Minha opinião sobre arte: arte não é sobre beleza, não é só as maravilhas do mundo. Arte é sobre expressão de sentimento e pensamento, ou fazer com que o espectador dessa arte, ao olhar para a obra do artista, gere seus próprios pensamentos e sentimentos.
Ou seja não é nada, por que isso é tudo, sentimento e experiência é a vida, arte é uma parte disso, preciso ser, precisa sair do medíocre. Porque a arte que está na galeria valeria mais em sentido do que um semáforo...
Eu sempre fico incomodada com isso de "literatura não é sobre militância" porque esse parâmetro só é usado quando são "minorias" falando sobre sua própria realidade e vivências. Sei lá, lendo Monteiro Lobato, por exemplo, a gente sabe que ele tinha uma defesa (junto com movimentos de ciências eugenistas da época) de que para o Brasil chegar num patamar melhor a população deveria embranquecer, deixando de lado também os aspectos culturais da cultura negra. E isso é deixado explícito tanto pelo narrador quanto pelos personagens, que rebaixam a tia Nastácia por ser uma pessoa negra e desdenham das histórias ditas "populares" que ela conta, e isso era o autor colocando a opinião política dele numa obra literária. Existem vários exemplos de autores que fazem o mesmo literatura. Daí se um autor resolve escrever um livro com protagonismo LGBT não pode porque já tá querendo impor a própria opinião e literatura não é sobre isso. Fica aquilo né,o normal é não ser LGBT, ser branco e homem, se as vivências dos personagens literários diferem disso já é lacração. E lógico que tem toda a questão da forma de como autores podem trabalhar narrativas negras, LGBT etc, e aí podemos entrar no debate de existir um público que não gosta por causa do forma que a obra foi escrita, mas eu acho estranho quando já o conteúdo incomoda, sem nem se ver a forma.
24 дня назад+11
Concordo! Essas identidades vistas como normais, padrões, muitas vezes se passam pras pessoas que as representam como se nem fossem, também, identidades. Daí um meme que vi uma vez no Twitter e achei ótimo: só existem dois gêneros, homem e lacração; só existem duas raças, branco e lacração. Só existem duas sexualidades, hétero e lacração. Etc.
A melhor coisa da arte pra mim, seja literatura ou cinema é a liberdade. Compra quem quer, lê quem quer e assiste quem quiser. O autor tem total liberdade de criar o que quiser. A arte é o ambiente mais democrático que existe! Claro, tem o que é bom e o que é ruim, vai do gosto de cada um.
24 дня назад+5
Sem essa liberdade, aí sim a arte estaria arruinada
Hoje mesmo eu vi um vídeo sobre a música sertaneja está se degradando e como ela nasceu e veio se desenvolvendo ao decorrer dos anos, e como a música também está deteriorada. Virou uma festa regada a bebida, ostentação e sexo e não apenas o sertanejo. Como a música como o todo. A música também é arte. E Beyoncé disse em uma entrevista que se a arte dela não serve pra ela expor o que sente ou pensa,- algo parecido - 6:55 ela está no trabalho errado. E ela tem razão. A arte mais pura é aquela que a gente vê a mesma coisa por pontos de vista diferentes e todas estarem certas. Discutir assuntos sérios sem desenhar que quer. Tipo, um livro sobre racismo mas não precisar dizer "olha, racismo não pode" tipo, deixar essa comunicação aberta para o suntexto. Maa tal qual o deterioramento da música com a banalização de uma vida medíocre e mudos distantes para a maioria de nós, a mudança de sociedade mostra que os jovens não gostam de pensar, refletir, profundidade. Porque hoje a prioridade é o escape, e por isso o romance erótico sem história interessante vira top 5, como 50 tons ou 365 DNI. E até romantiza o inaceitável para as mentes imaturas que acabam almejando uma vida como aquela e esquecendo que esses romances são os mesmos que a mulher acaba, no mínimo estuprada - julgada pela sociedade pelo resto da vida - e mortas. Estou batendo cabeça para fazer uma história uma mensagem com temas dentro do tema principal mas quero fazer de um jeito que diga sem dizer exatamente, esses temas a serem discutidos. Nao é toda música, quadro, vídeo, livro ser reflexivo, mas sim o mercado nada mais é do que o espelho do que o mercado quer consumir.
Eu sou bem a pessoa que pega minha vida merda e faz arte kkkkk. Os temas que eu mais abordo na minha arte é sobre saúde mental, neurodivergência, ignorância e vícios. Isso porque eu convivo com um bando de ignorante, sou neurodivergente (autista com altas habilidades) e tenho ansiedade e depressão ao lado de pensamentos intrusivos que me mandam afundar em vícios.
A literatura é a arte que dialoga com a vida, espelhando suas nuances e contradições. Mas qual é o propósito de expor a dureza da existência? Digo isso pois parece que retratar a realidade em sua crueza nos faz reviver dores em dobro. Então, será que a literatura deveria ser apenas uma fuga terna, capaz de nos afastar das mazelas cotidianas e nos transportar para um mundo de sonhos onde é possível caminhar nas nuvens? Contudo, essa leveza também pode trazer sofrimento, pois o retorno à vida real, com seus caminhos ásperos e sua luta constante pelo pão de cada dia, não é suave, pra muitos, como andar nas nuvens. A literatura, em sua essência, é um reflexo do nosso próprio dilema: entre a dor de encarar o real e a fragilidade de viver no sonho. Que escolha complexa carrega essa arte.
24 дня назад
Comentário maravilhoso! A literatura carrega mesmo grandes dilemas
Minha opinião mais polémica. Tentar consciencializar é quase apelar para piedade. Racista que atacam não tem consciência para se consciencializarem. ...Se alguém pedir consciência para um racista, só vai funcionar se o método usado coloque o alvo do racista como alguém que precisa de piedade, ou de caridade comportamental, e principalmente, enquanto o alvo do preconceito estiver socialmente abaixo do racista, e também se comporte de forma um tanto submissa. (é o famoso racista bonzinho, que é até educado e trata bem o alvo do preconceito, contanto que esse alvo se comporte como 'menor" em tudo, fale menos, escute mais, tenha menos condição financeira, tudo menos.) Tem que combater o racismo a partir da exigência de Respeito, porque somos todos iguais, brasileiros, natos, do povo do Brasil, humanos. e Não, Não por consciencialização. Consciencialização é pedir. NUNCA peça o que é direito, para não dar poder indiretamente a quem deu. Pedir para o racista se consciencializar, é quase pedir piedade. Então, basta o alvo da piedade comprar um carro zero, para o preconceito retornar.
