma ressignificação, uma conotação não mais ofensiva.
Ligar a cor branca à paz é racista também?
Confesso que tive "medo" de clicar no vídeo porque esse tema mexe muito com a emoção das pessoas e as análises acabam ficando comprometidas. Mas posso dizer que minha admiração só aumentou. Muito bom!
Jana, parabéns, adorei esse vídeo, muito bom e como sempre, muito esclarecedor. Eu queria acrescentar só mais uma coisa, essa frase sobre a quantidade de arrobas de um negro, foi dita no clube hebraica, um clube majoritariamente de judeus, e eles deram muita risada, pra você ver, eles não aprenderam nada, com a dor que eles passaram, a dor deles que é legítima, é invocada sempre que acontece algo em relação a eles, agora a dor dos outros, parece que pra eles não é legítima, é muito triste ver e perceber a total falta de empatia deles, claro que não vou generalizar, pois ali estavam apenas alguns judeus, mas mesmo assim é muito chato. De Bolsonaro nem precisa falar, é esse ser nojento e sórdido mesmo.
Exato, infelizmente não aprenderam nada.
E quando ao inominável, faltam palavras para definir esse ser asqueroso nojento 🤢🤮
Concordo plenamente.
"Inclusive, problema nenhum... MENTIRA! Tem problema sim!". 👏🏼👏🏼👏🏼 A espontaneidade da Jana é um sucesso a parte. Ótima reflexão!
Minha favorita na Internet!!!!!
❤️❤️❤️
Eu sinto que é o mesmo esquema da ecologia neoliberal: 3 R, seja sustentável etc; como se pequenas práticas individuais adotadas ou abolidas fossem capazes de resolver um problema infinitamente maior, e muita gente fica nisso por desencargo de consciência, sem perceber que isso é só a ponta do iceberg.
Gostei muito da reflexão, gosto quando alguns conteúdos na internet põe a gente, os autointitulados progressistas, para refletir sobre o que estamos propondo
Falando sobre termos, algo que me irrita bastante: "secretaria do lar". O povo me inventa umas artes que só dá vontade de mandar tomar no olho de agamoto. Me inventaram um nome para definir empregada doméstica que é considerado pejorativo por remeter aos bichos domesticados e colocaram outro que pra mim é 500x pior, pois tenta mascarar as relações de trabalho no Brasil, em especial, a do trabalho doméstico que muitas famílias querem fazer a pessoa de escrava e tenta se passar por chefes generosos e a trabalhadora que é preguiçosa. Prefiro empregada doméstica mesmo pq tem senso de realidade, história e, por consequência, empoderamento destas trabalhadoras, isso sem falar que a parte "do lar" da a impressão que a pessoa é propriedade da casa 😳 (o tiro saiu pela culatra).
A gente precisa tbm pontuar que o uso da língua portuguesa pela população negra foi algo imposto na escravidão. Independente de qual seja a melhor palavra a ser usada para eliminar o racismo, a língua portuguesa como um todo, no Brasil, tem a mesma origem racista seja em relacao a negros ou indígenas.
Ah, eu conhecia a origem "feito nas coxas" com um fundo etmologico de safadeza😂
@Ivan Araújo prefiro dizer q foi feito nas trevas kk
realmente, é como chamar se passassem a chamar os escravos de "Colaboradores" nos séculos passados, tira o peso da relação de trabalho.
Sim, e a etimologia que relaciona safadeza a "feito nas coxas" faz muito mais sentido, quando se trata de alguma coisa mal feita (pelo menos, mais do que fazer uma telha sem ferramentas adequadas).
Ja cheguei tacando o dedo no like. Agora vou assistir o vídeo
Ótimo vídeo. Temos que ter cuidado. O termo fazer nas coxas, por exemplo, pra quem faz ceramica sabe que não faz muito sentido associar ao processo de fabricação de telhas. Não seria "produtivo" moldar telhas nas pernas de um escravizado pois a espera para secar e a retirada da telha crua da perna seria muito complicada. Este tipo de debate raso dá armas para os racistas desqualificarem a nossa luta. Dar voz a estas teorias sem provas e ignorar os contextos históricos e os dados estatísticos que comprovam o brutal racismo no Brasil não é uma boa estratégia de luta.
