Olá Manu. Bom ,vivi um relacionamento aberto por 12 anos.... Funcionou por 12 anos..... tínhamos nossos combinados.... não deixar o outro perceber a escapada e voltar pra relação..... Sou da geração X , meus pais são nordestinos ,papai mais velho q mamãe 10 anos,minha mãe ,casou-se com 15 anos(foi empurrada) .... E o sexo na vida dela , sempre foi estupro ,viveu a vida toda grávida,um no peito outro no ventre. Tive+ de 10 irmãos alguns abortos..... ,papai sempre foi machista, cachaceiro e mulherengo.....Papai era muito festeiro.....as reuniões na casa de minha mãe sempre acaba em festa e forró.... No carnaval papai dava perdido de 5 dias.... Mamãe sempre conviveu com doenças venéreas. Bom essa foi minha estrutura como gente. Casei com 33 anos.....nunca acreditei no casamento...... Vivia namorava e transava.....sempre fugi do casamento. Até que enfim casei com 33 anos ,meu marido 10 anos mais novo. Mas desde o início propus uma relação aberta .... Eu era extremamente sexy....e vivemos um relacionamento muito sexual , eu tinha uma mente fértil para criar situações de prazer.... Tivemos 2 filhos..... O cotidiano e a nossa relação com nossos trabalhos foi nos jogando para outras situações na vida..... Eu sou da arte .... sempre fui do fazer..... tive confecção de fantasia por + de 20 anos ,ele do mundo corporativo ,cargos de gerencia , diretoria..... Como ele viajava muito sempre coloquei camisinhas na mala.....falava que era pra ele voltar pra família. Até que ele com 35 viveu um romance com uma colega de trabalho. Quando eu soube ,pedi pra ele trazer ela pro nosso casamento. Ele não aceitou,estava apaixonado.... Então o mandei embora pra viver sua escolha. Segui a vida com as crianças..... Nessa fase vivi um trisal com 2 amigos. Durou um ano. Arranjei um outro namorado músico .que foi ótimo , porém aquela vida nômade dele me deixava muito insegura , não quis mais..... Toquei pra frente , trabalhando e cuidando das crianças que cresceram..... Hoje minha filha mora na Espanha e meu menino adolescente ainda está comigo. Não consigo namorar mais.... Tenho preguiça de procurar.... Me divirto tocando em 3 blocos aqui em SP.... E deixei de me relacionar Nada de amor , só amizades..... Sigo forte na terapia.
Para mim faz muito sentido as hipóteses, por um tempo vivia a monogamia (e sinceramente nem se quer sabia oq efetivamente significava isso, então vivia a reprodução de um modelo relacional social normativo), e ai aquele ciúmes excessivo q eu sentia de minha mãe na infância (q parou por um tempo, mas só pq ela parou de se relacionar afetivamente/sexualmente de forma definitiva) foi inferida na fase adulta e voltou no meu primeiro relacionamento afetivo/amoroso aos 17 anos, foi caótico, infantil, controlador, ciúmes possessivo e com o tempo fui tentando buscar pontos de fugas para o meu ciúmes possessivo e para atrasar o abandono. Na busca de entender o meu ciúmes possessivo, que não evitava o abandono e só fazia muito mal pra mim e aos parceiros ao longo da vida, eu pensava: "o meu ciúmes não evita o abandono, ele está acelera o abandono, então o problema foi sempre comigo, é por causa do meu ciúmes"... Aí eu encontrei a não monogamia e fez sentido pra mim na época pq eu havia desistido de buscar esse amor e/ou aprender algum novo tipo de amar?! Não sei, calhou de me relacionar com uma pessoa que era não-mono e era lindo a nossa "relação afetiva" não monogâmica, eu não sentia mais ciúmes, eu podia ver ele falando e ficando com outras mulheres, eu podia ficar com outras pessoas, tudo lindo tudo blue. Até que ele começou se relacionar com outra mulher, me relacionei sexualmente com eles inclusive, achava bonito a relação deles, mas ele começou a se afastar de mim, os dois viviam dando desculpas pra não me verem mais e eu entendi o recado sem precisarem me dizer, a relação deles estava fechada. A relação deles acabou, ele voltou a me ver e quando ele foi me contando oq tinha sido essa relação com ela, ele me disse q era a primeira relação de verdade que ele teve com alguém e ela não deu valor; meu mundo de cinderela não mono caiu: "ele nunca me considerou enquanto relação de vdd, nem se quer teve um cuidado cmg". Eu vi que a minha não mono para os homens foi apenas para satisfazer a necessidade de gozar deles, mas foi o q funcionou por um tempo pra mim, atrasava o sofrimento pelo ciúmes excessivo, logo o abandono, porém sempre que eu começava a me relacionar mais profundamente com esses homens (onde eu passava da necessidade do gozo para a necessidade de ser amado), eles ameaçavam o abandono "é pq vc é não mono", "e quando vc quiser ficar com outra pessoa"; aí eu voltava atrás e cedia para monogamia, para não ser abandonada. Da ameaça de abandono no começo da relação, começavam vir os sinais efetivos de abandono ao longo da relação, logo o ciúmes, logo o sofrimento, logo o abandono.
Forte e complexo teu depoimento. Entender esse achar q somos valorizadas e na verdade só usadas é forte demais, mas uma grande lição, eu vivo celibatária pois entendi tudo isso felicidades pra vc.❤❤
Não podemos abandonar a nós mesmas. Eu saquei que meu ciúmes era porque eu não tinha nenhuma autoestima, este foi um dos meus grandes traumas: ser rejeitada desde o ventre e ter tido infindáveis reforços para que eu simplesmente não tivesse um pingo de amor próprio. E do tempo que eu saquei isso até quando consegui lidar foi quase uma vida, tô com 42 anos e isso só aconteceu há algum tempo atrás. Estou numa relação mono e é o que faz sentindo pra mim, eu sinto ciúmes, claro, mas agora eu estou me respeitando, me autorizando e me amando, então o outro não é todo o meu mundo, ele é parte, então seguimos e "que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure." Fica bem @thaynamessa
As suas hipóteses fizeram muito sentido pra mim. Eu vim de um lar caótico, um pai que tinha vício em jogos e bebidas, um "eterno menino", e não esteve presente como deveria. Minha mãe vítima de múltiplas violências ao longo da vida, acabou repetindo várias delas com os filhos. Mesmo assim, eu sentia muito ciúmes dela. Pra mim, era INSUPORTÁVEL a idéia de ela namorar. Maltratava os namorados dela durante a infância rs, na adolescência, eu suportava. Eu vejo esse conflito da triangulação acontecendo na minha relação que é monogâmica e em relações não monogâmicas de amigos mais próximos. Eu não julgo nenhum modelo de relação como ruim ou difícil demais. Acho que tudo depende do que cada pessoa quer pra si. Eu rompi com o modelo patriarcal de relação em alguns termos. Eu e minha parceira estamos livres para procurarmos carinho, amor e aconchego nas relações com as amigas e com a família. Não alimentamos essa ideia de que nós duas nos bastamos. Acredito muito em COMUNIDADE. Também não sinto que cerceamos o desejo uma da outra. Porque estamos em uma relação sexualmente exclusiva em comum acordo, e não contra a nossa vontade. Existe confiança, não tem ciúmes excessivo e, quando ele aparece, vamos tentar entender o porquê. Acho que existem formas saudáveis de viver a monogamia e, também, a não monogâmica. O desafio é entender como... Vamos aprendendo. ..
Obrigada pelo relato, me trouxe umas reflexões legais🎉
7 месяцев назад+85
Nossa, quando você falou “Bella Baxter” nem acreditei!!! Que demais saber que vocês assistiram Pobres Criaturas e pensaram até em fazer um Flor e Manu!!! Tomara que role!!!
Simmmm...da pra fazer uma serie completa com esse primor de filme
6 месяцев назад
@@prof.kassyadias total!!!
6 месяцев назад
Aquela cena do Duncan batendo a cabeça, de propósito, no balcão do bar é uma caricatura das necessidades de brigar, dominar e ser amado ao mesmo tempo, né? Eu ri muito pensando nisso no cinema.
Lido muito bem com a monogamia, difícil é achar uma outra parte que também queira isso rs Acredito que o relacionamento é uma construção, que é preciso edificar, organizar, adequar... Entendo que é preciso abrir mão de algumas coisas para obter outras. Cresci em um lar com uma família longe da perfeição, mas dentro do que considero ideal e brinco que meus pais foram um péssimo exemplo, casados, respeitosos, carinhosos e leais ao que se proporam.
Acho que o tipo de relação com o outro depende do seu momento de vida,das oportunidades de desenvolver relações, da energia e tempo pra elas.Nao de uma decisão prévia, racional.Ate pq as relações só se estabelecem se existirem desejo de tdas as partes de estar com aquelas pessoas ,naquele momento e de determinada forma.
Às vezes a gente mira no que vê e acerta no que não vê, né? É a primeira vez que eu assisto um vídeo postado no mesmo dia e não poderia ser mais apropriado para o meu atual momento de busca terapêutica! Respondendo: considero-me não monogâmico, sou casado há 27 anos, sendo os últimos 22 deles em um relacionamento aberto e os últimos 16, cada um em sua casa. Tenho outros relacionamentos abertos e também longevos (o mais "jovem" tem 2 anos). Sou da chamada Geração X e tive uma família normativa (nem tão burguesa assim), com irmãozinho, papai e uma mamãe que trabalhava fora. E não vi o filme. Tenho me questionado muito sobre a necessidade de buscar (seeking), pois desconfio que isso tem me levado a cometer excessos com o consumo específico de cerveja (e não de qualquer outra bebida alcoólica). E a pergunta que não quer calar é: o que estou incessantemente buscando? Mesmo entendendo o processo dopaminérgico e a montagem de respostas ineficazes que você explica em outros vídeos, a resposta a essa pergunta ainda me aflige. E eis que surge essa perspectiva de que esse "seeking" seja retroalimentado por esse vazio da mãe que tinha que cuidar do trabalho, da casa, do outro filho e do marido que havia sofrido acidente no trabalho e passou meses internado. Faz muito sentido que aquela criancinha de 1 ano sequer tenha aprendido a desejar ser objeto desse amor e, portanto, manifeste, hoje, esse "desapego" amoroso. O ponto que me chama à atenção é que por mais que sejam muitos os relacionamentos que mantenho (e permaneço "buscando"), o que eu busco de fato são conexões profundas e duradouras, onde o sexo acaba ficando em segundo plano (bem com "cara" de monogamia, né? rsrs) Tenho uma filha de 21 anos, Geração Z, portanto, única, que foi criada nessa relação aberta e sadia, com parceria e amizade e que declara ter uma relação aberta com seu primeiro e até agora único namorado, há 6 anos. O que me parece é que ela se considera "livre" para ter a relação que ela quiser e, por hora, ela escolhe ter esta relação apenas com ele. Enfim, espero que minhas respostas contribuam para sua pesquisa em retribuição ao triplex que esse vídeo construiu na minha cabeça!😅😅😅
Não-monogamia é sobre se relacionar com si, sair da fantasia do amor romântico e de garantias, se relacionar com mais de duas é monogamia serial, faz parte da monogamia o adultério e o divórcio, você diz isso porque já se acostumou a equiparar relação com "problema" ou "dor de cabeça".
Oi, Manu, obrigada pelo vídeo. Sendo bem sincera, achei a efusão das pessoas em torno da personagem Bella Baxter mais como um sintoma de nossa época (a identificação com o desejo desenfreado por estímulos a todo tempo) do que uma relação com qualquer símbolo de libertação feminista, mesmo porque aquilo se trata claramente de um feminismo neoliberal (poderia discorrer longamente sobre isso, aliás). No mais, sobre as relações, tenho seríssimas suspeitas com a promessa de satisfação e prazer quase ilimitadas que estão imbuídas no combo da não-monogamia - e dizer isso não é o mesmo que dizer que todos os relacionamentos monogâmicos são ótimos. *Façamos uma pausa para a complexidade, homo (nem sempre) sapiens*. Discutir esses formatos de relação, hoje, na complexidade que eles exigem, é muito difícil... Sustentar uma relação monogâmica com as promessas de felicidade explodindo na nossa cara a cada próximo match, só mesmo se os dois estiverem suficientemente amadurecidos pra saber que na vida, SEMPRE vamos perder algo. E que bom pode ser "perder" o próximo date que "seria maravilhoso". "Perder", assim, com tranquilidade.
Preciosa tua leitura e colocações, partilho de percepção bem aproximada, tanto com relação à leitura do sintoma alvoroçado para com Bella Bexter, quanto o trabalho de sustentar a perda com alguma leveza...
Ótimo tema! Vou falar o que vejo dentro do meio gay, refletido em aplicativos de encontro: Primeiramente, a maioria nunca fala em "relacionamento" ou "namoro", os termos são "algo mais, algo sério, algo além", curiosamente é sempre "algo" que não tem nome. Se distanciam do amor em si, de falar sobre o tema. A grande maioria foca no sexo, seja por fogo no rabo constante, seja porque têm relacionamento aberto, mas eu percebo que muitos "só esperam o sexo", porque é o mais fácil e prático de se conseguir com outra pessoa. No fundo, existe uma ideia de que "passou disso complica, é difícil e arriscado". O sexo acaba se tornando o único e mais fácil meio de se conectar com um outro, ainda que por alguns minutos ou horas. Percebo que existe a ideia de que "o homem tem suas necessidades", existe uma hipersexualização constante e imensa nesse meio, desde as fotos de perfil, os papos, até a realização do desejo. Muitos já pedem nudes direto, e muitos outros já querem marcar logo o sexo, de forma muito prática, chega, faz e tchau. Muitas vezes isso é escrito no perfil da pessoa. Percebo que existe um grande distanciamento da ideia de relacionamento, de afeto, de vínculo, então muitos no máximo falam em "amizade", mas "relacionamento" já é "demais, pressa, avançar muito". Ou seja, parece haver um tipo de fobia do vínculo. Faz muito sentido considerar, como dito no vídeo, que o foco em vários parceiros (e também relacionamento aberto) seja uma estratégia para garantir que não ficará só. Pode ser a satisfação sexual em si com vários parceiros, mas me parece que há um forte estímulo vindo da insegurança ou até incapacidade afetiva. Além da questão social de nossos tempos, em que viramos objetos para satisfação narcísica, perdemos o foco no vínculo e focamos no interesse e ganho a partir da pessoa (no caso, o interesse é diversão e prazer momentâneo, no máximo salvar o contato para repetir). Usam a pessoa e depois jogam fora, tal como embalagens na sociedade de consumo. Penso que monogamia ou não é questão de como funciona sua sexualidade e o quanto você deseja ser especial e único para o outro. Tem gente que gosta de experimentar com vários, se sentir na ativa (como falado no vídeo), ou querem garantia de conexões. Eu mesmo já tive um relacionamento onde a pessoa tinha salvos os contatos de pegação do passado, nunca excluiu, e essa pessoa tinha uma péssima autoestima e medo de abandono. Ou seja, nem sempre é "gosto", muitas vezes é medo mesmo. Até o relacionamento aberto pode ser uma desculpa pra não ser chifrudo. A sexualidade e o afeto podem ter suas modalidades, e as pessoas precisam se encaixar com as afinidades. Mas que tem muito truque pra evitar a dor, a perda, a insegurança e a própria entrega ao outro, isso com certeza tem.
Demais! Li tudo que você falou e a cada coisa narrada, mais eu tive a impressão de uma experiência em aplicativos de relacionamentos. Nenhuma experiência é individual, mesmo.
Hoje estou em um relacionamento monogâmico e me sinto confortável. Nós temos uma dinâmica que preza bastante por manter a individualidade. Não temos uma rotina muito próxima, nem sempre dá para comparecermos juntos nos eventos familiares e de amigos, cada um tem seu quarto mesmo morando na mesma casa. Temos ciúmes em certas situações, sentimos saudades. Tentamos ao máximo encaixar um tempo de qualidade em nossas rotinas. Acredito que essa dinâmica de manter a individualidade, de não precisar estar junto em tudo e o tempo todo permite que a gente "vá para o mundo" como o Emanuel diz sem a angústia de achar que o outro vai embora. Nós vivemos nossas vidas e na volta para casa temos um ao outro para compartilhar nossas experiências, com curiosidade e admiração que alimenta o interesse romântico.
Mas a não monogamia não seria, ao invés da não dependência de um objeto, a dependência de vários objetos pra sentir segurança? A pessoa buscando ter vários objetos ao mesmo tempo pra nao correr o risco de sofrer muito se um dos objetos for embora? Parece que as duas alternativas são a manifestação do desespero do abandono na idade adulta...
acredito que quando se fala em não-monogamia é preciso inserir um termo chamado '' rede de afetos'', a pessoa transfere a ''dependência'' em uma unica pessoa (no caso monogâmico) para a dependência pra essa rede de afetos como um todo... na monogamia como ele disse no video, existe uma necessidade q eh saciada em partes : a garantia que o objeto de desejo seja só meu e eu só dele, junto com uma expectativa do amor romantico alimentada por todo lugar desde filmes, musicas, livros e a propria familia... depender de uma rede de afetos ''livres'' acaba sendo menos pior talvez que depender a uma unica pessoa... e do outro lado da nao monogamia existe um relato de um amg proximo, q oq ele mais sentia falta na relaçao nao monogamica q ele tinha, era a de simplesmente andar de mao dada em uma praça ou qlqr outra coisas simples que reflete que a pessoa ''ESTá'' com a outra saca? tem mto isso de q qnd as coisas vão mal na nao monogamia tem um certo tipo de ''deixa pra la'' , ''nao tenho vinculo mesmo'' enfim, sao dois formatos igualmente possiveis de vivenciar e extrair coisas boas, depende do momento na vida
Respondendo as perguntas do início do vídeo: sou não monogâmica, me considero bem satisfeita e bem resolvida com esta visão e vivência nos relacionamentos. O que, obviamente, não quer dizer que sejam só flores haha humanos e relacionamentos são complexos em qualquer formato. Mas hoje não me vejo vivendo de outra forma, sinto que realmente foi uma “chave que virou” pra mim (aos poucos, ao longo de vários anos, e que ainda está virando). Sim, ciúmes existem também, o que muda é a forma como o percebemos e lidamos com ele. Cresci em uma casa estável, com muito amor e com pais que são casados de forma monogâmica até hoje, na maior parte do tempo bem felizes com seu relacionamento e, no geral, sem grandes percalços. São católicos e não entendem muito bem todos os aspectos da minha escolha, mas respeitam e querem a minha felicidade acima de qualquer coisa. Acredito que esse apoio faz com que eu tenha mais coragem de me posicionar de forma diferente do padrão perante a sociedade também. Espero ter ajudado ❤ sou bem aberta a perguntas sobre o tema, quem tiver curiosidade (de forma respeitosa) pode me chamar em outras redes também ☺️ Ps: adorei pobres criaturas, acredito que trouxe muitas questões importantes, inclusive sobre aspectos não tão falados da não monogamia, de forma muuito sutil Ps 2: queria adicionar à fala do Manu sobre a questão de não dependência de outros afetos na não monogamia destacando que na não monogamia (no geral) há uma descentralização também do afeto romântico como central, ou seja, esse afeto não vem só de múltiplos afetos românticos, mas também muito mais de amizades, família etc. É repensar justamente essa dinâmica de que o relacionamento romântico é central na vida social. E também gostaria de adicionar que entendo o foco na parte de “poder ter sexo com outras pessoas”, porque pra quem é monogâmico talvez seja uma grande coisa (ou talvez uma das maiores frustrações iniciais ou mais latentes quando se começa a pensar sobre isso) mas sinceramente isso é muito mais destacado em modelos como “relação aberta”, que é basicamente uma monogamia com brilhinhos ou um primeeeiro passo dentro da não monogamia, mas que pra quem já está mais dentro do rolê é mais uma consequência de uma série de outras mudanças de mentalidade do que a coisa principal - muito pelo contrário. E adicionando uma última pulguinha atrás da orelha, a diferença entre monogamia e não monogamia não está meesmo na exclusividade sexual, posto que sim, existe o adultério na monogamia e está bem longe de ser a exceção (cerca de 80% dos casamentos têm traições, segundo ibge 2022). Enfim, muita coisa pra falar e não quero deixar este comentário mais quilométrico do que já está hahah Estou disponível pra trocar ideias ❤ Só tentando ajudar na pesquisa mesmo :)
Sou monogâmica, tive uma experiência de família nuclear tradicional com disputa, ciumenta, geração y. Me relaciono com uma pessoa que a mãe trabalhava fora, então foi criada pela avó, só que essa avó faleceu quando ela tinha 10 anos de idade. Essa pessoa antes de se relacionar comigo só teve relações não-monogâmicas. Conversamos bastante sobre o assunto e chegamos na mesma hipotese que a sua, que a forma como conseguimos nos relacionar está intimamente ligada a nossa forma de organização social, mas pensamos mais em modelos de aldeia, quando todas as crianças são criadas por todos os adultos e não existe essa ameaça de quebra de vínculo. Chegamos à conclusão que só nesse tipo de sociedade a não-monogamia é "natural", no sentido que é possível suprir a necessidade de ser amado nesse arranjo, além de satisfazer as outras necessidades (a comunidade traz estabilidade em vários outros ambitos da vida, alimentação, moradia, segurança etc..). Na sociedade urbanizada existem vários impasses legais que não favorecem o arranjo não-monogâmico, por ser uma sociedade que nasce de um arranjo monogâmico, e isso deixa os indivíduos submetidos a acordos muito frágeis (exemplo: num 'divórcio' de uma relação não-monogâmica como é feita a separação de bens? Todos vão ter onde morar?). Por esse motivo, o arranjo que eu tenho com o meu par é numa relação de apoio mútuo dentro das circuntâncias que a sociedade nos impõe e respeitando a nossa história e nossos aprendizados pessoais. É um esforço de sermos fiéis a um compromisso ajudar um ao outro a sobreviver numa sociedade absolutamente opressora, em especial aos nossos corpos. Acho que a sua hipotese faz muito sentido, só tem um aspecto que acho que precisa ser levado em consideração também: historicamente os acordos monogâmicos não dão conta também de satisfazer as necessidades emocionais dos indivíduos, dado que era corriqueiro (e ainda é) a quebra do acordo em traições, mesmo quando as mulheres em média tinham menos liberdade e o seu papel atribuído era de cuidado dos filhos e do marido, exclusivamente. Ao marido era garantida a busca de parceiras, satisfação da necessidade de gozar em outros corpos e ainda garantir o amor e o cuidado a partir de um outro objeto. Às mulheres isso não era permitido. Parece pra mim então que o nosso modo de organização social e de organização familiar é absolutamente falido e em decadência, por isso as pessoas buscam outros arranjos que satisfaçam suas necessides, da mesma forma que buscam outros modelos de organização social que satisfaçam suas necessidades materiais.
