Palestra sensacional. Realista e cheia de conteúdo técnico. Essa questão está longe de ser resolvida. Ponto. Se todo mundo entendesse isso o mundo seria um lugar melhor pra se viver.
Que interessante! Pesquiso o impacto deste problema (mente e cérebro) na história da psicologia no Brasil, faço mestrado pela UERJ com este tema. Tive acesso à este vídeo um tempo depois de já ter formulado o tema. Muito interessante! Me ajudou bastante!
Sobre resultados e aplicações. Essa discussão é voltada para profissionais da Psicologia. Esse público busca aplicações terapêuticas desses conhecimentos. Saber como o físico interage com o mental, como usar recursos físicos para afetar os estados mentais e vice-versa, visando reduzir sofrimentos e modificar comportamentos destrutivos. Fora isso, o dualismo abre a possibilidade de aspectos da mente sobreviverem à morte do corpo. Confirmar ou descartar essa hipótese de modo definitivo permitiria que as pessoas se dedicassem com segurança a uma hipótese somente, ou adotando um estilo de vida que promova uma melhor vida após a morte ou desfrutando da melhor forma possível a vida presente sabendo que esta vida presente é a única disponível. Tendo isso em mente, me parece muito útil discutir esses problemas.
Comecei a pesquisar recentemente esse tema. Então tenham paciência caso a pergunta seja idiota. Como a visão dualista explica as alterações de humor, memória, agressividade, julgamento, etc... quando o cérebro é submetido a reações físicas como um acidente de carro ou exposição à drogas? Me parece que essas alterações corroboram com o fisicalismo.
Olá Tit0! Primeiro, nenhuma pergunta é idiota hehe. Segunda coisa, nós, que respondemos os comentários na TV Nupes, somos jornalistas e mestrandos em divulgação científica na área de ciência e espiritualidade, portanto não somos especialistas em filosofia da mente. Mas para dar uma resposta, nos basearemos nas várias entrevistas que já fizemos com pesquisadores desse campo: É muito comum as pessoas encararem esse fenômeno - de lesões cerebrais que provocam alterações de humor, de senso moral e julgamento e alterações comportamentais - como evidências que corroboram com o fisicalismo. No entanto, isso não é bem verdade. É incontestável que há correlação entre cérebro e humor/sentimentos/senso moral, porque quando o primeiro sofre determinadas alterações isso afeta diretamente o restante. Porém, correlação não implica causalidade. Um dualista pode usar-se dessas mesmas evidências para dizer que o cérebro age como meio - entre mente e corpo - e não como gerador/causador da mente. Porque se o meio (cérebro) se danifica, a informação não chega no corpo do mesmo jeito que saiu da mente. Não quer dizer, necessariamente, que a informação foi produzida "com defeito" no cérebro lesionado, ela pode também ter sido produzida por uma fonte de natureza não material (que um dualista poderia chamar de mente, por exemplo) e apenas ter chegado no corpo "com defeito", porque o cérebro enquanto mediador não estava funcionando bem. Recomendo esse vídeo, onde o prof. Alexander explica melhor isso que estou dizendo aqui ruclips.net/video/BxettffMtk4/видео.html E se achou que a dúvida não ficou respondida, pode perguntar de novo hehe Um abraço!
Fazendo coro com a resposta da TV Nupes, gostaria de destacar o trecho de minha análise ao artigo What Science Really Says About the Soul, publicado na revista eletrônica eSkeptic (e traduzido pelo site Universo Racionalista). “[...] No final do artigo, Cave persiste na sua crença e escreve: ‘Segundo, mudanças em nossos corpos impactam nossas mentes de maneira que não são análogas à maneira como um defeito em um aparelho de TV altera sua saída, mesmo que levemos em conta danos à câmera também. A analogia com a TV alega que há algo que permanece intocável por tal defeito, algo como um transmissor independente que preserva a real programação mesmo que distorcida por esse dano; mas isso é precisamente o que as evidências da neurociência acabam enfraquecendo. Enquanto um defeito ao aparelho de TV ou câmera pode tornar o sinal distorcido ou turvo, danos ao nosso cérebro pode alterar profundamente nossas mentes. Como destacamos acima, tal dano por até alterar nossas noções morais, ligações emocional e a maneira como raciocinamos. O que sugere que não somos nada como uma televisão, mas mais parecidos, por exemplo, com uma caixa de música: a música não vem de qualquer outro lugar, senão do funcionamento da própria caixa. Uma vez danificada a caixa, a música é debilitada e se a caixa é inteiramente destruída, a música cessa para sempre’. O autor aqui insiste no ponto que os dados das neurociências apontam para uma relação de dependência causal da mente em relação ao corpo. Mas veja que alguém poderia enumerar exemplos de relação mente-cérebro em que a seta da causação parece ir em sentido oposto, i.e., da mente para o corpo, tais como os casos de influências psicossomáticas, placebo, psiconeuroimunologia e neurofeedback. Além disso, a causação psicofísica descendente (ou seja, a consciência afetando o corpo) é algo que todos os seres humanos inevitavelmente pressupõem na prática de suas atividades diárias, inclusive científicas e filosóficas, ou seja, que suas experiências sensoriais, desejos, crenças e ideias exercem um papel causal marcante na regulação de suas ações. Ainda que epifenomenalistas verbalmente neguem isso, mesmo eles vivem seus dias sob a prática daquela pressuposição. O mero fato de negar só serve para mostrar o quão seres humanos são incongruentes" (www.ilusoesdamateria.com/).
