clichês do normal despóticos, normopatia (3 minutos)

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  • Опубликовано: 25 дек 2024
  • O que encontrei em minhas primeiras pesquisas gira em torno da noção de Fora. Tem uma linha de fuga que vem de Blanchot, atravessa Foucault e Deleuze e, na minha opinião, é uma chave para compreender algo da loucura. Geralmente se interpreta a loucura como um enclausuramento. Há algo disso, sem dúvida. Mas também o avesso disso, uma exposição quase total a um Fora e a suas velocidades, vertigens, etc. A noção de Fora me permitia sair das dicotomias interioridade/exterioridade, subjetivo/objetivo, indivíduo/coletivo. É uma região a partir do qual tudo se redesenhava. Quando pego um texto do Deleuze como “O pensamento nômade”, trata-se de uma pensamento do Fora. O que me interessa é a diferença que o contato com a loucura produz, a loucura ajuda a liberar-se da pirâmide ego-sujeito-eu do indivíduo. Quando você entra nesse campo, ocorre uma liberação em relação à hegemonia do plano pessoal. Ao mesmo tempo um direito à expansão e uma espécie de morte, desconectar-se de tudo, uma desconexão que só é possível, porém, através de uma outra espécie de conexão. Essa experiência meio pessoal me permitiu pensar se, e isso também é Félix, se o problema é a loucura ou a normopatia. E se o problema fosse não sermos suficientemente loucos? Não nos permitirmos dissolver-nos, separar-nos de nós mesmos, derivar a partir daquilo que éramos, diferir-se de si? Tudo o que vemos no campo da loucura, aquilo que os psiquiatras consideram como traços patológicos, será que parte disso não é o remédio que precisaríamos produzir socialmente, ou seja, esquizofrenizar as instituições, os discursos, o casal? Será que todos os modos de existência não mereceriam esse choque de esquizofrenização para que pudéssemos respirar?

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