De fato, tanto que o texto me instigou a procurar mais sobre o tema e encontrei no UBUWEB um livro chamado STRUCTURAL FILM ANTHOLOGY editado pelo Peter Gidal. Abraço
Muito bom o vídeo! Lembrei de um livro do Jean-Claude Bernadet, Caminhos de Kiarostami. O ponto de partida dele é exatamente o flerte do Abbas com o cinema estrutural no filme Dez (desde a escolha do título). Ele comenta sobre a estrutura do Wavelength e também do Nostalgia do Frampton. É top demais esse livro.
Sim! O Kiarostami gosta de partir de alguns elementos arbitrários, especialmente na estrutura de alguns filmes, ainda que o conteúdo sempre acabe ganhando uma dimensão mais importante.
Valeu mesmo, Bruno!! Sempre bom saber disso. Até porque ainda tenho algumas dúvidas sobre o formato dos vídeos, mas acho que aos poucos tô encontrando um. Qualquer sugestão pode mandar.
Acho que ele tem alguns elementos de um filme estrutural, especialmente nessa relação auto-reflexiva de explorar várias questões técnicas da câmera, mas no geral é mais um documentário experimental com uma temática e até um lirismo já estabelecido.
Ótimo vídeo Arthur, dos cineastas citados alguns dos filmes que vi recentemente e que são fodidos são o "Side/Walk/Shuttle" do Gehr e o "To Lavoisier, Who Died in the Reign of Terror" do Snow. Os filmes do Takashi Ito e alguns curtas do Toshio Matsumoto (em especial o Atman) podem ser tb colocados nessa categoria de cinema estrututral?
Valeu, Vinicius. Tava assistindo alguns curtas do Ito esses dias na verdade. O Spacy com certeza dá pra chamar de estrutural, tanto pela lógica predeterminada dos frames como por ele assumir o dispositivo da câmera como o objeto principal do filme. O Matsumoto talvez seja um pouco menos impessoal e mais propriamente sensorial mas ainda assim existe uma articulação matemática bem forte.
Como são filmes que possuem um conteúdo muito forte, eu acho que não se adequariam. Um filme estrutural geralmente possui preocupações formais em que o conteúdo está, propositalmente, em segundo plano. O conteúdo é, muitas vezes, até insignificante. O Persona e Close Up possuem construções dramática muito elaboradas pra isso. Mas com certeza são trabalhos que flertam com uma experimentação formal, só não me parece que chegam ao ponto de ser um cinema estrutural.
Um filme estrutural não pode ter outro tema para além do cinema em si? Ou seja, não será possível utilizar a forma/estrutura para comunicar uma ideia ? Estava a ler também a sua resposta ao comentário sobre como as críticas desses filmes devem ser feitas e pensei que uma possível resposta seria também avaliar o interesse dessa ideia e quão bem ela é comunicada. Confesso que não me estou a conseguir lembrar de nenhum filme puramente estrutural que faça isso, mas mais filmes que dependem fortemente da sua estrutura para dar um sentido ao conteúdo, mas aí eu também poderia de certa forma incluir o Wavelenght, porque também ele precisa desse "conteúdo" de as pessoas entrarem na imagem para negar a possibilidade de drama, como você disse, através da estrutura. Ou estou a confundir conceitos diferentes? Desculpe a pergunta tão longa, mas achei esse tema bem interessante.
Que bom que gostou do tema! A grande questão do cinema estrutural é justamente buscar esse minimalismo, tentar apagar essa possibilidade do conteúdo. É claro que em vários casos isso se torna mais ambíguo, como no próprio Wavelenght, mas o conteúdo, mesmo quando existe, está em um segundo plano, existe muito mais para enfatizar a forma, reiterar essa dimensão formal, do que comunicar alguma coisa propriamente. Acredito que para ser chamado de estrutural deve existir essa busca absoluta e essa relação auto-reflexiva sobre o dispositivo e consequentemente sobre o cinema propriamente.
Salve Arthur, parabéns pelo vídeo. Tenho revisitado o cinema e reaprendido muito com o seu olhar. Quais seriam os filmes e os realizadores, nos dias de hoje, com essa "pegada" do cinema estrutural? Grande abraço.
Massa, Gil! Que bom mesmo que está curtindo os vídeos. Hoje em dia acho que tudo é muito mais diluído, existem cineastas com características estruturais dentro de uma perspectiva mais aberta. Eu gosto muito do trabalho do Marcellvs L, que é um artista brasileiro que lida muito com essa questão da duração e do dispositivo dentro de uma relação bem auto-reflexiva sobre a imagem e o vídeo.
O cinema estrutural seria algo mais experimental e disforme? Outra coisa esse tipo de trabalho tem como objetivo puramente explorar as possibilidades técnicas, visuais, e etc, mas o sentimento é deixado de lado ? Ele é o que é, mas é algo mais segmentado feito pra pessoas que querem se aprofundar ou vale também como experiência sensorial do indivíduo?
