Aula fantástica, mas há um pequeno problema quanto à explicação (ou refutação) feita por Wittgenstein à Psicanálise. Quando o filósofo de Viena aproxima a Psicanálise do discurso estético ele o faz no sentido de carência de sentido (ou de objeto referente), não do sentido de elucidação. Logo, a psicanalise seria uma prática, nao uma teoria. Logo, em síntese, o autor concordaria com muitos pontos mencionados pelo próprio Dunker nessa questão.
Estudei Bachelard em Bases Epistemológicas da Psicologia. Ele é um crítico feroz da ciência, bem rigoroso. Apesar de ele buscar "psicanalisar a ciência", no livro que li, ele me deixou curioso por não deixar bem claro a visão dele sobre a cientificidade da psicanálise. É um autor admirável. Meu professor queria ser ele haha
Professor Christian! Obrigado por compartilhar esta série! Sou leigo, não sou da área de saúde, mas acompanho seu cana toda a semana e acho maravilhoso. Poderia compartilhar como deve ser a prática clínica, as ferramentas que podem ser usadas e as linhas de psicanalise que o senhor costuma aplicar ou que admira? Como o senhor entende a questão do aumento das terapias alternativas baseadas no xamanismo, bioeneegetica, constelação familiar, alinhamento energético, vidas passadas, "holística", etc?
Excelente discussão. Não desabona em nada que a prática e a teorização da psicanálise tenha funções distintas de outras ciências. E isso não muda mesmo quando constatamos que, ao contrário do que foi colocado, já existem "marcadores biológicos" de vários distúrbios mentais, tais como depressão, esquizofrenia, ansiedade e autismo. Por exemplo, alterações no chamado sistema endocanabinoide são verificadas em esquizofrenia e autismo, redução de neurônios no hipocampo acontece em depressão e em consequência de estresse crônico e grandes traumas, ansiedade está associada a níveis elevados de cortisol... E nada disso desabona a constatação de que a psicoterapia afeta processos fisiológicos subjacentes aos estados emocionais e psicológicos.
Ótimos argumentos, passando por vários autores, um estudo crítico muito diferente dos q vemos atualmente, que são cheios de argumentos prontos, deixando de lado a complexidade das temáticas. Acho q também seria interessante discutir sobre as dificuldades da prática psicanalítica, já que em nossa sociedade atual oq prevalece é a não neurose, em que psicanalistas apontam conceitos como "psicose ordinária" e "perversão comum".
Lázaro Albergaria acredito que se assemelha sim, já que sabemos que a "lei" existe, mas agimos de um modo como que ela não tivesse valor subjetivo, acho q o desmentido se daria mais nos laços sociais perversos. Porém muitos autores de cunho lacaniano puxam muito pra a psicose ordinária na sociedade atual, gostaria de saber mais sobre esse conceito...
Acho curiosa a transitividade que você faz da teoria epistemológica do Popper (a falseabilidade e seus princípios de aplicação, principalmente de base no realismo e daquilo que o Popper enxergaria também como disposição pro indeterminismo) para o crivo de opinião mais pessoal que ele acaba por utilizar em alguns de seus textos (no caso do vídeo, suas concepções errôneas de Adler em comparação à Freud). Popper realmente apresentava algumas intrusões e misleadings quando alternava a temática de um escrito seu para uma experiência mais conclusiva superficialmente e muito mais embebedada da sua experiencia subjetiva e opinativa. Caso disso também se enxerga quando Popper afirma que não existe tal coisa como o condicionamento proposto pelo behaviorismo, um outro grande equivoco de interpretação principalmente pela influência vigente de John Watson na época, que seria recebida com muito criticismo por Skinner pela década de 30/40. Mas a questão é que, fugindo ao tocante disso, não vi no roteiro do vídeo nenhum argumento contra a falseabilidade metodológica, e muito menos um aprofundamento dela que buscasse apontar inconsistências ou algo que a refutasse. Na verdade, se observa muito mais um ataque pessoal, como as críticas de baixo nível a Freud também são. O nascimento das ideias de Popper é marcado por essência pelo panorama de Freud/Marx exaustivamente explicando fatos por suas ideias e Einstein, de um outro lado, buscando um eclipse que poderia negar sua teoria da relatividade. No vídeo, toca-se no tema da falseabilidade, vende-se Popper como um nome constantemente buscado no campo acadêmico e um tanto superestimado, e parte-se para um apelo mais invasivo e frágil. Me parece ser aversivo para você tocar em uma epistemologia que possa quebrar suas ideias. Descreditar Karl Popper por apontar erros seus em uma crítica muito mais pessoal e extremamente deslocada do coração de sua obra (fora da Lógica do Descobrimento Cientifico e seus três Pós-Escritos) me parece também um golpe baixo de desonestidade intelectual que ainda assim não combate conclusões de seu principio de falsificação. Na seleção da retórica argumentativa, recomendo não buscar defender seu lado com premissas que são facilmente observadas por uma escolha a dedo daquilo que serviria de arsenal conformativo na defesa de sua opinião. Isso é falho e extremamente problemático. A realidade não existe por nossa vontade, então por que levar tamanha postura centralista neste debate? Nós queremos conhecê-la, não imaginá-la. E sem ter hipóteses falseáveis, não há nomeação que se dê muito a psicanálise senão uma pseudo-ciência. E qual o problema disso? Jung nunca se importara com tal coisa...
