“O GENERAL OLHOU PARA A MINHA PERNA, AINDA SANGRANDO, E DISSE: ‘QUE SERVIÇO PORCO’“, LEMBRA LADISLAU
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- Опубликовано: 25 мар 2024
- “A minha perna estava sangrando, com um buraco imenso. É que eles colocavam algodão molhado em volta do fio elétrico para não deixar marca. Mas, quando você passa horas nesse choque em cima dos tecidos, os tecidos se deterioram. O general olhou para a minha perna e ficou indignado: ‘Que serviço porco’. Esse é o general, essa é a ‘alta cultura’”.
Quem faz o relato é o economista Ladislau Dowbor. Era 1970 e ele iria embarcar para a Argélia. Era um dos 40 presos políticos que estavam sendo trocados no sequestro do embaixador alemão. O general fazia a inspeção antes do embarque.
O estado físico de Ladislau (e de outros presos) era deplorável em razão da tortura continuada e virou notícia quando eles chegaram a Argel. “O tipo de dor que se causa de onde você põe os fios elétricos é uma coisa pavorosa”, diz.
Aos 83 anos, o hoje professor da PUC-SP fala ao TUTAMÉIA sobre a sua trajetória, a luta armada, a sua labuta para “encontrar saídas da barbárie”.
“A gente fala em golpe, e em ditadura. Eu tendo a tomar um recuo pensando: o que a gente faz como seres humanos? Essa busca para sair da barbárie. A gente sabe os caminhos: é essencialmente pela justiça social, tem que assegurar o básico para todo mundo e temos o suficiente no mundo”, afirma.
Dirigente da Vanguarda Popular Revolucionária, com Carlos Lamarca, Ladislau relembra o sequestro do cônsul japonês em São Paulo, o exílio e os seus trabalhos antes e depois do golpe de 1964.
“O passado não passa. Para mim, sem nenhuma glorificação política, não ter baixado a cabeça, não ter aceitado os massacres, as humilhações, de eu continuar a briga... Você não apaga o sofrimento, mas dá sentido a ele. Esse testemunho é meu e de mais de 15 mil pessoas que foram presas e massacradas no Brasil naquela época. Batalhar por um país mais junto é bom senso, dignidade humana”, afirma.
Nesta entrevista, gravada em 15 de fevereiro de 2024, Ladislau lembra o contato que teve com militares, quando foi se alistar no Recife. Na época, nos movimentos de cultura popular.
“Conheci Ariano Suassuna. Ajudei a montar, no Teatro Santa Isabel, a primeira apresentação do Auto da Compadecida. Conheci Gilberto Freire, Celso Furtado; acompanhei as reuniões dele na Sudene. Conheci o Paulo Freire e acompanhei as primeiras aulas de alfabetização no município do Cabo, com a filha dele, a Madalena”, rememora.
Pois foi quando se apresentou no quartel, em setembro de 1963, que viu um oficial, que sabia de sua participação nos movimentos sociais, dizer para o militar que o alistava:
“Vamos pegar esses filhos da puta!”
Sobre esse pequeno episódio Ladislau avalia:
“A tensão já se sentia. Tinha Paulo Freire, Miguel Arraes, ligas camponesas. Em setembro de 63, o processo estava caminhando”.
Vindo de São Paulo, Ladislau tinha chegado a Pernambuco por causa do convite do pai, que trabalhava como engenheiro na Açonorte.
“Foi um processo que pesou muito para mim. Desembarcando no Recife, vendo aquela desigualdade tremenda, a riqueza arrogante do pessoal de cima e a miséria em todo o Recife. Isso me chocou profundamente.
Meu pai me convidou para jantar uma lagosta. Entrando no restaurante, à noite, estava uma criança passando fome na porta. Sabe aquele caleidoscópio que você vira assim e todas as pedrinhas mudam? Eu vou jantar uma lagosta e tem uma criança passando fome? Isso não tem justificativa que exista. Isso que me orientou para a economia”.
No exílio na Argélia, Ladislau entrou em contato com as dezenas de movimentos de libertação que floresciam pelo mundo naqueles anos 1970.
