Se eu entendi bem, Hamlet não bateu de frente com a ordem, até porque tinha dúvida moral sobre o certo a se fazer, mas Hamlet seguiu o fluxo dessa ordem 'desordenada' e fez ações que pudessem mudar o seu curso, de forma que ela própria pudesse reagir e se reorganizar. É isso?
É uma peça complexa, aberta à interpretações diferentes, porém claro que baseadas nos fatos apresentados na obra. Eu discordo, respeitosamente, da interpretação do professor Monir. Vejo Hamlet como um sujeito desconfiado, atrapalhado e indeciso, ao mesmo tempo que justo, honesto e valente. Acredito ter sido um erro Hamlet adotar como estratégia a simulação da loucura, não trouxe nenhum benefício a sua causa, pelo contrário, fez com que o Rei Cláudio colocasse vigias no seu encalço dia e noite, levou a Rainha a ficar extremamente aflita e preocupada com o bem estar do filho, gerou o assassinato errôneo de Polônio que iniciou um efeito cascata funesto, com a loucura e suicídio de Ofélia e, em sequência, com a busca impulsiva de vingança por Laerte que, manipulado pelo Rei Cláudio, ocasionou a chacina geral ao final da peça. Hamlet não poderia levar o Rei Cláudio à justiça, visto que seu álibi e única prova era o relato de um fantasma, por mais que fosse verídico, portanto a única esperança de justiça seria obter uma confissão de Cláudio, já que não haviam provas ou testemunhas para o crime cometido. Como não há possibilidade de obter justiça, Hamlet se encontra num dilema, representado no famoso monólogo do "ser ou não ser", onde ele apresenta a seguinte dúvida moral: deve suportar na alma a angústia funesta ou matar Cláudio ocultamente, e assim obter vingança mas não justiça. Para mim este é o ponto central da peça, e após Hamlet comprovar o relato do fantasma com a reação de Cláudio à encenação do assassinato na peça, ele decide por vingança. E já sabemos o desfecho que levou. O Profº Monir argumenta que Hamlet seria um dos maiores heróis da literatura, pois o seu objetivo seria o reestabelecimento da ordem no reino e que ele teria alcançado esta ordem ao fim, quando todos morrem e então Fortimbrás toma o reino da Dinamarca. Discordo novamente, pois o professor afirma que a origem do caos veio quando o velho Rei Hamlet conquista as terras do velho Rei Fortimbrás, porém está descrito no Ato I cena I como isso se sucedeu: o velho Fortimbrás havia desafiado o Rei Hamlet para guerra, e num pacto selado por lei estava descrito que ao vencedor caberia as terras do vencido. Portanto foi de maneira justa que o velho Hamlet obteve o terreno que era de Fortimbrás. E se, mesmo de maneira justa este ocorrido originou o caos, não há reestabelecimento da ordem ao final da peça, pois o jovem Fortimbrás não apenas reconquista as terras perdidas pelo seu pai, mas toma o reino da Dinamarca, ou seja, não há ordem, pois dessa vez é o lado Norueguês que ganha, apenas inverteram-se os lados e o caos persiste, novamente não há justiça sendo feita. Na minha opinião a peça é sobre vingança e justiça, vingança leva ao caos e a morte, enquanto justiça levaria a ordem, e que a vida é feita de escolhas e das consequências dessas escolhas.
Resumo - www.4shared.com/s/fXo46Wa9Mca
Você faz um grande serviço a sociedade disponibilizando esses videos. Obrigado por postar.
Quando ele começa a falar de cosmologia, acontece aquele descortinar da Verdade. É Belo mesmo.
Sentido do obra 56:55 - 1:33:50
Obrigado pela marcação.
Obra de importância extraordinária. Você aprende muito!
Excepcional! Sem palavras.
1:10:00 diferença entre drama e tragédia
Sensacional!!!Parabéns por difundir essas pérolas!!!!👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Muito obrigado por postar esse material riquíssimo! Deus te abençoe!
Uma aula extraordinária. Bravo!!
Bom demais
O áudio data de 25/08/2007
Volta em 4:07
1:19:00 coro x bobo
Se eu entendi bem, Hamlet não bateu de frente com a ordem, até porque tinha dúvida moral sobre o certo a se fazer, mas Hamlet seguiu o fluxo dessa ordem 'desordenada' e fez ações que pudessem mudar o seu curso, de forma que ela própria pudesse reagir e se reorganizar. É isso?
É uma peça complexa, aberta à interpretações diferentes, porém claro que baseadas nos fatos apresentados na obra.
Eu discordo, respeitosamente, da interpretação do professor Monir.
Vejo Hamlet como um sujeito desconfiado, atrapalhado e indeciso, ao mesmo tempo que justo, honesto e valente.
Acredito ter sido um erro Hamlet adotar como estratégia a simulação da loucura, não trouxe nenhum benefício a sua causa, pelo contrário, fez com que o Rei Cláudio colocasse vigias no seu encalço dia e noite, levou a Rainha a ficar extremamente aflita e preocupada com o bem estar do filho, gerou o assassinato errôneo de Polônio que iniciou um efeito cascata funesto, com a loucura e suicídio de Ofélia e, em sequência, com a busca impulsiva de vingança por Laerte que, manipulado pelo Rei Cláudio, ocasionou a chacina geral ao final da peça.
Hamlet não poderia levar o Rei Cláudio à justiça, visto que seu álibi e única prova era o relato de um fantasma, por mais que fosse verídico, portanto a única esperança de justiça seria obter uma confissão de Cláudio, já que não haviam provas ou testemunhas para o crime cometido.
Como não há possibilidade de obter justiça, Hamlet se encontra num dilema, representado no famoso monólogo do "ser ou não ser", onde ele apresenta a seguinte dúvida moral: deve suportar na alma a angústia funesta ou matar Cláudio ocultamente, e assim obter vingança mas não justiça.
Para mim este é o ponto central da peça, e após Hamlet comprovar o relato do fantasma com a reação de Cláudio à encenação do assassinato na peça, ele decide por vingança.
E já sabemos o desfecho que levou.
O Profº Monir argumenta que Hamlet seria um dos maiores heróis da literatura, pois o seu objetivo seria o reestabelecimento da ordem no reino e que ele teria alcançado esta ordem ao fim, quando todos morrem e então Fortimbrás toma o reino da Dinamarca.
Discordo novamente, pois o professor afirma que a origem do caos veio quando o velho Rei Hamlet conquista as terras do velho Rei Fortimbrás, porém está descrito no Ato I cena I como isso se sucedeu: o velho Fortimbrás havia desafiado o Rei Hamlet para guerra, e num pacto selado por lei estava descrito que ao vencedor caberia as terras do vencido. Portanto foi de maneira justa que o velho Hamlet obteve o terreno que era de Fortimbrás.
E se, mesmo de maneira justa este ocorrido originou o caos, não há reestabelecimento da ordem ao final da peça, pois o jovem Fortimbrás não apenas reconquista as terras perdidas pelo seu pai, mas toma o reino da Dinamarca, ou seja, não há ordem, pois dessa vez é o lado Norueguês que ganha, apenas inverteram-se os lados e o caos persiste, novamente não há justiça sendo feita.
Na minha opinião a peça é sobre vingança e justiça, vingança leva ao caos e a morte, enquanto justiça levaria a ordem, e que a vida é feita de escolhas e das consequências dessas escolhas.