Acho que o problema não são as bandeiras, pois a ficção nunca foi apenas estética, sempre veiculou ideias. A questão é quando a arte se torna mero panfleto, não sobrando nada além da militância, e a noção de que uma obra não pode ser julgada esteticamente por seu "valor social". Infelizmente vejo isso MUITO na crítica literária. A identidade do artista ou a pauta defendida sendo uma blindagem contra a crítica é algo péssimo. Nesses casos, seria melhor mesmo escrever um artigo, um manifesto. Não porque o sofrimento não deva estar na literatura. A dor, o abjeto, o imdesejado está na literatura e na arte em geral desde antes do romantismo. Mas porque a esfera da arte demanda uma abertura interpretativa e é inerentemente sujeita a crítica.
A arte começou ensinando, passou a ser estética e agora ensina de novo, dessa vez a ser gente. Parece que realmente, a arte é mais importante do que nunca. E o melhor, pode ser as duas coisas e coisas ainda mais que surgirão... É fascinante o mundo da Arte.
Arte é uma expressão, ela não se propõe a estar certa ou errada. O Jeferson Tenório é um escritor que confronta e provoca a sociedade com sua arte. ❤️ 🫶
Essa é uma discussão muito antiga mesmo que também engloba Arte e Mercado. Desde a Grécia e Roma, as peças sempre foram sobre os heróis, líderes militares, reis e deuses. Será que em Roma não havia faxineira, cozinheira, costureira, soldado e fabricante de sapatos? É claro que sim! Mas o Mercado não se interessa por essas histórias. A Massa quer ler sobre personagens conhecidos que impactaram suas vidas e seus destinos: os reis, deuses, heróis e líderes militares. Assim estão postos os elementos que fazem de quase toda a arte uma exposição de dramas da burguesia. E é por isso que a arte foi, é e sempre será burguesa. É o que as pessoas querem ler, o que o mercado demanda. É muito recente (e moderna) a ideia de que as pessoas queiram ler sobre um bêbado, deficiente, trabalhador.... e aí todo mundo também sai para o ataque: estão romantizando a pobreza, fetichizando o pobre. Não há solução. No fundo os culpados somos nós, nossos gostos que formam o tal mercado, e nosso vício em repetir mais do mesmo: histórias sobre heróis, líderes militares, reis e deuses. Somos escravos de nossa própria história. Como artista eu aprendi que as pessoas não querem ler sobre a realidade, elas querem escapar para um mundo distante e belo, e que lugar melhor para isso do que nas histórias da burguesia, onde a luta por sobrevivência envolve guerras entre reinos e transformações profundas...... enquanto na vida real, a luta real por sobrevivência se resume a saber se amanhã terá pão...
Sinceramente...? Quando eu vejo alguém falar sobre woke, lacração ou outros, eu já me afasto rapidamente. Esse tipo de pessoa não tem nada a oferecer e ainda quer encher o saco... Acho que a arte tem sim que ser de denúncia e desconforto. Claro que nem todo livro tem a obrigação de ser assim. Mas são esses os que fazem nossa sociedade evoluir❤
22 дня назад
Não, não é bem assim, destruir conceito já estabelecidos para pregar uma mensagem. O problema da ideia de qu3m curte a pauta woke é que não se contentam em criar algo novo, em nada, apenas querem destruir aquilo que construímos como memória afetiva, por isso o problema de marginalizarem os progressistas woke
Discussão difícil, essa. Acabei de ter meu primeiro semestre de Teoria da Literatura na faculdade :') Mas na minha opinião, acho que a arte não *precisa* ser sobre nada em particular. Não precisa ser bela, nem precisa ser uma denúncia. Hoje em dia a maior graça dessa categoria vaga que nós chamamos de arte é justamente a possibilidade que ela tem de ser as duas coisas ou nenhuma delas. E várias outras. Ainda estou tentando descobrir o que eu quero fazer com a minha arte. Mas, na arte que eu consumo, eu vejo um pouco de cada coisa. Preciso ler os livros desse autor. Já tinha ouvido falar por alto, mas nunca com profundidade assim. Parece ser muito interessante
Acho q o equilíbrio é a solução. Quem fala que antes era melhor pq não tinha política na arte e era só entretenimento não acompanha arte com certeza, mas tbm fazer um filme com a Ariel preta por "representatividade" não ajuda em nada a causa. Jordan Peele é o exemplo de um storyteller consciente que sabe entreter e ensinar
Eu acho que escrever o que vivemos é o ideal. O equilíbrio entre o belo e o real é o que chamo de arte. Encontrar o belo na feiura é bonito e reflexivo. Já sobre o livro em si, tenho uma duvida: É um livro que só fica no discurso e no panfleto do protagonista ou o Jeferson cria cena sem precisar ser didático? Nunca li nada dele, mas impressão que tenho é que ele é um escritor didático, e não encena seus discursos para que possamos estar na pele do personagem, mas talvez seja só uma impressão
23 дня назад+1
Obrigada pelo comentário! Eu acho que o Jeferson consegue equilibrar bem o didático com a encenação, a ficção propriamente dita. Talvez mais em De onde eles vêm do que em O avesso da pele. Ainda não li os outros livros dele além desses.
