Terminei de ler o Avesso da Pele recentemente, que lindo! Parabéns uma discussão sobre as relações humanas e a força das vivências individuais determinando vidas. Obrigada Tenório mais pessoas estão lendo e percebendo o equívoco. Abraços
Gostei bastante da entrevista, apesar da palavra "branquitude" me causar certo desconforto, porque me soa ao mesmo tempo mal definida e até preconceituosa. Há um ponto que eu gostaria de trazer à tona sobre o reconhecimento de negros em premiações. Todas estas premiações deixam subentendido que farão um julgamento exclusivamente do mérito das obras inscritas, sejam artísticas, científicas ou o que for. Contudo há ao mesmo tempo um clamor do momento pelo reconhecimento de negros, posto que há de fato personalidades negras de altíssima competência cujo prestígio foi tardio na nossa sociedade. Desta forma, me parece perfeitamente plausível um cenário em que surja um forte viés de escolher, entre o universo de obras de qualidade excepcional candidatas a uma premiação, uma cujo autor seja negro, de forma que que os postulantes brancos a priori não tinham qualquer chance de vencer, no caso de haver um bom candidato negro. O que estou cogitando é razoável? Se sim, um negro vencedor de uma premiação não poderia suspeitar de que venceu também pela cor de sua pele, de que foi tratado com condescendência?
Por que quando uma pessoa negra tem seu trabalho reconhecido, é questionado se ela não foi premiada por conta da cor da pele dela? Por que um branco vencedor de uma premiação não pode suspeitar que ele venceu também pela cor de sua pele, por um sistema monopolizado por um grupo que compartilha da cor dele(a) e concede aos seus? A palavra branquitude ainda é recente e também se refere a um campo de pesquisa que estuda como populações de descendência europeia, no Brasil, também fizeram uso da raça para criar uma identidade pra si, que compreende práticas sociais, culturais, religiosas, políticas e econômicas específicas, dinâmicas de relação e vínculo entre si, assim como, atributos físicos particulares, como a cor da pele. Os brancos também construíram sua identidade construindo a identidade dos negros em oposição a deles. Na branquitude, negros não são merecedores, não trabalham o suficiente, não se esforçam, não pensam de forma complexa e precisam passar pelo crivo dos brancos. O trabalho de uma pessoa negra pode ser questionado, mas as pessoas brancas ainda têm muito o que fazer pra enfrentar as distorções, que na branquitude, causaram a dificuldade delas de apreciar qualquer trabalho que não seja realizado por pessoas brancas e não reflete seus valores. Os brancos também precisam passar pelo crivo dos negros e outros grupos racializados. Isso é igualdade!
@@ldsz acho que entendo tua definição de branquitude: uma identidade branca criada como oposição à negra à qual são atribuídos diversos vícios de comportamento (captei?). Só não sei se esta definição (razoável) pode sobrepujar o uso pejorativo advindo do discurso identitário de antagonismo aos brancos. Sobre a questão que coloquei, não acho que faça sentido atribuir à cor da pele branca a vitória numa premiação porque, por mais que seja vantajoso ser branco na obtenção de um reconhecimento qualquer, ainda assim haverá muitos outros igualmente brancos concorrendo (negros ainda são minorias nas elites de qualquer tipo) pelo reconhecimento, de forma que o vencedor se obriga a se destacar pelo mérito da obra.
@@fmpinto A "identidade branca" não é criada só em oposição à negra, mas também. Falo de um campo de estudos, não dá pra reduzir desse jeito. Lilia Schwarcz acabou de lançar um livro com esse termo no título. Existe uma literatura produzida, a maioria por pesquisadores brancas(os), que não usam o termo, mas tratam do tema. "Minha definição" de branquitude não foi nem para defender o suposto uso pejorativo da palavra pelo escritor no vídeo nem para apaziguar o desconforto que qualquer espectador tenha sentido em relação a ela. O "antagonismo aos brancos" é consequência do antagonismo aos negros que vem dos brancos. "Minha definição" de branquitude é uma defesa da palavra diante das tentativas de desqualificá-la. Sobre premiação, o seu argumento soa racional para uma ideia de inclusão liberal, naturaliza a dominação branca e reforça a submissão de minorias a essa dominação. Ele é um exemplo de como o discurso sobre raça é construído nas práticas culturais, políticas, sociais e econômicas, naquilo que chamam de branquitude. Bom, é insano discutir complexidades nesse espaço. Encerro aqui.
Terminei de ler o Avesso da Pele recentemente, que lindo! Parabéns uma discussão sobre as relações humanas e a força das vivências individuais determinando vidas. Obrigada Tenório mais pessoas estão lendo e percebendo o equívoco. Abraços
Lindo livro que me levou às lágrimas. Vendo que era o entrevistado de hoje não poderia deixar de assistir. Obrigada Meio.
Ainda não li, mas estou impactada pela intrevista, e ansiosa por conhecer seus livros, sou simples leitora, salva pela leitura .