“Conheci o MPLA, Amílcar Cabral. O Congresso Nacional Africano me chamou para ver se a gente conseguia libertar o Mandela de Robben Island, tipo assessoria técnica. Porque a gente tinha conseguido liberar muitas pessoas no Brasil”.
“Naquela época, havia ditaduras praticamente em toda a América Latina. Instaladas pelos norte-americanos essencialmente. Tinha as tragédias da Ásia, a China começando a se levantar, tinha as tragédias em todo o Oriente Médio, que continuam”.
No dia do golpe militar de 1964, Ladislau estava na beira do Mar Morto, “meio que escondido no que hoje é Israel”.
Ele conta:
“Eu estava apaixonado pela Paulinha [Pauline Reichstul, que foi assassinada pela ditadura em 1973]. Ela era judia, e eu não era judeu. Os pais dela, quando descobriram, colocaram ela em um avião e a despacharam para Israel. Eu sou teimoso; juntei dinheiro. Fui encontrar a Paulinha na beira do Mar Vermelho. Ficamos um ano escondidos lá. No rádio, a gente ouviu a notícia do golpe. O massacre de camponeses, de pessoas simples não se registrava. Era a barbárie. Nossa situação era de impotência. “
O depoimento integra uma série de entrevistas com o mote “O que eu vi no dia do golpe”.
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Que lindo! Sr Ladislau um homem de Coração Puro. Feito pelo amor, e Humanismo profundo.
Maravilhoso!!!
Leonor e Rodolfo, vocês são muito gentís, amorosos.... que entrevista memorável!!! ❤
O Professor Ladislau tem uma força interior alegre e humanista que o capacitou a enfrentar as lutas pela Vida , por um Brasil melhor e admitir " O passado não passa ".
Saúde e Vida em paz caro Professor ❤
A série de entrevistas é essencial para conhecer e não esquecer a verdadeira história do BRASIL PARABÉNS AOS JORNALISTAS.!!!!!
A realidade é maior que a ficção. Não sabia que o professor Dowbor tinha tido uma vida tão rica de experiências. Obrigada a ele pelo que fez, e, também, pelo que continua fazendo pelo Brasil.
Obrigada a vocês por nos trazerem essas histórias que não podem ser esquecidas, e devem ser comemoradas.
Admiro fortemente o Prof Ladislau, tenho aprendido muito com suas aulas de economia. A partir dessa entrevista, o admiro ainda mais. Sofro com seus sofrimentos, aprendo com sua humanidade, sua lucidez, sua coragem. O valor dessa entrevista é incomensurável!
Muito tocante! Sempre admirei o economista, mas não sabia do passado revolucionário desse grande homem. Um abraço ao professor Ladislau.
Grande Ladislau... se todos os economistas fossem iguais a vc!
Que histórias incríveis e, muitas vezes, terríveis, viveu este homem altivo do alto de seus 82 anos! Quanto saber e estudos voltados para o bem coletivo. Intelectual que uniu amor individual com amor por um Brasil mais justo. Confesso q me senti pequenininho diante da vida intensa e atribulada do professor. Entrevista absolutamente emocionante e que merece ser mostrada nas escolas públicas de ensino médio. Aliás, como todas estas sobre os 60 anos da ditadura.
Bela entrevista! Prof Ladislau é uma pessoa incrível! Que cultura, que cabeça, quanto conhecimento e humanidade!
Excelente professor Ladislau, que riqueza de vida! Parabéns! ❤❤❤❤
Excelente fala! Por demais amorosa!!
Grande trabalho Tutameia....
Dowbor é um Ser tão maravilhoso que poderia conservar-se eternamente entre nós.
Obrigada, Tutaméia! 🙏🏼
Admiro muito o Prof Ladislau. Um abraço ❤
Ai gente do céu! Como são enormes as pessoas humanas de verdade, que passaram pelo que passaram e continuam na luta. Lembro da nossa Presidente Dilma. Muito bom! Obrigada Tutaméia!
O professor Ladislau precisa escrever, ou deixar filmado, um grande depoimento onde possa falar sem interrupções do entrevistador. É fundamental! Uma vida riquíssima, experiências, sabedoria, vivências e fundamentalmente, com muito sentimento e emoção. As futuras gerações merecem essa herança Professor Ladislau!! O senhor, Professor, é pessoa rara, é da mesma cepa de pessoas como Pepe Mujica, em que a altivez da simplicidade e do sentimento de solidariedade humana se unem à riqueza da experiência e do conhecimento.