Jana, sou nordestina , especificamente baiana.
Adoraria conhecer-te pessoalmente.
Eu te adoro! Aprendo demais contigo.
Este vídeo de hoje, para mim, foi uma aula extraordinária.
Obg sempre pela qualidade da informação ❤️🌹
Jána man !!!!! Você é f…. Mesmo falando muito para não ter conclusão !!!!❤
Não há como não lembrar de você toda aula que tenho na pós em linguística forense da UFRN. Você poderia nos dar aula, né? Hoje você falou em “contexto “ e li um autor que fala sobre “VAN DIJK, T. A. Discurso e contexto….. você tatua nossa alma quando nos ensina!❤
Van dijk ❤️❤️
Continuarei falando todas as palavras... SÓ DE vc FALAR BEM VINDES, percebi que estou no caminho certo
É complicar demais, para não ter de enfrentar o problema real.
Nossa. Que necessário, esse vídeo. Essa reflexão.
É exatamente isso.
E trago aqui uma extensão por dois pontos mais.
Uma indagação: em que se justifica o uso do politicamente correto. E como isso resolve ou piora a questão racista. O extirpar de uma comunidade termos linguísticos que são extirpados (?) da linguagem.
Ex: Criado Mudo nunca mais!
Pessoas do próprio movimento podem defender a retirada ou substituição do termo.
Mas esses dias, eu, pessoa negra, estava pensando sobre isso: retirar ou substituir resolve o que já aconteceu (e se aconteceu, como é dito sobre a etimologia).
E se tem essa base etimológica, como fazer essa substituição progressista sem deixar que se perca os vestígios da nossa história de uma sociedade racista.
Acho complicado essa substituição quando apaga da nossa história, a longo pra, a questão de que existiu (e ainda existe) uma prática racista e o quanto é importante esse histórico.
Uma frase feita diz algo como:
A pessoa que desconhece o seu passado, não vive o seu presente. Não constrói o seu futuro.
Nesse ponto, o resignificar ou a substituição do termo acompanhado do histórico da mudança do termo me parece possível e razoável.
Outro ponto de trata também de como é e pra quem é feita essa RESIGNIFICAÇÃO.
Pra quê? E por quem.
Tem um diálogo no primeiro ou segundo episódio da série "Invasão secreta" da Disney + em que um Agente negro (Nick Fury) faz um comentário que poderia ser racista. Então a colega que é uma mulher branca rebate amistosamente: " Você não pode falar assim, vc sabia né!?" E então ele retrucar: "você não pode falar assim. Eu posso falar assim.
Pra mim essa cena é emblemática.
Há uma fala de resignificar. Mas será que isso seria uma forma de tornar leve um termo violento?
E pra quem? Pro politicamente incorreto poder usar com mais liberdade, ou para as pessoas vítimas dessa expressão poderem viver e vivificar essas expressões de forma a, ironicamente, empoderar-se sobre o termo discriminatório.
Eu sou negro. A comunidade negra resignificou a palavra "pessoa preta" ou "preto". Apesar de preferir o termo "negro", entendo ser chamado de preto pels comunidade preta.
Mas, jamais por algum branco ou outra etinia.
Sou um homem gay. E sim, a resignificação de vários termos referentes a pessoa homoafetiva foram resisnificados. Hoje, alguns GAYS falam ENTRE SI "bicha" ,"viado", "Poc".
Mas lembro. ENTRE SI.
O colateral dessa história é héteros fazendo festa chamando homossexuais desses "termos resignificação" como se tivesse tudo liberado. Não é assim.
A resignificação, ao meu ver, é ainda mais um protesto e atitude de empoderamento da comunidade lgbtqia+ do que "essa festa pobre" que não me chamaram e nem teria como participar.
Enfim. Penso sobre o que você já tratou da dinâmica natural da linguagem. Especificamente sobre a preservação e repúdio a termos e expressões novas do uso da língua portuguesa e o quanto isso não estingue ou deprecia a língua no seu processo continuo de modificação pelo usuário.
Mas nesse assusto específico desse vídeo, concordo com tudo.
Não há a palavra isolada, não há o discurso por palavra. Há o contexto e a intenção também.
