Uma crítica fraterna às ideias que você trouxe. Acho que você centralizou muito o marxismo na Europa, que de fato é o ponto de partida, mas não é onde ele mais se desenvolveu, o marxismo vai dar mais frutos na Ásia, armando ideologicamente inúmeras lutas contra a colonização, o mesmo aconteceu em Africa, ainda que em menor proporção. Outra imprecisão seria entender o Marx como branco, apesar da pele os judeus foram racializados pelos brancos e oprimidos, é um processo diferente dos negros, mas isso não torna eles brancos. Outra coisa é que existe o panafricanismo marxista, a fundamentação teórica é diferente, mas é uma corrente política que lutou e luta para a unidade e libertação de África. Sobre a moça comunista que falou que o panafricanismo não produziu teoria, ela está errada, mas não por ser marxista e sim porque as pessoas às vezes agem de forma ignorante. Da mesma forma, na sua linha política tem ativistas problematicos, assim como em qualquer linha política. Eu mesmo, sendo marxita, leio autores da afrocentricidade e jamais diria isso, independente de discordancia, justamente por não ser verdade. Enfim, não vejo como considerar eurocentrico Clóvis Moura, Frantz Fanon, Samora Machel, Mao Tse-Tung, Ho Chi Minh, Kwame Nkrumah e tantos outros pensadores e militantes comunistas dos povos oprimidos e das lutas anticoloniais.
Matheus, boa tarde. Também de forma fraterna vou responder seus pontos. Eu não "centralizei o marxismo na Europa", não tenho e nem teria esse poder, ele historicamente nasceu lá, com os valores antropológicos daquele continente. Valores antropológicos esse desenvolvidos desde a mais remota antiguidade. Te convido a ler a obra "A Unidade Cultural da África Negra. Esferas do Patriarcado e do Matriarcado na Antiguidade Clássica" de Cheikh Anta Diop. Então o marxismo, por valores e visão de mundo é eurocêntrico por excelência, ainda que ele tenha sido "adaptado" a outras realidades mais contemporâneas como na Ásia como você citou. Sobre a "imprecisão" em entender Marx como branco, ora, ele É branco meu amigo. Apesar de Judeu Askenazi - é essa a origem do povo da qual descende por exemplo Karl Henrich Marx - ver os trabalhos do grande pensador Pan Afrikano Walter Passos. Inclusive lembre-se, os judeus na Alemanha e posteriormente na Europa nazista, só foram identificados por seus nomes, não por seus fenótipos, porque por fenótipo, eles são exatamente iguais aos europeus. Hitler precisou fazer uso da tecnologia dos cartões perfurados Hollerith vendido à ele por Thomas J. Watson, dono da IBM na época de construção do III Reich. Foi assim que Hitler, conseguiu os nomes dos judeus europeus. Ver o livro "IBM e o Holocausto" autor Edwin Black, polonês, filho de sobreviventes dos campos de concentração. Mas Hitler não precisou de "cartões perfurados" para identificar fenotipicamente os negros na Alemanha, entendeu? O Racismo é fundado no fenótipo, meu amigo. E a "racialização" dos judeus, da qual você faz menção se deu apenas no século XIX, período de construção de noções cientificamente equivocadas de racismo. Nascido da ideologia Eurocêntrica. Este racismo ideológico, sustentou a racialização dos judeus, mas não o racismo enquanto "consciência histórica(MOORE, 2012). Tanto que os judeus hoje, desfrutam de um Estado, controle do Capitalismo e até armas nucleares, coisa que os negros, estes sim, como eu, desde 3500 AEC e até hoje, vem sofrendo com o racismo que nasceu "historicamente e não idelogicamente"(MOORE, 2012) e não por acaso os pretos até hoje não tiveram reparação histórica, mas os judeus sim... Este "Pan Africanismo Marxista" do qual você fala, nada mais é que um gravíssimo equívoco de análise histórica. Nunca existiu, meu amigo, até porque como eu disse no vídeo são visões