Ótima colocação, em outro vídeo ele demonstra uma certa aversão por K. P. No no vídeo anterior ele se furta em falar dele para o desenvolvimento da visão de "o que a ciência" Aparentemente a psicanálise é uma prática que segundo ele apresenta resultados apesar de não preencher todos os requisitos para ser considerada uma ciência, da forma que entendemos o que ciência hj.
@@gustavoajala2731 Exato! O posicionamento de filósofos como Platão e Kant são boas adições para contextualizar a conversa, mas estão longe de serem as contribuições mais extensas e fundamentais do conceito. Não trazer Bacon em maior detalhe, que foi um expoente para formalizar a prática científica em seu desenvolvimento, Popper, Lakatos, e principalmente as considerações de cientistas sobre suas próprias atividades (o que eu considero fundamental) é um pouco impertinente em todos os sentidos, parecendo uma seleção mais subjetiva e extremamente inclinada ao pressuposto que se quer defender. Moldam-se os critérios para que esses se encaixem com a tendência buscada. O coração da ciência, em seu traço histórico e mais caricato, não é um simples sistema de conhecimento sistematizado e racionalista, ou a participação em universidades, mas sim uma atitude essencialmente voltada para testar ideias contra a natureza, buscando demonstrá-las, descartá-las, e, quando verificadas, tentar encontrar falhas que nos levem a uma explicação melhor. O sistema de conhecimento e a presença em centros acadêmicos são produtos disso. Essa tradição é facilmente vista desde Eratóstenes concluindo que a superfície da Terra era curva a partir de evidências que ele conseguira coletar com o simples comprimento de sombras à Einstein e sua relatividade geral, e daquilo que temos de ciência hoje é basicamente o resultado desse processo; o que sobrevive o faz porque evoluí por estes meios. Te parafraseando, a psicanálise, como ferramenta terapêutica, está aberta a evidências de eficácia, e a coisa meio que se limita a isso. É legal de pensar em contribuições teóricas, como os mecanismos de defesa do Ego, como hipóteses a serem testadas (são padrões comportamentais super interessantes), mas que, em quaisquer resultados, estarão despidas de todo o folclore que Freud inaugurou e seus sucessores herdaram, pois este é especulativo e metafísico por natureza, fugindo da alçada do que a ciência se propõe a investigar. Todo tipo de tratamento possuí esse mesmo tipo de possibilidade de validação, mas a validação não é medida para a teoria, e sim para os resultados positivos ou não da aplicação daquele procedimento.
Interessante! Isso que sugere Gaston Bachelart, o fez dr Norberto Keppe, me estranha o sr nunca citá-lo, não o conhece? Um trabalho brilhante, brasileiro que estudou com Viktor Frankl, atendeu por muitos anos com psicanálise no HC. Sobre o assunto, sugiro os livros "o homem universal" e "o reino do homem" em que cita diversos autores e vai analisando a teoria destes. Elementar, meu caro professor. Um abraço!
Nesse caso falta noção de gravidade no Popper, aparentemente numa tentativa de compreensão ou invalidação do outro acaba se "estrepando". Papagaio faz paráfrase?
Alto nível no youtube.
Aula fantástica, mas há um pequeno problema quanto à explicação (ou refutação) feita por Wittgenstein à Psicanálise. Quando o filósofo de Viena aproxima a Psicanálise do discurso estético ele o faz no sentido de carência de sentido (ou de objeto referente), não do sentido de elucidação. Logo, a psicanalise seria uma prática, nao uma teoria. Logo, em síntese, o autor concordaria com muitos pontos mencionados pelo próprio Dunker nessa questão.
Estudei Bachelard em Bases Epistemológicas da Psicologia. Ele é um crítico feroz da ciência, bem rigoroso. Apesar de ele buscar "psicanalisar a ciência", no livro que li, ele me deixou curioso por não deixar bem claro a visão dele sobre a cientificidade da psicanálise.