Ex: Eu sou gay. Entre amigos gays ou colegas gays eu não ligo de me chamarem de bixa. Isso foi superado na comunidade, por mais que eu particularmente não me sinta a vontade pra usar esse termo.
Bem diferente escutar alguma pessoa hétera se referir a mim me chamando de "bixa". Essa pessoa, principalmente se não for íntima, não tem permissão pra isso.
E num terceiro cenário desse termo. Se um hétero se referenciar a mim usando o termo "bixa", eu, como bom homossexual em meu processo de protesto e empoderamento respondo "que bixa o que garoto. Me Respeita! Eu sou é Viado mesmo" ou como diria o saudoso Paulo Gustavo, "viaderrérrima".
É isso. Desculpa o texto. Mas é uma reflexão em tempo de comunicação remota por redes.
Parabéns pelo vídeo. Abraço
Amo seu canal. Você é maravilhosa. O RUclips não está me notificando das suas postagens, achei por acaso essa pérola hoje. Gratidão.
Jana, seu trabalho é maravilhoso!
Gosto da proprietária deste modestíssimo espaço. Beijo.
O racismo não está nas palavras, mas na cabeça de quem as escutam.
Como socióloga diria que está nas relações que o reproduz... Pode se expressar em palavras, em pensamentos "que estão nas mentes das pessoas", mas existe muito concretamente na vida de quem é alvo do racismo e da dominação racial...
Pois é carissima, no Brasil ser negro ou preto é o mesmo que ser suspeito/culpado!😮 Evoluir custa caro, preço que muitos optam por não pagar!
Que vídeo perfeito!!!! Sou professora de história e aprendo tanto com você! Obrigada, Jana ❤
❤️❤️ obrigada
Poderia também se fazer um comercial falando da origem da marca Etna, com atores funcionários, fornecedores e etc.
Sempre um vídeo mais sensacional que o outro. Muito obrigado, Jana!
É claro que as lutas por um outro mundo possível vão demandar mudanças das línguas, mas acho que isso se faz antes de tudo num esforço por mudar seus contextos de uso. Lutemos por contextos minoritários de uso, por práticas sociais não-opressivas :)
Jana foi longe demais, e não se esperaria menos de suas análises num momento de entrincheiramentos e consensos. Jana e Rui Costa Pimenta são imprescindíveis ao Brasil.
Achei muito interessante essa questão da etimologia e da apropriação neoliberal, e ainda não deixando de iluminar as consequências nas discussões jurídicas (pra mim é óbvio que neoliberalismo é responsável pelo bolsonarismo, ambos se alimentam mutuamente, sendo que o bolsonarismo seria a tropa de choque e os neoliberais é que marginalizam economicamente) sobre o que é "bandido" e defesa de mudança de maioridade penal. Moça, muito gosto dá te ouvir 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
Olá, Jana! Que vídeo esclarecedor!!!❤️
Já chego no likão 👍👍
Esse vídeo me faz pensar na novela "Vai na fé" e a Globo fingindo que se importa com as minorias. Nesse momento, é conveniente para a Globo se fazer de decolonial. Olhos desatentos vão deixar passar batido.
Nossa, gratidão Jana, você é a primeira pessoa não -negra que teve a empatia de esclarecer às pessoas que essas expressões além de antiquadas são racistas, eu como negra fico muito feliz!❤️
Não foi bem o que ela falou.
Carla, quais seriam as expressões antiquadas racistas?
Sempre uma aula seus vídeos. Muito obrigade por tudo.
❤️❤️❤️
São inúmeras reflexões, o video é muito bom.
A questão não é ser bandido ou não, porque quando a gente acha que é justiça atirar em "bandido", a gente abre precedente pra que se atire em qualquer pessoa em determinados territórios e se acertar em mulher grávida, por exemplo, é "dano colateral". A questão é: onde se atira em bandido? Por que em alguns lugares o bandido tem granada, atira na polícia e SAI VIVO?
sim, certamente. é que o tema do vídeo não era esse, o exemplo vem apenas para mostrar o quanto as manchetes já escolhem o termo para uns e não para outros.
(obrigada pela sua ponderação!)
E toma café com um policial cuja cara da medo.
Excelente seu canal ❤
Aprendendo muito com você!