Sim, é um cinema mais experimental. Quanto ao sentimento, depende muito do caso. A questão é priorizar a forma mais do que o conteúdo. O filme é a sua estrutura, a sua forma. O que não exclui a possibilidade de existir certo sentimento nessa forma, mesmo que muitas vezes seja impessoal e matemática. Acredito que todo filme, independente do caso, possibilita uma experiência individual.
Eduardo, acho que o Blue é um filme minimalista, mas não exatamente estrutural, já que ele tem uma relação muito importante com o seu conteúdo, ainda que seja um conteúdo apenas sugerido pelo som. Ele de fato reduz a dinâmica formal a uma essência mínima (apenas a cor) - e até ai existe um elemento estrutural muito forte - mas vai usar do som pra articular questões mais subjetivas e narrativas, coisa que o cinema estrutural rejeita.
Ótima pergunta. No caso do cinema estrutural os críticos precisam pensar nas obras que melhor conseguem reduzir o seu processo a uma representação absoluta de cinema, que melhor vão usar desse radicalismo formal em benefício de um ideal autônomo de cinema. E nisso conceber uma mecânica visual própria que evidencie novas possibilidades audiovisuais, novas percepções até então pouco exploradas. Dos filmes que eu citei no vídeo, os que eu considero que melhor fazem isso são Arnulf Rainer e Wavelength.
Estou fazendo um trabalho sobre um filme no qual a câmera gira em circulo o tempo tudo. Sera que da para entende-lo como cinema estrutural? Ai o trailer do filme: ruclips.net/video/Jyua1fBm08k/видео.html m Obrigado pela aula
Dá pra dizer que ele possui um "dispositivo formal", uma regra formal que o diretor segue, que é girar a câmera. Mas como tem uma história e um plot propriamente, uma construção dramática mesmo, não se encaixaria exatamente no cinema estrutural.
o texto Structural Film - P. Adams Sitney ajudou muito, obrigado
Que bom. É um texto bem clássico e bem completo.
De fato, tanto que o texto me instigou a procurar mais sobre o tema e encontrei no UBUWEB um livro chamado STRUCTURAL FILM ANTHOLOGY editado pelo Peter Gidal. Abraço
Muito bom o vídeo!
Lembrei de um livro do Jean-Claude Bernadet, Caminhos de Kiarostami. O ponto de partida dele é exatamente o flerte do Abbas com o cinema estrutural no filme Dez (desde a escolha do título). Ele comenta sobre a estrutura do Wavelength e também do Nostalgia do Frampton. É top demais esse livro.
Sim! O Kiarostami gosta de partir de alguns elementos arbitrários, especialmente na estrutura de alguns filmes, ainda que o conteúdo sempre acabe ganhando uma dimensão mais importante.
Ótimo , apaixonada por cinema , aprendendo sempre com vc . ❤
Que bom, Vanda!
Que incrível, eu não conhecia esse termo, adorei saber, muitas coisas fizeram mais sentido agora...
esse e teu vídeo sobre francisco arauto de deus foram meus favoritos até agora. conteúdo tá incrível, bicho
Valeu mesmo, Bruno!! Sempre bom saber disso. Até porque ainda tenho algumas dúvidas sobre o formato dos vídeos, mas acho que aos poucos tô encontrando um. Qualquer sugestão pode mandar.
será que parte do vídeo arte tem este conceito implícito nele (?) Ótima explicação
Sugestão de filme clássico pra vc falar: demônio de neon
Vou te convidar pra participar e apontar as referências de Dario Argento....
Hahaha cuidado que eu me vendo fácil!
"Um Homem Com Uma Câmera" do Dziga Vertov seria um exemplo de cinema estrutural? O que você acha?
Acho que ele tem alguns elementos de um filme estrutural, especialmente nessa relação auto-reflexiva de explorar várias questões técnicas da câmera, mas no geral é mais um documentário experimental com uma temática e até um lirismo já estabelecido.
Lembrei justamente desse filme do Vertov enquanto assistia esse vídeo do Tuoto! rs
Seus videos me ensinam muito
Gosto muito desse subgênero , os filmes que eu mais assisto são do Owen land ou George landow.
Arthur, faz um vídeo sobre o cinema do Jonas Mekas.
Gosto muito do cinema dele. É uma boa ideia!
Ótimo vídeo Arthur, dos cineastas citados alguns dos filmes que vi recentemente e que são fodidos são o "Side/Walk/Shuttle" do Gehr e o "To Lavoisier, Who Died in the Reign of Terror" do Snow. Os filmes do Takashi Ito e alguns curtas do Toshio Matsumoto (em especial o Atman) podem ser tb colocados nessa categoria de cinema estrututral?
Valeu, Vinicius. Tava assistindo alguns curtas do Ito esses dias na verdade. O Spacy com certeza dá pra chamar de estrutural, tanto pela lógica predeterminada dos frames como por ele assumir o dispositivo da câmera como o objeto principal do filme. O Matsumoto talvez seja um pouco menos impessoal e mais propriamente sensorial mas ainda assim existe uma articulação matemática bem forte.
acho que Persona e Close-Up flertam bastante com o Cinema Estrutural
Como são filmes que possuem um conteúdo muito forte, eu acho que não se adequariam. Um filme estrutural geralmente possui preocupações formais em que o conteúdo está, propositalmente, em segundo plano. O conteúdo é, muitas vezes, até insignificante. O Persona e Close Up possuem construções dramática muito elaboradas pra isso. Mas com certeza são trabalhos que flertam com uma experimentação formal, só não me parece que chegam ao ponto de ser um cinema estrutural.