Cara, que coisa absolutamente FODA. Quero emoldurar esse comentário, porque você simplesmente sintetizou meu pensamento em relação à toda essa discussão. Brilhante! E que acordo de relacionamento incrível, achei extremamente lúcido e saudável. Queria ver mais comentários do tipo nessas discussões por aí, ajudaria muita gente a entender e ficar um tiquinho menos agoniada.
Acho interessante como vejo muito acontecer uma "monogamia" que não segue a risca a ideia de amor romântico e "não-monogamia" que segue. Vejo que nem sempre é algo rígido uma forma ou outra de se relacionar também. Percebi atualmente uma pressão pra se dizer que é não-monogamico, como se a monogamia fosse algo abominável. Entendo que a forma que a monogamia foi construída socialmente tem seus problemas, mas também acredito que há formas de fazer acordos mais saudáveis. Nenhum dos dois tipos de relação é certeza que não haverá abusos. A forma de cada pessoa se relacionar (a que se sente mais confortável) é algo muito particular e não deve ser imposta. Acho justa toda forma de amar. 🤎 Que a gente descubra várias formas de espalhar amor por aí.
Bom, eu nasci em uma família tradicional, mono, com pais que discutiam o tempo inteiro mas nunca se separaram porque, segundo eles, "eles são um casal à séria, desses que já não existe". Enfim, me parece uma romantização da longevidade e do "ficar junto até ao final". Tive uma irmã e sempre tivemos uma relação legal, sem ciúminhos nem inveja. Meus relacionamentos, até aos 24 anos, foram sempre muito curtos e padrão, ou seja, monogâmicos. Por terem sido curtos, nunca amadureceram o suficiente para a gente adentrar o que realmente significa um compromisso para nós e como queremos que ele seja. Até que, aos 24, conheci uma pessoa com quem namorei por 4 anos. No decurso dessa relação, também monogâmica, desenvolvemos uma cumplicidade e uma intimidade muito profundas, que nos permitiram desbravar essa questão "mono ou não-mono, o que faz mais sentido para nós?". Isso tudo foi tbm mt motivado por uma atração muito forte que senti por um amigo dele!! Nunca fiz nada a respeito, mas aquilo me corroía por dentro. Afinal de contas, até aí, eu sempre me tinha "sentido" monogâmica (na verdade nunca tinha passado da fase "lua de mel" nas relações anteriores). Mas comecei a pensar e a entender que o fato de eu gostar do meu namorado e querer nutrir um futuro com ele não precisa estar atrelado a uma exclusividade do meu desejo sexual e afetivo. E entender que esse desejo por outra pessoa não queria dizer que eu estava mal na minha relação ou que queria terminar!! E isso foi uma baita descontrução para mim!!! O melhor dessa relação é que eu não tive que viver esse processo sozinha, pois, como éramos muito cúmplices, a gente conversava sobre isso, sempre com carinho e cuidado. No decurso dessas conversas e dessa pesquisa interior de mim mesma, fui descobrindo a NM (ainda no plano das ideias somente) e crescendo uma identificação com esse modelo. Acontece que, por outras circunstâncias, eu e o meu namorado decidimos prorrogar essa abertura de relação, por sentirmos que ainda não era o momento (estávamos prestes a emigrar e não quisemos desestruturar o nosso núcleo de casal com duas mudanças ao mesmo tempo). Enfim, essa relação acabou por terminar por outros motivos; algum tempo depois, eu conheci uma pessoa por quem me apaixonei loucamente e, naturalmente nesses inícios de relações, a gente só tem olhos para aquela pessoa. Ou melhor, comigo é assim que funciona... Acontece que depois de um bom tempo essa pessoa acabou me rejeitando, o que atiçou ainda mais esse sentimento de "nossa, essa era A pessoa". Ou seja, dentro de mim, eu ainda me pego pensando e sentido de um jeito muito monogâmico, sabe? Julgo que é tbm por a NM ainda existir somente no plano das ideias, não sei... Também parece que a rejeição estimula essa idealização do outro, né? Bagulho mt doido. Mas no fundo eu sei, porque aprendi na minha outra relação, que a exclusividade é uma utopia. A gente gostaria de ser a única fonte de desejo do objeto amado, mas não é. Aí vem a pergunta: você topa renunciar aos seus desejos em nome dessa pessoa ou não? No momento, a minha resposta é "não". E aceitar isso não como uma tristeza, mas como uma oportunidade de se honrar, honrar o que você sente, e não olhar isso como um ataque à pessoa com quem você se relaciona. Claro que não é assim tão simples, mas me parece mais honesto que a fantasia da monogamia.
Há 20 anos tenho relações mono e não-mono e não sei se concordo com a hipótese (pode ser que não tenha te entendido muito bem). Venho de uma família de pais (bem) casados até hoje, irmão mais velho de quem sou muito amiga, não tem nenhuma memória familiar, nenhum relato de eu ter expressado ciúmes ou apego excessivo em qualquer momento da minha infância, sobre nenhum deles (ainda que provavelmente tenha acontecido como é natural). Nas relações romântico-sexuais nunca fiz o tipo ciumenta também. Alguns pontos: 1 - Pessoalmente jamais me descreveria como monogâmica ou não-monogâmica. Tenho uma visão parecida com o que você fala sobre os diagnósticos que hoje em dia são completamente identitários. Essa pra mim não é uma questão identitária e sim circunstancial. Algumas relações, alguns encontros, algumas pessoas, alguns momentos de vida e situações pedem/geram uma monogamia, e outros uma (de infinitas) não-monogamia. 2 - A partir disso, tem muito fio que poderia ser puxado… Dizia Iris Murdoch: “O amor é a compreensão extremamente difícil de que algo além de si mesmo é real”. Penso que mono/não-mono não são identidades e sim “frameworks” porque penso que primeiro tem o indivíduo (eu) e o/s indivíduo/s (outro/s), e uma vez que isto está visto e entendido, pode-se entrar em um acordo sobre qual “framework” faz sentido praqueles indivíduos. Assim, entendo sua hipótese sobre a monogamia, mas ela não é também uma questão muito mais sistêmica do que identitária? O quanto a monogamia é realmente fruto da sua relação individual com o seu objeto-mãe, e o quanto ela é uma questão social dos nossos tempos? 3 - Nesse sentido, a monogamia pode parecer a resposta “óbvia”, porque é social-cultural, pra “ser amado”. Mas quem é/está NM também se relaciona porque precisa ser amado, ora. Criar vínculo com o/s objeto/s. A diferença estaria na estratégia, não na motivação. 3 - Já a hipótese sobre a não-monogamia - estereotipada? Sei que você falou que o vídeo é pra quem está sofrendo disso. Na minha concepção, “dominar” é uma necessidade muito mais presente e aplacável na monogamia - a necessidade de “assegurar” o objeto fica numa linha muito turva entre “ser amado” e “dominar”, não acha? Em geral uma NM saudável tem muito pouco de dominação, até porque é um exercício de desapego. Já sobre o buscar e o gozar, existe o estereótipo de que a pessoa NM tá sempre buscando mais alguém, sempre insatisfeita, e que transa com todo mundo rs. Bobagem né. Penso que a pessoa pode querer ser/estar NM porque não quer correr o risco de colocar o “buscar” em um lugar de falta; mas não que quando ela é/está NM ela está em déficit ou overdrive do buscar. Na verdade, eu discordo totalmente que a NM venha de um lugar de falta. Se falarmos de uma visão sistêmica, a NM é um frame de abundância mais do que de escassez (eu tenho tudo que preciso ao meu alcance e portanto não preciso estocar/guardar/prender). A monogamia é o frame de escassez (isso aqui é escasso e raro então eu preciso guardar só pra mim). E sobre o gozar: gente que não transa existe mono e não-mono 🤷🏻♀ Talvez a NM possa trazer mais variedade, mas não necessariamente é a única ou melhor forma de saciar o gozar, nem surge dessa necessidade. 4 - Por fim, penso que nenhum dos dois modelos está livre do amor romântico, que talvez seja o real problema porque este sim pede que as relações sejam identitárias. Pra muitas pessoas, a NM é uma tentativa de escapar da opressão do amor romântico. Mas como levantei, se monogamia e NM são só frameworks, o sofrimento não vem deles e nenhum dos dois modelos pode resolver esse problema. Enfim, adorei o tema. Essa parte onde você fala da Geração Z me bateu como tecnologia (social) do fim do amor.
Sou geração Y, sempre fui monogâmica, família padrão. Ser monogâmica nunca foi um problema. Por ser mais jovem era mais fácil acreditar em um “felizes para sempre”. Agora to confusa, solteira digo que não sou mono nem não mono, mas a verdade é que tá mais difícil acreditar no amor romântico, não mono me parece mais coerente, lida com a realidade com mais pé no chão, mas a verdade é que se eu me apaixonar real, não acredito que dou conta e vou preferir a hipocrisia monogâmica.
40 anos, casada há 17 anos, vivendo algo do tipo poliamor não hierárquico há 6 meses. O casamento até então tinha exclusividade sexual, mas tinhamos amigos, hobbies, interesses e buscas tanto juntos quanto separados, saímos e viajamos juntos e separados também. Decidimos viver não monogamia porque sentimos que daria certo, nos sentimos fortes o suficiente para aprofundar nossas buscas existenciais/espirituais cada um de maneira individual. Senti ciúmes uma vez, foi quando ele disse que estava apaixonado por outra pessoa. Naquele momento, senti pânico primal absurdo, muito medo de abandono, chorei, senti o coração disparar. O pânico durou uns 30 minutos e depois me acalmei, senti muito carinho por ele, lembrei da nossa amizade e conexão, pensei que mesmo se ele fosse embora com outra pessoa, provavelmente nossa amizade continuaria. Lembrei também que já me apaixonei por outras pessoas sendo casada (sem ficar), e isso não afetou meu amor por ele. Senti o amor abundante dentro de mim. Até agora nao senti mais ciúmes de ninguém, gosto de conhecer os meta-afetos, conviver com elas (ouvir falar o termo "kitchen table poly", achei bem apropriado kkk). Não considero voltar a modelo mono, gosto muito da minha liberdade, da abundância de afeto, da leveza das trocas. Se eu tiver que sentir aquele pânico e sofrer tudo de novo, eu sofro, mas continuo com essa vida que escolhi ❤
Sugiro muito que Manu leia o livro da Geni Nunez: Descolonizando Afetos, pela potência de uma leitura do tema através dos povos originários e seus ensinamentos
Eu assisti, amei e me identifiquei muito com o jeito de pensar e agir da Bella Baxter. Sou muito espontânea, direta e, pra mim, as coisas tem uma obviedade muito parecida. Já entendi que a sociedade enverniza com um monte de confusão. 😂 Minha angústia é com a hipocrisia e como as coisas não podem ser vividas, sentidas, faladas porque tem uma centena de camadas culturais e sociais que reprimem. Tenho dificuldade de não agir conforme o que sinto. Por isso, aliás, mesmo com 33 anos, percebo que as pessoas têm muita admiração e encanto por mim, mas tem outras que se chocam. É minha luz e minha sombra em todos os contextos. Pra minha sorte, sempre senti que a luz foi maior. Tem períodos que sofro sendo atacada, julgada ou me sentindo incompreendida, mas faz parte. Vou seguindo e tentando encontrar o equilíbrio.
Faz todo sentido, e eu acho muito triste. Sou de 89 adepta a agamia por não ter mais capacidade para tomar no uc! Minha estrutura é profundamente monogâmica, não é viável hoje em dia! Casei com a maternagem e com os estudos/trabalho! Meu conhecimento não vai embora por que quer viver tudo que há para viver.
Pq não é viável? É só achar alguém com a mesma estrutura. Eu por exemplo busco alguém com esse tipo de estrutura, minha vida inteira as relações acabaram por outras razões mas não por conta da estrutura atual da sociedade. Muito foram por não convergências de realidade nos futuros imaginados, como onde morar ou até mesmo se ter filhos ou não. Em convergindo as vontades acho que é sim possível. A parte da monogamia não seria o problema. Aliás, todas as pessoas que conheço enquanto casais bem sucedidos são monogâmicos, e são muitos por aí, apesar de não parecerem maioria.
Me identifiquei com a hipótese da infância. Minha mãe parou de trabalhar quando eu nasci, mas voltou quando entrei na pré-escola, com 4 anos de idade. Minha vó ficava comigo e com o meu irmão, mas pelas outras tarefas domésticas e também pelas personalidades, a gente cresceu muito solto. Eu sempre tive uma amizade muito bonita com a minha mãe, mas nunca (se rolou foi raro) senti ciúme dela. Adulto tive um relacionamento monogâmico de 5 anos que foi bom até que não foi e desde o fim dele passei a me relacionar de forma não-mono. Daí as experiências foram muitas com diferentes níveis de ciúme, frequência, intimidade e etc. Mas no geral sinto que o discurso que guia a não-monogamia acaba indo por esse rolê hedonista/ capitalista de aproveitar a vida de uma forma muito individual, que acaba parecendo problemático. No fim se pensar demais tudo parece problemático kkkkk
Acredito que associar a não-monogamia à ausência de vínculo esteja direcionando a hipótese, que estaria mais bem encaixada com a acronomia. Não monogâmicos criam vínculos, duradouros inclusive. A lógica não necessariamente é a existência de múltiplos vínculos/diversidade de parceiros, mas a desconstrução da ideia de que o amor sexual só é legitimo se for exclusivo. Afinal, em todas as demais trocas amorosas (não sexuais) temos concomitâncias..
Assisti o filme duas vezes no cinema. Foi uma libertação.. Eu estava num limbo na minha vida e de certa forma, o filme me tirou algumas ideias da cabeça. A personagem realmente inspira. Assisti a primeira vez e depois que o Christian Dunker fez um vídeo sobre, voltei pra ver com novos olhos.. Incrível
obrigada, Manu! acho que esse tema é ponto de partida para muitos debates importantes, pq é algo que efetivamente está em efervescência atualmente (pelo menos em algumas bolhas). Recentemente ouvi falar na anarquia relacional, e me pareceu mais próximo de como idealizo/gostaria de me relacionar: sem regras definidas; cada relação tendo sua configuração singular. porém, na prática, a tendência é que minhas relações sejam monogâmicas, não apenas no sentido de não me relacionar afetivo-sexualmente com outras pessoas, mas no sentido de centralizar minha vida em uma única pessoa. penso que a proposta de não centralização, que a não-monogamia ética/política traz, é a maior vantagem, e também o maior desafio da NM.
a sua hipótese faz muito sentido para mim. eu tive mãe/pai ausentes e sou não monogâmica. meus pais eram divorciados, minha mãe sempre teve diversos parceiros e meu pai tinha um casamento que parecia muito bom (não convivi muito). temas de relacionamentos/traição eram tratados com normalidade na minha família e sempre fui incentivada a ‘independência’ - querendo ou não. nunca me vi em um molde monogâmico, família tradicional, sendo ciumenta, etc.
Eu assisti o filme e achei incrível! Tive que ver mais de uma vez pra lidar com tudo que ele abrange, eu sou casada há quase um ano e estamos juntas a três, temos uma relação aberta, em um modelo que criar vínculos com outros ainda não é "permitido" no contrato, somente relações casuais e superficiais, é minha primeira relação dessa forma e eu nunca me senti mais livre, mais segura e mais eu. Obs.: sou de 1996, isso me faz geração Z, meus pais são casados até hoje (35 anos) e sempre acreditei que a monogamia era o único modelo possível- já que foi o único me apresentado como possibilidade, mas quando descobri que não tudo ficou melhor
Manu, achei a hipótese interessante! Algo que me intriga na não monogamia é como funciona a gestão de tempo para ter diferentes relacionamentos (para os acordos que assim funcionam). Acredito haver um certo nível de incompatibilidade com o tempo necessário para criar filhos, por exemplo. Ah, eu também não conhecia a agamia! Obrigada pelo vídeo, Manu!
A gente costuma dizer que “o amor não é limitado, mas o tempo sim”. Naturalmente há um limite de relações profundas e com encontros regulares que conseguimos viver ao mesmo tempo, não só românticas, mas de qualquer tipo (amizade, familiar, etc)
Olá, Manu! Os argumentos de construção das hipóteses me pareceram muito interessantes! Principalmente no que se refere a como esses enfrentamentos, de certa maneira, acabam dando contornos às diferentes formas de agir das "gerações". Trabalho como professora do fundamental II e médio e de uns dois anos pra cá, pós- pós volta da pandemia, percebo o quanto a geração mais nova tem uma dificuldade quase que paralisante de lidar com situações adversas e "nãos". As redes sempre acabam sendo, para eles - e para nós adultos também em geral - uma rota de fuga, de pesquisa de uma outra realidade possível que não seja aquela que estou sendo forçada - afinal esse é o entendimento - a estar. Acabei de ver um vídeo de entrevista com uma moça para o estadão dizendo o quanto para a geração Z, o trabalho não é mais central devido a, principalmente, todo o esgotamento e insucesso que presenciaram de seus pais e familiares. Segundo ela, para essa nova geração o bem estar próprio é o ponto principal. O que me parece que não eximir de modalidades de sofrimento. Quando a centralidade é o eu e o eu adoece, saídas possíveis para esse eu, me parecem apontar para mais buscas difusas. Acho que a questão que estou dando voltas e não sei se estou conseguindo dizer hahah, é que ambas as narrativas monogâmicas ou não monogâmicas, geram modalidades de sofrimento que apontam, como solução possível, o oposto delas mesmas: Se não me submeto a uma lógica "repressiva", socialmente normativa, preencho com objetos diversos desejando que, ao menos um deles, consiga me sinalizar a possibilidade de ser amado. Por outro lado, se encontro um objeto que de alguma forma sinalize esse acolhimento, sintomas "nostálgicos" de uma realidade mais dinâmica , fluida e interessante me parecem mais vivos e significativos do que a fixação em uma narrativa linear e nuclear. Com absoluta certeza é simplista demais da minha parte dizer isso, deve ter mais entre o céu e a terra do que a vã filosofia aqui descrita, mas em resumo, me parece que a nostalgia - ou fantasia - da realidade vizinha, acaba parecendo mais verde, quando ambas tem modalidades de sofrimento que na sociedade atual nos parecem difíceis de bancar. Falei muita abobrinha? Abraço!
Acompanho esse canal assiduamente . Os conteúdos trazidos pelo Manu para reflexão são muito importantes. Considero o Manu um profissional muito sério e estudioso. Sendo assim faz todo sentido participar da pesquisa que ele propõe neste vídeo . Nasci numa família normativa e monogâmica para minha mãe e bígama para a minha figura paterna.Essa dicotomia gerou muito sofrimento pra minha figura materna .Tive dois irmãos e o ciúme sempre esteve presente no sentido edipiano. Atualmente tenho 60 anos, do sexo feminino.Tive três relacionamentos monogâmicos, ao longo da vida . Todos eles vinculados à tentativa de construção de uma família normativa. Tive um filho(a) de cada um desses relacionamentos. Experimentei também relações não monogâmicas tanto na juventude como na idade adulta. O ciúme esteve presente nas duas configurações.Entretanto , a configuração em si , ao meu ver, não era o fator determinante na intensidade do ciúme. A intensidade do vínculo afetivo era sim o fator determinante. Se entendi, a hipótese central do vídeo, minha experiencia não a confirma . O ciúme é um produto de uma sociedade estruturalmente capitalista , machista e egocêntrica. Ainda que experimentemos outros formatos isso não nos garante a ausência do sentimento de propriedade ,assim como não isenta do medo do abandono. Vou me despedindo e aproveitando a oportunidade para agradecer , cada vídeo produzido por esse canal, que aguardo com esperança de tornar o sábado mais significativo e luminoso. Sinceros votos de sucesso e reconhecimento de sua determinação. Desculpe, se minha interpretação foi incorreta com relação a hipótese central do vídeo e não ajudou à pesquisa . Forte abraço
Emanuel, eu preciso lhe dizer que vc fez e faz TODA a diferença em minha vida, pq eu acho q isso vai te deixar feliz e motivado a continuar esse seu trabalho fantástico de tão didaticamente explicar a mente humana , o que antes de vc era um profundo mistério e fonte de muita angústia pra mim !! AMO a sua retórica e a sua prolixidade , pq isso te faz profundo e, portanto, completo!! Quem não gostar de seus vídeos longos, que vá nadar em águas rasas! Diminua eles não!! Tenho MUITA inveja de sua Flor, pq além de muito inteligente, vc é um gato! Mas sou romântica por natureza,o que me faz conseguir tbm desejar muito equilíbrio, paz, amor e felicidade na sua vida de casal e de família como um todo! Bjos grandes!!