Ótimo vídeo! Eu sou mais pro lado da literatura engajada, mas fiquei pensando muito com meus botões quando terminei de ler Salvar o Fogo do Itamar Vieira Jr. e A Cabeça do Santo da Socorro Accioli. Achei ambos livros fracos, por alguns motivos. Primeiro porque as ações e falas dos personagens não condiziam com o contexto social deles. Segundo que os autores não desenvolveram bem a relação entre as personagens, que acabam falando uma ou outra frase de efeito ali entre os diálogos e pronto. Terceiro que ao tentar honrar os temas e passar uma mensagem clara, os autores caem totalmente no maniqueísmo, com os oprimidos sendo totalmente justificados o tempo todo e os opressores sendo quase vilões da Disney. Nesse último ponto acho um desserviço, porque na vida real raramente faltam nuances desse jeito, e isso pode corroborar a visão de que os oprimidos precisam ser sempre "as vítimas perfeitas" pra merecerem os seus direitos, e que os opressores são sempre monstros ensandecidos (ignorando o caráter enraizado dos problemas sociais e que muitas vezes o racismo por exemplo se perpetua por conveniência econômica e não por maldade vilanesca). Enfim, esses livros, mesmo que tratem de assuntos complexos e muito pertinentes, são supérfluos, não me comovem, e nesse sentido entendo o comentário de que seriam melhor como artigo acadêmico, porque simplesmente não têm a técnica necessária para um texto de literatura, mas acabam blindados de crítica por tratarem de temas socialmente relevantes, causando um efeito "rebaixador" no mercado literário
Vou ser sincero: já ganhou meu like no "mas e quando a vida é uma...". Se eu não ficar tímido demais, prometo que volto para comentar o restante do vídeo. 😅
"e se a vida é uma merd4?" Acabou me lembrando de um paralelo que eu traçava na adolescência entre o sistema digestivo e arte. Não que eu não veja mais assim, mas refinei mais o discurso. A ideia era a de que qualquer um poderia fazer arte. Não há importância naquela trolha isoladamente, assim como a filosofia, pode-se dizer. É parte da excreção natural humana. Todos nos alimentamos inevitavelmente de cultura e isso não fica inerte dentro da gente. Mas o artista é aquele que não se contenta só em se alimentar, c4gar e rejeitar a obra. Não, ele é aquele que se alimenta, c4ga, analisa o que produziu, cutuca, remodela e, o mais importante, declara. Arte é, no fim das contas, um ato de fala. É mostrar pro mundo que sua bost4 saiu diferentona e convencer seus interlocutores (ou deixá-los convencerem a si mesmos) de que aquilo é oq vc disse ser
Ah... Um problema sobre o tema: Existem obras maravilhosas, mas que não vão pelo lado engajado e são ignoradas e existem obras medíocres, que são engajadas e que são supervalorizadas.
Outro dia estava me perguntando se lançasse ALIEN O 8 PASSGEIRO nos dias atuais, qual seria a reação das pessoas? Os ignorantes iriam dizer que a Ripley é masculinizada e que o filme é lacração. E é um filmaço, Ripley é uma das minhas personagens favoritas. O mesmo falariam de Lara Croft com Angelina Jolie e tantos outros filmes. Dito isso, na minha opinião arte é expressividade e vai variar conforme o indivíduo que a prática e o que consome. Arte ao meu ver é livre e no ser livre é incomoda e deve incomodar aos representar e expôs a dor, o outro lado e tantas características de quem a esta representando. Wlange que video bom, você arrasou.
24 дня назад+1
Obrigada!! Pelo elogio e pela sua contribuição à discussão
Eu sempre vejo a arte como uma forma de melhorar o mundo, nem que seja um pouco. Tento trazer isso no que escrevo, mas ultimamente estava bloqueado justamente nessa discussão. Porque não quero escrever algo inútil, mas também não quero ser panfletário. Estava tentando encontrar um meio termo. E você me trouxe uma esperança. É bom questionar o viés realista e panfletário por vezes, mas também é bom questionar a beleza. Nesse vídeo entendi que nem a beleza é perfeita, mas até por isso chama-se beleza. Pois a vida, apesar dos problemas, ainda é bela. Falar disso é uma forma de construir pontes e melhorar o ambiente.
24 дня назад+2
Shoow que bom que o vídeo te ajudou nessa questão. Entre a inutilidade e a utilidade, existem muitas possibilidades do fazer artístico
Acho que a arte é realmente algo muito diverso, ela pode ser literalmente qualquer coisa então por que não militância? Quem não concorda com a militância é só não militar e tá tudo bem, ninguém vai te obrigar a lutar por aquilo que vc não concorda
Oi, Wlange! sei que esse comentário não tem muita relação com o vídeo e com o tema, mas tenho uma sugestão: Você poderia criar um quadro onde se analisa a escrita de vários autores; estilística, elementos narrativos e como eles usam as palavras para contar histórias. Creio que seria um conteúdo de muito aprendizado no canal e adoraria ver em prática. E claro, ótimo vídeo como sempre!
Que vídeo perfeito. A organização, o desenvolvimento, o encaixe dos temas, os temas, enfim. Sou do grupo que prefere ver a arte como um meio de comunicação útil, ainda que possa existir de forma inútil. Acredito ser mera impressão, mas acho que plataformas como reels e tiktok tem sido cada vez mais impregnadas pela arte inútil. Tudo se resume a causar um efeito agradável e imediato, mas muito raso ou pueril em significado. São meros conjuntos de frases esqueciveis que você vai pensar "caramba, legal" no primeiro contato e esquecer 5 minutos depois, para sempre. Mesmo assuntos sérios são distorcidos por essa forma de produzir: reduzem a memes irresponsáveis assuntos e eventos delicados, enfatizam a beleza de quem fala, mesmo que o que ela fala seja algo sem um pingo de lógica ou embasamento, etc. O pior é saber que não importa o quão didático você seja, iniciar um debate ali é inutil, infrutífero, enfim. É incrível como as pessoas podem se contradizer ao produzir arte: fazem algo que acreditam poder instruir e desenvolver alguém, mas ao passar desinformação não entregam mais que uma BELA ( pra elas ) distorção inútil da realidade. Realmente, ninguém vai resolver isso.
23 дня назад+1
Que bom que gostou do vídeo!! E obrigada pelo comentário e pela sua contribuição à discussão. Realmente, as redes sociais estão trazendo muita superficialidade a questões que merecem ser tratadas de forma mais profunda.
Acredito que a história tem q ser boa somente imitando a realidade... Deve sim ter utilidade e agradável na obra, fazendo parte não sendo um sermão ou uma sessão de fogos, mas a arte/obra seria despertante e sutil com começo, meio e fim!
"De onde eles vêm" foi 1 tapa de pelica mt satisfatório do Tenório em uma galera q insiste em desmerecer e diminuir a obra dele, como a galera dE 1 tal "Página*Vinte&* Cinco" e afins.