É um autor admirável. Meu professor queria ser ele haha
Seu professor era o Roberto Calazans?
Professor Christian! Obrigado por compartilhar esta série!
Sou leigo, não sou da área de saúde, mas acompanho seu cana toda a semana e acho maravilhoso. Poderia compartilhar como deve ser a prática clínica, as ferramentas que podem ser usadas e as linhas de psicanalise que o senhor costuma aplicar ou que admira?
Como o senhor entende a questão do aumento das terapias alternativas baseadas no xamanismo, bioeneegetica, constelação familiar, alinhamento energético, vidas passadas, "holística", etc?
Mesmer foi influenciado por Paracelso. Pode-se dizer que Paracelso comecou com a prática clínica de certo modo
Aula fantástica! Série fantástica!
Excelente discussão. Não desabona em nada que a prática e a teorização da psicanálise tenha funções distintas de outras ciências. E isso não muda mesmo quando constatamos que, ao contrário do que foi colocado, já existem "marcadores biológicos" de vários distúrbios mentais, tais como depressão, esquizofrenia, ansiedade e autismo. Por exemplo, alterações no chamado sistema endocanabinoide são verificadas em esquizofrenia e autismo, redução de neurônios no hipocampo acontece em depressão e em consequência de estresse crônico e grandes traumas, ansiedade está associada a níveis elevados de cortisol... E nada disso desabona a constatação de que a psicoterapia afeta processos fisiológicos subjacentes aos estados emocionais e psicológicos.
Dunker, você tem uma oratória incrível ! Você arriscaria uma psicanálise da insônia se possível ? Aquele abraço !
Mds, como eu queria uma dicção dessas. É pedir muito?
É na obra Psicanálise do Fogo que Bachelard trata sobre essa proposta de fazer uma psicanálise da ciência?
Isso !
Série excelente professor, meus parabéns!
Professor Dunker, o que acha sobre o livro do professor Onfray "O crepúsculo de um ídolo" ?
Acho que os contra-argumentos estarão no quarto capítulo, ou entendi errado? Muito bom vídeo!
Boa abordagem.
Ótimos argumentos, passando por vários autores, um estudo crítico muito diferente dos q vemos atualmente, que são cheios de argumentos prontos, deixando de lado a complexidade das temáticas.
Acho q também seria interessante discutir sobre as dificuldades da prática psicanalítica, já que em nossa sociedade atual oq prevalece é a não neurose, em que psicanalistas apontam conceitos como "psicose ordinária" e "perversão comum".
Que isso... mto interessante, mto interessante mesmo. Deve ter a ver com o conceito de "desmentido".
Lázaro Albergaria acredito que se assemelha sim, já que sabemos que a "lei" existe, mas agimos de um modo como que ela não tivesse valor subjetivo, acho q o desmentido se daria mais nos laços sociais perversos. Porém muitos autores de cunho lacaniano puxam muito pra a psicose ordinária na sociedade atual, gostaria de saber mais sobre esse conceito...
Show
muito bom professor!
Acho curiosa a transitividade que você faz da teoria epistemológica do Popper (a falseabilidade e seus princípios de aplicação, principalmente de base no realismo e daquilo que o Popper enxergaria também como disposição pro indeterminismo) para o crivo de opinião mais pessoal que ele acaba por utilizar em alguns de seus textos (no caso do vídeo, suas concepções errôneas de Adler em comparação à Freud). Popper realmente apresentava algumas intrusões e misleadings quando alternava a temática de um escrito seu para uma experiência mais conclusiva superficialmente e muito mais embebedada da sua experiencia subjetiva e opinativa. Caso disso também se enxerga quando Popper afirma que não existe tal coisa como o condicionamento proposto pelo behaviorismo, um outro grande equivoco de interpretação principalmente pela influência vigente de John Watson na época, que seria recebida com muito criticismo por Skinner pela década de 30/40. Mas a questão é que, fugindo ao tocante disso, não vi no roteiro do vídeo nenhum argumento contra a falseabilidade metodológica, e muito menos um aprofundamento dela que buscasse apontar inconsistências ou algo que a refutasse. Na verdade, se observa muito mais um ataque pessoal, como as críticas de baixo nível a Freud também são. O nascimento das ideias de Popper é marcado por essência pelo panorama de Freud/Marx exaustivamente explicando fatos por suas ideias e Einstein, de um outro lado, buscando um eclipse que poderia negar sua teoria da relatividade. No vídeo, toca-se no tema da falseabilidade, vende-se Popper como um nome constantemente buscado no campo acadêmico e um tanto superestimado, e parte-se para um apelo mais invasivo e frágil. Me parece ser aversivo para você tocar em uma epistemologia que possa quebrar suas ideias. Descreditar Karl Popper por apontar erros seus em uma crítica muito mais pessoal e extremamente deslocada do coração de sua obra (fora da Lógica do Descobrimento Cientifico e seus três Pós-Escritos) me parece também um golpe baixo de desonestidade intelectual que ainda assim não combate conclusões de seu principio de falsificação. Na seleção da retórica argumentativa, recomendo não buscar defender seu lado com premissas que são facilmente observadas por uma escolha a dedo daquilo que serviria de arsenal conformativo na defesa de sua opinião. Isso é falho e extremamente problemático. A realidade não existe por nossa vontade, então por que levar tamanha postura centralista neste debate? Nós queremos conhecê-la, não imaginá-la. E sem ter hipóteses falseáveis, não há nomeação que se dê muito a psicanálise senão uma pseudo-ciência. E qual o problema disso? Jung nunca se importara com tal coisa...