A intenção é muito maior que a palavra ...
uma coisa que eu percebo é que as pessoas acham que a origem etimológica da palavra é o significado dela. por mais que uma palavra tenha origem controversa, o significado atual dela não é aquele.
essa lógica de proibir o uso de uma palavra pra mim não faz sentido. imagina ser considerado racista par falar o nome de um móvel? isso não entra na minha cabeça. kk
aliás, vi que a palavra tchau tmb tem origem racista. não sei se é vdd, mas não consigo imaginar os brasileiros deixando de dizer tchau por causa da origem etimológica. e não duvido realmente tentarem proibir. será interessante ver a reação dos brasileiros. k
muito bom. a música da gal costa "neguinho" é um jogo de linguagem e expressões ótimos
Em francês se chama « valet de chambre, valet muet(criado mudo) tem também o valet de nuit p apoiar as roupas ». Valet era o servo de confiança dos Senhores nobres.
A palavra "criado-mudo" tem origem na expressão inglesa ",dumbwaiter", e tem significado parecido com o francês que vc citou. É um termo usado desde o século XVIII, e nada tem a ver com a escravidão de pessoas negras. Podemos dizer que é um termo ofensivo, mas não é racista.
Mais um vidéo da série vida inteligente na net!!
Chega no like, povo
Gosto de como você trata do tema de forma simples e com exemplos. Acho esse um tema tão controverso.
Jana, e quando ele falou essa frase horrenda, ele estava no CIB - Clube Israelita Brasileiro no Rio , e foi recebido com risadas e aplausos, um clube esportivo composto majoritariamente por judeus. Me Explique.
Boris casoy tbm é judeu e impediu aquela fala nojenta e preconceituosa sobre os garis
O que também me causa estranheza e que me parece esta, normalizado desde sempre na mídia em geral (grandes ou pequenas), são as expressões; O primeiro presidente negro, a primeira mulher a conquistar algo relevante, sendo que no meu modesto entender, o que mereceria o destaque principal seria as conquistas do indivíduo independente da etnia, sexo, orientação sexual. Pois quando Donald Trump se elegeu não houve manchetes do tipo "o primeiro presidente laranja dos EUA"
Muito interessante a reflexão. Realmente, se partirmos do pressuposto de que a língua é viva, seremos mais cuidadosos ao condenar ou não certos termos.
Esse é o primeiro vídeo teu que vi. Primeira impressão é que fala bem. Achei prolixa, mas talvez tenha sido necessário para chegar em uma explicação tão coerente.
Cheguei agora, obrigado por todo conhecimento deste vídeo!
Disponha!
Vídeo sensacional. Seu conteúdo é incrível, Jana! 👏🏽👏🏽👏🏽
Muito obrigada 😊
caramba, Jana, eu amo o seu canal. sempre me traz ótimas reflexões.
Excelente reflexão!
Parabéns pela análise e vídeo, beijinhos
!
Esse neoliberalismo é real no vale tbm. Mês de junho as marcas usam suas logos do arco íris, mas dia 01 de julho as logos originais já estão de volta e nada se faz para reparar ou trazer mudanças significativas para a sociedade ou inclusive para o meio organizacional...
E essa reflexão desse lembrete são importantes pq eu acho que é muito fácil esquecer e esvaziar a conversa para se refletir sobre essas palavras isoladas
E o uma ressignificação tbm. Uso viado toda hora agora...
Racismo (e todo preconceito) é maldade. Está nas palavras e nas ações, por que primeiramente está nos corações. Que nos enxerguemos em profundidade, nos vigiemos e nos coloquemos como agentes do bem, a começar dentro de nós mesmos, espelhando para fora o melhor em nós que pudermos, todos os dias.
Essa turma que deseja mudar a língua portuguesa é verdadeiramente de Nárnia.
Minha sobrinha me chamou atenção para o "criado mudo". Até então eu não sabia. É importante falar.
Lembrando sempre que a sociedade está em constante movimento. Excelente vídeo para reflexão de nossos atos e palavras. Em relação à propaganda da mesinha de cabeceira, penso que seria muito mais efetiva fazer com atores de etnia branca, pois seria um indicativo de que o "branco" foi levado a refletir sobre o uso da palavra. Do modo que está, novamente vemos o "negro contando suas trágicas histórias" (usei aqui propositalmente o pensamento usualmente racista). Minha sogra, por exemplo, considerando a idade e a educação tradicionalmente racista, nem assistiria a propaganda, ou pior, faria piada. Então penso que é preciso saber bem qual público a propaganda quer influenciar. Mas como percebo, o negócio é vender.