antagônicas do ponto de vista antropológico. Quando você cita Samora Machel, Kwame Nkrumah, você está se referindo à pessoas que só tiveram uma "base marxista", porque na África colonizada, obras Pan Africanas, eram proibidas, basta lembrar que o grande Stokely Carmichael (Kwame Turé) diz que "jornais como o "The Negro World" de Marcus Garvey eram contrabandeados para o Kenya, e foi isto por exemplo que deu força à luta dos "Mau Mau". Se Krumah fosse "marxista", sem dúvida ele não batizaria seu país de Gana, nome de um antigo reino africano que se converteu em império e durou mais de 1250 anos, ininterruptos apenas com pretos no comando. Sobre o Fanon, o argumento é o mesmo que o anterior. Fanon, aliás, foi aluno de Aimée Cesaire, que rompeu com o marxismo já em 1956, quando a URSS invadiu a Hungria de maneira imperialista. Desculpe, mas o Pan Africanismo luta contra o imperialismo europeu em Afrika fazendo uso das nossas experiências históricas antropológicas que vêm de milhares de anos, e nenhuma ligação tem com qualquer ideia vinda de uma visão alienígena, como a europeia. Não citei Clóvis Moura, Mao Tsé Tung, nem Ho Chi Minh na minha análise exatamente por eles nunca se dizerem que pan africanos. Pudera. Mao e Ho Chi Mim eram asiáticos e como você mesmo disse, eles tiveram contato e adaptaram o marxismo às suas realidades. Clóvis Moura, é compreensível que ele não seja Pan Africano, porque assim como os livros Pan Africanos, foram proibidos em África - tanto que Cheikh Anta Diop, só teve a primeira obra publicada nos EUA, por força de John Henrik Clarke - obras Pan Africanas também não foram publicadas no Brasil, com exceção das obras de Abdias do Nascimento. Para você ver como o racismo silencia o povo preto. O Brasil é um país capitalista certo? Um país capitalista que permite que obras de Marx, Engels, Gramsci, etc sejam publicadas porque são brancos e europeus. Mas que não permite que obras de pan africanos sejam. Porque? Porque são exclusivamente de pretos... É disso que se trata esse embate meu amigo. O Marxismo e o Capitalismo são duas visões que "andam lateralmente mas que em algum ponto se encontram"(MOORE). Este ponto de encontro é o Eurocentrismo. São "ideologicamente contrárias, mas culturalmente iguais".(MOORE). Grande abraço.
Gratidão pelos ensinamentos ✊🏿🖤
Assistido as 00:40 do dia 14/01.
Perfeito!🧐🔎🧠✊🏿❤️🖤💚
Você falou exatamente o que Marcus garvey denunciou.
Uma crítica fraterna às ideias que você trouxe. Acho que você centralizou muito o marxismo na Europa, que de fato é o ponto de partida, mas não é onde ele mais se desenvolveu, o marxismo vai dar mais frutos na Ásia, armando ideologicamente inúmeras lutas contra a colonização, o mesmo aconteceu em Africa, ainda que em menor proporção. Outra imprecisão seria entender o Marx como branco, apesar da pele os judeus foram racializados pelos brancos e oprimidos, é um processo diferente dos negros, mas isso não torna eles brancos. Outra coisa é que existe o panafricanismo marxista, a fundamentação teórica é diferente, mas é uma corrente política que lutou e luta para a unidade e libertação de África. Sobre a moça comunista que falou que o panafricanismo não produziu teoria, ela está errada, mas não por ser marxista e sim porque as pessoas às vezes agem de forma ignorante. Da mesma forma, na sua linha política tem ativistas problematicos, assim como em qualquer linha política. Eu mesmo, sendo marxita, leio autores da afrocentricidade e jamais diria isso, independente de discordancia, justamente por não ser verdade. Enfim, não vejo como considerar eurocentrico Clóvis Moura, Frantz Fanon, Samora Machel, Mao Tse-Tung, Ho Chi Minh, Kwame Nkrumah e tantos outros pensadores e militantes comunistas dos povos oprimidos e das lutas anticoloniais.