Ótima colocação, em outro vídeo ele demonstra uma certa aversão por K. P. No no vídeo anterior ele se furta em falar dele para o desenvolvimento da visão de "o que a ciência"
Aparentemente a psicanálise é uma prática que segundo ele apresenta resultados apesar de não preencher todos os requisitos para ser considerada uma ciência, da forma que entendemos o que ciência hj.
@@gustavoajala2731 Exato! O posicionamento de filósofos como Platão e Kant são boas adições para contextualizar a conversa, mas estão longe de serem as contribuições mais extensas e fundamentais do conceito. Não trazer Bacon em maior detalhe, que foi um expoente para formalizar a prática científica em seu desenvolvimento, Popper, Lakatos, e principalmente as considerações de cientistas sobre suas próprias atividades (o que eu considero fundamental) é um pouco impertinente em todos os sentidos, parecendo uma seleção mais subjetiva e extremamente inclinada ao pressuposto que se quer defender. Moldam-se os critérios para que esses se encaixem com a tendência buscada. O coração da ciência, em seu traço histórico e mais caricato, não é um simples sistema de conhecimento sistematizado e racionalista, ou a participação em universidades, mas sim uma atitude essencialmente voltada para testar ideias contra a natureza, buscando demonstrá-las, descartá-las, e, quando verificadas, tentar encontrar falhas que nos levem a uma explicação melhor. O sistema de conhecimento e a presença em centros acadêmicos são produtos disso. Essa tradição é facilmente vista desde Eratóstenes concluindo que a superfície da Terra era curva a partir de evidências que ele conseguira coletar com o simples comprimento de sombras à Einstein e sua relatividade geral, e daquilo que temos de ciência hoje é basicamente o resultado desse processo; o que sobrevive o faz porque evoluí por estes meios. Te parafraseando, a psicanálise, como ferramenta terapêutica, está aberta a evidências de eficácia, e a coisa meio que se limita a isso. É legal de pensar em contribuições teóricas, como os mecanismos de defesa do Ego, como hipóteses a serem testadas (são padrões comportamentais super interessantes), mas que, em quaisquer resultados, estarão despidas de todo o folclore que Freud inaugurou e seus sucessores herdaram, pois este é especulativo e metafísico por natureza, fugindo da alçada do que a ciência se propõe a investigar. Todo tipo de tratamento possuí esse mesmo tipo de possibilidade de validação, mas a validação não é medida para a teoria, e sim para os resultados positivos ou não da aplicação daquele procedimento.
Interessante! Isso que sugere Gaston Bachelart, o fez dr Norberto Keppe, me estranha o sr nunca citá-lo, não o conhece? Um trabalho brilhante, brasileiro que estudou com Viktor Frankl, atendeu por muitos anos com psicanálise no HC. Sobre o assunto, sugiro os livros "o homem universal" e "o reino do homem" em que cita diversos autores e vai analisando a teoria destes. Elementar, meu caro professor. Um abraço!
Nesse caso falta noção de gravidade no Popper, aparentemente numa tentativa de compreensão ou invalidação do outro acaba se "estrepando". Papagaio faz paráfrase?
psicanalises das ciências... Genial!
Maravilha
mas veja o nível de barbarismo -passei mal de rir
Díficil.
Ou seja, é mas não é, veja bem, contudo, porém, todavia... é a ciência do Rolando Lero.
: )
muito bom psicanálise não e ciências
Mucho bla bla...
Psicoanalisis no logra superar a la charlatanería...