A frase da entrevista `O passado não passa´. Professor tem a minha profunda admiração.
Que figura fantástica, esse Ladislau Dawbor!
Ver um homem desse falando de paixão, cuidado faz a gente ainda acreditar na humanidade ❤
Meu pai trabalhou em uma loja onde o proprietário vendeu uma das suas lojas de decoração, em plena rua Barata Ribeiro,em Copacabana,para "pagar"a libertação de um sobrinho ,preso pelo DOPS
Temos aqui um belíssimo registro histórico! Agradeço ao Rodolfo, Eleonora e Ladislau.
Que depoimento chocante e fantástico ao mesmo tempo do Professor Ladislau. Estou passado. Não conhecia esta vivência dele. Parabéns Tutameia.👏👏
Parabéns a todos em especial ao professor Dowbor.
Ver o testemunho de L. Dawbor faz a gente sentir orgulho de pertencer a raça humana.
Ladislau é maravilhoso. Parabéns ao grupo por convidá-lo
Que beleza de entrevista! O mundo agradece tanta grandeza de humanidade❤
Emocionante. Que depoimento sincero, rico, significante. Sem mais.
Eu fico sem palavras um verdadeiro herói do Brasil e do nosso mundo histórias muito dramáticas muita coragem muita luz pro nosso futuro
Simplesmente sensacional, parabéns tutameia
Espetacular a entrevista de um Protagonista muito discreto!
Já admirava, profundamente, o Professor Ladislau...mas, depois dessa entrevista, pude conhecer, melhor, o ser humano incrível, excepcional que ele é! E ainda há quem peça a volta desse período de trevas...meu Deus, o que explica isso?!? Só ignorância desses fatos?!
Não. Perversidade pura. São gente infrahumana, que não tem qualquer sentimento de solidariedade humana, qq. empatia.
Sempre bom ouvir o Prof. Ladislau
Sou muito fã dele. Agradeço muito
Somos ❤🔥
Eu também !
O entrevistado é um humanista.
"O PASSADO NÃO PASSA" BELA FALA!
Parabéns! bela entrevista ao Professor Dawbor!
Comovente e inspirador essa conversa com o Dawor.
Professor LADISLAU é polonês. A pronúncia é DOBVÓR ... Ele é simplesmente DEMAIS !!!!!!
Lindo depoimento!
Sem Anistia!! Punição severa aos Golpistas Selvagens.
Que ser Humano da maior qualidade!! Estou com um nó na garganta, foi um soco no estômago o testemunho desse Homem. Como pode alguém defender esse golpe, a imbecilidade dessa direita estúpida. Que honra ter passado essa hora com uma história fantástica.
Que senhor extraordinário! Como aprendi com ele neste momento. Depoimento fantástico e emocionante. Como que ainda há pessoas que defendem ditadura. Um soco no estômago de todos nós.
Que ser humano magnífico,com idéias claras,com empatia pelo outro.Humanidade na encruzilhada com bárbarie,sempre.
Só se conhece o homem quando se dá poder a ele
Admiro esse homem de graça.
Perdi ao vivo, mas ja estou assistindo agora
Esta série precisa continuar, unir nossos mosaicos, construir nossa história e identidade. Eu tinha somente 6 anos, gauchinha morando em Fortaleza, vivenciando com prismas infantis, os vendedores/pescadores de lagostas, as festas estilo caribenhos escolares, um processo migratório no seio dos brotos de Paulo Freire. Com as entrevistas vou me reescrevendo, obrigada Ladislau ! A página Wikipédia em português deve ser melhorada !
Quanto de Cultura em Ladislau.Parabéns ao programa.
Ladislau um humanista humano.
Adoro seu Ladislau! Que orgulho esse descendente de polonês ser um grande brasileiro e de uma sensibilidade ímpar. Abração nele!
Obrigado,pela informação e formação
Bravo. Молодец!
