O que é relativismo? Isso existe?
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- Опубликовано: 17 сен 2024
- Frequentemente pós-modernos são acusados de relativistas. Mas esta é, de fato, uma acusação séria? Neste vídeo eu vou tentar explicar que não. Relativistas não existem e normalmente, trata-se de uma tentativa de desmerecer algumas perspectivas que levam a sério as dificuldades da razão e do conhecimento.
A definição de relativismo do Rorty é problemática... Não é essa, por exemplo, a definição de relativismo moral de David Wong e Gilbert Harman, talvez os dois maiores relativistas morais dos séculos XX e XXI. O que eles defendem é que não existe uma única moral verdadeira, assim como o ponto do pluralismo lógico é que não existe uma única lógica verdadeira. Wong defende que existem valores universais humanos, que servem de parâmetro para um código de conduta contar como um código moral, mas que o modo como tais critérios são "interpretados" depende de um conjunto de caracterísiticas particulares da comunidade moral em questão, de modo que a verdade de um enunciado moral pode variar conforme a comunidade. Está longe do qualquer coisa vale, tudo é tão bom quanto qulquer coisa, e etc.
Rorty parece dar uma definição bastante desleixada de relativismo. Eu recomendo dar uma olhada em Relativism de Maria Braghavian e Annalisa Coliva, onde abordam os diversos relativismos de modo sério.
Abraço!
Eu acho que entendi bem os conceitos dessas colocações. A mim parece que foi bem mais complicado chegar a essas conclusões do que compreendê-las. De fato, me deu mais vontade ainda de ler o livro que encomendei. Valeu, Daniel.
Espero que curta o livro. É difícil fazer vídeos sobre esses temas, porque estamos tratando de palavras que são usadas em inúmeros sentidos em diferentes contextos. Por isso eu gosto sempre de definir antes do que estou falando. Existem vários tipos de relativismos, eu estou concentrado em um certo tipo de relativismo filosófico que é atribuído aos pós-modernos, mas que é uma falsa atribuição.
Muito interessante. Existe na minha visão uma coisa boa no relativismo que é a quebra do paradigma da verdade maior e todas as suas implicações e todas as suas implicações religiosas, econômicas , políticas e etnocêntricas . E a questão dialética na base da tentativa da refutação é um eco autoritário do ego. O problema do relativismo é que para além disso, paira a dúvida, a bruma e a confusão...Muito legal a exposição. Parabéns!
Sim. Eu acho muito importante quebrar os grandes paradigmas. É verdade que para além disso, ficamos com a dúvida. Mas acredito que uma cultura que conviva melhor com a dúvida possa ser muito profícua, pois os seres-humanos comportam-se melhor quando não estão plenamente convictos da verdade e universalidade de seus valores e fundamentos.
Dentro de uma posição que adote uma concepção mais moderada de verdade, ainda existe a possibilidade de aceitarmos que nossas verdades são provisórias e ainda assim seguirmos elas, afinal, elas podem ser o melhor que temos. Seguir nossos melhores valores esclarecidos e duvidar até mesmo deles me parece uma postura muito interessante.
Poderíamos definir o Relativismo filosófico por exclusão à relatividade da Física e à relativização social da Sociologia? Pois são termos parecidos e que podem nos confundir.
O termo relativismo pode ser usado de várias maneiras. Na física, por exemplo, o nosso modelo arcaico via a terra como o Centro do Universo, o famoso geocentrismo. Nesta época a grande maioria dos cientistas acreditava em um Deus que criou o universo para nós, seres-humanos. Então a partir disso, nós não temos um relativismo. Existe um ponto fixo e as outras coisas se dão a partir dele. É tudo bem definido e fechado.
No atual modelo, a partir de uma série de revoluções científicas, como o heliocentrismo, nós passamos a ver o sol como o centro, mas não do universo, do sistema solar. O universo não tem mais centro. Surge certo relativismo, pois não existe mais centro do universo. Tudo passa a depender do referencial. Nós vemos um globo terrestre convencionalmente como tendo uma parte de cima e outra de baixo, mas isso é só uma convenção, um globo de ponta cabeça continua completamente correto. Com Einstein, passamos a ter um novo relativismo, que é do espaço e do tempo, que agora também são entendidos como relativos. E assim por diante. Isso não significa que não existam constantes na física. A velocidade da luz e a segunda lei da termodinâmica parecem ser verdades nada relativas, mas daí já saímos do relativismo e nos adentramos em conceito de verdade.
