“O choque elétrico é inenarrável; não é para matar, é para estraçalhar”, lembra Flávio Tavares
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- Опубликовано: 5 окт 2024
- O jornalista Flávio Tavares foi preso três vezes durante a ditadura militar brasileira.
“A primeira vez fui preso logo depois do golpe, em 6 de maio. Fiquei três dias preso, fui bem tratado e houve um pedido de desculpas pela Voz do Brasil, pelo ‘lamentável equívoco’. Depois fui preso pela ‘guerrilha de Uberlândia’, que nunca existiu. Tinha estado em Uberlândia para falar com um grupo que queria fazer luta armada. Depois, fui preso em 69, no Rio. Ao contrário das outras vezes, fui maltratado, sofri choques elétricos brutais. O choque elétrico é inenarrável. Até nos olhos, nos testículos. O choque elétrico não é para matar, é para estraçalhar a vítima”, afirma ao TUTAMÉIA.
Aos 90 anos, ele diz que suas prisões refletem o endurecimento do regime, o avanço da ditadura militar. “De um modo geral, os golpes militares são duros no início e depois se abrandam. No Brasil, foi ao contrário”.
Na última prisão no Brasil, Tavares lembra o que os seus torturadores lhe diziam: “Agora não há Supremo Tribunal Federal para lhe dar um habeas corpus, como tinha sido na vez anterior. Agora você vai ficar 30 anos preso”. Ele ficou 30 dias preso: “No trigésimo dia sequestram o embaixador norte-americano, e eu sou um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador”.
Então comentarista político da Última Hora, fundada por Samuel Wainer, Tavares acompanhou em Brasília a ignóbil sessão do Congresso que declarou vaga a presidência da República enquanto João Goulart ainda estava no Brasil, na madrugada do dia 2 de abril. “Acompanhei os momentos trágicos, vendo aquela espoliação do sonho que todos nós tivemos com a redemocratização em 1945”, declara nesta entrevista gravada em 6 de março de 2024.
Autor, entre outros, de “1964: o golpe”, “Memórias do esquecimento” e “O dia em que Getúlio matou Allende”, Tavares foi líder estudantil no Rio Grande do Sul e esteve, com Leonel Brizola, na Campanha da Legalidade, que bloqueou o golpe contra a posse de Jango, em 1961.
Nos dias que se seguiram ao golpe, ele não percebeu que a ditadura seria tão longa e tão brutal, conta ao TUTAMÉIA. Foi aos poucos que entendeu a profundidade das mudanças. Quando soube do AI-1, ele se recorda: “O nome ‘ato institucional’ não existia no vocabulário político do Brasil, nem sequer no vocabulário da língua portuguesa”.
Ele segue:
“Fui repreendido a primeira vez por dois coronéis que, em Brasília, representavam o ministro da Guerra, quando escrevi na minha coluna na Última Hora ‘o golpe de primeiro de abril’. Eles me disseram que não era assim, que era ‘revolução de 31 de março’”.
“Percebi que nós só podíamos combater as armas pelas armas. Quando decidi pela resistência armada à ditadura, era ainda colunista da Última Hora em Brasília. Participei ativamente da implantação de focos guerrilheiros no norte do país. A revolução cubana estava muito presente”.
“Hoje acho que nos equivocamos na época. Achávamos que haveria uma adesão popular, ficamos isolados. Fomos avançados demais. Não estavam dadas as condições para a luta de resistência armada. Foi uma tentativa. Todas as tentativas são positivas. Não me arrependo de ter participado da luta armada, mas hoje a tática seria outra”.
Tavares participou, com Brizola, do MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário). Ele explica: “Queríamos uma revolução nacional, enfrentar as causas principais da nossa dominação pelo imperialismo norte-americano, pelo imperialismo capitalista, das grandes empresas norte americanas que se implantavam no país e que cada vez mais amordaçavam a capacidade da própria indústria brasileira”.