Achei muito interessante a discussão, Wlange, queria pontuar algumas coisas que fico matutando. Você não acha que opor "vida" e "estética" como ponto de partida não conduz à algumas armadilhas? P. ex., o Mikhail Bakhtin fala que a potência do romance está justamente na sua capacidade de agregar e organizar esteticamente uma imensa pluralidade de vozes e registros discursivos que vêm da própria sociedade. O exemplo principal que ele dá é o Dostoiévski, um autor que ninguém excluiria de nenhum cânone literário, mas que, em seu tempo, fez literatura de folhetim e que trouxe para o texto as formas de falar (e as próprias discussões intelectuais) das diferentes classes sociais russas da época, inclusive os mais pobres e miseráveis para quem a vida é uma merda, mas cuja perspectiva também tem beleza e valor estético. Um outro autor legal pra fazer essa discussão é o Jacques Rancière, que argumenta que a política sempre foi estética na sua medula, e que a arte, em particular a escrita (pq era o objeto do livro "políticas da escrita"), no caso a literária, produz o que ele chama de "partilhas do sensível", ou seja, produz ou reproduz as próprias maneiras como o político se torna apreensível esteticamente. Acho que esse livro do Jefferson Tenório é muito bom pra dialogar com esse ponto do Rancière, pq, veja, o autor coloca essas várias questões no conteúdo do romance dele sem responder explicitamente, mas ele responde pela forma! O próprio livro já é uma resposta de que alguém que padeceu e sofre com diversas violências sociais (pobreza e racismo , p. ex.) não apenas pode fazer essa velha discussão de um ponto de vista próprio e novo, mas também é capaz de encontrar, ou, na verdade produzir beleza a partir da sua experiência. Enfim, desculpe se o tom foi de palestrinha, eu só queria compartilhar, pq essa discussão sobre arte e vida me interessa muito. Gostei muito do vídeo!
19 дней назад
Obrigada pelo elogio e pela contribuição!! Não foi palestrinha hahaha há muito o que se falar sobre esse assunto e muitos pontos de vista e perspectivas teóricas a se explorar
Vídeo novo excelente, Wlange, eu sempre debato sobre a importância da representatividade nos diferentes meios como na cultura pop, comentários anti lacração são os que mais me dão nos nervos, pra mim termos como "lacração" ou "woke" perderam o sentido por conta de pessoas preconceituosas e malucas da extrema direita.
24 дня назад+2
Obrigada! Siiim são termos que foram esvaziados e ressignificados pela extrema direita. Inclusive essa semana vi um vídeo muito interessante justamente sobre isso, do canal Normose (ruclips.net/video/UsCQtHyZkK0/видео.htmlsi=gcLC1nl1RfBQ24DO )
22 дня назад
😅 pra mim, arte é aquilo que o autor dela quer externar para o mundo. Nao importa se o objetivo é militar, explanar a realidade, fazer uma critica ou apenas contar o que se passou. Agora nao podemos obrigar ninguem a consumir a arte que nos produzimos so porque achamos nossa arte a pedra angular da mudança
Antigamente, arte significava técnica, até chegar os vanguardistas. Arte é, atualmente, expressão. A livre manifestação da arte também é uma forma de liberdade de expressão. Portanto, independente se a lacração é intencional ou não, ou sequer se tem lacração, pouco importa quaisquer aspectos que não interfiram na liberdade do próximo.
A vida é uma merda? Conheço pessoas que deveriam viver bem, vivendo uma vida de merda, e conheço pessoas que tinham tudo para viver na merda, mas que vivem muito bem e felizes. Acho que a própria frase: A vida é uma merda, uma frase preconceituosa. Existe preconceito com quem é pobre e vive feliz. Como se isso fosse errado. Já senti isso na pele.
A palavra mais repetida num vídeo sobre estética e militância é "merda", 😂, gostei. Essa discussão sempre me lembra do saudoso Abujamra, que sempre dizia que o programa dele era o mais democrático do mundo: todo mundo podia falar o que quisesse e não ia ter nenhuma consequência, porque ninguém assistia mesmo. Vejo a literatura indo para o mesmo caminho, infelizmente.
ooi wlange, não sei se você vai ler isso, mas caso leia, você pode me dar um conselho, por favor? estou escrevendo um livro de mistério/suspense no wattpad e tenho assistido muito os seus vídeos para me ajudar a escrever melhor, porém costumo me sentir sobrecarregado de informações e não sei como progredir na escrita do meu livro da melhor forma, e também costumo alimentar uma insegurança de "eu não sei se estou escrevendo bem". se você tiver algum conselho que possa me ajudar, eu estarei agradecendo demais. tudo de bom pro seu canall
23 дня назад
Oiee obrigada! Acho que seria legal pra vc ter uma leitura de outra pessoa pra que esse olhar de fora te ajude a avaliar sua obra. Se vc tiver algum amigo/parente que possa ler, isso já ajuda bastante, e se tiver dinheiro pra investir nisso poderia contratar uma mentoria (ou leitura crítica quando finalizar o livro, mas se vc ainda tá escrevendo então o serviço ideal seria mentoria mesmo)
Na minha opinião não existe o mesmo peso entre os “lados”. Se vc não entende arte como um todo, ela se torna elitizada. Pra mim a questão estética é de menor valor, uma vez que bonito e feio são apenas questões de pontos de vista. Se a arte não se conecta ao social pra que ele serve?
que vídeo gostoso! fazia tempo que eu não assistia um vídeo que realmente me fazia pensar e raciocinar. em meio a tantos brainrots que o youtube recomenda, esse video foi luz!
Que vídeo impecável! A arte é uma forma de exposição de problemas sociais SIM!!! A arte vai além do bonito ou feio, legal ou não legal, mas vai de vivencias reais, de personagens reais, da vida real! ótimo conteúdo!
Temática social na literatura é algo que nunca me atraiu. Por essa razão, tenho me distanciado cada vez mais de livros brasileiros. Atualmente leio muito mais terror e suspense, e com exceção do Raphael Montes, que rema bastante contra a maré, podemos dizer que o Brasil é muito fraco ainda nesses gêneros mais populares.
Minha opinião sobre arte: arte não é sobre beleza, não é só as maravilhas do mundo. Arte é sobre expressão de sentimento e pensamento, ou fazer com que o espectador dessa arte, ao olhar para a obra do artista, gere seus próprios pensamentos e sentimentos.
Boa!!!
Ou seja não é nada, por que isso é tudo, sentimento e experiência é a vida, arte é uma parte disso, preciso ser, precisa sair do medíocre. Porque a arte que está na galeria valeria mais em sentido do que um semáforo...
Arte é também sobre o belo. Ninguém se atrai pelo que acha feio ou porque apenas expressa algo. É uma combinação de beleza-expressão.