Dando like antes d assistir o vídeo
Eu tenho essa dúvida também em relação a palavra com n (n word) que é preconceituosa se falada por uma pessoa não negra. Há contextos e contextos, nunca sei se é exagero ou se realmente não deve-se utilizar. Eu sou branco e estou estudando de verdade agora esses assuntos.
vídeo incrível jana 👏👏
Maravilhosa essa Jana ! Obrigada por mais esse excelente conteúdo
Um beijo, querida!
Tipo denegrir e pardo ser igual a negro...
Parabéns Viscardi ✊🏽💪🏽❤
O contexto, e esses demais elementos q fortalecem um termo pejorativo ou uma locução pejorativa, é sempre o q pesa mais pra mim. No meu ponto de vista, o "politicamente correto" é importante, não importa como, pq força alguém a questionar o por quê de "agora" ser assim e não mais assado. É ele que, por exemplo, fez muitos humoristas no mundo todo terem de repensar como fazer os seus textos e saírem do lugar da piada discrimadora comum. E por mais que ainda tenha grupos resistentes, que insistem em dizer q "humor não tem limite", a piada, q é uma zona muito expressiva para fortalecimentos racistas e discriminatórios, tem mostrado muita transformação nos últimos anos. Mostra, inclusive, q não é o politicamente correto o culpado, mas a incapacidade intelectual e moral dessas próprias pessoas q as limitam.
Eu cresci ouvindo os termos mais pejorativos que existem, e que hoje abomino, porque é isso: independende da etimologia, mas, sim, do interesse do sujeito que a usa e em qual narrativa ela é usada. Porque, como vc bem disse, ainda q usando um termo aceitável, ela não impede a violência de se manter explícita no contexto inserido.
A questão da reapropriação/ressignificação de termos é importantíssima. Do 'preto' pela população negra, do 'viado' pela comunidade LGBT, e demais outros que, antes, eram utilizados para marginalizar grupos, mas hoje perderam significantemente essa força discriminatória porque os grupos estão tomando a frente narrativa desses termos e recolocando-os em um lugar comum outro que fez perder essa força vinculante nociva e não fazer mais sentido.
Muito bom. Parabéns
Acho que politicamente correto é neoliberal...
A palavra pode e deve libertar associada a outros elementos.
Claro que não é um documento histórico, mas próximo a minha cidade tem uma fazenda histórica que foi a que teve o maior números de escravos do Brasil, tem as "masmorras"( não sei se o nome é esse) que ainda tem as marcas de sangue de escravos. Essas expressões do criado mudo e nas coxas são explicados exatamente assim. Tanto por descendentes de escravos quanto por descendentes dos donos da fazenda... Independente do impacto real que isso poderia ou não trazer, eu prefiro mudar meu vocabulário. Acho que quando conhecemos nossa história as palavras trazem a mente o real significado delas, e esse conhecimento pode fazer escolhermos caminhos melhores...
Excelente vídeo
obrigada!
Lá em casa sempre usamos "bidê" para designar esse móvel.
Mas, falando mais sério, e levando em conta meu lugar de fala - homem branco - acho válido que as pessoas ou as comunidades se manifestem sobre palavras e expressões que julgam problemáticas ou ofensivas.
Meu ponto nessa discussão é o cuidado que se deveria ter com a fundamentação do argumento, ou seja, que fosse possível assumir grau de subjetividade, de sentimento puro e simples, no lugar de uma explicação histórica mirabolante com pouca chance de comprovação.
Um exemplo é o verbo "denegrir", que parece ser mais antigo na língua do que a exploração escravagista. Ora, denegrir parece obviamente relacionado com o binômio trevas/luz, comum em várias línguas, em que o verbo "esclarecer" traz a nuance oposta. Nesse sentido não parece honesto que se faça relação causal com a questão racial e firmar a alegação em cima desse pretexto - portanto frágil, quiçá falso - pode justamente dar munição ao campo oposto, que acusa vitimismo, coitadismo etc. Denegrir pode causar a mesma dor e desconforto que judiar, embora provavelmente não tenha a mesma origem nefasta. Nesse caso, acho que seria muito mais prudente apenas citar que é um verbo incômodo, desconfortável, e que poderia/deveria ser substituído por outros.