Grande Emanuel, não tenho nehuma credencial nessa área, mas tenho estudado muito e acho seu canal muito bacana. Resolvi deixar este comentário aqui por que identifico uma hipotese alternativa às apresentadas por ti, que pode vir a ser um pouco mais complexa mas quem sabe interessante também: No livro do Mark Solms "The brain and the inner world", os autores destacam que a neurociência afetiva é relativamente nova, e que existem muitas questões em aberto especialmente em relação ao papel das "funções cognitivas" do 'forebrain' com a regulação das estruturas primarias que regulam as emoções. Me ocorreu que a explicação de alguns comportamentos pode de fato ser consequencia dessa "reflexão profunda" e maior entendimento/monitoramento sobre nosso comportamento, no qual não deixamos de sentir de fato os impulsos fundamentais, mas treinamos a parte cognitiva a percebe-los e reagir a eles como uma 'regulação complementar'. Nessa linha, e até puxando um pouco para uma questão mais filosófica, a minha hipótese alternativa é de que uma vez que somos capazes de identificar e responder construtivamente às 'emoções fundamentais', o 'poder' delas em controlar nosso comportamento pode ser bastante reduzido, de forma consciente. Se isso de fato é possível e nós ainda temos alguma capacidade de ação contra tudo que nos foi préprogramado, os modelos 'alternativos' de comportamento se tornam o único caminho possível, já que não faz mais sentido reagir da forma 'pré-programada', visto que essa opção "perdeu o sentido cognitivo". A pergunta filosófica que resta é: "uma vez que percebe-se que estais a andar em circulos por toda a vida, existe alguma possibilidade de continuar a faze-lo ao se deparar com quaisquer outra alternativa?"
Muito interessante as análises, sou da geração z, já vivi relações monogâmicas onde acredito que o lado do ciúmes era muito mais problematizado por toda falta ser buscada em uma pessoa, a repressão muito forte e com uma relação não mono, onde ainda se estrutura um casal, mas ambos continuam com sua liberdade p conhecer outros dentro da relação, sinto uma relação mais verdadeira, de companheirismo, menos filtro e idealizações, ao mesmo tempo a segurança vem também de existir uma entidade casal principal, fui criada em uma família onde minha mãe já trabalhava quando eu nasci, tinha irmãs também, então sempre compartilhando tudo e nunca tinha parado p pensar como isso simbolizava a perda do objeto que n está lá sempre p ti, conhece diversos amigos que tentam relações não mono por puro modismo e mesmo se machucando continuam tentando
Eu sou super monogâmica e meus pais se separaram quando eu tinha 10 anos. Tenho um lapso temporal que abrange tudo o que se refere à separação e, após anos de análise, percebi que busquei em relações falidas o amor parental que não consegui sentir. Hoje, sigo me abrindo para viver algo saudável, mas definitivamente não me encaixo em modelos não-monogâmicos.
Eu acho que o maior problema vem do medo de expressar demandas. A não monogamia vem como uma solução infantil: "já que não encontro o objeto perfeito, vou montá-lo através de fragmentos de outros objetos". A monogamia impõe uma necessidade, e até uma maturidade, de fazer cobranças pra que esse objeto supra suas necessidades emocionais. O maior problema é a dependência emocional, que inclusive rola em ambas modalidades(sinceramente das experiências que terceiros me contam, a não monogamia parece gerar isso em um grau bem mais exagerado). A prova disso é o questionamento: se você encontrasse o parceiro perfeito em que todas suas necessidades estivessem supridas, você ainda se relacionaria romanticamente com outras pessoas? É uma pergunta axiomática porque se todas necessidades estão supridas, você não tem porque buscar soluções. Claro, isso é uma hipótese dificil de ser alcançada. Mas a não monogamia implica por definição que a sua "solução " pra satisfação é somar objetos. Enquanto que a monogamia implica a modelagem e substituição. Mas a ideia de "potência" que você levantou faz muito sentido. Se pondo na posição de objeto de desejo de mais de uma pessoa as relações não monogamicas parecem satisfazer uma demanda de dominância não suprida de outra forma. Talvez por isso mais mulheres que homens entram nessa modalidade, devido a diversos fatores culturas, mulheres tem um déficit de dominancia(posições de poder, esportes, etc...) e busquem isso se tornando desejadas. Claro, isso acontece na monogamia também, mas a ideia é que o parceiro se compromete a saciar essa demanda. Dependendo do quão latente seja, seria necessário abrir o relacionamento pra não haver quebra do contrato anterior. Enfim...é complexo, mas honestamente eu acho que tem pouco a ver com o que você falou da estrutura familiar e mais a ver com a segurança e autoconhecimento de cada um pra entender suas demandas emocionais e saber demandar que seus parceiros supram elas ou em última instância, substituir o parceiro. A não monogamia vem mais como um medo grande de demandar essas coisas com medo de perder o objeto, somando outros objetos que naturalmente supram aquela demanda sem que ela seja expressada.
Sobre o trecho "se todas necessidades estão supridas, você não tem porque buscar soluções" acho importante pontuar que a não-monogamia não propõe necessariamente uma busca incessante por mais parceiros. Pra muita gente é apenas estar aberto pra viver as relações que acabam surgindo naturalmente na vida. Também não significa que relações livres são isentas de cobranças, comprometimento e amparo das necessidades do outro. Por ser uma "não-coisa" e os acordos precisarem ser estabelecidos pra cada relação, o diálogo sobre as demandas acontece com bastante frequência.
Trabalheira do kct deve ser lidar com várias pessoas carentes em volta.... Tentando se completar com outras. Pelo bem da minha saúde física e mental, prezo pela monogamia. E se ela não acontecer, paciência....a vida tem mil coisas,essa é só mais uma.
Geralmente quem não é monogâmico tem lá no fundo uma insegurança e um ciúmes gigantescos. Pra não sofrer o abandono o sujeito procura vivenciar a experiência da possibilidade do abandono de forma controlada. É na verdade um mecanismo brutalmente neurótico.
NM definitivamente não significa que não haverá vínculos fixos e comprometidos, nem significa que a quebra de um vínculo não magoe. Não se trata de forma alguma de uma independência radical - mas de interdependências várias, inclusive uma valorização de vínculos para além do casal (conferir status de amor para amizades tb). Eu quero sim encontrar amor com muito carinho, parceria, pessoas que cuidam da gente quando temos problemas de saúde, tudo isso. No meu caso, encontrei isso com meu marido (juntos há 12 anos - pros curiosos que acham que NM é medo de compromisso) mas tb com outras pessoas (incluindo um namoro também estável, duradouro e extremamente amoroso, mas principalmente amizades super verdadeiras e sem intimidade sexual).
@@garden1290 O Manu destaca a ênfase em buscar, gozar e dominância, mas na minha vivência e observação há um ganho enorme nas necessidades de cuidar e ser amado também!
@@nandacastelobranco sim total, na minha também. Me senti mil vezes mais cuidada nas minhas relações não mono, acho que justamente porque elas não prometem as garantias que a monogamia promete (e geralmente não cumpre). Isso da espaço para cuidado, e cuidado coletivo. É muito pouco reduzir a não monogamia a realizar nossos desejos por aí
@@gabibonza num ponto muito mais feliz e honesto que as famílias tradicionais cheias de mentira, ressentimento e traição. Eu falei sobre amizades e vínculos de afeto e cuidado, o que você fixou foi isso aí... Te peço gentileza e cuidado se for continuar comentando sobre a minha vida - percebo que você tem um julgamento moral, mas lembra que tem pessoas com sentimentos aqui :)
Viver é experienciar e consequentemente se diferenciar de si mesmo, não querer que seu companheiro, a pessoa que vc ama , viva uma experiência ( seja ela amorosa ou de outra natureza) se trata de uma forma de apropriação do outro ,não de amor. Essa forma proprietária de se relacionar com o mundo e as pessoas é fruto da máquina social na qual estamos inseridos . Qdo vc ama de verdade , vc se alegra com a alegria do outro .
Acho que cada um tem sua visao do que é amor. E do que faz bem ou mal pra cada um. Cada um tem seus gostos. E impor que vc tem q ta feliz com uma coisa p ser de verdade é bem opressivo na minha opiniao.
Bateu muito aqui. Meu irmão. Bateu muito. Criança super sozinha, tendo de "se cuidar", sem pai e mãe fora trabalhando. Não suporto a ideia de exclusividade relacional.
Sou não mono, tenho bastante informação a respeito, mas tô aqui comentando só pra agradecer por mais essas boas reflexões, que você propiciou nesse vídeo. Abs!!!
Meu recorte ñ foi normativo pq já fui gerada no acaso.Lembro q a partir dos 4 anos, minha mãe convivia com outro homem.A primeira ruptura memorável foi entre 1975/76 qnd percebi q ela me deixava em casas d parentes nas férias.Depois o período se estendeu para a vivência escolar e assim, tornou-se uma visitante.Depois me resgatou em 77 qnd se esforçou mto pra manter uma pseudo família até 79, mas como resultado da separação, fiquei flutuando d lar em lar.Até no último fiquei durante 5 anos e posso afirmar q gostaria dter falecido aos 9 pq dali só dramas q geraram os traços Border como reproduzir a dependência emocional sendo super intensa, profunda, caótica.Somente ais 16 percebi td abandono, negligência, agressividade contínuos, somados aos delírios d grandeza dela, qnd passávamos por privações extremas, me invalidando/violando tanto q virei fanática religiosa pra ñ morrer.Casei, divorciei, tive filhos alternando com fracassos sucessivos q após 50 anos, finalmente consegui me esvaziar das relações interpessoais.Sigo Fera Ferida 🎼 e "adormecida".
Meu pai era casado e com 2 filhos. Arrumou minha mãe que, por sua vez, já tinha 1 filho e ainda produziu eu. Manteve-se entre as duas famílias até seu falecimento. Não me admira ter sofrido vários infartos.
Sou monogâmica. Família composta por pais casados (se divorciaram qdo eu tinha 32 anos e depois reataram); são três filhos, sendo eu a mais velha. A estrutura é super monogâmica na minha família toda, tios, primos...
Tenho o mesmo perfil, pais casados há 52 anos e no processo terapêutico encontrei várias situações que podem justificar as minhas adubadas na vida , terapia é vida
O combinado não sai caro! Todos os acordos, dentro do respeito aos limites do outro, sao válidos. Eu tive pais monogâmicos, mas eu tenho varias ressalvas sobre esse modelo.
Manu, com todo o respeito, penso que você é um belo homem. Não somente na forma física da coisa, mas justamente de um jeito meio cajuína de ser. Obrigado por compartilhar e se abrir pra trocar conosco.
Sou de 92 e, sinceramente, não sei o que sou! Já vivi um amor não-monogâmico anos atrás, que acabou sendo motivo de pauta da minha terapia até hoje. Sentia ciúmes sim, mas tentava colocar na minha cabeça que estava tudo bem, que a conexão que eu tinha com ele era única e não seria substituída. Mas quando o ciúmes vinha do outro lado era sempre carregado de julgamentos, de “você também ficou com outra pessoa”, argumentos que faziam eu me sentir culpada por algo que ele também fazia. Deixei de sentir vontade de ficar com outras pessoas, e se ficava, era só pelo fato de me sentir obrigada por sei lá o que. Depois acabei descobrindo que enquanto ele me julgava por ficar com outros, ele estava passando o rodo em geral e até ficando com “amigas” minhas (nessa etapa eu estava fazendo um intercâmbio fora do país). Depois disso eu tive relacionamentos monogâmicos, mas que foram a ruína por eu não ter conseguido me desconectar da abusividade do relacionamento NM. Achava que as pessoas me tratavam bem demais e que pareciam estar mais apaixonadas do que eu (???????), quando na verdade só estavam me oferecendo o mínimo. Meu último namoro foi monogâmico, mas eu cheguei a falar pra minha psicóloga que eu acho que a monogamia não parece ser pra mim… eu sentia muita vontade de ficar com outras pessoas, e queria que ela ficasse também! Não rolou. Eu me sinto bem nos dois tipos de relacionamentos, mas os dois me decepcionam também. Sou filha de pais divorciados, mas que hoje em dia são melhores amigos! Eu sempre acreditei no casamento. Quando eu era adolescente, meu sonho era casar de véu e grinalda. Acho LINDO e INCRÍVEL quando vejo casais casados por tanto tempo e que ainda existe parceria e amor. Porém, depois das minhas vivencias e de ver tanto casal APARENTEMENTE “massa” se divorciando (porra, a Sandy e o Lucas se divorciaram!!!), eu não sei mais no que acreditar. Juro que quando escuto e vejo declarações como “casados há 16 anos, e eu te amo cada dia mais!”, eu fico pensando: isso é possível mesmo? Tá querendo enganar a quem?. Ao mesmo tempo, várias vezes em conversas com amigas, quando eu resolvo acreditar no amor, comentários de “ihhhhhh, não se engana não”, são bem frequentes. E logo mais histórias são adicionadas as minhas noias. Então sei lá… só sei que nada sei. Essa é a verdade. Pessoas são falhas e nada é perfeito. Só queria encontrar o caminho menos sofrido (quem não quer?).
Oi Manu. Gostei do vídeo, gosto da hipótese da inferência e da relação disso com o contexto social e cultural do mundo ocidental do último século até aqui. Não pretendo responder todas as suas perguntas (talvez não responda nenhuma) mas fiquei pensando em diversas coisas ao ver esse vídeo; vou pontuar algumas: Me parece que você tá tratando a diferença entre monogamia e não monogamia como uma diferença entre possibilidade ou não de ter mais de um parceiro afetivo-sexual, e pensando possíveis vantagens e desvantagens a partir disso; ou seja, parece que a não-monogamia é quando essa possibilidade é efetivada (já que a possibilidade existe em ambas as modalidades). Apesar desse discurso ser bem presente entre várias pessoas, a NM como movimento político não é pautada na pluralidade de relações amorosas simultâneas, essa possibilidade é levada a sério e considerada por cada um, que pode decidir como manejar a exclusividade afetivo-sexual em sua vida. Acho que essa questão acaba mesmo virando uma pressão, como uma forma de validar e definir relações de pessoas não-mono, quando na realidade, pessoas NM podem perfeitamente viver relações com exclusividade afetivo-sexual. Logo, acho que vale ressaltar que a NM é um movimento que propõe abrir um espaço pra que as pessoas discutam temas presentes no vídeo: há garantia de não abandono na monogamia? como isso é reforçado pela sociedade? como eu lido com isso nas minhas relações? qual trabalho eu faço pra construir novas maneiras de se relacionar? como eu lido com controle? como eu lido com ciúmes? etc.. O campo da não-monogamia (quando não é discussão rasa de twitter) me deixa muito animada por ser justamente o campo de pontos de partida, que, além de criticarem a estrutura monogâmica, oferecem guias para as pessoas viverem suas relações. Concordo com as reflexões sobre dependência. Sinto que uma NM séria está longe de oferecer a poligamia como resolução da necessidade de controlar o encontro e de evitar o abandono. Uma NM séria tenta abordar essas questões de maneira franca, admitindo o risco e pensando formas de se relacionar (e não regras). Daí podem surgir várias modalidades (inclusive a exclusividade afetivo-sexual) mas que já não pretendem chegar no mesmo lugar prometido pela monogamia
Uma coisa é certa: a NM vai muito mais a fundo em questões importantes como vc citou. Ao que parece a monogamia é algo "já pronto" então não há o que discutir, vc conhece uma pessoa, se apaixona e o contrato de exclusividade está feito muitas vezes sem nem haver uma conversa. Ninguém discute como cada um lida com seu desejo, ninguém nem pensa nisso, ninguém para pra analisar de onde vem os medos e como lidar com eles, na monogamia, "é tudo normal". É "normal" eu sentir muito ciúmes do meu namorado...será mesmo? Quem ama não sente vontade de transar com mais ninguém. Será mesmo? Enfim...acho que a partir de uma relação NM a gente aprende, pelo menos a se conhecer muito melhor. Deixando claro aqui que sou "monogâmica preguiçosa" ambos eu e meu marido concordamos que é muito mais gostosinho ficar aqui nessa relação saudável do que se aventurar nos Tinder da vida kkkkkkk.
pra sua pesquisa, Manu: eu sou super monogâmica.. tive uma família nuclear tradicional, pais casados até hoje (apesar de não terem uma boa relação), sou filha única, mas meus pais sempre trabalharam muito e eu fiquei mais na escola o dia todo, apesar de ter sido cuidada também pela minha avó e por babá
Vivo uma não-monogamia não-hierárquica faz 4 anos e meio. Antes disso fui casada monogamicamente por 5 anos. Tem ciúme, tem angústia, tem caos mental (acho que não tem como não ter). Mas pra mim foi como sair do armário, um sentimento profundo de leveza, sensação de pertencimento e reconhecimento. Não consigo imaginar "voltar" pra esse armário. Cresci com pais divorciados e fui criada por uma tia-avó que nunca se casou nem teve filhos e era a mulher da minha família que eu mais admirava e me espelhava. Ela parecia a mulher mais feliz e leve de todas da família.
Com minha prática clínica percebo as pessoas procurando relacionamentos não-monogâmicos por não dar conta das faltas do objeto (parceiro), são pessoas que procuram faltas no outro, pois tem o funcionamento infantil de se manter ideal a figura do parceiro (não inteira - só ver o que eu quero ver). São as mesmas pessoas que buscam por intimidade, porém elas mesmas não conseguem ter. Pois para ter intimidade, precisa ser inteiro, sem estar idealizado e idealizar o outro. Complicado tudo isso rs.
@@LeoGig Perdão Leo, eu não costumo colocar os autores ao qual eu me embaso em um comentário no RUclips, então fica uma forma mais espontanea de escrita, faço isso mais em pesquisas. Mas é só ler Freud e Bion. Autores mais contemporaneos - Ana Suy e Alexandre Patrício.
@@LeoGig Sim Leo, na clínica trabalhamos com embasamento científico (que são os que citei no caso de relacionamentos amorosos, édipo, etc.) + vivência clínica (experiência analítica). Mas entendo sua colocação, é que num comentário do RUclips eu realmente escrevo de forma espontanea e não muito analítica, rs. Escrevi "com minha prática clínica..." pois eu realmente gosto de encaixar a teoria na vivência, ainda não encontrei nenhuma vivência de relacionamentos não-monogâmicos que alcance potenciais desenvolvimentos psíquicos, pelo contrário, vejo mais uma cisão e um retrocesso ao desenvolvimento, mas estou aberta para ouvir casos que me digam o contrário.
@@maryelizabeth19 Pois então só prova que não passa de casos anedóticos e uma generalização do que você encontrou na sua vivência prática. Logo, suas afirmações são arbitrárias e fruto do senso comum.
Pra pesquisa: Tenho pais casados e vivos, a relação deles sempre foi bem tradicionalista. Sou homem gay cis, tenho um relacionamento de 9 anos, destes 5 monogamicos, 3 trisal fechado, há pouco mais de um ano poliamoroso (aberto) e tem funcionado relativametne bem.
Gostei muito do vídeo. Eu estava refletindo sobre como as pessoas que vivem uma relação não monogâmica passam a impressão (ou nós que somos preconceituosos?) que quem segue esse modelo de relacionamento parece estar sempre se relacionando com outras pessoas. Mas eu lembro de um casal que abriu o relacionamento e mesmo depois de anos ainda não tinham se relacionado com outros parceiros. Eu nao me considero muito sexual e sou bastante preguiçosa para sair, marcar date, etc. Então acho que existe um preconceito sobre os não monogâmicos darem valor e ênfase a prazeres, etc, mas não necessariamente isto acontece.
Bom, eu me identifico como advindo de uma família monogâmica. Meus pais trabalhavam fora e na infância fui criado também pela minha vó pelas manhãs. Eu fico muito dividido entre a monogamia e a não-monogamia. Primeiramente, eu acho que a não-monogamia nos conecta a princípios mais instintivos e de liberdade, onde podemos vivenciar relacionamentos com base na curiosidade e no prazer (seeking, gozo, talvez dominação). Porém, a monogamia surge para mim como uma necessidade (no passado) de proteção da mulher (para o homem não “sumir” se houver gestação) e de proteção para ambos (alguém para cuidar na velhice). Atualmente a medicina evoluiu e talvez estas necessidades já não fazem tanto sentido.
Oi Manu! Como sugestão de vídeo eu gostaria de um sobre a Dark Tetrad. Percebo padrões da tríade / tédrade junto a minha família e a outros círculos próximos a mim. E o ângulo que eu gostaria do vídeo seria exatamente como detectar em si, mais até que nos outros, padrões de comportamentos dessa tétrade, pois ela me parece incompatível com a formação de vínculos. Ao menos, de vínculos saudáveis.
Eu hoje prefiro a monogamia. Se eu estiver equilibrada e bem eu não sinto ciumes, quando eu estou insegura e triste sinto muito ciumes. Minha estrutura familiar foi pais separados, se separaram quando eu tinha 3 anos.