Eu sempre fico incomodada com isso de "literatura não é sobre militância" porque esse parâmetro só é usado quando são "minorias" falando sobre sua própria realidade e vivências. Sei lá, lendo Monteiro Lobato, por exemplo, a gente sabe que ele tinha uma defesa (junto com movimentos de ciências eugenistas da época) de que para o Brasil chegar num patamar melhor a população deveria embranquecer, deixando de lado também os aspectos culturais da cultura negra. E isso é deixado explícito tanto pelo narrador quanto pelos personagens, que rebaixam a tia Nastácia por ser uma pessoa negra e desdenham das histórias ditas "populares" que ela conta, e isso era o autor colocando a opinião política dele numa obra literária. Existem vários exemplos de autores que fazem o mesmo literatura. Daí se um autor resolve escrever um livro com protagonismo LGBT não pode porque já tá querendo impor a própria opinião e literatura não é sobre isso. Fica aquilo né,o normal é não ser LGBT, ser branco e homem, se as vivências dos personagens literários diferem disso já é lacração. E lógico que tem toda a questão da forma de como autores podem trabalhar narrativas negras, LGBT etc, e aí podemos entrar no debate de existir um público que não gosta por causa do forma que a obra foi escrita, mas eu acho estranho quando já o conteúdo incomoda, sem nem se ver a forma.
Concordo! Essas identidades vistas como normais, padrões, muitas vezes se passam pras pessoas que as representam como se nem fossem, também, identidades. Daí um meme que vi uma vez no Twitter e achei ótimo: só existem dois gêneros, homem e lacração; só existem duas raças, branco e lacração. Só existem duas sexualidades, hétero e lacração. Etc.
A melhor coisa da arte pra mim, seja literatura ou cinema é a liberdade. Compra quem quer, lê quem quer e assiste quem quiser. O autor tem total liberdade de criar o que quiser. A arte é o ambiente mais democrático que existe! Claro, tem o que é bom e o que é ruim, vai do gosto de cada um.
Sem essa liberdade, aí sim a arte estaria arruinada
Hoje mesmo eu vi um vídeo sobre a música sertaneja está se degradando e como ela nasceu e veio se desenvolvendo ao decorrer dos anos, e como a música também está deteriorada. Virou uma festa regada a bebida, ostentação e sexo e não apenas o sertanejo.
Como a música como o todo.
A música também é arte. E Beyoncé disse em uma entrevista que se a arte dela não serve pra ela expor o que sente ou pensa,- algo parecido - 6:55 ela está no trabalho errado. E ela tem razão.
A arte mais pura é aquela que a gente vê a mesma coisa por pontos de vista diferentes e todas estarem certas. Discutir assuntos sérios sem desenhar que quer. Tipo, um livro sobre racismo mas não precisar dizer "olha, racismo não pode" tipo, deixar essa comunicação aberta para o suntexto.
Maa tal qual o deterioramento da música com a banalização de uma vida medíocre e mudos distantes para a maioria de nós, a mudança de sociedade mostra que os jovens não gostam de pensar, refletir, profundidade. Porque hoje a prioridade é o escape, e por isso o romance erótico sem história interessante vira top 5, como 50 tons ou 365 DNI.
E até romantiza o inaceitável para as mentes imaturas que acabam almejando uma vida como aquela e esquecendo que esses romances são os mesmos que a mulher acaba, no mínimo estuprada - julgada pela sociedade pelo resto da vida - e mortas.
Estou batendo cabeça para fazer uma história uma mensagem com temas dentro do tema principal mas quero fazer de um jeito que diga sem dizer exatamente, esses temas a serem discutidos.
Nao é toda música, quadro, vídeo, livro ser reflexivo, mas sim o mercado nada mais é do que o espelho do que o mercado quer consumir.
Eu sou bem a pessoa que pega minha vida merda e faz arte kkkkk. Os temas que eu mais abordo na minha arte é sobre saúde mental, neurodivergência, ignorância e vícios.
Isso porque eu convivo com um bando de ignorante, sou neurodivergente (autista com altas habilidades) e tenho ansiedade e depressão ao lado de pensamentos intrusivos que me mandam afundar em vícios.
A literatura é a arte que dialoga com a vida, espelhando suas nuances e contradições. Mas qual é o propósito de expor a dureza da existência? Digo isso pois parece que retratar a realidade em sua crueza nos faz reviver dores em dobro. Então, será que a literatura deveria ser apenas uma fuga terna, capaz de nos afastar das mazelas cotidianas e nos transportar para um mundo de sonhos onde é possível caminhar nas nuvens? Contudo, essa leveza também pode trazer sofrimento, pois o retorno à vida real, com seus caminhos ásperos e sua luta constante pelo pão de cada dia, não é suave, pra muitos, como andar nas nuvens. A literatura, em sua essência, é um reflexo do nosso próprio dilema: entre a dor de encarar o real e a fragilidade de viver no sonho. Que escolha complexa carrega essa arte.
Comentário maravilhoso! A literatura carrega mesmo grandes dilemas
Minha opinião mais polémica. Tentar consciencializar é quase apelar para piedade. Racista que atacam não tem consciência para se consciencializarem. ...Se alguém pedir consciência para um racista, só vai funcionar se o método usado coloque o alvo do racista como alguém que precisa de piedade, ou de caridade comportamental, e principalmente, enquanto o alvo do preconceito estiver socialmente abaixo do racista, e também se comporte de forma um tanto submissa. (é o famoso racista bonzinho, que é até educado e trata bem o alvo do preconceito, contanto que esse alvo se comporte como 'menor" em tudo, fale menos, escute mais, tenha menos condição financeira, tudo menos.) Tem que combater o racismo a partir da exigência de Respeito, porque somos todos iguais, brasileiros, natos, do povo do Brasil, humanos. e Não, Não por consciencialização. Consciencialização é pedir. NUNCA peça o que é direito, para não dar poder indiretamente a quem deu. Pedir para o racista se consciencializar, é quase pedir piedade. Então, basta o alvo da piedade comprar um carro zero, para o preconceito retornar.
Acho que o problema não são as bandeiras, pois a ficção nunca foi apenas estética, sempre veiculou ideias. A questão é quando a arte se torna mero panfleto, não sobrando nada além da militância, e a noção de que uma obra não pode ser julgada esteticamente por seu "valor social". Infelizmente vejo isso MUITO na crítica literária. A identidade do artista ou a pauta defendida sendo uma blindagem contra a crítica é algo péssimo. Nesses casos, seria melhor mesmo escrever um artigo, um manifesto. Não porque o sofrimento não deva estar na literatura. A dor, o abjeto, o imdesejado está na literatura e na arte em geral desde antes do romantismo. Mas porque a esfera da arte demanda uma abertura interpretativa e é inerentemente sujeita a crítica.