Nessa linha, então, permito questionar se há alguém que realmente se doa com expressões como "feito nas coxas". Posso estar redondamente enganado, mas a origem já parece irrelevante, inócua. Sempre associei isso com redigir uma redação de escola em papel almaço diretamente sobre as coxas. Quero fazer esse paralelo com denegrir porque, a despeito das alegadas etimologias, o verbo traz a sonoridade que remete diretamente ao grupo humano, à cor da pele; a expressão não escancara nada.
Uma questão relacionada e pertinente é a celeuma sobre o hino gaúcho, em que é citada a palavra "escravo". Conheces a polêmica?
Entendo seu ponto. Mas acho que devemos pensar melhor a respeito se devemos simplesmente “banir” algumas palavras, como “denegrir” porque algumas pessoas, de uma maneira não baseada na origem etimológica real, a vinculam a uma expressão de cunho racista
Curioso, que no interior de SP, bidê era o assento de se lavar ao lado da sanitária, que infelizmente entrou em desuso e tínhamos em casa.
Pqp eu amei esse vídeo. Nunca tinha pensado nisso
Jana, já falei, seus vídeos são maravilhosos
Parafraseando Juliette : Não existe racismo neutro.
Jana e pessoal, a música interpretada pela Sandra de Sá, "Olhos "Coloridos", é racista?
A própria interpretação do texto da música mostra que não é racista.Ela usa as expressões usadas na época, pra enaltecer o orgulho de suas raízes.
Vídeo excelente. Parabéns 👏👏👏👏
O povo branco brasileiro precisa ser reeducado.
Essa questão da cooptação das pautas dos oprimidos pelo Capitalismo tem uma única função: mais consumidores. Os burgueses não querem o respeito e sim o dinheiro.
muito interessante, de longe o canal q trata com mais seriedade da linguagem que eu ja vi no yt
Apoiando...
Quando referimos as pessoas brancas não necessitamos pontuar a cor de sua pele.
Por favor, acho pejorativo alguém dizer, e escolher para mim, que sou "cisgênero". Sou mulher. Gracias.
Depois que vi uma criança negra fazenda propaganda do Negrito
Fiquei pensativa
Olá
E A palavra denegrir?
❤️
A flor que chamamos de rosa, se outro nome tivesse, teria o mesmo perfume? Se a comunidade não enxerga a palavra como algo ruim, então acabou a questão. No final das contas, as palavras são apenas símbolos sonoros que em si não dizem nada. Se a palavra tem uma história ruim e a sociedade mudou o significado ao longo do tempo, então que fique valendo o que de fato as pessoas entendem. Essa arqueologia que fazem das palavras visando buscar origens do mal é ridícula
Bacana, Jana. Muito bom! Dois pontos que me chamaram atenção: você usa bastante “é evidente”, em nítida oposição à expressão amplamente difundida (e controversa) “é claro”.… Outro: não ficou explico se a definição de politicamente correto é sua… Muito boa, por sinal.
a definição de politicamente correto não é minha, como sugiro no vídeo e como apontam os estudos que sugeri para leitura.
É sério que você acha o termo "claro" no sentido de óbvio, de claridade de visão, é racista??
Na lógica capitalista não há olhar de privilégio, o que existe é o fetiche, a precificação para tudo. "A carne mais barata do mercado é a carne negra".
Será que na Etna tem pessoas negras ocupando espaços de destaque dentro da empresa?
Obs: eu achei uma violência ter que colocar pessoas negras para lerem esse texto. Deve ter dado vários gatilhos.
👏👏🏽👏🏿👏🏼👏🏾👏👏🏽👏🏿👏🏾👏🏻👏👏🏼👏🏾👏🏿
Criado mudo refere-se aos tempos monárquicos europeus e não tem nada a ver com os escravos do Brasil.
É aquilo, né, será que o segurança da Etna trata igual pessoas brancas e negras? Ou a câmera tá focada até em como ela respira?