Acredito na monogamia, pois acredito que são escolhas conscientes que fazemos. Vim de um lar que inicialmente era estruturado e se quebrou na adolescência com a traição do meu pai e a separação conturbada deles. Acredito que trago o sentimento de rejeição comigo. Já ciúme, tbm, pois sempre fui muito ciumenta em todas as relações, acredito q pq eu sentia uma predileção ao irmão mais novo. Mas o ciume hj so acontece se a insegurança surgir. E agora aos 38 anos saio de um relacionamento que teve muitas tentativas de monogamia, mas me envolvi com alguém que se dizia não monogamico, mas mais pelo intuito do sexo. Já eu, não consigo entender como desejar outro alguém, uma vida sexual muito boa entre nós. Aparentemente eu me concentrava em coisas diferentes, meu tempo era mais preenchido... Essa insegurança me matava por dentro, ansiedade e varias outros problemas emocionais vieram a tona. Não sei, talvez seja pela estrutura familiar horrorosa q ele teve e tem... eu n sei, talvez seja apenas mais um narcisista. Mas as considerações desse video me fazem muito sentido.
Fui criada por pais casados e infelizes, obviamente havia traição. até haver a morte de um dos pais. Ainda assim, eram amigos. Sou monogâmica mas solteira há alguns anos, tenho achado difícil encontrar com quem me relacionar. Quando namorei, sentia atração por outras pessoas, mas nada que tornasse muito dolorido me manter fiel e não gostaria que um homem se relacionasse com outras pessoas me namorando (honestamente, já não acho que a maioria deles se dediquem muito em uma relação só, imagina em mais de uma)
Emmanuel, não estou conseguindo sustentar nem a relação com um homem apenas, quem dirá com várias pessoas. Rs assisti o vídeo pra entender talvez o meu sofrimento e o termo AGAMIA foi novidade pra mim. Poderia nos ajudar falando um pouco mais sobre isso, por favor? Gratidão por tudo, abs.
Oi Manu! Me identifiquei em vários pontos, porém não vejo a não-monogamia como uma escapatória para buscar várias ou nenhuma garantia... Pra mim a não-monogamia surgiu como uma liberdade sim, mas do Ideal que agrega valor e energia somente em relações ativo sexuais. Foi quando vi que não faz sentido, pra mim, buscar apenas uma única "garantia" e um lugar em que fosse "escolhida", que pude perceber que o que sempre me faltou foi o acolhimento genuíno e amor com trocas justas, entre amigos ou pares românticos, sem precisar separar em caixas e me estreitar para caber em alguma... A não-monogamia como lugar que nutre o amor entre amigos, familiares ou par sexual da mesma forma, sem agregar mais valor a um do que o outro... Acho que é uma discussão que parte principalmente do sistema capitalista de poder e propriedade. E, só a partir daí podemos compreender que não tem relação com quantidades e sim com a qualidade dos afetos.
Vivi em um lar católico e com valores que eu admiro e me encaixo bem ate hoje! Gosto da monogamia e não me vejo em outro modelo e nem quero saber de outros kkkk
Eu acho que relacionamento a dois já é complicado, a três ou mais então, sassinhora! Agora, o lance é saber que o outro sempre é livre para experimentar seja lá o que for e segurar as pontas quando isso vier... tudo é diálogo.
@@nandacastelobranco Eu acho que o que pega pra mim é o tempo. Eu mal tenho tempo pras minhas amizades, como teria tempo pra mais de uma pessoa. Mas isso é individual. Eu sou MP, monogâmica preguiçosa, tenho nem vergonha de assumir que só não sou NM por pura preguiça :P
@@lauragoiaba hahaha entendo e pensava assim também. Mas minha teoria e experiência é que essa percepção vem do padrão monogâmico de como as relações demandam energia da gente. Na NM, sinto que amizades e outras pessoas podem nos dar mais energia e dividir as tarefas com a gente, o tempo até rende mais ☺️
@@nandacastelobranco Bom, eu tenho a minha volta somente pessoas que incluem coisas positivas na minha vida, que me dão energia e me ajudam, porém, na minha vida, não tenho tempo pra além dessas pessoas que já estão aqui, pois não é que demandam minha energia, eu gosto que minhas relações tenham um tempo de qualidade muito bom. Pra mim, NM é um conceito até meio fantasioso, pra além da realidade. O que a minha experiência me diz é que uma pessoa vai usar todos os argumentos possíveis e impossíveis quando quer que algo funcione e que os outros aceitem isso também, mas nem sempre é a realidade. Prefiro dormir 8hs por noite do que ter mais um namorado. Mas de novo, é só minha opinião.
Eu sugeria cruzar essas análises com a condição da mulher no Brasil, que têm me chamado muito a atenção, e me fez de fato entender como mulher e esse lugar de “objeto” disputado por filhos e marido (s) se é uma disputas q ela de fato em algum momento vai ter escolha, ou se de acordo com as duas falas ela não vai ser literalmente um objeto. E a predominância se dá por entendimento dos homens, e benefícios próprios, pras duas relações. Pra isso eu sugiro Valeska Zanello. E pra além dessas relações humanas uma pessoa que me deixou muito mais feliz com o debate de mono, não mono a q mais eu entendi a lógica foi Geni Nuñez, q traz o ponto pra além da cultura europeia burguesa, eu vi q vc trouxe no início essa coisa do outras culturas e tal, mas bem rápido. Mas não pq mas senti falta dessa amplitude, visto q as mulheres q se questionam mais como resolver a vida amorosa, já q ainda não entendemos q a vida além desse âmbito. E q já está meio estabelecido pros homens q poli ou mono, isso não interfere a eles já q estão sempre em poder de escolha.
Estou achando interessante como divergem a leitura do filme, e também a variedade de causas e consequências sobre experiência com os pais, e escolha afetiva. O filme eu li de forma muito diferente da que está sendo debatida no vídeo. Pra mim, o filme mostra uma criança se encantando e desencantando com o mundo. Uma criança com corpo de adulto. E daí vem o exercício especulativo super interessante que o filme propõe. O que faria uma criança num corpo de adulto? Uma criança deseja ser o centro de todos, e da proeminência de suas necessidades. Por isso ela estava tão protegida contra as investidas do típico homem narcísico que se apaixona por ela. Este, na verdade, pra mim, foi o central do filme, e não a sua liberdade sexual. Ela tem o antídoto do homem narcisista: ser tão narcisista quanto ele. O filme é muito eficaz em desmontar a autoestima do homem hétero. Enquanto ela está investida nos seus desejos, o homem está o tempo todo com a fantasia de que ele é o alvo dos desejos dela. Por isso pra mim soou feminista. E não pq ela ela seja não-monogâmica.
Emanuel, tenho 38 anos, filho de pais casados. Sua hipotese faz sentido no meu caso, minha mae sempre trabalhou bastante. Estou e me sinto bem com um relacionamento monogamico, embora os pensamentos de apenas querer transar com outras pessoas sejam muito forte e constantes, gerando a duvida se so esteja em um relacionamento monogamico nao por uma escolha, mas o que eu consegui .
Emanuel, você pediu para relatarmos algumas coisas, então, segue os meus relatos de vida: Tenho 27 anos, fui criada por uma familia monogâmica tradicional. Meu pai nunca traiu minha mãe e nem minha mãe traiu o meu pai, o motivo do divórcio deles foi controle. Minha mãe é muito expansiva e meu pai ciumento, na época, ele usava álcool e perdia a noção das coisas, chegou em um ponto, onde eu com 12 anos, informei a minha mãe que estava saindo de casa pois não suportava mais viver naquela pressão toda. Tenho uma irmã mais velha do que eu, 9 anos, me lembro de quando eu era criança ter muito ciúmes por ela poder fazer coisas que eu não podia, porém, natural, uma criança de 5 anos não pode fazer as mesmas coisas que uma adolescente de 14, mas eu não compreendia isso. Fui criada pela minha avó, que mesmo separada do meu avô, morava junto com ele, só dormiam em quartos separados, pela minha tia e a minha irmã, eles cuidavam de mim enquanto meus pais trabalhavam. Sempre tive uma conexão muito forte com meu pai, éramos muito amigos, com a minha mãe fomos nos aproximar quando as coisas começaram a ficar feias em casa, mas ela meio que cumpria o papel da figura paterna, sabe? Na minha adolescência, morávamos na casa da minha avó, mas não éramos próximas. Eu era muito chegada a minha tia, hoje os meus gostos e personalidade são muito semelhantes ao dela. Quanto aos relacionamentos, já vivi alguns, o mais duradouro e que teve o rótulo de namoro foi de 7 meses, o sem o rótulo foi de 2 anos. Já vivi a monogamia e gosto dela demais, porém, fui mais feliz no meu relacionamento não monogâmico, éramos um trisal, eles ja tinham um filho, só não vingou pois ela desenvolveu muito ciúmes dele comigo. Não me considero uma pessoa ciumenta desnecessáriamente e hoje, estou solteira desde o dia 01/01/24, quando disse pro rapaz que iria retomar meus estudos e ele disse que sabia que nossa relação tinha "prazo de validade", me falou a data e tudo, achei aquilo um desaforo, tendo em vista toda a energia que eu ja tinha colocado em nós e tudo que eu já tinha me disposto a fazer desde que ele tomasse a simples ação de procurar uma casa maior por conta do filho dele e se acertar na justiça com mãe do filho dele. Acredito que meus pedidos não foram absurdos, o lugar que ele morava era insalubre pra uma criança, não é atoa que sempre que ele está com o baby, fica na casa da mãe. Logo, essa é uma parte da minha história. Se quer saber como estou hoje, hoje eu estou focada nos meus estudos, não quero saber de me relacionar romanticamente tão cedo, todas as pessoas que eu sai desde então, nao sabem nem o meu nome de verdade, e isso pra mim no momento ta sendo uma forma de manter o foco e me proteger. Porém, posso estar enganada, as vezes acho que algumas pessoas não tem o necessário para um relacionamento estável e acredito que sou uma delas, mas eu adoraria envelhecer ao lado de alguém e enfrentar os dias bons e ruins.
Me considero não mono. Minha infância foi numa casa com pai, mãe e irmão mais novo (e mais uma renca de irmãos e irmãs da minha mãe que moraram temporariamente conosco). Não tive problemas com a chegada do meu irmão, se alguma vez senti ciúmes dele não lembro; o mesmo acontece com minha mãe e pai, não me lembro de ter esperienciado ciúmes. Eu e meu irmão não brigávamos, era uma casa relativamente tranquila, exceto pelas discussões dos meus pais. Achei engraçado: "o vídeo é pra quem está com problema", e existe alguém sem problemas emocionais? Eu separo as pessoas em aqueles que sabem e o que não sabem, dos problemas. Obrigada pelos vídeos Manu 😘
Inclusive meus namoros nunca tiveram um grande problema de ciúmes. Sempre confiei e fez sentido, ou confiei até não poder confiar mais. E não permito desconfiança do outro, não permito tamanho controle, se nos gostamos, temos que ter nossa individualidade. Sou millenial
Sobre a não-monogamia e a agamia, penso que uma das possibilidades que podem ensejar o seu desenvolvimento é justamente um contexto de infancia aunmetida a uma criação superprotetora por parte dos pais, fazendo com que o indivíduo nunca se sinta livre/autônomo. Uma vez atingida a vida adulta, a pessoa busca "compensar" essa situação, colocando-se no centro da sua vivência e, ainda que inconscientemente, associando um relacionamento monogâmico como uma remontagem daquela situação de dependência em relação aos pais.
6 месяцев назад
tive a impressão de q a não monogamia de q vc fala é essa do imaginário social e da academia, para a qual é sobre quantidade de parcerias amorosas, gozo, consumo, potência...quando pode ser tbm, pelo contrário, uma ampliação das redes de cuidado. gostei de todo modo do lembrete psicanalítico de que temos um passado que estrutura nossas fantasias, ou seja, não é simples como uma escolha entre diversos modelos numa prateleira, mas implica mudanças profundas, subjetivas e sociais
6 месяцев назад
*ampliação das redes de cuidado independentemente da qnt das parcerias sexuais, q pode ser uma, mts ou nenhuma. enfim, não custa repetit: não é sobre quantidade
Dançar uma música com o par de acordo com os passos que se aprendeu na infância. Tentar dançar a dança que menos pisam no nosso pé. Seria então as relações buscas por proteger aquilo que cria-se de lacuna internamente? (indagação). Talvez busquemos o "menos sofrer" ainda que soframos em qualquer que sejam as estruturas e posições das relações.
Tem uma pagina surreal de boa no insta chamada Marxismo não-monogamico, em que a pessoa pesquisadora sempre traz muitas reflexões muito boas sobre essa relação entre o modelo monogâmico e o nosso contexto social capitalista vs. como a monogamia pode ser uma forma de viver "anticapitalista", no sentindo em que promove relações que (em tese, pelo menos) nao funcionam sob essa lógica da propriedade/posse, em que até a pessoa com quem compartilhamos a vida 1. É minha, logo não pode ser 'objeto' de satisfação de mais ninguém (ainda q só na fachada rsrsrs); e 2. Precisa e é capaz de satisfazer todas as minhas necessidades físicas e emocionais... Esse vídeo foi uma lapada, identifiquei demais esse padrão nas minhas escolhas de vida. E achei interessante demais unir essa reflexao com a ideia anticapitalista, inclusive num sentido mais panorâmico, em que esse modo de relação excluvida e monogâmica também acaba enfraquecendo no nosso subconsciente a capacidade/intencionalidade de formar vinculos mais comunitários/coletivos do que privados/nucleares, e a nivel macro, comprometendo a possibilidade de sequer imaginar uma visão de sociedade que se construa política e socialmente com vinculos, ações, decisões, políticas públicas voltados p o interesse coletivo/social (de inumeros objetos), enquanto parece lógico e a única alternativa viável manter a 'comunidade' totalmente divida em núcleos familiares/burgueses que concentram em células muito menores seu senso de solidariedade, cuidado, empatia... Mas também sua propriedade em sentido financeiro mesmo. Recomendo demais a pagina "Marxismo não-monogamico" no insta
Olá Emanuel. Talvez pelo foco nas conexões entre a infância e o modelo relacional da vida adulta você tenha negligenciado as motivações da vida adulta, motivações políticas, etc. Uma boa parte das pessoas que se identificam não monogâmicas não estão necessariamente em busca de resoluções para os problemas afetivos nem de experimentações sexuais, individualistas, etc (isso dá pra fazer na monogamia). Existem motivações políticas de contestação a monogamia enquanto estrutura socialmente imposta (sim, imposta... visto que não lhe são oferecidas possibilidades e referências diferentes, ferramentas pra lidar com outras afetividades, fora as punições sociais a quem ousa romper esse padrão imposto) e instrumentalizada para controle de corpos (especialmente corpos femininos). Existe ainda a percepção de que a maioria das pessoas já não são contempladas nesta idealização de família mono-cis-hétero-normativa e que isto se quer é condizente com a realidade da maioria das famílias (geralmente compostas por mulheres que cuidam das crias sendo solo ou com o apoio de outras mulheres da família). Eu ainda poderia citar a crítica de uma sociedade patriarcal, de um modelo relacional colonialista oriundo de perspectivas religiosas com as quais nem todos compartilham, a relação entre os papéis de gênero nas relações monogâmicas e a violência contra a mulher, etc... mas vou encerrar mencionando que as não monogamias também objetivam relações não centralizadas em sexo, amor romântico, exclusividade e hierarquização, além de tentar desconstruir a ideia de que nossas felicidades e "bem sucedimento" depende de uma procura insana por percorrer estes degraus de solteirisse, namoro, noivado, casamento, lua de mel, filhos e juntes até que a morte (ou a traição, ou a violência, ou finanças) lhes separem.
A monogamia não funcionou para o meu pai, ele teve N relacionamentos fora do casamento e em dois desses teve filhas, e uma delas sou eu. Essa traição fez com que minha vida fosse completamente zoada no que se trata de estrutura familiar, fui criada por uma família de amigos do meu pai, onde pude observar muitos relacionamentos onde as pessoas estavam visivelmente infeliz, frustradas, relações onde não havia mais o respeito, mas “não podiam” se separar por serem evangélicos. Já crescida pude ver o tantooo de infidelidade que existe, e já fui infiel, a sensação é péssima. Somando as coisas que vi acho que o “certo” seria abrir a relação em algum momento pra não “castrar” o desejo do outro e o meu (que já não é tanto), porém a ideia de que nesse rolê de meu cônjuge estar conhecendo outras talvez mais interessantes, bonitas, engraçadas, eu possa ser deixada de lado me causa ansiedade, ao mesmo tempo que me conscientizo de que isso pode acontecer em um relacionamento aberto ou fechado pelo simples fato das pessoas serem livres. Estamos a 6 meses juntos somos geração Z kkk, nesse tempo tive vontade de ficar com um cara, contei pra ele e então decidimos fechar o relacionamento por tempo indeterminado kkkk, sinto ciúmes e ele também, mas é certo que vai abrir um dia …
Eu nasci em 1983, filho de pais separados desde que tenho un 2 anos, fui criado pelo meu pai. Nunca acreditei no modelo monogâmico, pois observava a sociedade e via traições acontecendo com frequência (e pessoas perdoando tais traições). De alguma forma, nunca acreditei nesse modelo de exclusividade, muito menos no amor eterno ou na alma gêmea. Desde meu primeiro relacionamento, aos 16 anos, vivi em relacionamentos abertos (a maioria deles sendo assim). Entretanto, raramente minhas parceiras e eu ficávamos com outras pessoas. Apenas existia essa possibilidade; às vezes acontecia, mas na maioria das vezes não. É importante ressaltar que a não-monogamia não se trata da quantidade de parceiros afetivos; na verdade, vai muito além disso. A não-monogamia trata mais das hierarquias no amor romântico. Na monogamia, seu parceiro afetivo/sexual é a coisa mais importante (ou espera-se que seja) em sua vida. Você abre mão, por essa relação, de amigos, familiares e outras relações de afeto, e se fecha nesse núcleo. É extremamente comum que pessoas monogâmicas, ao começarem a namorar, se afastem de amigos. Isso é o esperado. E há diversas outras restrições que um relacionamento monogâmico clássico impõe: a pessoa não pode sair sozinha, não pode ter amigos do sexo oposto, e assim por diante. E quando falamos de gênero, para as mulheres, a monogamia é ainda pior. Frequentemente, as expectativas sociais atribuem às mulheres a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso do relacionamento, enquanto os homens são frequentemente autorizados a buscar relações extraconjugais sem o mesmo estigma. Todos já ouvimos frases como: "homem é assim mesmo" ou "se procurou na rua é porque não tinha em casa", e coisas do tipo.
Olá Manu.
Bom ,vivi um relacionamento aberto por 12 anos....
Funcionou por 12 anos..... tínhamos nossos combinados.... não deixar o outro perceber a escapada e voltar pra relação.....
Sou da geração X , meus pais são nordestinos ,papai mais velho q mamãe 10 anos,minha mãe ,casou-se com 15 anos(foi empurrada) ....
E o sexo na vida dela , sempre foi estupro ,viveu a vida toda grávida,um no peito outro no ventre.
Tive+ de 10 irmãos alguns abortos..... ,papai sempre foi machista, cachaceiro e mulherengo.....Papai era muito festeiro.....as reuniões na casa de minha mãe sempre acaba em festa e forró....
No carnaval papai dava perdido de 5 dias....
Mamãe sempre conviveu com doenças venéreas.
Bom essa foi minha estrutura como gente.
Casei com 33 anos.....nunca acreditei no casamento......
Vivia namorava e transava.....sempre fugi do casamento.
Até que enfim casei com 33 anos ,meu marido 10 anos mais novo.
Mas desde o início propus uma relação aberta ....
Eu era extremamente sexy....e vivemos um relacionamento muito sexual , eu tinha uma mente fértil para criar situações de prazer....
Tivemos 2 filhos.....
O cotidiano e a nossa relação com nossos trabalhos foi nos jogando para outras situações na vida.....
Eu sou da arte .... sempre fui do fazer..... tive confecção de fantasia por + de 20 anos ,ele do mundo corporativo ,cargos de gerencia , diretoria.....
Como ele viajava muito sempre coloquei camisinhas na mala.....falava que era pra ele voltar pra família.
Até que ele com 35 viveu um romance com uma colega de trabalho.
Quando eu soube ,pedi pra ele trazer ela pro nosso casamento.
Ele não aceitou,estava apaixonado....
Então o mandei embora pra viver sua escolha.
Segui a vida com as crianças.....
Nessa fase vivi um trisal com 2 amigos.
Durou um ano.
Arranjei um outro namorado músico .que foi ótimo , porém aquela vida nômade dele me deixava muito insegura , não quis mais.....
Toquei pra frente , trabalhando e cuidando das crianças que cresceram.....
Hoje minha filha mora na Espanha e meu menino adolescente ainda está comigo.
Não consigo namorar mais....
Tenho preguiça de procurar....
Me divirto tocando em 3 blocos aqui em SP....
E deixei de me relacionar
Nada de amor , só amizades.....
Sigo forte na terapia.
Que relato! Valeu compartilhar!
Menina você é uma das mais corajosas que já vi por aqui. Um relato bravíssimo!!!!
Cada história, uma história... obrigada por compartilhar sua vivência...
Nossa, que história, não desista!
