Veronica Stigger: «O útero do mundo: Clarice Lispector, a arte, a histeria»

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  • Опубликовано: 23 авг 2024
  • Em textos como 'Água viva', Clarice Lispector retomou o elogio surrealista do impulso histérico na forma de um pensamento simultâneo da forma artística e do corpo humano como lugares de êxtase, isto é, de saída de si - e de saída, também, das ideias convencionais de arte e de humanidade. Nesta conferência, escrita paralelamente à preparação de uma exposição para o Museu de Arte Moderna de São Paulo, três conceitos extraídos da escritora-filósofa - grito ancestral, montagem humana e vida primária - servirão de balizas num percurso por uma série de obras visuais dos séculos XX e XXI.
    Veronica Stigger é professora de História da Arte na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e coordena o curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema. Como ficcionista, é autora dos livros O trágico e outras comédias (2003), Gran Cabaret Demenzial (2007), Os anões (2010), Massamorda (2011), Delírio de Damasco (2012), Minha novela (2013), Opisanie swiata (2013), Sul (2013, edição argentina; edição brasileira atualmente no prelo) e Nenhum nome é verdade (2016). Foi curadora das exposições Maria Martins: metamorfoses (MAM-SP, São Paulo, 2013) e, com Eduardo Sterzi, Variações do corpo selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo (SESC Ipiranga, São Paulo, 2015).

Комментарии • 4

  • @elaineaparecidabatista3739
    @elaineaparecidabatista3739 3 года назад +1

    Essa conferência chegou como uma sessão de terapia pra mim.

  • @solangefrigato1342
    @solangefrigato1342 7 лет назад +2

    Que maravilha de conferência! Quanta luz sobre tão mal compreendido termo: histeria! Quanta revelação sobre a nossa potência mais fundamental, a criatividade. Muito interessante a relação buscada, muito original! Mergulhou na história do pensamento filosófico, indo de Platão a Deleuze, trazendo a tona a fascinante evolução da expressão artística refletida também na literatura de Clarice Lispector. O útero não apenas como elemento produtor da vida mas como símbolo mágico e metafórico, estruturador da criação artística. Iluminou o conceito de histeria retirando-o da marginalidade e da incompreensão histórica. Útero = histerus = histeria. Arte que foge do controle sendo pura paixão: "Uma histeria necessária para escrever". Se Freud já havia esclarecido, por que ainda não havíamos entendido?: "uma histeria é uma caricatura de uma obra de arte". Mostrando como a histeria emergiu do âmbito patológico e foi finalmente entendida como sendo "um meio supremo de expressão", deu à luz o verdadeiro sentido da capacidade de expressão artística humana, antes vista como loucura típica das mulheres. Mostrou o preconceito sobre a mulher, a repressão sobre o corpo feminino que se contorceu, sofreu e reagiu à potência da arte. "Experimentar o feminino terrível, diz Artaud, tentando explicar o caminho da expressão artística. A loucura e a histeria no “grito” expressando a possibilidade de entendimento em Clarice, quando o humano vai em busca do animal em si a fim de liberar forças ancestrais e adquirir um sentido real, além do humano. "Nós, que guardamos o grito como segredo inviolável", dizia Clarice. Então, no fundo desejamos o grito porque nos alimentamos essencialmente de arte. Mas teremos a coragem de gritar?
    Vou mostrar essa palestra aos meus alunos. Certeza que lhes tocará imensamente, como a mim me tocou.

  • @guilhermehenrique6096
    @guilhermehenrique6096 4 года назад

    muito bom ❤️

  • @Edwilsonlemosr
    @Edwilsonlemosr 7 лет назад

    Nunca fui com a cara de Clarice Lispector, embora tenha gostado (com inúmeras ressalvas) de aproximadamente meia dúzia de contos e de "A hora da estrela". Tentei ler "Água viva" e "A paixão Segundo GH", mas em menos de 50 páginas conclui que já poderia abandonar a leitura sem precisar conviver com nenhum tipo de remorso (aliás, essa talvez tenha sido a única epifania verdadeiramente grandiosa que tu tive ao longo da leitura). Em linhas gerais, eu diria que o que mais me torra a paciência diante de um típico texto de Clarice é aquilo que talvez melhor defina os méritos de sua escrita, segundo avaliação de críticos e o juízo de muitos de seus leitores, a saber, alguma coisa próxima de "estranhamento inquietante" e "intimismo". Essas duas "pulsões" sempre me pareceram excessivamente forçadas, desproporcionais e, justamente por isso, muito inverossímeis, razão pela qual eu não consigo me identificar com 10% do que ela diz, praticamente nada ali me comovi. "O principal recurso estético de Clarice é o psitacismo. Em condições normais, isso deveria ser classificado como charlatanismo retórico, e não reverenciado como experimentalismo poético.", disse certa vez uma amiga minha. Até hoje eu a inveja pela precisão aforística com que ela sintetizou o modo como eu vejo CL. Um abraço!