O depoimento integra uma série de entrevistas sobre o golpe militar de 1964, que está completando sessenta anos. Com o mote “O que eu vi no dia do golpe”, TUTAMÉIA publica neste mês de março mais de duas dezenas de vídeos com personagens que vivenciaram aquele momento, como Almino Affonso, João Vicente Goulart, Anita Prestes, Frei Betto, Roberto Requião, Djalma Bom, Luiz Felipe de Alencastro, Ladislau Dowbor, José Genoíno, Roberto Amaral, Guilherme Estrella, Sérgio Ferro e Rose Nogueira.
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![KAYTRANADA - Witchy (feat. Childish Gambino) [Official Video]](http://i.ytimg.com/vi/jGK3YVmGZ3Y/mqdefault.jpg)
Acabei de ver no ICL o documentário do filho dele. Esse senhor é um exemplo de brasileiro, quanta coragem!!👏
Grande Jornalista, Professor, Advogado, Escritor Doutor Flávio Tavares.
Viva o Flavio Tavares sempre! Brilhante@
QUE MARAVILHA OUVIR ESTE SENHOR MARAVILHOSO NARRANDO TUDO O QUE DEVERÍAMOS ESTUDAR NA ESCOLA.
Flávio Tavares, um grande patriota!!
Guerreiro do povo brasileiro!
Flávio Tavares, um dos grandes heróis da democracia brasileira. Essa série do Tutameia é essencial para entender a tragédia que foi a ditadura militar no Brasil.
Senhor Flávio Tavares, tenha vida longa, com muita saúde e alegrias. 🎉🎉🎉
Esta entrevista foi riquíssima em detalhes, didática e exemplo de um senhor gentil, educado e generoso.
Caros componentes de TUTAMÉIA, minha gratidão por mais esta aula histórica sobre nosso País. ❤❤
Muito obrigada. Excelente. Parabéns pela entrevista.
Parabéns Tutameia TV por informar o povo brasieiro sobre os danos causados pela ditadura! Pena que poucos assistem
❤
Excelente entrevista! Impressionante a riqueza dos detalhes da memória do grande jornalista Flávio Tavares! Parabéns!
Um verdadeiro herói nacional!
Flávio Tavares nos deu um testemunho para o posteridade!!
Um partisan brasileiro!
Parabéns a Tutameia pelo resgate da nossa história!
Parabéns pela entrevista e pela programação!! Testemunhos importantíssimos!!
Maravilhoso!
Obrigada pela luta!
Deus o abençoe infinitamente!
Uma pessoa como Flávio tavares, são destas pessoas que são imprecediveis na luta pela democracia,e contra a exploração do homem pelo homem! Parabéns pela entrevista.
Maravilhosa a entrevista. Flávio é vizinho da minha irmã e um dos primeiros livros dele que li foi as Três Mortes de Che, que ganhei da minha esposa, e que graças a minha irmã foi autografado por este grande personagem da nossa história. Deveria ser ouvido em todos os estabelecimentos de ensino do país... deveria ser ouvido e lido em todos os grandes meios de imprensa.
FLAVIO TAVARES É UM BRASILEIRO ADMIRÁVEL! PARABÉNS TUTAMEÍA ! TRABALHO IMPRESCINDÍVEL DE MEMÓRIA NACIONAL E DE VISÃO DO QUE FOI A NEFASTA DITADURA MILITAR. ESSA SÉRIE DE VIDEOS DEVERIA ESTAR NAS ESCOLAS PUBLICAS. DITADURA NUNCA MAIS !
Mais uma entrevista impactante. Para nunca esquecermos o que aconteceu neste país!