Vendo os comentários, nada funciona. É isso pessoal, bjs
😂😂😂
Nossa ,.rindo de nervoso
kkkkkkkk
Funciona enquanto dura 🤷🏾♂️🤦🏾♂️
Para mim faz muito sentido as hipóteses, por um tempo vivia a monogamia (e sinceramente nem se quer sabia oq efetivamente significava isso, então vivia a reprodução de um modelo relacional social normativo), e ai aquele ciúmes excessivo q eu sentia de minha mãe na infância (q parou por um tempo, mas só pq ela parou de se relacionar afetivamente/sexualmente de forma definitiva) foi inferida na fase adulta e voltou no meu primeiro relacionamento afetivo/amoroso aos 17 anos, foi caótico, infantil, controlador, ciúmes possessivo e com o tempo fui tentando buscar pontos de fugas para o meu ciúmes possessivo e para atrasar o abandono. Na busca de entender o meu ciúmes possessivo, que não evitava o abandono e só fazia muito mal pra mim e aos parceiros ao longo da vida, eu pensava: "o meu ciúmes não evita o abandono, ele está acelera o abandono, então o problema foi sempre comigo, é por causa do meu ciúmes"... Aí eu encontrei a não monogamia e fez sentido pra mim na época pq eu havia desistido de buscar esse amor e/ou aprender algum novo tipo de amar?! Não sei, calhou de me relacionar com uma pessoa que era não-mono e era lindo a nossa "relação afetiva" não monogâmica, eu não sentia mais ciúmes, eu podia ver ele falando e ficando com outras mulheres, eu podia ficar com outras pessoas, tudo lindo tudo blue. Até que ele começou se relacionar com outra mulher, me relacionei sexualmente com eles inclusive, achava bonito a relação deles, mas ele começou a se afastar de mim, os dois viviam dando desculpas pra não me verem mais e eu entendi o recado sem precisarem me dizer, a relação deles estava fechada. A relação deles acabou, ele voltou a me ver e quando ele foi me contando oq tinha sido essa relação com ela, ele me disse q era a primeira relação de verdade que ele teve com alguém e ela não deu valor; meu mundo de cinderela não mono caiu: "ele nunca me considerou enquanto relação de vdd, nem se quer teve um cuidado cmg".
Eu vi que a minha não mono para os homens foi apenas para satisfazer a necessidade de gozar deles, mas foi o q funcionou por um tempo pra mim, atrasava o sofrimento pelo ciúmes excessivo, logo o abandono, porém sempre que eu começava a me relacionar mais profundamente com esses homens (onde eu passava da necessidade do gozo para a necessidade de ser amado), eles ameaçavam o abandono "é pq vc é não mono", "e quando vc quiser ficar com outra pessoa"; aí eu voltava atrás e cedia para monogamia, para não ser abandonada. Da ameaça de abandono no começo da relação, começavam vir os sinais efetivos de abandono ao longo da relação, logo o ciúmes, logo o sofrimento, logo o abandono.
Forte e complexo teu depoimento. Entender esse achar q somos valorizadas e na verdade só usadas é forte demais, mas uma grande lição, eu vivo celibatária pois entendi tudo isso felicidades pra vc.❤❤
Amei seu relato, é muito bom esse espaço de compartilhamento de experiências e a mudança da nossa interpretação delas ao longo da vida.
a única conclusão que fica pra mim lendo seu relato é de que o abandono é inevitável
Não podemos abandonar a nós mesmas. Eu saquei que meu ciúmes era porque eu não tinha nenhuma autoestima, este foi um dos meus grandes traumas: ser rejeitada desde o ventre e ter tido infindáveis reforços para que eu simplesmente não tivesse um pingo de amor próprio. E do tempo que eu saquei isso até quando consegui lidar foi quase uma vida, tô com 42 anos e isso só aconteceu há algum tempo atrás. Estou numa relação mono e é o que faz sentindo pra mim, eu sinto ciúmes, claro, mas agora eu estou me respeitando, me autorizando e me amando, então o outro não é todo o meu mundo, ele é parte, então seguimos e "que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure." Fica bem @thaynamessa
As suas hipóteses fizeram muito sentido pra mim. Eu vim de um lar caótico, um pai que tinha vício em jogos e bebidas, um "eterno menino", e não esteve presente como deveria.
Minha mãe vítima de múltiplas violências ao longo da vida, acabou repetindo várias delas com os filhos. Mesmo assim, eu sentia muito ciúmes dela. Pra mim, era INSUPORTÁVEL a idéia de ela namorar. Maltratava os namorados dela durante a infância rs, na adolescência, eu suportava.
Eu vejo esse conflito da triangulação acontecendo na minha relação que é monogâmica e em relações não monogâmicas de amigos mais próximos. Eu não julgo nenhum modelo de relação como ruim ou difícil demais. Acho que tudo depende do que cada pessoa quer pra si.
Eu rompi com o modelo patriarcal de relação em alguns termos. Eu e minha parceira estamos livres para procurarmos carinho, amor e aconchego nas relações com as amigas e com a família. Não alimentamos essa ideia de que nós duas nos bastamos. Acredito muito em COMUNIDADE.
Também não sinto que cerceamos o desejo uma da outra. Porque estamos em uma relação sexualmente exclusiva em comum acordo, e não contra a nossa vontade. Existe confiança, não tem ciúmes excessivo e, quando ele aparece, vamos tentar entender o porquê.
Acho que existem formas saudáveis de viver a monogamia e, também, a não monogâmica. O desafio é entender como... Vamos aprendendo. ..
Obrigada pelo relato, me trouxe umas reflexões legais🎉
Nossa, quando você falou “Bella Baxter” nem acreditei!!! Que demais saber que vocês assistiram Pobres Criaturas e pensaram até em fazer um Flor e Manu!!! Tomara que role!!!
Simmmm...da pra fazer uma serie completa com esse primor de filme
@@prof.kassyadias total!!!
Aquela cena do Duncan batendo a cabeça, de propósito, no balcão do bar é uma caricatura das necessidades de brigar, dominar e ser amado ao mesmo tempo, né? Eu ri muito pensando nisso no cinema.
Bom, minha estrutura familiar era monogâmica. Quando me despi de julgamentos, comecei a ver a não monogamia de forma mais possível.
Lido muito bem com a monogamia, difícil é achar uma outra parte que também queira isso rs
Acredito que o relacionamento é uma construção, que é preciso edificar, organizar, adequar... Entendo que é preciso abrir mão de algumas coisas para obter outras. Cresci em um lar com uma família longe da perfeição, mas dentro do que considero ideal e brinco que meus pais foram um péssimo exemplo, casados, respeitosos, carinhosos e leais ao que se proporam.
Busque por pessoas que tb tiveram pais respeitosos carinhosos e leais que é 90% do caminho andado.
Gostei do seu comentário.
Acho que o tipo de relação com o outro depende do seu momento de vida,das oportunidades de desenvolver relações, da energia e tempo pra elas.Nao de uma decisão prévia, racional.Ate pq as relações só se estabelecem se existirem desejo de tdas as partes de estar com aquelas pessoas ,naquele momento e de determinada forma.
Às vezes a gente mira no que vê e acerta no que não vê, né? É a primeira vez que eu assisto um vídeo postado no mesmo dia e não poderia ser mais apropriado para o meu atual momento de busca terapêutica!
Respondendo: considero-me não monogâmico, sou casado há 27 anos, sendo os últimos 22 deles em um relacionamento aberto e os últimos 16, cada um em sua casa. Tenho outros relacionamentos abertos e também longevos (o mais "jovem" tem 2 anos). Sou da chamada Geração X e tive uma família normativa (nem tão burguesa assim), com irmãozinho, papai e uma mamãe que trabalhava fora. E não vi o filme.
Tenho me questionado muito sobre a necessidade de buscar (seeking), pois desconfio que isso tem me levado a cometer excessos com o consumo específico de cerveja (e não de qualquer outra bebida alcoólica). E a pergunta que não quer calar é: o que estou incessantemente buscando? Mesmo entendendo o processo dopaminérgico e a montagem de respostas ineficazes que você explica em outros vídeos, a resposta a essa pergunta ainda me aflige. E eis que surge essa perspectiva de que esse "seeking" seja retroalimentado por esse vazio da mãe que tinha que cuidar do trabalho, da casa, do outro filho e do marido que havia sofrido acidente no trabalho e passou meses internado. Faz muito sentido que aquela criancinha de 1 ano sequer tenha aprendido a desejar ser objeto desse amor e, portanto, manifeste, hoje, esse "desapego" amoroso.
O ponto que me chama à atenção é que por mais que sejam muitos os relacionamentos que mantenho (e permaneço "buscando"), o que eu busco de fato são conexões profundas e duradouras, onde o sexo acaba ficando em segundo plano (bem com "cara" de monogamia, né? rsrs)
Tenho uma filha de 21 anos, Geração Z, portanto, única, que foi criada nessa relação aberta e sadia, com parceria e amizade e que declara ter uma relação aberta com seu primeiro e até agora único namorado, há 6 anos. O que me parece é que ela se considera "livre" para ter a relação que ela quiser e, por hora, ela escolhe ter esta relação apenas com ele.
Enfim, espero que minhas respostas contribuam para sua pesquisa em retribuição ao triplex que esse vídeo construiu na minha cabeça!😅😅😅
Muito interessante sua história e suas elaborações.
Com duas pessoas já é complicado, imagina com mais de duas!
Não-monogamia é sobre se relacionar com si, sair da fantasia do amor romântico e de garantias, se relacionar com mais de duas é monogamia serial, faz parte da monogamia o adultério e o divórcio, você diz isso porque já se acostumou a equiparar relação com "problema" ou "dor de cabeça".
@@_victorugoacho q vou ter q ver o vídeo mais de duas vezes porque eu não entendi nada agora q li seu comentário rs
Oi, Manu, obrigada pelo vídeo.
Sendo bem sincera, achei a efusão das pessoas em torno da personagem Bella Baxter mais como um sintoma de nossa época (a identificação com o desejo desenfreado por estímulos a todo tempo) do que uma relação com qualquer símbolo de libertação feminista, mesmo porque aquilo se trata claramente de um feminismo neoliberal (poderia discorrer longamente sobre isso, aliás).
No mais, sobre as relações, tenho seríssimas suspeitas com a promessa de satisfação e prazer quase ilimitadas que estão imbuídas no combo da não-monogamia - e dizer isso não é o mesmo que dizer que todos os relacionamentos monogâmicos são ótimos. *Façamos uma pausa para a complexidade, homo (nem sempre) sapiens*. Discutir esses formatos de relação, hoje, na complexidade que eles exigem, é muito difícil... Sustentar uma relação monogâmica com as promessas de felicidade explodindo na nossa cara a cada próximo match, só mesmo se os dois estiverem suficientemente amadurecidos pra saber que na vida, SEMPRE vamos perder algo. E que bom pode ser "perder" o próximo date que "seria maravilhoso". "Perder", assim, com tranquilidade.
Preciosa tua leitura e colocações, partilho de percepção bem aproximada, tanto com relação à leitura do sintoma alvoroçado para com Bella Bexter, quanto o trabalho de sustentar a perda com alguma leveza...
@@annacarolinaoliveirasousa4977 sempre bom saber que não estamos só nas nossas percepções do mundo, Anna! Obrigada!
ponto importantíssimo!!!
análise cirúrgica e essencial.
parabéns pela lucidez!
@@nobodyherenobodyout obrigada, Murilo! Bom saber da tua partilha no ponto de vista também.
Ótimo tema! Vou falar o que vejo dentro do meio gay, refletido em aplicativos de encontro:
Primeiramente, a maioria nunca fala em "relacionamento" ou "namoro", os termos são "algo mais, algo sério, algo além", curiosamente é sempre "algo" que não tem nome. Se distanciam do amor em si, de falar sobre o tema.
A grande maioria foca no sexo, seja por fogo no rabo constante, seja porque têm relacionamento aberto, mas eu percebo que muitos "só esperam o sexo", porque é o mais fácil e prático de se conseguir com outra pessoa. No fundo, existe uma ideia de que "passou disso complica, é difícil e arriscado". O sexo acaba se tornando o único e mais fácil meio de se conectar com um outro, ainda que por alguns minutos ou horas.
Percebo que existe a ideia de que "o homem tem suas necessidades", existe uma hipersexualização constante e imensa nesse meio, desde as fotos de perfil, os papos, até a realização do desejo. Muitos já pedem nudes direto, e muitos outros já querem marcar logo o sexo, de forma muito prática, chega, faz e tchau. Muitas vezes isso é escrito no perfil da pessoa.
Percebo que existe um grande distanciamento da ideia de relacionamento, de afeto, de vínculo, então muitos no máximo falam em "amizade", mas "relacionamento" já é "demais, pressa, avançar muito". Ou seja, parece haver um tipo de fobia do vínculo. Faz muito sentido considerar, como dito no vídeo, que o foco em vários parceiros (e também relacionamento aberto) seja uma estratégia para garantir que não ficará só. Pode ser a satisfação sexual em si com vários parceiros, mas me parece que há um forte estímulo vindo da insegurança ou até incapacidade afetiva.
Além da questão social de nossos tempos, em que viramos objetos para satisfação narcísica, perdemos o foco no vínculo e focamos no interesse e ganho a partir da pessoa (no caso, o interesse é diversão e prazer momentâneo, no máximo salvar o contato para repetir). Usam a pessoa e depois jogam fora, tal como embalagens na sociedade de consumo.
Penso que monogamia ou não é questão de como funciona sua sexualidade e o quanto você deseja ser especial e único para o outro. Tem gente que gosta de experimentar com vários, se sentir na ativa (como falado no vídeo), ou querem garantia de conexões. Eu mesmo já tive um relacionamento onde a pessoa tinha salvos os contatos de pegação do passado, nunca excluiu, e essa pessoa tinha uma péssima autoestima e medo de abandono. Ou seja, nem sempre é "gosto", muitas vezes é medo mesmo. Até o relacionamento aberto pode ser uma desculpa pra não ser chifrudo.
A sexualidade e o afeto podem ter suas modalidades, e as pessoas precisam se encaixar com as afinidades. Mas que tem muito truque pra evitar a dor, a perda, a insegurança e a própria entrega ao outro, isso com certeza tem.
Interessante o seu relato. Obrigada por compartilhar.
Demais! Li tudo que você falou e a cada coisa narrada, mais eu tive a impressão de uma experiência em aplicativos de relacionamentos. Nenhuma experiência é individual, mesmo.
Sensacional seu relato e importante demais a gente pensar nessa questão sob todas orientações.
Gostei muito do seu relato.
Relato incrível. Obrigada. E também ri em algumas partes kkk abraços
Hoje estou em um relacionamento monogâmico e me sinto confortável. Nós temos uma dinâmica que preza bastante por manter a individualidade. Não temos uma rotina muito próxima, nem sempre dá para comparecermos juntos nos eventos familiares e de amigos, cada um tem seu quarto mesmo morando na mesma casa. Temos ciúmes em certas situações, sentimos saudades. Tentamos ao máximo encaixar um tempo de qualidade em nossas rotinas. Acredito que essa dinâmica de manter a individualidade, de não precisar estar junto em tudo e o tempo todo permite que a gente "vá para o mundo" como o Emanuel diz sem a angústia de achar que o outro vai embora. Nós vivemos nossas vidas e na volta para casa temos um ao outro para compartilhar nossas experiências, com curiosidade e admiração que alimenta o interesse romântico.
muito interessante! exatamente como enxergo!
Mas a não monogamia não seria, ao invés da não dependência de um objeto, a dependência de vários objetos pra sentir segurança? A pessoa buscando ter vários objetos ao mesmo tempo pra nao correr o risco de sofrer muito se um dos objetos for embora? Parece que as duas alternativas são a manifestação do desespero do abandono na idade adulta...
O comentário que mais me pegou...
Gostei!
acredito que quando se fala em não-monogamia é preciso inserir um termo chamado '' rede de afetos'',
a pessoa transfere a ''dependência'' em uma unica pessoa (no caso monogâmico) para a dependência pra essa rede de afetos como um todo...
na monogamia como ele disse no video, existe uma necessidade q eh saciada em partes : a garantia que o objeto de desejo seja só meu e eu só dele, junto com uma expectativa do amor romantico alimentada por todo lugar desde filmes, musicas, livros e a propria familia...
depender de uma rede de afetos ''livres'' acaba sendo menos pior talvez que depender a uma unica pessoa...
e do outro lado da nao monogamia existe um relato de um amg proximo, q oq ele mais sentia falta na relaçao nao monogamica q ele tinha, era a de simplesmente andar de mao dada em uma praça ou qlqr outra coisas simples que reflete que a pessoa ''ESTá'' com a outra saca?
tem mto isso de q qnd as coisas vão mal na nao monogamia tem um certo tipo de ''deixa pra la'' , ''nao tenho vinculo mesmo''
enfim, sao dois formatos igualmente possiveis de vivenciar e extrair coisas boas, depende do momento na vida
Respondendo as perguntas do início do vídeo: sou não monogâmica, me considero bem satisfeita e bem resolvida com esta visão e vivência nos relacionamentos. O que, obviamente, não quer dizer que sejam só flores haha humanos e relacionamentos são complexos em qualquer formato. Mas hoje não me vejo vivendo de outra forma, sinto que realmente foi uma “chave que virou” pra mim (aos poucos, ao longo de vários anos, e que ainda está virando).
Sim, ciúmes existem também, o que muda é a forma como o percebemos e lidamos com ele. Cresci em uma casa estável, com muito amor e com pais que são casados de forma monogâmica até hoje, na maior parte do tempo bem felizes com seu relacionamento e, no geral, sem grandes percalços. São católicos e não entendem muito bem todos os aspectos da minha escolha, mas respeitam e querem a minha felicidade acima de qualquer coisa. Acredito que esse apoio faz com que eu tenha mais coragem de me posicionar de forma diferente do padrão perante a sociedade também. Espero ter ajudado ❤ sou bem aberta a perguntas sobre o tema, quem tiver curiosidade (de forma respeitosa) pode me chamar em outras redes também ☺️
Ps: adorei pobres criaturas, acredito que trouxe muitas questões importantes, inclusive sobre aspectos não tão falados da não monogamia, de forma muuito sutil
Ps 2: queria adicionar à fala do Manu sobre a questão de não dependência de outros afetos na não monogamia destacando que na não monogamia (no geral) há uma descentralização também do afeto romântico como central, ou seja, esse afeto não vem só de múltiplos afetos românticos, mas também muito mais de amizades, família etc. É repensar justamente essa dinâmica de que o relacionamento romântico é central na vida social. E também gostaria de adicionar que entendo o foco na parte de “poder ter sexo com outras pessoas”, porque pra quem é monogâmico talvez seja uma grande coisa (ou talvez uma das maiores frustrações iniciais ou mais latentes quando se começa a pensar sobre isso) mas sinceramente isso é muito mais destacado em modelos como “relação aberta”, que é basicamente uma monogamia com brilhinhos ou um primeeeiro passo dentro da não monogamia, mas que pra quem já está mais dentro do rolê é mais uma consequência de uma série de outras mudanças de mentalidade do que a coisa principal - muito pelo contrário. E adicionando uma última pulguinha atrás da orelha, a diferença entre monogamia e não monogamia não está meesmo na exclusividade sexual, posto que sim, existe o adultério na monogamia e está bem longe de ser a exceção (cerca de 80% dos casamentos têm traições, segundo ibge 2022). Enfim, muita coisa pra falar e não quero deixar este comentário mais quilométrico do que já está hahah Estou disponível pra trocar ideias ❤ Só tentando ajudar na pesquisa mesmo :)
Legal. Qual seu Instagram ?
@@karolynefreitas4863louiseenriconi :)
@@karolynefreitas4863 louiseenriconi :)
@@karolynefreitas4863 é Louise Enriconi :)
Sou monogâmica, tive uma experiência de família nuclear tradicional com disputa, ciumenta, geração y. Me relaciono com uma pessoa que a mãe trabalhava fora, então foi criada pela avó, só que essa avó faleceu quando ela tinha 10 anos de idade. Essa pessoa antes de se relacionar comigo só teve relações não-monogâmicas. Conversamos bastante sobre o assunto e chegamos na mesma hipotese que a sua, que a forma como conseguimos nos relacionar está intimamente ligada a nossa forma de organização social, mas pensamos mais em modelos de aldeia, quando todas as crianças são criadas por todos os adultos e não existe essa ameaça de quebra de vínculo. Chegamos à conclusão que só nesse tipo de sociedade a não-monogamia é "natural", no sentido que é possível suprir a necessidade de ser amado nesse arranjo, além de satisfazer as outras necessidades (a comunidade traz estabilidade em vários outros ambitos da vida, alimentação, moradia, segurança etc..).
Na sociedade urbanizada existem vários impasses legais que não favorecem o arranjo não-monogâmico, por ser uma sociedade que nasce de um arranjo monogâmico, e isso deixa os indivíduos submetidos a acordos muito frágeis (exemplo: num 'divórcio' de uma relação não-monogâmica como é feita a separação de bens? Todos vão ter onde morar?). Por esse motivo, o arranjo que eu tenho com o meu par é numa relação de apoio mútuo dentro das circuntâncias que a sociedade nos impõe e respeitando a nossa história e nossos aprendizados pessoais. É um esforço de sermos fiéis a um compromisso ajudar um ao outro a sobreviver numa sociedade absolutamente opressora, em especial aos nossos corpos.