Bem, esta explicação mentalista só tem valor no universo filosófico. Na prática, como não sabem apontar, muito menos atuar sobre a suposta fonte, o que resta é o conhecimento sobre o cérebro danificado. O que resta como útil é portanto a visão fisicalista.
Según el fisicalismo, ¿cuál es la razón, de que en una cirugía cerebral (cerebro expuesto); el neurocirujano no pueda percibir los qualia del paciente (consciente)?
E o "atomismo" de Demócrito? Não seria precursor do Fisicalismo? Se for plausível, esta vertente teria suas bases em um período muito mais remoto! Abraço!
Olá, gostaria de saber como consigo entrar em contato com este professor. Esse temática muito me interessa e eu gostaria de saber se existe a possibilidade de trabalhar com ele.
Según el fisicalismo, ¿por qué razón, no existe cierto grado de contradicción en el modelo neurocientífico de la mente (neurociencia cognitiva), ya que según parece: el cerebro es tanto fuente (sustrato), como producto (interpretación consciente - mental -), de sí mismo?
Palestra sensacional. Realista e cheia de conteúdo técnico. Essa questão está longe de ser resolvida. Ponto. Se todo mundo entendesse isso o mundo seria um lugar melhor pra se viver.
Que interessante! Pesquiso o impacto deste problema (mente e cérebro) na história da psicologia no Brasil, faço mestrado pela UERJ com este tema. Tive acesso à este vídeo um tempo depois de já ter formulado o tema. Muito interessante! Me ajudou bastante!
meu amigo Saulo, parabéns!!!
Muito bom. Abordagem profunda e ampla.
Excelente!!!!!
Me ajudando em meu TCC...
Muito boa explicação
Sobre resultados e aplicações. Essa discussão é voltada para profissionais da Psicologia. Esse público busca aplicações terapêuticas desses conhecimentos. Saber como o físico interage com o mental, como usar recursos físicos para afetar os estados mentais e vice-versa, visando reduzir sofrimentos e modificar comportamentos destrutivos.
Fora isso, o dualismo abre a possibilidade de aspectos da mente sobreviverem à morte do corpo. Confirmar ou descartar essa hipótese de modo definitivo permitiria que as pessoas se dedicassem com segurança a uma hipótese somente, ou adotando um estilo de vida que promova uma melhor vida após a morte ou desfrutando da melhor forma possível a vida presente sabendo que esta vida presente é a única disponível.
Tendo isso em mente, me parece muito útil discutir esses problemas.
Comecei a pesquisar recentemente esse tema. Então tenham paciência caso a pergunta seja idiota.
Como a visão dualista explica as alterações de humor, memória, agressividade, julgamento, etc... quando o cérebro é submetido a reações físicas como um acidente de carro ou exposição à drogas? Me parece que essas alterações corroboram com o fisicalismo.
Olá Tit0! Primeiro, nenhuma pergunta é idiota hehe. Segunda coisa, nós, que respondemos os comentários na TV Nupes, somos jornalistas e mestrandos em divulgação científica na área de ciência e espiritualidade, portanto não somos especialistas em filosofia da mente. Mas para dar uma resposta, nos basearemos nas várias entrevistas que já fizemos com pesquisadores desse campo:
É muito comum as pessoas encararem esse fenômeno - de lesões cerebrais que provocam alterações de humor, de senso moral e julgamento e alterações comportamentais - como evidências que corroboram com o fisicalismo. No entanto, isso não é bem verdade. É incontestável que há correlação entre cérebro e humor/sentimentos/senso moral, porque quando o primeiro sofre determinadas alterações isso afeta diretamente o restante. Porém, correlação não implica causalidade. Um dualista pode usar-se dessas mesmas evidências para dizer que o cérebro age como meio - entre mente e corpo - e não como gerador/causador da mente. Porque se o meio (cérebro) se danifica, a informação não chega no corpo do mesmo jeito que saiu da mente. Não quer dizer, necessariamente, que a informação foi produzida "com defeito" no cérebro lesionado, ela pode também ter sido produzida por uma fonte de natureza não material (que um dualista poderia chamar de mente, por exemplo) e apenas ter chegado no corpo "com defeito", porque o cérebro enquanto mediador não estava funcionando bem.
