poesia: mamãe - luz

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  • Опубликовано: 5 сен 2024
  • gravada em período de quarentena uma escrita de antes, para dias melhores
    mamãe - luz ribeiro
    mamãe,
    como nunca suspeitei que era sua filha?
    tanta onda batendo no peito,
    transbordando os olhos
    salgando o rosto
    carrego tantas pedras rochosas, mamãe
    que pesa aqui no meio
    pesa a cabeça, pesa as costas
    e eu não alço voo faz tempo
    sempre quis ser menina pássaro
    mas já viu asa molhada bater, voar?
    é tanta maré alta
    que me sinto afogada em mim
    e afogo tanta gente
    até me permito morrer
    pra achar alguma esperança de vida
    dentro do mar tem buraco, mamãe?
    se tiver eu tenho, esse entre as pernas
    que já engoliu até gente que quis me desbravar
    inocente, eu sou toda buracos fundos
    me banha água muito fria
    não fui feita pra esquentar
    mamãe, eu nunca aprendi a nadar
    no máximo bóio, mas eu queria mesmo
    era flutuar
    mamãe, me ensina a me equilibrar em mim?
    me ensina a me mergulhar?
    me ensina a não temer o amar?
    me torna mar manso, mamãe
    onde eu possa receber quem saiba me nadar
    que eu carregue areia mais fina
    pra que queiram deitar
    que minha cor seja o som de um blues
    porque assim
    mesmo que eu não receba ninguém mamãe
    que eu me saiba contemplar
    .

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