Pude ler esse livro e ao termina-lo disse: que livro!!!! Num tom de valeu cada página lida!!
Excelente!!!!!!
Censura dá vergonha. Sociedade brasileira é uma vergonha.
Tem de denunciar SEMPRE. Só assim os racistas poderão ser identificados e - talvez - se envergonhem.
Ótima conversa. O avesso da pele né aguarda no Kindle. 😊
👏👏👏❤
Gostei bastante da entrevista, apesar da palavra "branquitude" me causar certo desconforto, porque me soa ao mesmo tempo mal definida e até preconceituosa.
Há um ponto que eu gostaria de trazer à tona sobre o reconhecimento de negros em premiações. Todas estas premiações deixam subentendido que farão um julgamento exclusivamente do mérito das obras inscritas, sejam artísticas, científicas ou o que for. Contudo há ao mesmo tempo um clamor do momento pelo reconhecimento de negros, posto que há de fato personalidades negras de altíssima competência cujo prestígio foi tardio na nossa sociedade. Desta forma, me parece perfeitamente plausível um cenário em que surja um forte viés de escolher, entre o universo de obras de qualidade excepcional candidatas a uma premiação, uma cujo autor seja negro, de forma que que os postulantes brancos a priori não tinham qualquer chance de vencer, no caso de haver um bom candidato negro. O que estou cogitando é razoável? Se sim, um negro vencedor de uma premiação não poderia suspeitar de que venceu também pela cor de sua pele, de que foi tratado com condescendência?
Causa desconforto pq tem que causar mesmo. O termo é racista e o autor é claramente racista.
Por que quando uma pessoa negra tem seu trabalho reconhecido, é questionado se ela não foi premiada por conta da cor da pele dela? Por que um branco vencedor de uma premiação não pode suspeitar que ele venceu também pela cor de sua pele, por um sistema monopolizado por um grupo que compartilha da cor dele(a) e concede aos seus? A palavra branquitude ainda é recente e também se refere a um campo de pesquisa que estuda como populações de descendência europeia, no Brasil, também fizeram uso da raça para criar uma identidade pra si, que compreende práticas sociais, culturais, religiosas, políticas e econômicas específicas, dinâmicas de relação e vínculo entre si, assim como, atributos físicos particulares, como a cor da pele. Os brancos também construíram sua identidade construindo a identidade dos negros em oposição a deles. Na branquitude, negros não são merecedores, não trabalham o suficiente, não se esforçam, não pensam de forma complexa e precisam passar pelo crivo dos brancos. O trabalho de uma pessoa negra pode ser questionado, mas as pessoas brancas ainda têm muito o que fazer pra enfrentar as distorções, que na branquitude, causaram a dificuldade delas de apreciar qualquer trabalho que não seja realizado por pessoas brancas e não reflete seus valores. Os brancos também precisam passar pelo crivo dos negros e outros grupos racializados. Isso é igualdade!
@@ldsz hhahahahahahah "precisamos ter racista anti-brancos tambem!"
@@ldsz acho que entendo tua definição de branquitude: uma identidade branca criada como oposição à negra à qual são atribuídos diversos vícios de comportamento (captei?). Só não sei se esta definição (razoável) pode sobrepujar o uso pejorativo advindo do discurso identitário de antagonismo aos brancos.
Sobre a questão que coloquei, não acho que faça sentido atribuir à cor da pele branca a vitória numa premiação porque, por mais que seja vantajoso ser branco na obtenção de um reconhecimento qualquer, ainda assim haverá muitos outros igualmente brancos concorrendo (negros ainda são minorias nas elites de qualquer tipo) pelo reconhecimento, de forma que o vencedor se obriga a se destacar pelo mérito da obra.
@@fmpinto A "identidade branca" não é criada só em oposição à negra, mas também. Falo de um campo de estudos, não dá pra reduzir desse jeito. Lilia Schwarcz acabou de lançar um livro com esse termo no título. Existe uma literatura produzida, a maioria por pesquisadores brancas(os), que não usam o termo, mas tratam do tema.
"Minha definição" de branquitude não foi nem para defender o suposto uso pejorativo da palavra pelo escritor no vídeo nem para apaziguar o desconforto que qualquer espectador tenha sentido em relação a ela. O "antagonismo aos brancos" é consequência do antagonismo aos negros que vem dos brancos. "Minha definição" de branquitude é uma defesa da palavra diante das tentativas de desqualificá-la.
Sobre premiação, o seu argumento soa racional para uma ideia de inclusão liberal, naturaliza a dominação branca e reforça a submissão de minorias a essa dominação. Ele é um exemplo de como o discurso sobre raça é construído nas práticas culturais, políticas, sociais e econômicas, naquilo que chamam de branquitude. Bom, é insano discutir complexidades nesse espaço. Encerro aqui.
Cada livro tem sua faixa etária.
Isso não é censura.
Sim, o livro influencia o mais imaturo.
Você pelo menos chegou à ler para saber se o livro influencia coisas "imaturas"?