Acho que a sua hipotese faz muito sentido, só tem um aspecto que acho que precisa ser levado em consideração também: historicamente os acordos monogâmicos não dão conta também de satisfazer as necessidades emocionais dos indivíduos, dado que era corriqueiro (e ainda é) a quebra do acordo em traições, mesmo quando as mulheres em média tinham menos liberdade e o seu papel atribuído era de cuidado dos filhos e do marido, exclusivamente. Ao marido era garantida a busca de parceiras, satisfação da necessidade de gozar em outros corpos e ainda garantir o amor e o cuidado a partir de um outro objeto. Às mulheres isso não era permitido. Parece pra mim então que o nosso modo de organização social e de organização familiar é absolutamente falido e em decadência, por isso as pessoas buscam outros arranjos que satisfaçam suas necessides, da mesma forma que buscam outros modelos de organização social que satisfaçam suas necessidades materiais.
Nossa, adorei tuas considerações.
Quanta sorte encontrar na vida alguém que dívida sua visão de mundo!! Lindão
Cara, que coisa absolutamente FODA. Quero emoldurar esse comentário, porque você simplesmente sintetizou meu pensamento em relação à toda essa discussão. Brilhante! E que acordo de relacionamento incrível, achei extremamente lúcido e saudável. Queria ver mais comentários do tipo nessas discussões por aí, ajudaria muita gente a entender e ficar um tiquinho menos agoniada.
Acho interessante como vejo muito acontecer uma "monogamia" que não segue a risca a ideia de amor romântico e "não-monogamia" que segue. Vejo que nem sempre é algo rígido uma forma ou outra de se relacionar também. Percebi atualmente uma pressão pra se dizer que é não-monogamico, como se a monogamia fosse algo abominável. Entendo que a forma que a monogamia foi construída socialmente tem seus problemas, mas também acredito que há formas de fazer acordos mais saudáveis. Nenhum dos dois tipos de relação é certeza que não haverá abusos. A forma de cada pessoa se relacionar (a que se sente mais confortável) é algo muito particular e não deve ser imposta. Acho justa toda forma de amar. 🤎 Que a gente descubra várias formas de espalhar amor por aí.
Bom, eu nasci em uma família tradicional, mono, com pais que discutiam o tempo inteiro mas nunca se separaram porque, segundo eles, "eles são um casal à séria, desses que já não existe". Enfim, me parece uma romantização da longevidade e do "ficar junto até ao final". Tive uma irmã e sempre tivemos uma relação legal, sem ciúminhos nem inveja. Meus relacionamentos, até aos 24 anos, foram sempre muito curtos e padrão, ou seja, monogâmicos. Por terem sido curtos, nunca amadureceram o suficiente para a gente adentrar o que realmente significa um compromisso para nós e como queremos que ele seja. Até que, aos 24, conheci uma pessoa com quem namorei por 4 anos. No decurso dessa relação, também monogâmica, desenvolvemos uma cumplicidade e uma intimidade muito profundas, que nos permitiram desbravar essa questão "mono ou não-mono, o que faz mais sentido para nós?". Isso tudo foi tbm mt motivado por uma atração muito forte que senti por um amigo dele!! Nunca fiz nada a respeito, mas aquilo me corroía por dentro. Afinal de contas, até aí, eu sempre me tinha "sentido" monogâmica (na verdade nunca tinha passado da fase "lua de mel" nas relações anteriores). Mas comecei a pensar e a entender que o fato de eu gostar do meu namorado e querer nutrir um futuro com ele não precisa estar atrelado a uma exclusividade do meu desejo sexual e afetivo. E entender que esse desejo por outra pessoa não queria dizer que eu estava mal na minha relação ou que queria terminar!! E isso foi uma baita descontrução para mim!!! O melhor dessa relação é que eu não tive que viver esse processo sozinha, pois, como éramos muito cúmplices, a gente conversava sobre isso, sempre com carinho e cuidado. No decurso dessas conversas e dessa pesquisa interior de mim mesma, fui descobrindo a NM (ainda no plano das ideias somente) e crescendo uma identificação com esse modelo. Acontece que, por outras circunstâncias, eu e o meu namorado decidimos prorrogar essa abertura de relação, por sentirmos que ainda não era o momento (estávamos prestes a emigrar e não quisemos desestruturar o nosso núcleo de casal com duas mudanças ao mesmo tempo). Enfim, essa relação acabou por terminar por outros motivos; algum tempo depois, eu conheci uma pessoa por quem me apaixonei loucamente e, naturalmente nesses inícios de relações, a gente só tem olhos para aquela pessoa. Ou melhor, comigo é assim que funciona... Acontece que depois de um bom tempo essa pessoa acabou me rejeitando, o que atiçou ainda mais esse sentimento de "nossa, essa era A pessoa". Ou seja, dentro de mim, eu ainda me pego pensando e sentido de um jeito muito monogâmico, sabe? Julgo que é tbm por a NM ainda existir somente no plano das ideias, não sei... Também parece que a rejeição estimula essa idealização do outro, né? Bagulho mt doido. Mas no fundo eu sei, porque aprendi na minha outra relação, que a exclusividade é uma utopia. A gente gostaria de ser a única fonte de desejo do objeto amado, mas não é. Aí vem a pergunta: você topa renunciar aos seus desejos em nome dessa pessoa ou não? No momento, a minha resposta é "não". E aceitar isso não como uma tristeza, mas como uma oportunidade de se honrar, honrar o que você sente, e não olhar isso como um ataque à pessoa com quem você se relaciona. Claro que não é assim tão simples, mas me parece mais honesto que a fantasia da monogamia.
Há 20 anos tenho relações mono e não-mono e não sei se concordo com a hipótese (pode ser que não tenha te entendido muito bem). Venho de uma família de pais (bem) casados até hoje, irmão mais velho de quem sou muito amiga, não tem nenhuma memória familiar, nenhum relato de eu ter expressado ciúmes ou apego excessivo em qualquer momento da minha infância, sobre nenhum deles (ainda que provavelmente tenha acontecido como é natural). Nas relações romântico-sexuais nunca fiz o tipo ciumenta também. Alguns pontos:
1 - Pessoalmente jamais me descreveria como monogâmica ou não-monogâmica. Tenho uma visão parecida com o que você fala sobre os diagnósticos que hoje em dia são completamente identitários. Essa pra mim não é uma questão identitária e sim circunstancial. Algumas relações, alguns encontros, algumas pessoas, alguns momentos de vida e situações pedem/geram uma monogamia, e outros uma (de infinitas) não-monogamia.
2 - A partir disso, tem muito fio que poderia ser puxado… Dizia Iris Murdoch: “O amor é a compreensão extremamente difícil de que algo além de si mesmo é real”. Penso que mono/não-mono não são identidades e sim “frameworks” porque penso que primeiro tem o indivíduo (eu) e o/s indivíduo/s (outro/s), e uma vez que isto está visto e entendido, pode-se entrar em um acordo sobre qual “framework” faz sentido praqueles indivíduos. Assim, entendo sua hipótese sobre a monogamia, mas ela não é também uma questão muito mais sistêmica do que identitária? O quanto a monogamia é realmente fruto da sua relação individual com o seu objeto-mãe, e o quanto ela é uma questão social dos nossos tempos?
3 - Nesse sentido, a monogamia pode parecer a resposta “óbvia”, porque é social-cultural, pra “ser amado”. Mas quem é/está NM também se relaciona porque precisa ser amado, ora. Criar vínculo com o/s objeto/s. A diferença estaria na estratégia, não na motivação.
3 - Já a hipótese sobre a não-monogamia - estereotipada? Sei que você falou que o vídeo é pra quem está sofrendo disso. Na minha concepção, “dominar” é uma necessidade muito mais presente e aplacável na monogamia - a necessidade de “assegurar” o objeto fica numa linha muito turva entre “ser amado” e “dominar”, não acha? Em geral uma NM saudável tem muito pouco de dominação, até porque é um exercício de desapego. Já sobre o buscar e o gozar, existe o estereótipo de que a pessoa NM tá sempre buscando mais alguém, sempre insatisfeita, e que transa com todo mundo rs. Bobagem né. Penso que a pessoa pode querer ser/estar NM porque não quer correr o risco de colocar o “buscar” em um lugar de falta; mas não que quando ela é/está NM ela está em déficit ou overdrive do buscar. Na verdade, eu discordo totalmente que a NM venha de um lugar de falta. Se falarmos de uma visão sistêmica, a NM é um frame de abundância mais do que de escassez (eu tenho tudo que preciso ao meu alcance e portanto não preciso estocar/guardar/prender). A monogamia é o frame de escassez (isso aqui é escasso e raro então eu preciso guardar só pra mim). E sobre o gozar: gente que não transa existe mono e não-mono 🤷🏻♀ Talvez a NM possa trazer mais variedade, mas não necessariamente é a única ou melhor forma de saciar o gozar, nem surge dessa necessidade.
4 - Por fim, penso que nenhum dos dois modelos está livre do amor romântico, que talvez seja o real problema porque este sim pede que as relações sejam identitárias. Pra muitas pessoas, a NM é uma tentativa de escapar da opressão do amor romântico. Mas como levantei, se monogamia e NM são só frameworks, o sofrimento não vem deles e nenhum dos dois modelos pode resolver esse problema.
Enfim, adorei o tema. Essa parte onde você fala da Geração Z me bateu como tecnologia (social) do fim do amor.
Perfeito, é isso
No meio gay, o que eu mais vejo é não mono caçando, me dá a sensação sim que estão sempre buscando algo (sexo).
Sou geração Y, sempre fui monogâmica, família padrão. Ser monogâmica nunca foi um problema. Por ser mais jovem era mais fácil acreditar em um “felizes para sempre”. Agora to confusa, solteira digo que não sou mono nem não mono, mas a verdade é que tá mais difícil acreditar no amor romântico, não mono me parece mais coerente, lida com a realidade com mais pé no chão, mas a verdade é que se eu me apaixonar real, não acredito que dou conta e vou preferir a hipocrisia monogâmica.
40 anos, casada há 17 anos, vivendo algo do tipo poliamor não hierárquico há 6 meses. O casamento até então tinha exclusividade sexual, mas tinhamos amigos, hobbies, interesses e buscas tanto juntos quanto separados, saímos e viajamos juntos e separados também. Decidimos viver não monogamia porque sentimos que daria certo, nos sentimos fortes o suficiente para aprofundar nossas buscas existenciais/espirituais cada um de maneira individual.
Senti ciúmes uma vez, foi quando ele disse que estava apaixonado por outra pessoa. Naquele momento, senti pânico primal absurdo, muito medo de abandono, chorei, senti o coração disparar. O pânico durou uns 30 minutos e depois me acalmei, senti muito carinho por ele, lembrei da nossa amizade e conexão, pensei que mesmo se ele fosse embora com outra pessoa, provavelmente nossa amizade continuaria. Lembrei também que já me apaixonei por outras pessoas sendo casada (sem ficar), e isso não afetou meu amor por ele. Senti o amor abundante dentro de mim.
Até agora nao senti mais ciúmes de ninguém, gosto de conhecer os meta-afetos, conviver com elas (ouvir falar o termo "kitchen table poly", achei bem apropriado kkk).
Não considero voltar a modelo mono, gosto muito da minha liberdade, da abundância de afeto, da leveza das trocas.
Se eu tiver que sentir aquele pânico e sofrer tudo de novo, eu sofro, mas continuo com essa vida que escolhi ❤
Vcs ainda estão nessa?
@@carloslukather6658 sim😊
Sugiro muito que Manu leia o livro da Geni Nunez: Descolonizando Afetos, pela potência de uma leitura do tema através dos povos originários e seus ensinamentos
Eu assisti, amei e me identifiquei muito com o jeito de pensar e agir da Bella Baxter. Sou muito espontânea, direta e, pra mim, as coisas tem uma obviedade muito parecida. Já entendi que a sociedade enverniza com um monte de confusão. 😂 Minha angústia é com a hipocrisia e como as coisas não podem ser vividas, sentidas, faladas porque tem uma centena de camadas culturais e sociais que reprimem. Tenho dificuldade de não agir conforme o que sinto. Por isso, aliás, mesmo com 33 anos, percebo que as pessoas têm muita admiração e encanto por mim, mas tem outras que se chocam. É minha luz e minha sombra em todos os contextos. Pra minha sorte, sempre senti que a luz foi maior. Tem períodos que sofro sendo atacada, julgada ou me sentindo incompreendida, mas faz parte. Vou seguindo e tentando encontrar o equilíbrio.
Faz todo sentido, e eu acho muito triste.
Sou de 89 adepta a agamia por não ter mais capacidade para tomar no uc!
Minha estrutura é profundamente monogâmica, não é viável hoje em dia!
Casei com a maternagem e com os estudos/trabalho! Meu conhecimento não vai embora por que quer viver tudo que há para viver.
Adepta da agamia por incapacidade de tomar no uc...
Eu poderia ter escrito isso.
Pq não é viável? É só achar alguém com a mesma estrutura. Eu por exemplo busco alguém com esse tipo de estrutura, minha vida inteira as relações acabaram por outras razões mas não por conta da estrutura atual da sociedade. Muito foram por não convergências de realidade nos futuros imaginados, como onde morar ou até mesmo se ter filhos ou não. Em convergindo as vontades acho que é sim possível. A parte da monogamia não seria o problema. Aliás, todas as pessoas que conheço enquanto casais bem sucedidos são monogâmicos, e são muitos por aí, apesar de não parecerem maioria.
Me identifiquei com a hipótese da infância. Minha mãe parou de trabalhar quando eu nasci, mas voltou quando entrei na pré-escola, com 4 anos de idade. Minha vó ficava comigo e com o meu irmão, mas pelas outras tarefas domésticas e também pelas personalidades, a gente cresceu muito solto. Eu sempre tive uma amizade muito bonita com a minha mãe, mas nunca (se rolou foi raro) senti ciúme dela. Adulto tive um relacionamento monogâmico de 5 anos que foi bom até que não foi e desde o fim dele passei a me relacionar de forma não-mono. Daí as experiências foram muitas com diferentes níveis de ciúme, frequência, intimidade e etc. Mas no geral sinto que o discurso que guia a não-monogamia acaba indo por esse rolê hedonista/ capitalista de aproveitar a vida de uma forma muito individual, que acaba parecendo problemático. No fim se pensar demais tudo parece problemático kkkkk
Acredito que associar a não-monogamia à ausência de vínculo esteja direcionando a hipótese, que estaria mais bem encaixada com a acronomia.
Não monogâmicos criam vínculos, duradouros inclusive.
A lógica não necessariamente é a existência de múltiplos vínculos/diversidade de parceiros, mas a desconstrução da ideia de que o amor sexual só é legitimo se for exclusivo.
Afinal, em todas as demais trocas amorosas (não sexuais) temos concomitâncias..
Assisti o filme duas vezes no cinema. Foi uma libertação.. Eu estava num limbo na minha vida e de certa forma, o filme me tirou algumas ideias da cabeça. A personagem realmente inspira. Assisti a primeira vez e depois que o Christian Dunker fez um vídeo sobre, voltei pra ver com novos olhos.. Incrível
obrigada, Manu! acho que esse tema é ponto de partida para muitos debates importantes, pq é algo que efetivamente está em efervescência atualmente (pelo menos em algumas bolhas). Recentemente ouvi falar na anarquia relacional, e me pareceu mais próximo de como idealizo/gostaria de me relacionar: sem regras definidas; cada relação tendo sua configuração singular. porém, na prática, a tendência é que minhas relações sejam monogâmicas, não apenas no sentido de não me relacionar afetivo-sexualmente com outras pessoas, mas no sentido de centralizar minha vida em uma única pessoa. penso que a proposta de não centralização, que a não-monogamia ética/política traz, é a maior vantagem, e também o maior desafio da NM.
a sua hipótese faz muito sentido para mim. eu tive mãe/pai ausentes e sou não monogâmica. meus pais eram divorciados, minha mãe sempre teve diversos parceiros e meu pai tinha um casamento que parecia muito bom (não convivi muito). temas de relacionamentos/traição eram tratados com normalidade na minha família e sempre fui incentivada a ‘independência’ - querendo ou não. nunca me vi em um molde monogâmico, família tradicional, sendo ciumenta, etc.
Eu assisti o filme e achei incrível! Tive que ver mais de uma vez pra lidar com tudo que ele abrange, eu sou casada há quase um ano e estamos juntas a três, temos uma relação aberta, em um modelo que criar vínculos com outros ainda não é "permitido" no contrato, somente relações casuais e superficiais, é minha primeira relação dessa forma e eu nunca me senti mais livre, mais segura e mais eu.
Obs.: sou de 1996, isso me faz geração Z, meus pais são casados até hoje (35 anos) e sempre acreditei que a monogamia era o único modelo possível- já que foi o único me apresentado como possibilidade, mas quando descobri que não tudo ficou melhor
só caberia a mim dizer: que grande aula é esse vídeo., .
Como sempre, sensacional! Muito boa a abordagem e a ligação com a infância.
Manu, achei a hipótese interessante! Algo que me intriga na não monogamia é como funciona a gestão de tempo para ter diferentes relacionamentos (para os acordos que assim funcionam). Acredito haver um certo nível de incompatibilidade com o tempo necessário para criar filhos, por exemplo. Ah, eu também não conhecia a agamia! Obrigada pelo vídeo, Manu!
A gente costuma dizer que “o amor não é limitado, mas o tempo sim”. Naturalmente há um limite de relações profundas e com encontros regulares que conseguimos viver ao mesmo tempo, não só românticas, mas de qualquer tipo (amizade, familiar, etc)
O cara fez um documentário, nem queria ❤
Olá, Manu!
Os argumentos de construção das hipóteses me pareceram muito interessantes! Principalmente no que se refere a como esses enfrentamentos, de certa maneira, acabam dando contornos às diferentes formas de agir das "gerações".
Trabalho como professora do fundamental II e médio e de uns dois anos pra cá, pós- pós volta da pandemia, percebo o quanto a geração mais nova tem uma dificuldade quase que paralisante de lidar com situações adversas e "nãos". As redes sempre acabam sendo, para eles - e para nós adultos também em geral - uma rota de fuga, de pesquisa de uma outra realidade possível que não seja aquela que estou sendo forçada - afinal esse é o entendimento - a estar.
Acabei de ver um vídeo de entrevista com uma moça para o estadão dizendo o quanto para a geração Z, o trabalho não é mais central devido a, principalmente, todo o esgotamento e insucesso que presenciaram de seus pais e familiares. Segundo ela, para essa nova geração o bem estar próprio é o ponto principal.
O que me parece que não eximir de modalidades de sofrimento. Quando a centralidade é o eu e o eu adoece, saídas possíveis para esse eu, me parecem apontar para mais buscas difusas.
Acho que a questão que estou dando voltas e não sei se estou conseguindo dizer hahah, é que ambas as narrativas monogâmicas ou não monogâmicas, geram modalidades de sofrimento que apontam, como solução possível, o oposto delas mesmas: Se não me submeto a uma lógica "repressiva", socialmente normativa, preencho com objetos diversos desejando que, ao menos um deles, consiga me sinalizar a possibilidade de ser amado. Por outro lado, se encontro um objeto que de alguma forma sinalize esse acolhimento, sintomas "nostálgicos" de uma realidade mais dinâmica , fluida e interessante me parecem mais vivos e significativos do que a fixação em uma narrativa linear e nuclear.
Com absoluta certeza é simplista demais da minha parte dizer isso, deve ter mais entre o céu e a terra do que a vã filosofia aqui descrita, mas em resumo, me parece que a nostalgia - ou fantasia - da realidade vizinha, acaba parecendo mais verde, quando ambas tem modalidades de sofrimento que na sociedade atual nos parecem difíceis de bancar.
Falei muita abobrinha?
Abraço!
Acompanho esse canal assiduamente . Os conteúdos trazidos pelo Manu para reflexão são muito importantes.
Considero o Manu um profissional muito sério e estudioso.
Sendo assim faz todo sentido participar da pesquisa que ele propõe neste vídeo .
Nasci numa família normativa e monogâmica para minha mãe e bígama para a minha figura paterna.Essa dicotomia gerou muito sofrimento pra minha figura materna .Tive dois irmãos e o ciúme sempre esteve presente no sentido edipiano. Atualmente tenho 60 anos, do sexo feminino.Tive três relacionamentos monogâmicos, ao longo da vida . Todos eles vinculados à tentativa de construção de uma família normativa.
Tive um filho(a) de cada um desses relacionamentos.
Experimentei também relações não monogâmicas tanto na juventude como na idade adulta.
O ciúme esteve presente nas duas configurações.Entretanto , a configuração em si , ao meu ver, não era o fator determinante na intensidade do ciúme.
A intensidade do vínculo afetivo era sim o fator determinante.
Se entendi, a hipótese central do vídeo, minha experiencia não a confirma .
O ciúme é um produto de uma sociedade estruturalmente capitalista , machista e egocêntrica. Ainda que experimentemos outros formatos isso não nos garante a ausência do sentimento de propriedade ,assim como não isenta do medo do abandono. Vou me despedindo e aproveitando a oportunidade para agradecer , cada vídeo produzido por esse canal, que aguardo com esperança de tornar o sábado mais significativo e luminoso.
Sinceros votos de sucesso e reconhecimento de sua determinação.
Desculpe, se minha interpretação foi incorreta com relação a hipótese central do vídeo e não ajudou à pesquisa .
Forte abraço
Quando tem 3 cachorros e uma cadela, os ciúmes entre os machos é fruto de qual tipo de sociedade?
Emanuel, eu preciso lhe dizer que vc fez e faz TODA a diferença em minha vida, pq eu acho q isso vai te deixar feliz e motivado a continuar esse seu trabalho fantástico de tão didaticamente explicar a mente humana , o que antes de vc era um profundo mistério e fonte de muita angústia pra mim !!