Bem colocado!
A arte começou ensinando, passou a ser estética e agora ensina de novo, dessa vez a ser gente. Parece que realmente, a arte é mais importante do que nunca. E o melhor, pode ser as duas coisas e coisas ainda mais que surgirão... É fascinante o mundo da Arte.
Arte é uma expressão, ela não se propõe a estar certa ou errada. O Jeferson Tenório é um escritor que confronta e provoca a sociedade com sua arte. ❤️ 🫶
Essa é uma discussão muito antiga mesmo que também engloba Arte e Mercado.
Desde a Grécia e Roma, as peças sempre foram sobre os heróis, líderes militares, reis e deuses. Será que em Roma não havia faxineira, cozinheira, costureira, soldado e fabricante de sapatos? É claro que sim! Mas o Mercado não se interessa por essas histórias. A Massa quer ler sobre personagens conhecidos que impactaram suas vidas e seus destinos: os reis, deuses, heróis e líderes militares. Assim estão postos os elementos que fazem de quase toda a arte uma exposição de dramas da burguesia. E é por isso que a arte foi, é e sempre será burguesa. É o que as pessoas querem ler, o que o mercado demanda. É muito recente (e moderna) a ideia de que as pessoas queiram ler sobre um bêbado, deficiente, trabalhador.... e aí todo mundo também sai para o ataque: estão romantizando a pobreza, fetichizando o pobre. Não há solução. No fundo os culpados somos nós, nossos gostos que formam o tal mercado, e nosso vício em repetir mais do mesmo: histórias sobre heróis, líderes militares, reis e deuses. Somos escravos de nossa própria história. Como artista eu aprendi que as pessoas não querem ler sobre a realidade, elas querem escapar para um mundo distante e belo, e que lugar melhor para isso do que nas histórias da burguesia, onde a luta por sobrevivência envolve guerras entre reinos e transformações profundas...... enquanto na vida real, a luta real por sobrevivência se resume a saber se amanhã terá pão...
Sinceramente...? Quando eu vejo alguém falar sobre woke, lacração ou outros, eu já me afasto rapidamente. Esse tipo de pessoa não tem nada a oferecer e ainda quer encher o saco... Acho que a arte tem sim que ser de denúncia e desconforto. Claro que nem todo livro tem a obrigação de ser assim. Mas são esses os que fazem nossa sociedade evoluir❤
Não, não é bem assim, destruir conceito já estabelecidos para pregar uma mensagem. O problema da ideia de qu3m curte a pauta woke é que não se contentam em criar algo novo, em nada, apenas querem destruir aquilo que construímos como memória afetiva, por isso o problema de marginalizarem os progressistas woke
Discussão difícil, essa. Acabei de ter meu primeiro semestre de Teoria da Literatura na faculdade :')
Mas na minha opinião, acho que a arte não *precisa* ser sobre nada em particular. Não precisa ser bela, nem precisa ser uma denúncia. Hoje em dia a maior graça dessa categoria vaga que nós chamamos de arte é justamente a possibilidade que ela tem de ser as duas coisas ou nenhuma delas. E várias outras. Ainda estou tentando descobrir o que eu quero fazer com a minha arte. Mas, na arte que eu consumo, eu vejo um pouco de cada coisa.
Preciso ler os livros desse autor. Já tinha ouvido falar por alto, mas nunca com profundidade assim. Parece ser muito interessante
Acho q o equilíbrio é a solução. Quem fala que antes era melhor pq não tinha política na arte e era só entretenimento não acompanha arte com certeza, mas tbm fazer um filme com a Ariel preta por "representatividade" não ajuda em nada a causa. Jordan Peele é o exemplo de um storyteller consciente que sabe entreter e ensinar
Adoro Jordan Peele!
Eu acho que escrever o que vivemos é o ideal. O equilíbrio entre o belo e o real é o que chamo de arte. Encontrar o belo na feiura é bonito e reflexivo. Já sobre o livro em si, tenho uma duvida: É um livro que só fica no discurso e no panfleto do protagonista ou o Jeferson cria cena sem precisar ser didático? Nunca li nada dele, mas impressão que tenho é que ele é um escritor didático, e não encena seus discursos para que possamos estar na pele do personagem, mas talvez seja só uma impressão
Obrigada pelo comentário! Eu acho que o Jeferson consegue equilibrar bem o didático com a encenação, a ficção propriamente dita. Talvez mais em De onde eles vêm do que em O avesso da pele. Ainda não li os outros livros dele além desses.
Ótimo vídeo! Eu sou mais pro lado da literatura engajada, mas fiquei pensando muito com meus botões quando terminei de ler Salvar o Fogo do Itamar Vieira Jr. e A Cabeça do Santo da Socorro Accioli. Achei ambos livros fracos, por alguns motivos. Primeiro porque as ações e falas dos personagens não condiziam com o contexto social deles. Segundo que os autores não desenvolveram bem a relação entre as personagens, que acabam falando uma ou outra frase de efeito ali entre os diálogos e pronto. Terceiro que ao tentar honrar os temas e passar uma mensagem clara, os autores caem totalmente no maniqueísmo, com os oprimidos sendo totalmente justificados o tempo todo e os opressores sendo quase vilões da Disney. Nesse último ponto acho um desserviço, porque na vida real raramente faltam nuances desse jeito, e isso pode corroborar a visão de que os oprimidos precisam ser sempre "as vítimas perfeitas" pra merecerem os seus direitos, e que os opressores são sempre monstros ensandecidos (ignorando o caráter enraizado dos problemas sociais e que muitas vezes o racismo por exemplo se perpetua por conveniência econômica e não por maldade vilanesca). Enfim, esses livros, mesmo que tratem de assuntos complexos e muito pertinentes, são supérfluos, não me comovem, e nesse sentido entendo o comentário de que seriam melhor como artigo acadêmico, porque simplesmente não têm a técnica necessária para um texto de literatura, mas acabam blindados de crítica por tratarem de temas socialmente relevantes, causando um efeito "rebaixador" no mercado literário
Vou ser sincero: já ganhou meu like no "mas e quando a vida é uma...". Se eu não ficar tímido demais, prometo que volto para comentar o restante do vídeo. 😅
Hahahah volta sim! 😊
"e se a vida é uma merd4?" Acabou me lembrando de um paralelo que eu traçava na adolescência entre o sistema digestivo e arte. Não que eu não veja mais assim, mas refinei mais o discurso. A ideia era a de que qualquer um poderia fazer arte. Não há importância naquela trolha isoladamente, assim como a filosofia, pode-se dizer. É parte da excreção natural humana. Todos nos alimentamos inevitavelmente de cultura e isso não fica inerte dentro da gente. Mas o artista é aquele que não se contenta só em se alimentar, c4gar e rejeitar a obra. Não, ele é aquele que se alimenta, c4ga, analisa o que produziu, cutuca, remodela e, o mais importante, declara. Arte é, no fim das contas, um ato de fala. É mostrar pro mundo que sua bost4 saiu diferentona e convencer seus interlocutores (ou deixá-los convencerem a si mesmos) de que aquilo é oq vc disse ser
Kkkkkk muito bom
kkkkkk eu adorei como isso é engraçado e estranho mas no fim faz sentido
Meu epitáfio: engraçado, estranho e, no fim, fez sentido kkkkkkk
Ah... Um problema sobre o tema:
Existem obras maravilhosas, mas que não vão pelo lado engajado e são ignoradas e existem obras medíocres, que são engajadas e que são supervalorizadas.