O mesmo na sociologia. Quanto mais analisamos as culturas, mais entendemos que os valores da nossa cultura são apenas um momento específico de uma cultura. Nada tem, necessariamente, de especiais. Uma análise sociológica bem-feita tenta ser ao máximo desprovida de juízo de valor (ainda que em algum grau, isso seja impossível). Só é possível analisar uma cultura a partir da sua própria, porque o sociólogo não tem o poder de sair de sua existência cultural para analisar outra cultura. Chamamos isso de etnocentrismo. Um etnocentrismo cego e preconceituoso é um grande problema. Mas em algum grau, é impossível não ser etnocêntrico, porque a própria tentativa de não ser etnocêntrico já foi criada dentro de uma cultura.
A grande questão é que com o surgimento de vários relativismos nas ciências, como os narrados aqui, as pessoas que aderem outras concepções de verdade, razão e ciência, vão ser alvo de uma série de críticas. Uma delas é a de relativismo moral e filosófico. Quando nós descobrimos que os valores morais e o próprio conceito de verdade acontece dentro de uma cultura, surgem as inúmeras difamações equivocadas. Desfazer isso é um enorme trabalho.
@@iluminismoposmoderno É isso aí. 👊
Subindo o nível de dificuldade. Gostei!
Ahh fico feliz que tenha gostado. Ehehehe. Sempre bom fazer uns vídeos com certo grau de provocação.
Você bem falou que o tema é polêmico (e muito).
Na percepção filosófica que você trouxe, é raso, simplista e até pejorativo; precisa ser desconstruído pois é até perigoso no entendimento da política, como no exemplo da democracia.
Nos estudos antropológicos, principalmente no entendimento das culturas dos povos, é válido, é útil e é principalmente uma contraposição ao etnocentrismo; ajuda a compreender a não existência de raça superior, cultura superior, verdadeira fé, etc...
Fanáticos religiosos e fanáticos por lideres políticos, pelo menos aqui no brasil, são os que mais atacam a palavra "relativismo", porém são os maiores relativistas...
Uns dias atrás umas pessoas fizeram um clipe disputando uma partida de futebol usando como bola uma cabeça de borracha parecida com o rosto do seu jair, os bolsominions estão em ebulição repetindo coisas como, apologia ao crime por exemplo...
Mas quando o jair empunhou um tripé e bradou: "vamos metralhar a petralhada", não é apologia ao crime? Quando fez um gesto da arminha com a mão e apontou para um boneco do Lula, não é apologia? Quando o bolsonaro durante o comício diz: " as minorias se curvam, ou simplesmente desaparecem" não é apologia? (sei que você percebeu que as perguntas são retoricas).
Vídeo bem legal.
Sim. Um autor pós-moderno não entende que a democracia seja a formulação ideal para a qual a humanidade estava destinada. Mas isso não impede de achar que a democracia é a melhor forma de sociedade já inventada até hoje. Na verdade, a própria ideia de que existe a forma correta pode atrapalhar o objetivo né? Afinal, ficamos crédulos que a verdade vai prevalecer. Se a democracia é a forma correta, podemos ficar tranquilos que ela irá triunfar. Agora, se a democracia é uma formulação entre inúmeras outras possíveis, precisamos lutar diariamente por ela. Ela é frágil e pode ser derrubada por pessoas que a odeiam. Ela não está inscrita na nossa "natureza humana", e justamente por isso precisamos de um amplo processo de educação democrática. Eu vejo que minha postura pós-moderna me torna mais democrático, não menos. Mas muita gente tem dificuldade de entender isso. Dizer que não estamos destinados à democracia já parece uma ofensa.
Como você bem colocou, a antropologia nos traz grandes ferramentas para entendermos e lidarmos melhor com outras culturas. Quantas pessoas não foram mortas em nome do "bem" delas né? Alguns grupos que se consideram superiores tem o péssimo hábito de querer impor essa superioridade a todo o resto do mundo, muitas vezes derramando sangue. Por isso entender essa enorme diversidade entre os seres-humanos acaba sendo imprescindível. O problema é que para muita gente, essa busca por diversidade acaba parecendo demasiadamente relativista, como se fosse impossível defender valores sólidos a partir disso. Eu acho o contrário. Acredito que o grande desafio é dado aqueles que possuem valores fortes, aceitarem que outras pessoas podem simplesmente querer viver de outra maneira.