AMO a sua retórica e a sua prolixidade , pq isso te faz profundo e, portanto, completo!!
Quem não gostar de seus vídeos longos, que vá nadar em águas rasas! Diminua eles não!!
Tenho MUITA inveja de sua Flor, pq além de muito inteligente, vc é um gato!
Mas sou romântica por natureza,o que me faz conseguir tbm desejar muito equilíbrio, paz, amor e felicidade na sua vida de casal e de família como um todo!
Bjos grandes!!
Grande Emanuel, não tenho nehuma credencial nessa área, mas tenho estudado muito e acho seu canal muito bacana. Resolvi deixar este comentário aqui por que identifico uma hipotese alternativa às apresentadas por ti, que pode vir a ser um pouco mais complexa mas quem sabe interessante também:
No livro do Mark Solms "The brain and the inner world", os autores destacam que a neurociência afetiva é relativamente nova, e que existem muitas questões em aberto especialmente em relação ao papel das "funções cognitivas" do 'forebrain' com a regulação das estruturas primarias que regulam as emoções. Me ocorreu que a explicação de alguns comportamentos pode de fato ser consequencia dessa "reflexão profunda" e maior entendimento/monitoramento sobre nosso comportamento, no qual não deixamos de sentir de fato os impulsos fundamentais, mas treinamos a parte cognitiva a percebe-los e reagir a eles como uma 'regulação complementar'. Nessa linha, e até puxando um pouco para uma questão mais filosófica, a minha hipótese alternativa é de que uma vez que somos capazes de identificar e responder construtivamente às 'emoções fundamentais', o 'poder' delas em controlar nosso comportamento pode ser bastante reduzido, de forma consciente. Se isso de fato é possível e nós ainda temos alguma capacidade de ação contra tudo que nos foi préprogramado, os modelos 'alternativos' de comportamento se tornam o único caminho possível, já que não faz mais sentido reagir da forma 'pré-programada', visto que essa opção "perdeu o sentido cognitivo".
A pergunta filosófica que resta é: "uma vez que percebe-se que estais a andar em circulos por toda a vida, existe alguma possibilidade de continuar a faze-lo ao se deparar com quaisquer outra alternativa?"
Monogamia desde que em casas separadas... Agamia... bem interessante ;-) Obrigada pela ótima apresentacão!
Descobri nesse vídeo que preciso estudar a Agamia. Gratidão, irmão!
Sempre tive a impressão, olhando e ouvindo sobre pessoas com relacionamentos não mono que só é bom para um dos lados...
Simm.. na maiori das vezes eh uma monogamia distorcida.. hierarquizando relação.. qm veio 1o e etc
Muito interessante as análises, sou da geração z, já vivi relações monogâmicas onde acredito que o lado do ciúmes era muito mais problematizado por toda falta ser buscada em uma pessoa, a repressão muito forte e com uma relação não mono, onde ainda se estrutura um casal, mas ambos continuam com sua liberdade p conhecer outros dentro da relação, sinto uma relação mais verdadeira, de companheirismo, menos filtro e idealizações, ao mesmo tempo a segurança vem também de existir uma entidade casal principal, fui criada em uma família onde minha mãe já trabalhava quando eu nasci, tinha irmãs também, então sempre compartilhando tudo e nunca tinha parado p pensar como isso simbolizava a perda do objeto que n está lá sempre p ti, conhece diversos amigos que tentam relações não mono por puro modismo e mesmo se machucando continuam tentando
Eu sou super monogâmica e meus pais se separaram quando eu tinha 10 anos. Tenho um lapso temporal que abrange tudo o que se refere à separação e, após anos de análise, percebi que busquei em relações falidas o amor parental que não consegui sentir. Hoje, sigo me abrindo para viver algo saudável, mas definitivamente não me encaixo em modelos não-monogâmicos.
Eu acho que o maior problema vem do medo de expressar demandas. A não monogamia vem como uma solução infantil: "já que não encontro o objeto perfeito, vou montá-lo através de fragmentos de outros objetos".
A monogamia impõe uma necessidade, e até uma maturidade, de fazer cobranças pra que esse objeto supra suas necessidades emocionais.
O maior problema é a dependência emocional, que inclusive rola em ambas modalidades(sinceramente das experiências que terceiros me contam, a não monogamia parece gerar isso em um grau bem mais exagerado).
A prova disso é o questionamento: se você encontrasse o parceiro perfeito em que todas suas necessidades estivessem supridas, você ainda se relacionaria romanticamente com outras pessoas?
É uma pergunta axiomática porque se todas necessidades estão supridas, você não tem porque buscar soluções.
Claro, isso é uma hipótese dificil de ser alcançada.
Mas a não monogamia implica por definição que a sua "solução " pra satisfação é somar objetos. Enquanto que a monogamia implica a modelagem e substituição.
Mas a ideia de "potência" que você levantou faz muito sentido. Se pondo na posição de objeto de desejo de mais de uma pessoa as relações não monogamicas parecem satisfazer uma demanda de dominância não suprida de outra forma. Talvez por isso mais mulheres que homens entram nessa modalidade, devido a diversos fatores culturas, mulheres tem um déficit de dominancia(posições de poder, esportes, etc...) e busquem isso se tornando desejadas.
Claro, isso acontece na monogamia também, mas a ideia é que o parceiro se compromete a saciar essa demanda. Dependendo do quão latente seja, seria necessário abrir o relacionamento pra não haver quebra do contrato anterior.
Enfim...é complexo, mas honestamente eu acho que tem pouco a ver com o que você falou da estrutura familiar e mais a ver com a segurança e autoconhecimento de cada um pra entender suas demandas emocionais e saber demandar que seus parceiros supram elas ou em última instância, substituir o parceiro.
A não monogamia vem mais como um medo grande de demandar essas coisas com medo de perder o objeto, somando outros objetos que naturalmente supram aquela demanda sem que ela seja expressada.
Eu tive que printar esse seu comentario e salvar pra reler depois novamente, pq foi excelente demais!!
@@flaviatiburcio. fico feliz que tenha gostado! Achei que seria mal recebido 😅
Sobre o trecho "se todas necessidades estão supridas, você não tem porque buscar soluções" acho importante pontuar que a não-monogamia não propõe necessariamente uma busca incessante por mais parceiros. Pra muita gente é apenas estar aberto pra viver as relações que acabam surgindo naturalmente na vida.
Também não significa que relações livres são isentas de cobranças, comprometimento e amparo das necessidades do outro. Por ser uma "não-coisa" e os acordos precisarem ser estabelecidos pra cada relação, o diálogo sobre as demandas acontece com bastante frequência.
@lauracarta1307 mas essas relações que surgem naturalmente na vida são descartáveis e sem valor ou elas suprem uma necessidade, mesmo que momentânea?
Trabalheira do kct deve ser lidar com várias pessoas carentes em volta.... Tentando se completar com outras. Pelo bem da minha saúde física e mental, prezo pela monogamia. E se ela não acontecer, paciência....a vida tem mil coisas,essa é só mais uma.
Geralmente quem não é monogâmico tem lá no fundo uma insegurança e um ciúmes gigantescos. Pra não sofrer o abandono o sujeito procura vivenciar a experiência da possibilidade do abandono de forma controlada. É na verdade um mecanismo brutalmente neurótico.
NM definitivamente não significa que não haverá vínculos fixos e comprometidos, nem significa que a quebra de um vínculo não magoe. Não se trata de forma alguma de uma independência radical - mas de interdependências várias, inclusive uma valorização de vínculos para além do casal (conferir status de amor para amizades tb). Eu quero sim encontrar amor com muito carinho, parceria, pessoas que cuidam da gente quando temos problemas de saúde, tudo isso. No meu caso, encontrei isso com meu marido (juntos há 12 anos - pros curiosos que acham que NM é medo de compromisso) mas tb com outras pessoas (incluindo um namoro também estável, duradouro e extremamente amoroso, mas principalmente amizades super verdadeiras e sem intimidade sexual).
É isso! Interdependências radical, é muito mais sobre o nós do que sobre o "eu"
@@garden1290 O Manu destaca a ênfase em buscar, gozar e dominância, mas na minha vivência e observação há um ganho enorme nas necessidades de cuidar e ser amado também!
@@nandacastelobranco sim total, na minha também. Me senti mil vezes mais cuidada nas minhas relações não mono, acho que justamente porque elas não prometem as garantias que a monogamia promete (e geralmente não cumpre). Isso da espaço para cuidado, e cuidado coletivo. É muito pouco reduzir a não monogamia a realizar nossos desejos por aí
Casada com um e namorando com outro... A que ponto chegamos...
@@gabibonza num ponto muito mais feliz e honesto que as famílias tradicionais cheias de mentira, ressentimento e traição. Eu falei sobre amizades e vínculos de afeto e cuidado, o que você fixou foi isso aí... Te peço gentileza e cuidado se for continuar comentando sobre a minha vida - percebo que você tem um julgamento moral, mas lembra que tem pessoas com sentimentos aqui :)
Viver é experienciar e consequentemente se diferenciar de si mesmo, não querer que seu companheiro, a pessoa que vc ama , viva uma experiência ( seja ela amorosa ou de outra natureza) se trata de uma forma de apropriação do outro ,não de amor. Essa forma proprietária de se relacionar com o mundo e as pessoas é fruto da máquina social na qual estamos inseridos . Qdo vc ama de verdade , vc se alegra com a alegria do outro .
Acho que cada um tem sua visao do que é amor. E do que faz bem ou mal pra cada um. Cada um tem seus gostos. E impor que vc tem q ta feliz com uma coisa p ser de verdade é bem opressivo na minha opiniao.
Bateu muito aqui. Meu irmão. Bateu muito. Criança super sozinha, tendo de "se cuidar", sem pai e mãe fora trabalhando. Não suporto a ideia de exclusividade relacional.
Sou não mono, tenho bastante informação a respeito, mas tô aqui comentando só pra agradecer por mais essas boas reflexões, que você propiciou nesse vídeo. Abs!!!
Ai, Manu… triplex na minha cabeça!! Vou dar uma choradinha e volto mais tarde.
Meu recorte ñ foi normativo pq já fui gerada no acaso.Lembro q a partir dos 4 anos, minha mãe convivia com outro homem.A primeira ruptura memorável foi entre 1975/76 qnd percebi q ela me deixava em casas d parentes nas férias.Depois o período se estendeu para a vivência escolar e assim, tornou-se uma visitante.Depois me resgatou em 77 qnd se esforçou mto pra manter uma pseudo família até 79, mas como resultado da separação, fiquei flutuando d lar em lar.Até no último fiquei durante 5 anos e posso afirmar q gostaria dter falecido aos 9 pq dali só dramas q geraram os traços Border como reproduzir a dependência emocional sendo super intensa, profunda, caótica.Somente ais 16 percebi td abandono, negligência, agressividade contínuos, somados aos delírios d grandeza dela, qnd passávamos por privações extremas, me invalidando/violando tanto q virei fanática religiosa pra ñ morrer.Casei, divorciei, tive filhos alternando com fracassos sucessivos q após 50 anos, finalmente consegui me esvaziar das relações interpessoais.Sigo Fera Ferida 🎼 e "adormecida".
Oi Manu,eu gostei muito desse vídeo porque me esclareceu muitos aspectos sobre meus relacionamentos familiares.
Meu pai era casado e com 2 filhos. Arrumou minha mãe que, por sua vez, já tinha 1 filho e ainda produziu eu. Manteve-se entre as duas famílias até seu falecimento. Não me admira ter sofrido vários infartos.
Sou monogâmica. Família composta por pais casados (se divorciaram qdo eu tinha 32 anos e depois reataram); são três filhos, sendo eu a mais velha. A estrutura é super monogâmica na minha família toda, tios, primos...
Tenho o mesmo perfil, pais casados há 52 anos e no processo terapêutico encontrei várias situações que podem justificar as minhas adubadas na vida , terapia é vida
O combinado não sai caro! Todos os acordos, dentro do respeito aos limites do outro, sao válidos. Eu tive pais monogâmicos, mas eu tenho varias ressalvas sobre esse modelo.
Manu, com todo o respeito, penso que você é um belo homem. Não somente na forma física da coisa, mas justamente de um jeito meio cajuína de ser. Obrigado por compartilhar e se abrir pra trocar conosco.
Estou bem, mas gosto de ver os seus vídeos. Me deixa em paz
Sou de 92 e, sinceramente, não sei o que sou! Já vivi um amor não-monogâmico anos atrás, que acabou sendo motivo de pauta da minha terapia até hoje. Sentia ciúmes sim, mas tentava colocar na minha cabeça que estava tudo bem, que a conexão que eu tinha com ele era única e não seria substituída. Mas quando o ciúmes vinha do outro lado era sempre carregado de julgamentos, de “você também ficou com outra pessoa”, argumentos que faziam eu me sentir culpada por algo que ele também fazia. Deixei de sentir vontade de ficar com outras pessoas, e se ficava, era só pelo fato de me sentir obrigada por sei lá o que. Depois acabei descobrindo que enquanto ele me julgava por ficar com outros, ele estava passando o rodo em geral e até ficando com “amigas” minhas (nessa etapa eu estava fazendo um intercâmbio fora do país).
Depois disso eu tive relacionamentos monogâmicos, mas que foram a ruína por eu não ter conseguido me desconectar da abusividade do relacionamento NM. Achava que as pessoas me tratavam bem demais e que pareciam estar mais apaixonadas do que eu (???????), quando na verdade só estavam me oferecendo o mínimo.
Meu último namoro foi monogâmico, mas eu cheguei a falar pra minha psicóloga que eu acho que a monogamia não parece ser pra mim… eu sentia muita vontade de ficar com outras pessoas, e queria que ela ficasse também! Não rolou. Eu me sinto bem nos dois tipos de relacionamentos, mas os dois me decepcionam também.
Sou filha de pais divorciados, mas que hoje em dia são melhores amigos! Eu sempre acreditei no casamento. Quando eu era adolescente, meu sonho era casar de véu e grinalda. Acho LINDO e INCRÍVEL quando vejo casais casados por tanto tempo e que ainda existe parceria e amor. Porém, depois das minhas vivencias e de ver tanto casal APARENTEMENTE “massa” se divorciando (porra, a Sandy e o Lucas se divorciaram!!!), eu não sei mais no que acreditar. Juro que quando escuto e vejo declarações como “casados há 16 anos, e eu te amo cada dia mais!”, eu fico pensando: isso é possível mesmo? Tá querendo enganar a quem?. Ao mesmo tempo, várias vezes em conversas com amigas, quando eu resolvo acreditar no amor, comentários de “ihhhhhh, não se engana não”, são bem frequentes. E logo mais histórias são adicionadas as minhas noias.
Então sei lá… só sei que nada sei. Essa é a verdade. Pessoas são falhas e nada é perfeito. Só queria encontrar o caminho menos sofrido (quem não quer?).
Conhecendo o canal agora. Agradeço muito pelo conteúdo, que coisa boa!!! ❤
Obrigada pelas reflexões, Manu! Obrigada por existir!
Oi Manu. Gostei do vídeo, gosto da hipótese da inferência e da relação disso com o contexto social e cultural do mundo ocidental do último século até aqui.
Não pretendo responder todas as suas perguntas (talvez não responda nenhuma) mas fiquei pensando em diversas coisas ao ver esse vídeo; vou pontuar algumas:
Me parece que você tá tratando a diferença entre monogamia e não monogamia como uma diferença entre possibilidade ou não de ter mais de um parceiro afetivo-sexual, e pensando possíveis vantagens e desvantagens a partir disso; ou seja, parece que a não-monogamia é quando essa possibilidade é efetivada (já que a possibilidade existe em ambas as modalidades). Apesar desse discurso ser bem presente entre várias pessoas, a NM como movimento político não é pautada na pluralidade de relações amorosas simultâneas, essa possibilidade é levada a sério e considerada por cada um, que pode decidir como manejar a exclusividade afetivo-sexual em sua vida. Acho que essa questão acaba mesmo virando uma pressão, como uma forma de validar e definir relações de pessoas não-mono, quando na realidade, pessoas NM podem perfeitamente viver relações com exclusividade afetivo-sexual.
Logo, acho que vale ressaltar que a NM é um movimento que propõe abrir um espaço pra que as pessoas discutam temas presentes no vídeo: há garantia de não abandono na monogamia? como isso é reforçado pela sociedade? como eu lido com isso nas minhas relações? qual trabalho eu faço pra construir novas maneiras de se relacionar? como eu lido com controle? como eu lido com ciúmes? etc.. O campo da não-monogamia (quando não é discussão rasa de twitter) me deixa muito animada por ser justamente o campo de pontos de partida, que, além de criticarem a estrutura monogâmica, oferecem guias para as pessoas viverem suas relações.
Concordo com as reflexões sobre dependência. Sinto que uma NM séria está longe de oferecer a poligamia como resolução da necessidade de controlar o encontro e de evitar o abandono. Uma NM séria tenta abordar essas questões de maneira franca, admitindo o risco e pensando formas de se relacionar (e não regras). Daí podem surgir várias modalidades (inclusive a exclusividade afetivo-sexual) mas que já não pretendem chegar no mesmo lugar prometido pela monogamia
Muito boas as colocações, obrigada por esse comentário!
Uma coisa é certa: a NM vai muito mais a fundo em questões importantes como vc citou. Ao que parece a monogamia é algo "já pronto" então não há o que discutir, vc conhece uma pessoa, se apaixona e o contrato de exclusividade está feito muitas vezes sem nem haver uma conversa. Ninguém discute como cada um lida com seu desejo, ninguém nem pensa nisso, ninguém para pra analisar de onde vem os medos e como lidar com eles, na monogamia, "é tudo normal". É "normal" eu sentir muito ciúmes do meu namorado...será mesmo? Quem ama não sente vontade de transar com mais ninguém. Será mesmo? Enfim...acho que a partir de uma relação NM a gente aprende, pelo menos a se conhecer muito melhor. Deixando claro aqui que sou "monogâmica preguiçosa" ambos eu e meu marido concordamos que é muito mais gostosinho ficar aqui nessa relação saudável do que se aventurar nos Tinder da vida kkkkkkk.
Ah Manu, como é bom te ouvir! ❤
FAZ TODO SENTIDO! Obrigada pela análise, ajuda muito a entender muitas coisas desta estrutura maluca que é a existência.
Amei essa análise!! Muitas pra pensar e fez muito sentido pra mim!
Nao assisti ainda, vou procurar pra ver
pra sua pesquisa, Manu: eu sou super monogâmica.. tive uma família nuclear tradicional, pais casados até hoje (apesar de não terem uma boa relação), sou filha única, mas meus pais sempre trabalharam muito e eu fiquei mais na escola o dia todo, apesar de ter sido cuidada também pela minha avó e por babá
Vivo uma não-monogamia não-hierárquica faz 4 anos e meio. Antes disso fui casada monogamicamente por 5 anos.
Tem ciúme, tem angústia, tem caos mental (acho que não tem como não ter). Mas pra mim foi como sair do armário, um sentimento profundo de leveza, sensação de pertencimento e reconhecimento. Não consigo imaginar "voltar" pra esse armário. Cresci com pais divorciados e fui criada por uma tia-avó que nunca se casou nem teve filhos e era a mulher da minha família que eu mais admirava e me espelhava. Ela parecia a mulher mais feliz e leve de todas da família.
Polêmico 😅 vou assistir agora
Muito bom! Por favor, fale mais sobre a agamia. Não sabia disso. Acho q é meu caso, viajando pelo mundo, sem querer relacionamento (no momento).
Com minha prática clínica percebo as pessoas procurando relacionamentos não-monogâmicos por não dar conta das faltas do objeto (parceiro), são pessoas que procuram faltas no outro, pois tem o funcionamento infantil de se manter ideal a figura do parceiro (não inteira - só ver o que eu quero ver). São as mesmas pessoas que buscam por intimidade, porém elas mesmas não conseguem ter. Pois para ter intimidade, precisa ser inteiro, sem estar idealizado e idealizar o outro. Complicado tudo isso rs.
Várias afirmações arbitrárias pra tatar de casos anedóticos. Teu comentário é o suco do senso comum.
@@LeoGig Perdão Leo, eu não costumo colocar os autores ao qual eu me embaso em um comentário no RUclips, então fica uma forma mais espontanea de escrita, faço isso mais em pesquisas. Mas é só ler Freud e Bion. Autores mais contemporaneos - Ana Suy e Alexandre Patrício.
@@maryelizabeth19 mas... "Com minha prática clínica percebo"...
@@LeoGig Sim Leo, na clínica trabalhamos com embasamento científico (que são os que citei no caso de relacionamentos amorosos, édipo, etc.) + vivência clínica (experiência analítica). Mas entendo sua colocação, é que num comentário do RUclips eu realmente escrevo de forma espontanea e não muito analítica, rs. Escrevi "com minha prática clínica..." pois eu realmente gosto de encaixar a teoria na vivência, ainda não encontrei nenhuma vivência de relacionamentos não-monogâmicos que alcance potenciais desenvolvimentos psíquicos, pelo contrário, vejo mais uma cisão e um retrocesso ao desenvolvimento, mas estou aberta para ouvir casos que me digam o contrário.
@@maryelizabeth19 Pois então só prova que não passa de casos anedóticos e uma generalização do que você encontrou na sua vivência prática. Logo, suas afirmações são arbitrárias e fruto do senso comum.