Outro dia estava me perguntando se lançasse ALIEN O 8 PASSGEIRO nos dias atuais, qual seria a reação das pessoas? Os ignorantes iriam dizer que a Ripley é masculinizada e que o filme é lacração. E é um filmaço, Ripley é uma das minhas personagens favoritas. O mesmo falariam de Lara Croft com Angelina Jolie e tantos outros filmes.
Dito isso, na minha opinião arte é expressividade e vai variar conforme o indivíduo que a prática e o que consome. Arte ao meu ver é livre e no ser livre é incomoda e deve incomodar aos representar e expôs a dor, o outro lado e tantas características de quem a esta representando.
Wlange que video bom, você arrasou.
Obrigada!! Pelo elogio e pela sua contribuição à discussão
7:22 a idade moderna nas ideias é marcada pelos pensadores da renascença, nao no sec 18. Era industrial inicia no 19
Eu sempre vejo a arte como uma forma de melhorar o mundo, nem que seja um pouco. Tento trazer isso no que escrevo, mas ultimamente estava bloqueado justamente nessa discussão. Porque não quero escrever algo inútil, mas também não quero ser panfletário. Estava tentando encontrar um meio termo. E você me trouxe uma esperança. É bom questionar o viés realista e panfletário por vezes, mas também é bom questionar a beleza. Nesse vídeo entendi que nem a beleza é perfeita, mas até por isso chama-se beleza. Pois a vida, apesar dos problemas, ainda é bela. Falar disso é uma forma de construir pontes e melhorar o ambiente.
Shoow que bom que o vídeo te ajudou nessa questão. Entre a inutilidade e a utilidade, existem muitas possibilidades do fazer artístico
Acho que a arte é realmente algo muito diverso, ela pode ser literalmente qualquer coisa então por que não militância? Quem não concorda com a militância é só não militar e tá tudo bem, ninguém vai te obrigar a lutar por aquilo que vc não concorda
Estudasse a critica do juizo estético, de Kant?
Oi, Wlange! sei que esse comentário não tem muita relação com o vídeo e com o tema, mas tenho uma sugestão: Você poderia criar um quadro onde se analisa a escrita de vários autores; estilística, elementos narrativos e como eles usam as palavras para contar histórias. Creio que seria um conteúdo de muito aprendizado no canal e adoraria ver em prática.
E claro, ótimo vídeo como sempre!
11:15 pq ninguem pode resolver esse problema? Isso significa to estudou esse problema a fundo de certo
é isso. Quem é o protagnista dessa Literatura bonita a vida univera? Quem vive essa vida universal?
Que vídeo perfeito. A organização, o desenvolvimento, o encaixe dos temas, os temas, enfim.
Sou do grupo que prefere ver a arte como um meio de comunicação útil, ainda que possa existir de forma inútil.
Acredito ser mera impressão, mas acho que plataformas como reels e tiktok tem sido cada vez mais impregnadas pela arte inútil.
Tudo se resume a causar um efeito agradável e imediato, mas muito raso ou pueril em significado. São meros conjuntos de frases esqueciveis que você vai pensar "caramba, legal" no primeiro contato e esquecer 5 minutos depois, para sempre.
Mesmo assuntos sérios são distorcidos por essa forma de produzir: reduzem a memes irresponsáveis assuntos e eventos delicados, enfatizam a beleza de quem fala, mesmo que o que ela fala seja algo sem um pingo de lógica ou embasamento, etc.
O pior é saber que não importa o quão didático você seja, iniciar um debate ali é inutil, infrutífero, enfim.
É incrível como as pessoas podem se contradizer ao produzir arte: fazem algo que acreditam poder instruir e desenvolver alguém, mas ao passar desinformação não entregam mais que uma BELA ( pra elas ) distorção inútil da realidade.
Realmente, ninguém vai resolver isso.
Que bom que gostou do vídeo!! E obrigada pelo comentário e pela sua contribuição à discussão. Realmente, as redes sociais estão trazendo muita superficialidade a questões que merecem ser tratadas de forma mais profunda.
Já assistiram Tokyo Godfathers, socys?
Chegamos com vídeo novo da Wlange! Obrigada por debater sobre o tema.
😍😍😍
Acredito que a história tem q ser boa somente imitando a realidade...
Deve sim ter utilidade e agradável na obra, fazendo parte não sendo um sermão ou uma sessão de fogos, mas a arte/obra seria despertante e sutil com começo, meio e fim!
"De onde eles vêm" foi 1 tapa de pelica mt satisfatório do Tenório em uma galera q insiste em desmerecer e diminuir a obra dele, como a galera dE 1 tal "Página*Vinte&* Cinco" e afins.