Eu percebi suas perguntas retóricas, mas elas trazem algo maior. Como tem muita gente disposta a simplesmente abandonar qualquer tipo de consistência lógica, em nome de valores irracionais. Quando Nietzsche diz "A maior inimiga da verdade não são as mentiras, mas as convicções", eu acho que o seu exemplo deixa isso bem claro. Porque se você mostrar essa sua linha de raciocínio para um eleitor do Bolsonaro, do ponto de vista lógico, ele teria simplesmente que aceitar que o presidente dele faz apologia ao crime o tempo todo (é inclusive parte da campanha). Todavia, isso dificilmente irá acontecer. Você certamente receberá uma resposta qualquer, completamente descompromissada com a lógica, porque simplesmente apontar o erro de pensamento não é suficiente para o reconhecimento. As pessoas em questão possuem "convicções. Uma mentira pode sucumbir a verdade, uma convicção não.
@@iluminismoposmoderno Eu já falei outra vez, e nunca é demais repetir que você completa as aulas com as respostas que coloca aqui nos comentários.
Gosto de ler outros comentários justamente pra ler suas respostas.
Olá. Eu entendo que a opinião "Deus existe" é tão boa quanto a opinião "Deus não existe". Existem argumentos a favor e contra o ateísmo que são igualmente interessantes. Diante disso, eu sigo minha vida normalmente, porque adotar uma ou outra dessas duas opiniões não me faz diferença. Acredito que existem teorias x, y, z... diversas, porém sobre o mesmo assunto e isso não viola o princípio da não contradição, ou seja, a razão permite que criemos diversas teorias para explicar a mesma coisa, de modo que uma pessoa adota uma em vez de outra por causa de um fator psicológico ou emocional. Eu não sei se é isso o que o senhor pensa, eu tô muito intrigado com esse meu pensamento e não sei bem se é essa a ideia do Rorty.
Cite exemplo de relativismo em nossos dias
Eu considero que não existem relativistas de verdade né? Então não tenho como citar um exemplo, hehhe.
Boa tarde! Gostei do canal. Tenho uma pergunta. Eu tenho percebido que muitos afiliados do materialismo histórico dialético rejeitam teorias que chamam de pós-modernas, afirmando que essas são de filiação idealista e também são relativistas. Como os pós-modernos se posicionam em relação ao idealismo e ao materialismo e suas críticas? As teorias pós-modernas negam a objetividade? Toda objetividade é sinônimo ou uma afirmação de neutralidade?
up
Quando a gente leva esse conceito pra filosofia das ciências, as pessoas com concepções mais positivistas arrancam os pelos do cu de raiva hahahahaha
Huauaauah. Acredito. Mas normalmente porque elas trabalham com um espantalho dessas questões. Fica mais fácil, tira a pedra no sapato e permite que elas continuem suas pesquisas sem serem incomodadas. Reclamam muito do relativismo, mas ignorar que muitas coisas são relativas em nome de uma positividade que não existe é uma atitude muito pior.
@@iluminismoposmoderno , e isso é problematico, pq mostra uma ignorância de como os conhecimentos atualmente aceitos foram construídos ao longo do tempo.
Eu ainda me considero nietzscheano.. Estudo a uns 10 anos e venho me pegando indo pra um lugar mais analitico, Chomisky. Nite tem uma frase: Não existe verdade só existe opiniões! Se isso não for realtivismo não sei o que é!
Vc ta querendo passar pano pra sua linha... Pega um Deleuze, um Artoud.. Falar q eles não são relativistas é não ter compromisso mínimo com o pensamento critico, analítico, realista! É chutar p...a toda e falar fo..-se.
Olá Vínicius. Que interessante que você se considera nietzschiano. Em algum grau, eu também me considero. Mas com uma série de ressalvas. Eu diria que sou epistemologicamente nietzschiano.
Você tem certeza que a frase é "Não existe verdade, só existem opiniões?". Porque até onde eu me lembro, a frase seria "Não existem verdades, existem apenas interpretações". Eu vou olhar com calma isso outra hora, pois é uma frase bastante interessante. Mas consegue entender que muda completamente o sentido da coisa? Vale lembrar que Nietzsche é bastante irônico e provocativo. Quando eles diz que não existem verdades ele está focado diretamente no conceito de verdade platônico, que realmente não existe. O que existem são inúmeras interpretações, e nisso ele está correto. Mas o nome dado a isso é perspectivismo, não relativismo. Relativismo é um nome dado para dizermos que nenhuma interpretação do mundo (ou nenhuma verdade, como preferir) é melhor do que a outra. É bastante diferente né?
Pra ser sincero com você, eu nunca li Artaud e li muito pouco de Deleuze. Não dá pra ler todo mundo né? Mas confesso que acho bem improvável que alguém seja relativista no sentido definido no vídeo. Eu acho que o pensamento analítico poderia fazer um trabalho de refutar o que existe de tão problemático nesses autores. Já tentei ler algo sobre isso. Li "Imposturas Filosóficas" do Alan Sokal e Jean Bricmon, mas ironicamente, achei o livro uma impostura filosófica.