Pra pesquisa: Tenho pais casados e vivos, a relação deles sempre foi bem tradicionalista. Sou homem gay cis, tenho um relacionamento de 9 anos, destes 5 monogamicos, 3 trisal fechado, há pouco mais de um ano poliamoroso (aberto) e tem funcionado relativametne bem.
um video extremamente didático
A segunda parte foi o vídeo todo! ❤
Eu assisti e adorei!!
Gostei muito do vídeo. Eu estava refletindo sobre como as pessoas que vivem uma relação não monogâmica passam a impressão (ou nós que somos preconceituosos?) que quem segue esse modelo de relacionamento parece estar sempre se relacionando com outras pessoas. Mas eu lembro de um casal que abriu o relacionamento e mesmo depois de anos ainda não tinham se relacionado com outros parceiros. Eu nao me considero muito sexual e sou bastante preguiçosa para sair, marcar date, etc. Então acho que existe um preconceito sobre os não monogâmicos darem valor e ênfase a prazeres, etc, mas não necessariamente isto acontece.
Bom, eu me identifico como advindo de uma família monogâmica. Meus pais trabalhavam fora e na infância fui criado também pela minha vó pelas manhãs. Eu fico muito dividido entre a monogamia e a não-monogamia. Primeiramente, eu acho que a não-monogamia nos conecta a princípios mais instintivos e de liberdade, onde podemos vivenciar relacionamentos com base na curiosidade e no prazer (seeking, gozo, talvez dominação). Porém, a monogamia surge para mim como uma necessidade (no passado) de proteção da mulher (para o homem não “sumir” se houver gestação) e de proteção para ambos (alguém para cuidar na velhice). Atualmente a medicina evoluiu e talvez estas necessidades já não fazem tanto sentido.
Oi Manu! Como sugestão de vídeo eu gostaria de um sobre a Dark Tetrad.
Percebo padrões da tríade / tédrade junto a minha família e a outros círculos próximos a mim.
E o ângulo que eu gostaria do vídeo seria exatamente como detectar em si, mais até que nos outros, padrões de comportamentos dessa tétrade, pois ela me parece incompatível com a formação de vínculos. Ao menos, de vínculos saudáveis.
Eu hoje prefiro a monogamia. Se eu estiver equilibrada e bem eu não sinto ciumes, quando eu estou insegura e triste sinto muito ciumes. Minha estrutura familiar foi pais separados, se separaram quando eu tinha 3 anos.
Acredito na monogamia, pois acredito que são escolhas conscientes que fazemos. Vim de um lar que inicialmente era estruturado e se quebrou na adolescência com a traição do meu pai e a separação conturbada deles. Acredito que trago o sentimento de rejeição comigo. Já ciúme, tbm, pois sempre fui muito ciumenta em todas as relações, acredito q pq eu sentia uma predileção ao irmão mais novo. Mas o ciume hj so acontece se a insegurança surgir. E agora aos 38 anos saio de um relacionamento que teve muitas tentativas de monogamia, mas me envolvi com alguém que se dizia não monogamico, mas mais pelo intuito do sexo. Já eu, não consigo entender como desejar outro alguém, uma vida sexual muito boa entre nós. Aparentemente eu me concentrava em coisas diferentes, meu tempo era mais preenchido... Essa insegurança me matava por dentro, ansiedade e varias outros problemas emocionais vieram a tona. Não sei, talvez seja pela estrutura familiar horrorosa q ele teve e tem... eu n sei, talvez seja apenas mais um narcisista. Mas as considerações desse video me fazem muito sentido.
Muito bom!
Fui criada por pais casados e infelizes, obviamente havia traição. até haver a morte de um dos pais. Ainda assim, eram amigos.
Sou monogâmica mas solteira há alguns anos, tenho achado difícil encontrar com quem me relacionar.
Quando namorei, sentia atração por outras pessoas, mas nada que tornasse muito dolorido me manter fiel e não gostaria que um homem se relacionasse com outras pessoas me namorando (honestamente, já não acho que a maioria deles se dediquem muito em uma relação só, imagina em mais de uma)
Emmanuel, não estou conseguindo sustentar nem a relação com um homem apenas, quem dirá com várias pessoas. Rs assisti o vídeo pra entender talvez o meu sofrimento e o termo AGAMIA foi novidade pra mim. Poderia nos ajudar falando um pouco mais sobre isso, por favor? Gratidão por tudo, abs.
Oi Manu! Me identifiquei em vários pontos, porém não vejo a não-monogamia como uma escapatória para buscar várias ou nenhuma garantia... Pra mim a não-monogamia surgiu como uma liberdade sim, mas do Ideal que agrega valor e energia somente em relações ativo sexuais. Foi quando vi que não faz sentido, pra mim, buscar apenas uma única "garantia" e um lugar em que fosse "escolhida", que pude perceber que o que sempre me faltou foi o acolhimento genuíno e amor com trocas justas, entre amigos ou pares românticos, sem precisar separar em caixas e me estreitar para caber em alguma...
A não-monogamia como lugar que nutre o amor entre amigos, familiares ou par sexual da mesma forma, sem agregar mais valor a um do que o outro... Acho que é uma discussão que parte principalmente do sistema capitalista de poder e propriedade. E, só a partir daí podemos compreender que não tem relação com quantidades e sim com a qualidade dos afetos.
Exaaato
Queria marcar um encontro pra papear com algumas pessoas que estão comentando aqui hahah ❤
Vivi em um lar católico e com valores que eu admiro e me encaixo bem ate hoje! Gosto da monogamia e não me vejo em outro modelo e nem quero saber de outros kkkk
Eu acho que relacionamento a dois já é complicado, a três ou mais então, sassinhora! Agora, o lance é saber que o outro sempre é livre para experimentar seja lá o que for e segurar as pontas quando isso vier... tudo é diálogo.
Curiosamente, várias coisas se tornam menos complicadas. Tem muita coisa que é contra intuitiva na NM.
@@nandacastelobranco Eu acho que o que pega pra mim é o tempo. Eu mal tenho tempo pras minhas amizades, como teria tempo pra mais de uma pessoa. Mas isso é individual. Eu sou MP, monogâmica preguiçosa, tenho nem vergonha de assumir que só não sou NM por pura preguiça :P
@@lauragoiaba hahaha entendo e pensava assim também. Mas minha teoria e experiência é que essa percepção vem do padrão monogâmico de como as relações demandam energia da gente. Na NM, sinto que amizades e outras pessoas podem nos dar mais energia e dividir as tarefas com a gente, o tempo até rende mais ☺️
@@nandacastelobranco Bom, eu tenho a minha volta somente pessoas que incluem coisas positivas na minha vida, que me dão energia e me ajudam, porém, na minha vida, não tenho tempo pra além dessas pessoas que já estão aqui, pois não é que demandam minha energia, eu gosto que minhas relações tenham um tempo de qualidade muito bom. Pra mim, NM é um conceito até meio fantasioso, pra além da realidade. O que a minha experiência me diz é que uma pessoa vai usar todos os argumentos possíveis e impossíveis quando quer que algo funcione e que os outros aceitem isso também, mas nem sempre é a realidade. Prefiro dormir 8hs por noite do que ter mais um namorado. Mas de novo, é só minha opinião.
Eu sugeria cruzar essas análises com a condição da mulher no Brasil, que têm me chamado muito a atenção, e me fez de fato entender como mulher e esse lugar de “objeto” disputado por filhos e marido (s) se é uma disputas q ela de fato em algum momento vai ter escolha, ou se de acordo com as duas falas ela não vai ser literalmente um objeto. E a predominância se dá por entendimento dos homens, e benefícios próprios, pras duas relações. Pra isso eu sugiro Valeska Zanello. E pra além dessas relações humanas uma pessoa que me deixou muito mais feliz com o debate de mono, não mono a q mais eu entendi a lógica foi Geni Nuñez, q traz o ponto pra além da cultura europeia burguesa, eu vi q vc trouxe no início essa coisa do outras culturas e tal, mas bem rápido. Mas não pq mas senti falta dessa amplitude, visto q as mulheres q se questionam mais como resolver a vida amorosa, já q ainda não entendemos q a vida além desse âmbito. E q já está meio estabelecido pros homens q poli ou mono, isso não interfere a eles já q estão sempre em poder de escolha.
Estou achando interessante como divergem a leitura do filme, e também a variedade de causas e consequências sobre experiência com os pais, e escolha afetiva.
O filme eu li de forma muito diferente da que está sendo debatida no vídeo. Pra mim, o filme mostra uma criança se encantando e desencantando com o mundo. Uma criança com corpo de adulto. E daí vem o exercício especulativo super interessante que o filme propõe. O que faria uma criança num corpo de adulto? Uma criança deseja ser o centro de todos, e da proeminência de suas necessidades. Por isso ela estava tão protegida contra as investidas do típico homem narcísico que se apaixona por ela. Este, na verdade, pra mim, foi o central do filme, e não a sua liberdade sexual. Ela tem o antídoto do homem narcisista: ser tão narcisista quanto ele. O filme é muito eficaz em desmontar a autoestima do homem hétero. Enquanto ela está investida nos seus desejos, o homem está o tempo todo com a fantasia de que ele é o alvo dos desejos dela. Por isso pra mim soou feminista. E não pq ela ela seja não-monogâmica.
Emanuel, tenho 38 anos, filho de pais casados. Sua hipotese faz sentido no meu caso, minha mae sempre trabalhou bastante. Estou e me sinto bem com um relacionamento monogamico, embora os pensamentos de apenas querer transar com outras pessoas sejam muito forte e constantes, gerando a duvida se so esteja em um relacionamento monogamico nao por uma escolha, mas o que eu consegui .
Emanuel, você pediu para relatarmos algumas coisas, então, segue os meus relatos de vida:
Tenho 27 anos, fui criada por uma familia monogâmica tradicional. Meu pai nunca traiu minha mãe e nem minha mãe traiu o meu pai, o motivo do divórcio deles foi controle. Minha mãe é muito expansiva e meu pai ciumento, na época, ele usava álcool e perdia a noção das coisas, chegou em um ponto, onde eu com 12 anos, informei a minha mãe que estava saindo de casa pois não suportava mais viver naquela pressão toda. Tenho uma irmã mais velha do que eu, 9 anos, me lembro de quando eu era criança ter muito ciúmes por ela poder fazer coisas que eu não podia, porém, natural, uma criança de 5 anos não pode fazer as mesmas coisas que uma adolescente de 14, mas eu não compreendia isso. Fui criada pela minha avó, que mesmo separada do meu avô, morava junto com ele, só dormiam em quartos separados, pela minha tia e a minha irmã, eles cuidavam de mim enquanto meus pais trabalhavam.
Sempre tive uma conexão muito forte com meu pai, éramos muito amigos, com a minha mãe fomos nos aproximar quando as coisas começaram a ficar feias em casa, mas ela meio que cumpria o papel da figura paterna, sabe? Na minha adolescência, morávamos na casa da minha avó, mas não éramos próximas. Eu era muito chegada a minha tia, hoje os meus gostos e personalidade são muito semelhantes ao dela.
Quanto aos relacionamentos, já vivi alguns, o mais duradouro e que teve o rótulo de namoro foi de 7 meses, o sem o rótulo foi de 2 anos.
Já vivi a monogamia e gosto dela demais, porém, fui mais feliz no meu relacionamento não monogâmico, éramos um trisal, eles ja tinham um filho, só não vingou pois ela desenvolveu muito ciúmes dele comigo. Não me considero uma pessoa ciumenta desnecessáriamente e hoje, estou solteira desde o dia 01/01/24, quando disse pro rapaz que iria retomar meus estudos e ele disse que sabia que nossa relação tinha "prazo de validade", me falou a data e tudo, achei aquilo um desaforo, tendo em vista toda a energia que eu ja tinha colocado em nós e tudo que eu já tinha me disposto a fazer desde que ele tomasse a simples ação de procurar uma casa maior por conta do filho dele e se acertar na justiça com mãe do filho dele. Acredito que meus pedidos não foram absurdos, o lugar que ele morava era insalubre pra uma criança, não é atoa que sempre que ele está com o baby, fica na casa da mãe. Logo, essa é uma parte da minha história.
Se quer saber como estou hoje, hoje eu estou focada nos meus estudos, não quero saber de me relacionar romanticamente tão cedo, todas as pessoas que eu sai desde então, nao sabem nem o meu nome de verdade, e isso pra mim no momento ta sendo uma forma de manter o foco e me proteger. Porém, posso estar enganada, as vezes acho que algumas pessoas não tem o necessário para um relacionamento estável e acredito que sou uma delas, mas eu adoraria envelhecer ao lado de alguém e enfrentar os dias bons e ruins.
Me considero não mono. Minha infância foi numa casa com pai, mãe e irmão mais novo (e mais uma renca de irmãos e irmãs da minha mãe que moraram temporariamente conosco). Não tive problemas com a chegada do meu irmão, se alguma vez senti ciúmes dele não lembro; o mesmo acontece com minha mãe e pai, não me lembro de ter esperienciado ciúmes. Eu e meu irmão não brigávamos, era uma casa relativamente tranquila, exceto pelas discussões dos meus pais.
Achei engraçado: "o vídeo é pra quem está com problema", e existe alguém sem problemas emocionais? Eu separo as pessoas em aqueles que sabem e o que não sabem, dos problemas. Obrigada pelos vídeos Manu 😘
Inclusive meus namoros nunca tiveram um grande problema de ciúmes. Sempre confiei e fez sentido, ou confiei até não poder confiar mais. E não permito desconfiança do outro, não permito tamanho controle, se nos gostamos, temos que ter nossa individualidade. Sou millenial
Sobre a não-monogamia e a agamia, penso que uma das possibilidades que podem ensejar o seu desenvolvimento é justamente um contexto de infancia aunmetida a uma criação superprotetora por parte dos pais, fazendo com que o indivíduo nunca se sinta livre/autônomo. Uma vez atingida a vida adulta, a pessoa busca "compensar" essa situação, colocando-se no centro da sua vivência e, ainda que inconscientemente, associando um relacionamento monogâmico como uma remontagem daquela situação de dependência em relação aos pais.
tive a impressão de q a não monogamia de q vc fala é essa do imaginário social e da academia, para a qual é sobre quantidade de parcerias amorosas, gozo, consumo, potência...quando pode ser tbm, pelo contrário, uma ampliação das redes de cuidado. gostei de todo modo do lembrete psicanalítico de que temos um passado que estrutura nossas fantasias, ou seja, não é simples como uma escolha entre diversos modelos numa prateleira, mas implica mudanças profundas, subjetivas e sociais
*ampliação das redes de cuidado independentemente da qnt das parcerias sexuais, q pode ser uma, mts ou nenhuma. enfim, não custa repetit: não é sobre quantidade
Como é o nome do filme que vc citou no início mesmo?
é possível não querer, só por não querer?
Thi is us . Comente.
Me pareceu uma psicanálise.
Amei.
Dançar uma música com o par de acordo com os passos que se aprendeu na infância. Tentar dançar a dança que menos pisam no nosso pé. Seria então as relações buscas por proteger aquilo que cria-se de lacuna internamente? (indagação). Talvez busquemos o "menos sofrer" ainda que soframos em qualquer que sejam as estruturas e posições das relações.
Tem uma pagina surreal de boa no insta chamada Marxismo não-monogamico, em que a pessoa pesquisadora sempre traz muitas reflexões muito boas sobre essa relação entre o modelo monogâmico e o nosso contexto social capitalista vs. como a monogamia pode ser uma forma de viver "anticapitalista", no sentindo em que promove relações que (em tese, pelo menos) nao funcionam sob essa lógica da propriedade/posse, em que até a pessoa com quem compartilhamos a vida 1. É minha, logo não pode ser 'objeto' de satisfação de mais ninguém (ainda q só na fachada rsrsrs); e 2. Precisa e é capaz de satisfazer todas as minhas necessidades físicas e emocionais...
Esse vídeo foi uma lapada, identifiquei demais esse padrão nas minhas escolhas de vida.
E achei interessante demais unir essa reflexao com a ideia anticapitalista, inclusive num sentido mais panorâmico, em que esse modo de relação excluvida e monogâmica também acaba enfraquecendo no nosso subconsciente a capacidade/intencionalidade de formar vinculos mais comunitários/coletivos do que privados/nucleares, e a nivel macro, comprometendo a possibilidade de sequer imaginar uma visão de sociedade que se construa política e socialmente com vinculos, ações, decisões, políticas públicas voltados p o interesse coletivo/social (de inumeros objetos), enquanto parece lógico e a única alternativa viável manter a 'comunidade' totalmente divida em núcleos familiares/burgueses que concentram em células muito menores seu senso de solidariedade, cuidado, empatia... Mas também sua propriedade em sentido financeiro mesmo.
Recomendo demais a pagina "Marxismo não-monogamico" no insta
Olá Emanuel.
Talvez pelo foco nas conexões entre a infância e o modelo relacional da vida adulta você tenha negligenciado as motivações da vida adulta, motivações políticas, etc.
Uma boa parte das pessoas que se identificam não monogâmicas não estão necessariamente em busca de resoluções para os problemas afetivos nem de experimentações sexuais, individualistas, etc (isso dá pra fazer na monogamia).
Existem motivações políticas de contestação a monogamia enquanto estrutura socialmente imposta (sim, imposta... visto que não lhe são oferecidas possibilidades e referências diferentes, ferramentas pra lidar com outras afetividades, fora as punições sociais a quem ousa romper esse padrão imposto) e instrumentalizada para controle de corpos (especialmente corpos femininos).
Existe ainda a percepção de que a maioria das pessoas já não são contempladas nesta idealização de família mono-cis-hétero-normativa e que isto se quer é condizente com a realidade da maioria das famílias (geralmente compostas por mulheres que cuidam das crias sendo solo ou com o apoio de outras mulheres da família).
Eu ainda poderia citar a crítica de uma sociedade patriarcal, de um modelo relacional colonialista oriundo de perspectivas religiosas com as quais nem todos compartilham, a relação entre os papéis de gênero nas relações monogâmicas e a violência contra a mulher, etc... mas vou encerrar mencionando que as não monogamias também objetivam relações não centralizadas em sexo, amor romântico, exclusividade e hierarquização, além de tentar desconstruir a ideia de que nossas felicidades e "bem sucedimento" depende de uma procura insana por percorrer estes degraus de solteirisse, namoro, noivado, casamento, lua de mel, filhos e juntes até que a morte (ou a traição, ou a violência, ou finanças) lhes separem.
A monogamia não funcionou para o meu pai, ele teve N relacionamentos fora do casamento e em dois desses teve filhas, e uma delas sou eu. Essa traição fez com que minha vida fosse completamente zoada no que se trata de estrutura familiar, fui criada por uma família de amigos do meu pai, onde pude observar muitos relacionamentos onde as pessoas estavam visivelmente infeliz, frustradas, relações onde não havia mais o respeito, mas “não podiam” se separar por serem evangélicos. Já crescida pude ver o tantooo de infidelidade que existe, e já fui infiel, a sensação é péssima.
Somando as coisas que vi acho que o “certo” seria abrir a relação em algum momento pra não “castrar” o desejo do outro e o meu (que já não é tanto), porém a ideia de que nesse rolê de meu cônjuge estar conhecendo outras talvez mais interessantes, bonitas, engraçadas, eu possa ser deixada de lado me causa ansiedade, ao mesmo tempo que me conscientizo de que isso pode acontecer em um relacionamento aberto ou fechado pelo simples fato das pessoas serem livres. Estamos a 6 meses juntos somos geração Z kkk, nesse tempo tive vontade de ficar com um cara, contei pra ele e então decidimos fechar o relacionamento por tempo indeterminado kkkk, sinto ciúmes e ele também, mas é certo que vai abrir um dia …
Nada é para sempre...nem a vida
Eu nasci em 1983, filho de pais separados desde que tenho un 2 anos, fui criado pelo meu pai. Nunca acreditei no modelo monogâmico, pois observava a sociedade e via traições acontecendo com frequência (e pessoas perdoando tais traições).
De alguma forma, nunca acreditei nesse modelo de exclusividade, muito menos no amor eterno ou na alma gêmea.
Desde meu primeiro relacionamento, aos 16 anos, vivi em relacionamentos abertos (a maioria deles sendo assim). Entretanto, raramente minhas parceiras e eu ficávamos com outras pessoas. Apenas existia essa possibilidade; às vezes acontecia, mas na maioria das vezes não.
É importante ressaltar que a não-monogamia não se trata da quantidade de parceiros afetivos; na verdade, vai muito além disso.
A não-monogamia trata mais das hierarquias no amor romântico.
Na monogamia, seu parceiro afetivo/sexual é a coisa mais importante (ou espera-se que seja) em sua vida. Você abre mão, por essa relação, de amigos, familiares e outras relações de afeto, e se fecha nesse núcleo.
É extremamente comum que pessoas monogâmicas, ao começarem a namorar, se afastem de amigos. Isso é o esperado. E há diversas outras restrições que um relacionamento monogâmico clássico impõe: a pessoa não pode sair sozinha, não pode ter amigos do sexo oposto, e assim por diante.
E quando falamos de gênero, para as mulheres, a monogamia é ainda pior. Frequentemente, as expectativas sociais atribuem às mulheres a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso do relacionamento, enquanto os homens são frequentemente autorizados a buscar relações extraconjugais sem o mesmo estigma. Todos já ouvimos frases como: "homem é assim mesmo" ou "se procurou na rua é porque não tinha em casa", e coisas do tipo.