Recomendo esse vídeo, onde o prof. Alexander explica melhor isso que estou dizendo aqui ruclips.net/video/BxettffMtk4/видео.html
E se achou que a dúvida não ficou respondida, pode perguntar de novo hehe
Um abraço!
Fazendo coro com a resposta da TV Nupes, gostaria de destacar o trecho de minha análise ao artigo What Science Really Says About the Soul, publicado na revista eletrônica eSkeptic (e traduzido pelo site Universo Racionalista).
“[...] No final do artigo, Cave persiste na sua crença e escreve:
‘Segundo, mudanças em nossos corpos impactam nossas mentes de maneira que não são análogas à maneira como um defeito em um aparelho de TV altera sua saída, mesmo que levemos em conta danos à câmera também. A analogia com a TV alega que há algo que permanece intocável por tal defeito, algo como um transmissor independente que preserva a real programação mesmo que distorcida por esse dano; mas isso é precisamente o que as evidências da neurociência acabam enfraquecendo. Enquanto um defeito ao aparelho de TV ou câmera pode tornar o sinal distorcido ou turvo, danos ao nosso cérebro pode alterar profundamente nossas mentes. Como destacamos acima, tal dano por até alterar nossas noções morais, ligações emocional e a maneira como raciocinamos. O que sugere que não somos nada como uma televisão, mas mais parecidos, por exemplo, com uma caixa de música: a música não vem de qualquer outro lugar, senão do funcionamento da própria caixa. Uma vez danificada a caixa, a música é debilitada e se a caixa é inteiramente destruída, a música cessa para sempre’.
O autor aqui insiste no ponto que os dados das neurociências apontam para uma relação de dependência causal da mente em relação ao corpo. Mas veja que alguém poderia enumerar exemplos de relação mente-cérebro em que a seta da causação parece ir em sentido oposto, i.e., da mente para o corpo, tais como os casos de influências psicossomáticas, placebo, psiconeuroimunologia e neurofeedback. Além disso, a causação psicofísica descendente (ou seja, a consciência afetando o corpo) é algo que todos os seres humanos inevitavelmente pressupõem na prática de suas atividades diárias, inclusive científicas e filosóficas, ou seja, que suas experiências sensoriais, desejos, crenças e ideias exercem um papel causal marcante na regulação de suas ações. Ainda que epifenomenalistas verbalmente neguem isso, mesmo eles vivem seus dias sob a prática daquela pressuposição. O mero fato de negar só serve para mostrar o quão seres humanos são incongruentes" (www.ilusoesdamateria.com/).
Bem, esta explicação mentalista só tem valor no universo filosófico. Na prática, como não sabem apontar, muito menos atuar sobre a suposta fonte, o que resta é o conhecimento sobre o cérebro danificado. O que resta como útil é portanto a visão fisicalista.
Según el fisicalismo, ¿cuál es la razón, de que en una cirugía cerebral (cerebro expuesto); el neurocirujano no pueda percibir los qualia del paciente (consciente)?
Onde posso conseguir o artigo do prof. Saulo acerca da Intencionalidade?
show
E o "atomismo" de Demócrito?
Não seria precursor do Fisicalismo?
Se for plausível, esta vertente teria suas bases em um período muito mais remoto!
Abraço!
Olá, gostaria de saber como consigo entrar em contato com este professor. Esse temática muito me interessa e eu gostaria de saber se existe a possibilidade de trabalhar com ele.
Según el fisicalismo, ¿por qué razón, no existe cierto grado de contradicción en el modelo neurocientífico de la mente (neurociencia cognitiva), ya que según parece: el cerebro es tanto fuente (sustrato), como producto (interpretación consciente - mental -), de sí mismo?
Nem graduação em filosofia tem. Mas o assunto é interessante.
Não fazer graduação em filosofia impede a pessoa de estudar filosofia?
Saulo é doutor em Filosofia pela Universidade de Campinas/Umversitàt Leipzig.