Marisa Orth diz que lutas por espaço são legítimas, mas limitam: ‘A graça era brincar de tudo’

Поделиться
HTML-код
  • Опубликовано: 24 ноя 2024

Комментарии • 3

  • @diromeu
    @diromeu Год назад +1

    Legal. Mais que legal, importante.
    Pode ser romantismo meu, mas talvez estejam começando a dar a volta. E precisava ser alguém como a Marisa Orth pra falar isso. Minha geração, minha turma, Equipeana. Ela fala muito precisamente o que eu penso.
    Eis o que penso:
    Pode ser porque eu seja um romântico, mas esta questão do identitarismo tem uma gênese muito nobre, que pode ser resumida na seguinte linha: todo mundo tem que ter voz. Meaning: não podemos passar a vida só ouvindo histórias "do macho adulto branco sempre no comando". Existem outras histórias e outros pontos de vista para serem contados, tão interessantes quanto. E todas as pessoas têm que ter acesso ao centro do palco. Isso é bem legal, e bem saudável, pro indivíduo, pro artista, pra sociedade e pra cultura. Ponto.
    Com o tempo apareceu a parte obscura deste pensamento, que pode ser resumido nessa linha: apenas preto pode falar de preto, apenas mulheres podem escrever sobre mulheres, apenas gays podem interpretar gays e assim por diante. O tal do "lugar de fala", uma perversão malsã de uma boa ideia.
    Já teve produtor que não me chamou para escrever um filme assumidamente porque era uma protagonista mulher. Também já escrevi como ghost-writer uma sinopse sobre Zumbi dos Palmares.
    Por algumas vezes quando alguém veio pra mim com esse papinho alucinado do lugar de fala eu respondi pra pessoa: eu topo conversar sobre isso, mas eu cobro um pedágio. Antes de falarmos você tem que me dizer que você acha que o filme A Garota Dinamarquesa é péssimo - lembrando que o filme foi interpretado por um cis, o roteiro foi escrito por um cis, baseado num livro escrito por um cis. E esse é só metade do pedágio, a metade fácil. A outra metade é a pessoa declarar em voz alta que ela acha que todas as músicas que o Chico Buarque escreveu na primeira pessoa do feminino devem ser proscritas e nunca mais executadas. Nessa hora costuma dar pau de tela azul no interlocutor bacaninha.
    Um negro que nasceu numa favela PODE SIM escrever sobre um branco milionário investidor da bolsa, mesmo que ele nunca tenha tido nem uma caderneta de poupança na vida. Porque o ponto de vista dele vai trazer coisas que talvez outros pontos de vista não vejam. E mais: no meu curso falo sobre a importância da pesquisa. O melhor jeito que achei de falar da importância disso foi com esta frase:
    "Trabalhos amadores não precisam de pesquisa. Todos os outros precisam.".
    Não existe escrever sem pesquisar, se é que sua intenção é fazer um trabalho de adulto.
    Para os atores isso tudo é verdade vezes 1000. Diz a lenda que o primeiro ator foi um cara que subiu numa plataforma e gritou pra todos da aldeia "Eu sou o rei!". A mágica deste momento é que ele não estava se comportando como um louco. Quem o assistia sabia que ele sabia que ele não era o rei, mas estava fingindo ser. Como disse Orth, a profissão de um ator é ESTAR fora do lugar de fala, senão nem ao menos é ator.
    Vai ver sou eu que sou um romântico. Mas a gente precisa voltar às origens desta ideia, que era boa, sã, inclusiva, diversa, importante, nobre e útil. Todo mundo tem que falar. E todo mundo tem que falar sobre tudo.
    Legal ser alguém do tamanho da Marisa falando isso. Ela me representa em 100%.

  • @jackelineherbertz3392
    @jackelineherbertz3392 Год назад

    Pura verdade

  • @maurieliocsc1430
    @maurieliocsc1430 Год назад

    👏👏