Matheus, boa tarde. Também de forma fraterna vou responder seus pontos. Eu não "centralizei o marxismo na Europa", não tenho e nem teria esse poder, ele historicamente nasceu lá, com os valores antropológicos daquele continente. Valores antropológicos esse desenvolvidos desde a mais remota antiguidade. Te convido a ler a obra "A Unidade Cultural da África Negra. Esferas do Patriarcado e do Matriarcado na Antiguidade Clássica" de Cheikh Anta Diop. Então o marxismo, por valores e visão de mundo é eurocêntrico por excelência, ainda que ele tenha sido "adaptado" a outras realidades mais contemporâneas como na Ásia como você citou. Sobre a "imprecisão" em entender Marx como branco, ora, ele É branco meu amigo. Apesar de Judeu Askenazi - é essa a origem do povo da qual descende por exemplo Karl Henrich Marx - ver os trabalhos do grande pensador Pan Afrikano Walter Passos. Inclusive lembre-se, os judeus na Alemanha e posteriormente na Europa nazista, só foram identificados por seus nomes, não por seus fenótipos, porque por fenótipo, eles são exatamente iguais aos europeus. Hitler precisou fazer uso da tecnologia dos cartões perfurados Hollerith vendido à ele por Thomas J. Watson, dono da IBM na época de construção do III Reich. Foi assim que Hitler, conseguiu os nomes dos judeus europeus. Ver o livro "IBM e o Holocausto" autor Edwin Black, polonês, filho de sobreviventes dos campos de concentração. Mas Hitler não precisou de "cartões perfurados" para identificar fenotipicamente os negros na Alemanha, entendeu? O Racismo é fundado no fenótipo, meu amigo. E a "racialização" dos judeus, da qual você faz menção se deu apenas no século XIX, período de construção de noções cientificamente equivocadas de racismo. Nascido da ideologia Eurocêntrica. Este racismo ideológico, sustentou a racialização dos judeus, mas não o racismo enquanto "consciência histórica(MOORE, 2012). Tanto que os judeus hoje, desfrutam de um Estado, controle do Capitalismo e até armas nucleares, coisa que os negros, estes sim, como eu, desde 3500 AEC e até hoje, vem sofrendo com o racismo que nasceu "historicamente e não idelogicamente"(MOORE, 2012) e não por acaso os pretos até hoje não tiveram reparação histórica, mas os judeus sim... Este "Pan Africanismo Marxista" do qual você fala, nada mais é que um gravíssimo equívoco de análise histórica. Nunca existiu, meu amigo, até porque como eu disse no vídeo são visões antagônicas do ponto de vista antropológico. Quando você cita Samora Machel, Kwame Nkrumah, você está se referindo à pessoas que só tiveram uma "base marxista", porque na África colonizada, obras Pan Africanas, eram proibidas, basta lembrar que o grande Stokely Carmichael (Kwame Turé) diz que "jornais como o "The Negro World" de Marcus Garvey eram contrabandeados para o Kenya, e foi isto por exemplo que deu força à luta dos "Mau Mau". Se Krumah fosse "marxista", sem dúvida ele não batizaria seu país de Gana, nome de um antigo reino africano que se converteu em império e durou mais de 1250 anos, ininterruptos apenas com pretos no comando. Sobre o Fanon, o argumento é o mesmo que o anterior. Fanon, aliás, foi aluno de Aimée Cesaire, que rompeu com o marxismo já em 1956, quando a URSS invadiu a Hungria de maneira imperialista. Desculpe, mas o Pan Africanismo luta contra o imperialismo europeu em Afrika fazendo uso das nossas experiências históricas antropológicas que vêm de milhares de anos, e nenhuma ligação tem com qualquer ideia vinda de uma visão alienígena, como a europeia. Não citei Clóvis Moura, Mao Tsé Tung, nem Ho Chi Minh na minha análise exatamente por eles nunca se dizerem que pan africanos. Pudera. Mao e Ho Chi Mim eram asiáticos e como você mesmo disse, eles tiveram contato e adaptaram o marxismo às suas realidades. Clóvis Moura, é compreensível que ele não seja Pan Africano, porque assim como os livros Pan Africanos, foram proibidos em África - tanto que Cheikh Anta Diop, só teve a primeira obra publicada nos EUA, por força de John Henrik Clarke - obras Pan Africanas também não foram publicadas no Brasil, com exceção das obras de Abdias do Nascimento. Para você ver como o racismo silencia o povo preto. O Brasil é um país capitalista certo? Um país capitalista que permite que obras de Marx, Engels, Gramsci, etc sejam publicadas porque são brancos e europeus. Mas que não permite que obras de pan africanos sejam. Porque? Porque são exclusivamente de pretos... É disso que se trata esse embate meu amigo. O Marxismo e o Capitalismo são duas visões que "andam lateralmente mas que em algum ponto se encontram"(MOORE). Este ponto de encontro é o Eurocentrismo. São "ideologicamente contrárias, mas culturalmente iguais".(MOORE). Grande abraço.
Marxismo 💩💩