Achei muito interessante a discussão, Wlange, queria pontuar algumas coisas que fico matutando. Você não acha que opor "vida" e "estética" como ponto de partida não conduz à algumas armadilhas? P. ex., o Mikhail Bakhtin fala que a potência do romance está justamente na sua capacidade de agregar e organizar esteticamente uma imensa pluralidade de vozes e registros discursivos que vêm da própria sociedade. O exemplo principal que ele dá é o Dostoiévski, um autor que ninguém excluiria de nenhum cânone literário, mas que, em seu tempo, fez literatura de folhetim e que trouxe para o texto as formas de falar (e as próprias discussões intelectuais) das diferentes classes sociais russas da época, inclusive os mais pobres e miseráveis para quem a vida é uma merda, mas cuja perspectiva também tem beleza e valor estético. Um outro autor legal pra fazer essa discussão é o Jacques Rancière, que argumenta que a política sempre foi estética na sua medula, e que a arte, em particular a escrita (pq era o objeto do livro "políticas da escrita"), no caso a literária, produz o que ele chama de "partilhas do sensível", ou seja, produz ou reproduz as próprias maneiras como o político se torna apreensível esteticamente. Acho que esse livro do Jefferson Tenório é muito bom pra dialogar com esse ponto do Rancière, pq, veja, o autor coloca essas várias questões no conteúdo do romance dele sem responder explicitamente, mas ele responde pela forma! O próprio livro já é uma resposta de que alguém que padeceu e sofre com diversas violências sociais (pobreza e racismo , p. ex.) não apenas pode fazer essa velha discussão de um ponto de vista próprio e novo, mas também é capaz de encontrar, ou, na verdade produzir beleza a partir da sua experiência. Enfim, desculpe se o tom foi de palestrinha, eu só queria compartilhar, pq essa discussão sobre arte e vida me interessa muito. Gostei muito do vídeo!
Obrigada pelo elogio e pela contribuição!! Não foi palestrinha hahaha há muito o que se falar sobre esse assunto e muitos pontos de vista e perspectivas teóricas a se explorar
Vídeo novo excelente, Wlange, eu sempre debato sobre a importância da representatividade nos diferentes meios como na cultura pop, comentários anti lacração são os que mais me dão nos nervos, pra mim termos como "lacração" ou "woke" perderam o sentido por conta de pessoas preconceituosas e malucas da extrema direita.
Obrigada! Siiim são termos que foram esvaziados e ressignificados pela extrema direita. Inclusive essa semana vi um vídeo muito interessante justamente sobre isso, do canal Normose (ruclips.net/video/UsCQtHyZkK0/видео.htmlsi=gcLC1nl1RfBQ24DO )
😅 pra mim, arte é aquilo que o autor dela quer externar para o mundo. Nao importa se o objetivo é militar, explanar a realidade, fazer uma critica ou apenas contar o que se passou. Agora nao podemos obrigar ninguem a consumir a arte que nos produzimos so porque achamos nossa arte a pedra angular da mudança
Boa!
Antigamente, arte significava técnica, até chegar os vanguardistas. Arte é, atualmente, expressão. A livre manifestação da arte também é uma forma de liberdade de expressão. Portanto, independente se a lacração é intencional ou não, ou sequer se tem lacração, pouco importa quaisquer aspectos que não interfiram na liberdade do próximo.
Gostei desse formato de vídeo, ficou bacana. Vc mostrou "mais autoridade" sobre as ideias propostas.
Que bom, obrigada!!!
A vida é uma merda?
Conheço pessoas que deveriam viver bem, vivendo uma vida de merda, e conheço pessoas que tinham tudo para viver na merda, mas que vivem muito bem e felizes.
Acho que a própria frase: A vida é uma merda, uma frase preconceituosa.
Existe preconceito com quem é pobre e vive feliz. Como se isso fosse errado.
Já senti isso na pele.
A palavra mais repetida num vídeo sobre estética e militância é "merda", 😂, gostei.
Essa discussão sempre me lembra do saudoso Abujamra, que sempre dizia que o programa dele era o mais democrático do mundo: todo mundo podia falar o que quisesse e não ia ter nenhuma consequência, porque ninguém assistia mesmo.
Vejo a literatura indo para o mesmo caminho, infelizmente.
Meu Deus... eu seria o sinval... seria difícil de ser convencido
ooi wlange, não sei se você vai ler isso, mas caso leia, você pode me dar um conselho, por favor? estou escrevendo um livro de mistério/suspense no wattpad e tenho assistido muito os seus vídeos para me ajudar a escrever melhor, porém costumo me sentir sobrecarregado de informações e não sei como progredir na escrita do meu livro da melhor forma, e também costumo alimentar uma insegurança de "eu não sei se estou escrevendo bem". se você tiver algum conselho que possa me ajudar, eu estarei agradecendo demais. tudo de bom pro seu canall
Oiee obrigada! Acho que seria legal pra vc ter uma leitura de outra pessoa pra que esse olhar de fora te ajude a avaliar sua obra. Se vc tiver algum amigo/parente que possa ler, isso já ajuda bastante, e se tiver dinheiro pra investir nisso poderia contratar uma mentoria (ou leitura crítica quando finalizar o livro, mas se vc ainda tá escrevendo então o serviço ideal seria mentoria mesmo)
Na minha opinião não existe o mesmo peso entre os “lados”. Se vc não entende arte como um todo, ela se torna elitizada. Pra mim a questão estética é de menor valor, uma vez que bonito e feio são apenas questões de pontos de vista. Se a arte não se conecta ao social pra que ele serve?
que vídeo gostoso! fazia tempo que eu não assistia um vídeo que realmente me fazia pensar e raciocinar. em meio a tantos brainrots que o youtube recomenda, esse video foi luz!
Que bom que gostou!!!!
Irretocável, na forma e no conteúdo! ❤
Obrigada!! 🥰
Que vídeo impecável! A arte é uma forma de exposição de problemas sociais SIM!!! A arte vai além do bonito ou feio, legal ou não legal, mas vai de vivencias reais, de personagens reais, da vida real! ótimo conteúdo!
Obrigada pelo elogio e pelo comentário! ☺️☺️
E sei filho vai ter que ler "arte"até adulta por isso, queria vc ou não 😊😊😊😅😅😅kkkk porque os problemas sociais....
Oi, Wangle! 🙋♂️
oieee
Que espetáculo de vídeo.
🥰🥰🥰🥰
Temática social na literatura é algo que nunca me atraiu. Por essa razão, tenho me distanciado cada vez mais de livros brasileiros. Atualmente leio muito mais terror e suspense, e com exceção do Raphael Montes, que rema bastante contra a maré, podemos dizer que o Brasil é muito fraco ainda nesses gêneros mais populares.
amei o vídeo, vc arrasou muito
obrigada!!!
Amei o vídeo!
obrigada!!!
❤❤❤❤❤
Bom vídeo.
Que bom que gostou! Obrigadaaa
arrasou
7:22 a idade moderna nas ideias é marcada pelos pensadores da renascença, nao no sec 18. Era industrial inicia no 19