Deleuze relativista? Quando ele diz que se deve ter prudência nos atos, quando propõe o conceito de linha de fuga, como isso pode ser relativista? Deleuze propõe que é impossível viver sem um estrato da sociedade mínimo que seja, pois se não ai se cairia em um caos interno.
@@Mestre3306 Seu próprio nome já diz. Vc é um homem sem órgão. Que filosofia afirmativa da racionalidade é essa? Tem muita demagogia na filosofia, esse sofismo ao mesmo tempo que nós proporciona novas perguntas, novos questionamentos importantes... escarafuncha a gente no lixo, no bolsonarismo!
Se tudo é relativo e questão de opnião, o Olavo pode ta certo.
O parâmetro é a vida.
Quem descreve melhor a vida são as teorias baseadas na metodologia cientifica q é a única que se propõe compromete com a verdade sobre a realidade e os objetos q estuda.
O caminho do super-humem vai ser a sabedoria de "saber perguntar". Fazer as perguntas certas. A racionalidade é o maior dos afetos, a razão produz o consciente na evolução das espécies! Podemos usar o que temos de melhor ou simplesmente voltar a ser macacos escravos de nossas pulsões.
ruclips.net/video/YhDlaVLRWC0/видео.html&ab_channel=PercyReflex%C3%A3o
@@iluminismoposmoderno Sim... "Não existem verdades, existem apenas interpretações".. Interpretações.. Mas ao dizer isso ele quer afirmar que todas as interpretações possuem o mesmo valor.. Ou seja todas as opiniões são de mesma ordem de valor e grandeza. Mas isso não é verdade.. Algumas teorias são de fato preocupadas em descrever o objeto com exatidão e assertividade. Algumas pessoa preocupam em analisar e tentar desvendar os objetos de estudo com a maior assertividade possível.
A diferencia é simples: Alguns buscam a confirmação moral/egoica. Outros se preocupam em tentar descrever os objetos como eles são da forma mais clara, objetiva e real que os métodos poderem definir/reconstruir/comprovar.
Mas obviamente as ciências não explicaram tudo. Nem boa parte dos fatos. E por isso a filosofia ainda é tão importante. Tão importante quanto as "escolas" cientificas. Alias... Eu acho q a filosofia é ainda mais importante... mas ISSO é só uma opinião!
Dica de vídeo: tentativas de demarcação da ciência. O que é científico o que não é? Essa discussão é boa kkk
Muito obrigado pela dica amigo. Vou levar em consideração. Já li sobre isso, mas faz um tempinho. Vou retomar em alguma ocasião.
Me desculpa, mas o que voce chama de refutação da proposição " não existe verdade " é uma - concordância - pois confirma o não existir verdade
Na verdade não. É apenas um jogo de linguagem. Até porque, ninguém, de fato, diz "não existe verdade". Um teórico sério sempre vai atacar uma teoria da verdade específica e mostrar seus defeitos. O que sempre esteve em jogo nunca foi a "verdade", mas a teoria da verdade como correspondência. Os supostos "críticos", em sua mediocridade, confundem os termos e criam espantalhos para poder bater neles. E isso confunde toda a população.
@@iluminismoposmoderno Entendo isso mas meu comentário foi só sobre sua fala no video classificando de refutação algo que vejo como concordância.
@@iluminismoposmoderno na verdade também não. O que sempre teve em jogo foi a propriedade da verdade.
chequei aqui por causa da politica que acaba entrando na religião, os religiosos começam a relativizar tudo para afirmar suas narrativas assim perdem o seu norte que deveria ser Cristo Jesus
Olha, eu diria que política e religião são coisas bastante parecidas na maior parte dos casos. E ambos sempre se mostraram dispostos a relativizar as coisas em nome de seus interesses próprios.
@@iluminismoposmoderno justamente porém eu creio em um Deus de amor e justiça sem essas coisas e impossível agradar a Deus, eu vou aos templos religiosos porque gosto de falar e ouvir sobre Deus, eventualmente vão haver heresias mais aí cabe vc entender o que e do Espírito Santo e o que e da carne geralmente o Espírito Santo que habita em vc te revelará mais pra isso tem que conhecer a palavra e crê em Jesus Cristo e o mais importante se relacionar com Ele, se não vc poderá ser enganado.
O nazismo já teve bom gosto
Já era
Não. Nazismo sempre foi cafona.
@@iluminismoposmoderno enfim... Não disse que ia ser divertido.
Divertido tipo o antigo Zorra Total?