Sou negra um termo que me irrita muito, e ser chamado de mulata ou morena 🥴🥴🥴🥴 eu fico muito irritada, com esses dois termos horriveis.
Janaisa sempre necessária
Muito bom
Jana, adorei o vídeo! Só achei que faltou falar mais sobre a evolução da língua. Termos e palavras evoluem junto com a sociedade. Assim, termos que poderiam significar algo podem até mesmo perder completamente o sentido original e adotar uma nova significação quando expostos a uma nova realidade social.
Se criado-mudo, alguma vez, foi referente a uma pessoa escravizada, esse sentido já se perdeu e, como você bem disse, o contexto é relevante. Pessoas não compram um móvel pensando de forma maquiavélica "vou simular uma pessoa escravizada". Elas compram e o chamam pelo termo que aprenderam.
Acredito que seja até um desfavor ficar "resgatando" contextos racistas ou de qualquer outra forma pejorativos quando esses já estão esvaziados. É, basicamente, reintroduzir o racismo onde ele já não existe.
A luta contra o racismo precisa existir. Acho apenas que é muito mais importante escolher as lutas certas, e não lutar contra moinhos de vento.
discordo que seja um "desfavor" "resgatar" contextos racistas porque é a história do país reverberada na língua, que vem sendo apagada para muitos há mais de 500 anos. uma coisa é ponderar que esse sentido não se mantém no presente, outra coisa é assumir que discutir a questão seria "reintroduzir" o racismo. o racismo não está sendo "reintroduzido" quando essas questões são levantadas. ele está sendo discutido e questionado. num país que é violento e racista há 500 anos, não se reintroduz o racismo ao se discutir a origem de inúmeras palavras. mesmo que o sentido tenha já se alterado, nada impede - ou deveria impedir ou tolher - que a reflexão aconteça. além disso, a pergunta que você poderia se fazer é: o que estou chamando de "luta certa" e quem é que a define? pesquisas em Linguística sobre origem e usos de palavras podem ser feitas a qualquer tempo, sem que a questão seja considerada menor. refletir sobre a história e os usos de língua jamais deveria ser considerado "moinhos de vento".
eu poderia ter trazido a questão da mudança dos sentidos de alguns termos - o que não fiz porque sequer a etimologia de muitas dessas palavras está "fechada"- mas jamais poderia fazê-lo considerando que seria "bobagem" discutir aquilo que uma palavra já teve como sentido. um abraço
@@JanaViscardi entendo seu ponto de vista. Respeitosamente, ainda discordo. Acho sim que devemos escolher as lutas. Mas me permita explicar melhor, porque acho que não me fiz a entender antes.
Temos recursos limitados para empregar no trabalho, nem que desses recursos sejam simplesmente tempo. Assim, existem pontos muito relevantes que ficam menor abordados, talvez por serem mais evidentes. Por exemplo, a evidente discriminação por cor na colocação no mercado de trabalho.
Sinto que há muito emprego de energia e atenção a debates como a origem do termo criado-mudo, cujo significado racista, se sequer exista, já não tem qualquer impacto social.
O mesmo se diga de palavras que nem tem a mesma origem, como negação, por exemplo, que já foi usada para alegar ocorrência de racismo.
Isso que me refiro.
Mas longe de mim querer tolher o direito de qualquer pessoa em falar disso, ou, ainda, que se faça estudo científico, no caso, linguística.
Eu também sou divulgador científico. Trabalho com o pessoal de SciCast. Nisso, acredito que todo estudo e debate acadêmico é bem vindo, por mais tangencial que seja.
Meu ponto é muito mais uma opinião pessoal que qualquer outra coisa. E, claro, respeito demais a sua.
Apenas acredito que, quando temos recursos limitados, devemos escolher onde emprega-los para termos melhor eficácia. Combatendo estruturalmente o racismo, outros pontos, como a evolução da língua e da linguagem, virão juntos, como consequência. Seria o mesmo que dizer, na biologia, que se escolhe fazer campanha para preservação de uma certa espécie de urso panda. Preservando o hábitat desse animal, tudo o ecossistema em que ele está inserido se beneficia. Entende o que quero dizer?
poxa, queria ler esse manual do politicamente correto do governo lula 2000