Qual seria a diferença de um cinema "estrutural" para um cinema "formalista"?
Um filme estrutural não pode ter outro tema para além do cinema em si? Ou seja, não será possível utilizar a forma/estrutura para comunicar uma ideia ? Estava a ler também a sua resposta ao comentário sobre como as críticas desses filmes devem ser feitas e pensei que uma possível resposta seria também avaliar o interesse dessa ideia e quão bem ela é comunicada. Confesso que não me estou a conseguir lembrar de nenhum filme puramente estrutural que faça isso, mas mais filmes que dependem fortemente da sua estrutura para dar um sentido ao conteúdo, mas aí eu também poderia de certa forma incluir o Wavelenght, porque também ele precisa desse "conteúdo" de as pessoas entrarem na imagem para negar a possibilidade de drama, como você disse, através da estrutura. Ou estou a confundir conceitos diferentes? Desculpe a pergunta tão longa, mas achei esse tema bem interessante.
Que bom que gostou do tema! A grande questão do cinema estrutural é justamente buscar esse minimalismo, tentar apagar essa possibilidade do conteúdo. É claro que em vários casos isso se torna mais ambíguo, como no próprio Wavelenght, mas o conteúdo, mesmo quando existe, está em um segundo plano, existe muito mais para enfatizar a forma, reiterar essa dimensão formal, do que comunicar alguma coisa propriamente. Acredito que para ser chamado de estrutural deve existir essa busca absoluta e essa relação auto-reflexiva sobre o dispositivo e consequentemente sobre o cinema propriamente.
Salve Arthur, parabéns pelo vídeo. Tenho revisitado o cinema e reaprendido muito com o seu olhar. Quais seriam os filmes e os realizadores, nos dias de hoje, com essa "pegada" do cinema estrutural? Grande abraço.
Massa, Gil! Que bom mesmo que está curtindo os vídeos. Hoje em dia acho que tudo é muito mais diluído, existem cineastas com características estruturais dentro de uma perspectiva mais aberta. Eu gosto muito do trabalho do Marcellvs L, que é um artista brasileiro que lida muito com essa questão da duração e do dispositivo dentro de uma relação bem auto-reflexiva sobre a imagem e o vídeo.
Maravilha, Arthur! Vou dar uma pesquisada e ver os trabalhos do Marcellvs. Depois te falo minhas impressões. ;-)
O cinema estrutural seria algo mais experimental e disforme?
Outra coisa esse tipo de trabalho tem como objetivo puramente explorar as possibilidades técnicas, visuais, e etc, mas o sentimento é deixado de lado ? Ele é o que é, mas é algo mais segmentado feito pra pessoas que querem se aprofundar ou vale também como experiência sensorial do indivíduo?
Sim, é um cinema mais experimental. Quanto ao sentimento, depende muito do caso. A questão é priorizar a forma mais do que o conteúdo. O filme é a sua estrutura, a sua forma. O que não exclui a possibilidade de existir certo sentimento nessa forma, mesmo que muitas vezes seja impessoal e matemática. Acredito que todo filme, independente do caso, possibilita uma experiência individual.
gostei
Blue do Derek Jarman pode ser considerado um caso mais recente do cinema estrutural?
Eduardo, acho que o Blue é um filme minimalista, mas não exatamente estrutural, já que ele tem uma relação muito importante com o seu conteúdo, ainda que seja um conteúdo apenas sugerido pelo som. Ele de fato reduz a dinâmica formal a uma essência mínima (apenas a cor) - e até ai existe um elemento estrutural muito forte - mas vai usar do som pra articular questões mais subjetivas e narrativas, coisa que o cinema estrutural rejeita.
Como as criticas dessas obras devem ser feitas?
Ótima pergunta. No caso do cinema estrutural os críticos precisam pensar nas obras que melhor conseguem reduzir o seu processo a uma representação absoluta de cinema, que melhor vão usar desse radicalismo formal em benefício de um ideal autônomo de cinema. E nisso conceber uma mecânica visual própria que evidencie novas possibilidades audiovisuais, novas percepções até então pouco exploradas. Dos filmes que eu citei no vídeo, os que eu considero que melhor fazem isso são Arnulf Rainer e Wavelength.
Estou fazendo um trabalho sobre um filme no qual a câmera gira em circulo o tempo tudo. Sera que da para entende-lo como cinema estrutural? Ai o trailer do filme: ruclips.net/video/Jyua1fBm08k/видео.html m Obrigado pela aula
Dá pra dizer que ele possui um "dispositivo formal", uma regra formal que o diretor segue, que é girar a câmera. Mas como tem uma história e um plot propriamente, uma construção dramática mesmo, não se encaixaria exatamente no cinema estrutural.
Obrigado, essa ideia de "dispositivo formal" esta bacana, vou procurar mais referencias.