Flávio Tavares foi meu professor na Universidade de Brasília e, depois, colega de redação na Última Hora. Acabo de lançar um livro sobre os dez primeiros anos da UnB, pela Dialética, cujo prefácio foi escrito por ele. Já tentei comunicar-me com ele no RS, mas o endereço que tenho na bate, nem o email e muito menos o telefone. Quero enviar para ele um exemplar do livro. Você se incomodam de me dar um desses contatos para eu contatar-me com ele? Ficarei grato. Parabéns pelas fantásticas entrevistas. Estão chegando um pouco atrasadas, em relação ao livro, mas já mudaria algumas coisas no que já escrevi.
Vamos em frente. Abraços.
É sempre uma emoção ouvir Flávio Tavares, depois de ler seus livre: “O Golpe derrotado” e “ O Golpe.”
É impressionante como os relatos se encaixam. Parabéns por essa série de entrevistas 👏🏾👏🏾👏🏾
Sem palavras,pra profundamente,grata pela narrativa"cinematográfica",do Jornalista Flavio Tavares,embora deva ser extenuante e dolorida,rememo_rar sofrimento,decepçoões,angustias,
Para termos um Brasil,com povo Nacionalista,com moradia digna,com marinheiros com vida adequada,com as Reformas,fora entreguistas politicos e Jornais despudorados de fervor pela ".Pátria amada"e militares sem senso e consciência,cívica,economica,política e as forças que dominam ainda o Mundo,por ganância,subjulgados ao Imperio.
DEUS ABENÇOE O SENHOR, FLÁVIO TAVARES!
Agradeço a vcs, Leonora e Rodolfo, por esta série. A postura de Lula é mais que lamentável e ter recebido a cúpula militar hj foi uma AFRONTA a toda a população brasileiea. Estou enojada.
Antes Lula na abertura do Sistema Nacional de Cultura em Pernambuco celebrou a resistência diante do golpe de 64 e da tentativa de golpe em 8 janeiro - foi uma cerimônia forte muito mais marcante que qualquer outra nos 60 anos do golpe
Que maravilha ouvir o Flávio Tavares e lembrar a energia dele na redação da Última Hora, no Rio, onda ele foi meu chefe junto com o Samuel Wainer, no fim da década de 60.
PARABÉNS! FICO ESPERANDO O PROXIMO. PARABÉNS.
DEVE SER HORRIVEL FICAR REMEMORANDO TODA ANGÚSTIA QUE ELE PASSOU DURANTE OS ANOS DE CHUMBO!
Parabéns Tutameia ❤❤❤
Depoimentos que devem ficar para a história!
Muito bom.
Ao longo da estória de nossa pátria, os mitares entreguistas, quase sempre em conluio com as elites brasileiras sempre atentaram contra a nossa frágil democracia. Por vezes, temos lampejos de vida democrática concreta. Devemos estar sempre atentos contra esses vende - pátria, sem vergonhas!
Realmente Flávio Tavares acompanhou o movimento no exílio sempre ao lado do trabalhismo revolucionário de Leonel Brizola
❤❤❤
O Brasil mantém comissões militares em Paris e Washington. Para quê?
❤❤😊
Hoje é um bom dia para assistir ao filme JANGO... S Tendler. incrível como o modus operandi dos militares/elites é semelhante aos últimos anos.
Escolas. Ensinam. Isto. ? ?
LIVRO:"Rire de la dictature, rire sous e a dictature Bresil (1964-1982)" - Historiadora Melanie Toulhoat
Existia vários métodos de choque elétrico na época, existia o que era ligado diretamente na rede elétrica, ou extraído de aparelhos elétricos como televisores que da saída da antena da tv vinha dois fios que iam para os presos políticos quando molhados a carga elétrica era intensa pois as tvs eram a válvula isso aumentava a carga elétrica no preso
Ou o Brasil estuda isto nas escolas, ou seremos sempre um país de terceira categoria.
A elite não admite as escolas ensinarem ou sugerirem livros sobre o Golpe militar de l964
de PoA - Leonel Brizola vive…
Foram 16 AIs, se não me engano