Eis aí um verdadeiro herói, um verdadeiro brasileiro, mesmo tendo nascido na Polônia. É de exemplos de homens como esse que o Brasil e o mundo precisam. Um homem digno, honrado, indignado com a miséria de outro ser humano e corajoso o suficiente para encarar a morte e a violência do opressor e que lutou e ainda luta para mudar essa terrível realidade e impedir que esse mal se repita em nosso país.
Um testemunho assustador contado. Excelente trabalho Tutameia .
É isso quw precisamos mostrar pros parentes, pros jovens, pra tanta gente quw ignora os fatos
Obrigado por tanta sabedoria democratizada!
Que entrevista maravilhosa! Professor Ladislau que experiência fascinante. Que ser humano generoso.
impressionante!!!
É emocionante o q Sr Ladislau está relatando,
Boa tarde!
Nunca foram punidos!
Grande Prof. Ladislau Dowbor.
Que pessoa gigante que é o Ladislau: não só é um homem de uma cultura e erudição da mais alta conta, mas principalmente é alguém com um coração imenso e com um senso de justiça e ética excepcional. Que testemunho duro e emocionante!
Ladislau, a sua escolha, como a de muitos outros, não é apenas intelectualidade, ideologia. É a escolha moral de uma alma caridosa
que homem maravilhoso! Obrigada Tiatameia!
Professor Ladislau Dowbor.... Tutaméia... que encontro lindo, profundo, inteligente e sublime! Obrigado Tutaméia e PROFESSOR LADISLAU!
"Vc não apaga o sofrimento, mas dá sentido a ele!" Que profundo e belo! Gratidão, Professor!
Amo esse professor, muito humano.
Incrível ouvir o professor! Obrigada por essa oportunidade de ouvi-lo.
Que depoimento emocionante. Muito corajoso
Que exemplo de pessoa . Ser humano... humano de verdade. Parabéns. Muita emoção 😢
Esta série entrará para a história!
Emocionante. Um Herói.
Muito emocionante o relato do Ladislau
É sempre um prazer ouvir a forma de falar das coisas, com clareza pedagógica, do Ladislau Dowbor!
Vale um livro de memórias!
Que testemunho forte e de uma ternura divina!!!
Emocionante!!!
Ladislau sempre muito bom.
Essa pessoa Ladislaw, tem minha admiração, sua simplicidade é fascinante, estimulante. Obrigada por essa oportunidade.
Excelente entrevista. Muito obrigada pela oportunidade. Parabéns pelo trabalho e pela iniciativa da série sobre o golpe de 1964.
Parabéns pela entrevista, sou grande admirador do prof. Dowbor.
Que entrevista extraordinária! A biografia do Professor Dowbor é de uma riqueza impressionante.
Professor Dowbor que ser humano que exemplo que vida que pulsa
Maravilhoso relato! Muito obrigado por isso
Uma das melhores da série
Obrigado por nos contar sua história tão sofrida Stanislau! Q Lula a escute da próxima vez antes de arregar NOVAMENTE pros milicos! (mas ele não o fará, infelizmente...)
Que história linda!
Depoimento absolutamente impressionante! Salve Tuts!
Incrível entrevista.
Que ser humano de imensa riqueza cultural! Obrigada a vocês pela oportunidade de ver uma entrevista como essa
🎉❤
Admiro muito o prof Dawbor...entrevista emocionante ❤
Parabéns, muita saúde,paz e realizações
Impressionante❤
Que história intetessante, rica e esclarecedora desse senhor. Parabéns ao canal.👏👏👏
Foi maravilhoso!!
A gente fica muito triste! 🥲
Prof. Dowbor, obrigado pelo maravilhoso e emocionante testemunho. Meu respeito e admiração.
Muito emocionante o depoimento do Ladislau.
Estou chorando. Já era profundo admirador do professor Ladislau. Nai conhecia bem sua partipação na resistência a ditadura l. Nossa dívida com esses e essas brasileiras é impagável. Um grande e fraterno abraço
Excelente!
Que maravilha de entrevista! Ladislau Dowbor é um SER HUMANO no nível máximo da categoria!
Amo dr. Ladislau parabens pela entrevista
Relato muito tocante. ❤
Beleza de entrevista❤