COMO SÃO PAULO AJUDOU A FUNDAR O RIO DE JANEIRO

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  • Опубликовано: 1 окт 2024

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  • @jensoares
    @jensoares  4 года назад

    FONTES DE TEXTO E VÍDEO:
    SILVA, Rafael Freitas da. "O Rio antes do Rio". Rio de Janeiro: Babilonia Cultura Editorial, 2ª ed., 2015.
    www.dicionariotupiguarani.com.br/
    caraguamdcimoveis.wordpress.com/2015/06/09/significado-da-palavra-caraguatatuba/
    www.significados.com.br/ubatuba/
    stefanierigamontiblog.wordpress.com/2017/02/03/dica-de-livroresenha-a-confederacao-dos-tamoios-goncalves-de-magalhaes/
    educacao.uol.com.br/datas-comemorativas/0125---fundacao-do-colegio-que-deu-origem-a-cidade-de-sao-paulo.htm
    m.acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,caminho-do-mar-coleciona-nomes--e-historias,11794,0.htm
    www.ilhabela.com.br
    www.camaraubatuba.sp.gov.br
    www.pt.m.wikisource.org/poemadavirgem
    Filme Gravado em Paraty 1971 - Como Era Gostoso o Meu Francês/ Ulisses Maia Guia de Turismo/ ruclips.net/video/pSwWn--HkEw/видео.html
    Vermelho Brasil - Filme HD Completo - TV Globo - Rio 450 Anos/ Miguelito Acosta/ ruclips.net/video/6IAcEAV7hAM/видео.html&pbjreload=10
    Full Rigged Ship Battle Scenes/ William Marshal/ ruclips.net/video/rIvVMauCLLE/видео.html
    Filme Anchieta, José do Brasil (1977)/ Priscila Nunes/ ruclips.net/video/A2mOrUs31yU/видео.html
    Salesópolis: o abrigo da água limpa do rio Tietê/ Repórter Eco/ ruclips.net/video/B2BQMskgFj4/видео.html
    RIO TIETÊ|DIÁRIO DA NAVEGAÇÃO (DOCUMENTÁRIO)/ E-NOTÍCIAS/ ruclips.net/video/7LWVPJ5xvOY/видео.html
    O Caçador de Esmeraldas/ Filmes Acadêmicos/ ruclips.net/video/-uKaLPcOO5E/видео.html
    Bacia Paraíba do do Rio Paraíba do Sul Globo Ecologia/ Claudio Antonio de Mauro/ ruclips.net/video/557xSi65nhE/видео.html
    Floresta Revigorada/ Pesquisa Fapesp/ ruclips.net/video/-KNdlW-xwhE/видео.html
    VIA ANCHIETA / SANTOS/ Alcides Marques/ ruclips.net/video/i-f7Js3VFCM/видео.html
    Parques de São Paulo: Serra do Mar/ InfraestruturaeMeioAmbiente/ ruclips.net/video/aBN4uLDZIOY/видео.html
    Estrada velha de Santos/ Tico FPV Racing/ ruclips.net/video/shG3szrfzpA/видео.html
    Descida da Estrada Velha de Santos - Caminhos do Mar/ Dronescape Imagens Aéreas/ ruclips.net/video/rrHfxuOGef0/видео.html
    Yndios do Brasil, Sylvio Back/ Marco Aurélio/ ruclips.net/video/owFYba_OCI4/видео.html
    Olhar Paulistano: Pátio do Colégio/ Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo/ ruclips.net/video/taGavzoNtm0/видео.html
    ENTRE RIOS -História da ocupação do solo e rios da cidade de São Paulo/ alexminck/ ruclips.net/video/DrITdOscioQ/видео.html
    REALIZAÇÃO:
    Jenner Soares
    +
    Rio de Janeiro, 1º de março de 2020.

  • @jensoares
    @jensoares  4 года назад

    COMO SÃO PAULO AJUDOU A FUNDAR O RIO DE JANEIRO
    PERÍODO HISTÓRICO: 1561 a 1564
    I- A GUERRA EM RIO DE JANEIRO e SÃO PAULO
    Em 1560, o governador-geral português, Mém de Sá, destruiu o Forte Coligny (na Ilha de Villegagnon, Baía de Guanabara).
    Era a sede da França Antártica (colônia francesa no Rio).
    Essa derrota dos nativos tupinambás e seus aliados franceses intensificou os ataques às principais fontes de reforços dos "perós" ("gente má", como os tupinambás chamavam, em tupi, os portugueses e luso-brasileiros) que vinham do Sul: as vilas paulistas de São Vicente (no litoral, ao oeste de Santos, a primeira vila do Brasil) e Piratininga (atual cidade de São Paulo, no interior).
    Desde 1540, os engenhos e demais fazendas lusitanas eram atacadas por tupinambás. Os colonos e seus escravos indígenas (de tribos inimigas dos tupinambás, como tupiniquins e cariós ou carijós) eram mortos ou capturados para serem sacrificados em rituais antropofágicos, a tal "guerra de vingança" entre tribos.

  • @jensoares
    @jensoares  4 года назад

    ***
    APARTE ou BREVE COMENTÁRIO,
    A Comunicação Mestiça:
    Desde o Descobrimento, os europeus comunicavam-se com os indígenas, sobretudo os do litoral, no tupi daquela época (antigo ou arcaico).
    Porém, com o passar do tempo, houve a mistura linguística (além da étnica) com o português e com algumas palavras em francês, haja vista a influência de ambos colonizadores.
    O que fez surgir o NHEENGATU ("língua boa"), idioma difundido pelos mestiços paulistas e falado por grande parte dos brasileiros até o século XVIII, época da chegada de enorme população de imigrantes portugueses em busca do ouro de MG.
    Há grupos, indígenas ou não, que falam tal idioma nativo ainda hoje.
    Usando diversas vezes o nheengatu, "recém-inventado", além do tupi tradicional, Anchieta falou e escreveu sobre aspectos da colonização do nosso país.
    ***

  • @jensoares
    @jensoares  4 года назад

    VII- HEROÍSMO, TRAIÇÃO e GENOCÍDIO
    Os tamoios confederados de Iperoig acataram a recomendação jesuíta, "se se comportassem como cristãos não seriam escravizados".
    Somente os tamoios da Guanabara, junto com os franceses (chamados por eles de "mairs": heróis, sábios), continuaram a combater a ocupação portuguesa.
    Os tupinambás do litoral e planalto paulista, além dos do sul fluminense (atual Costa Verde), não mais mandaram reforços ao Rio de Janeiro.
    Assim o sobrinho de Mém de Sá, Estácio de Sá, conseguiu fundar a Vila de São Sebastião do Rio de Janeiro em 1º de março de 1565.
    Os franco-tamoios foram sendo derrotados e expulsos da Guanabara a partir de 1567.
    Nóbrega, Anchieta, Tibiriçá e João Ramalho são considerados os heróis fundadores da Capital Paulista e indiretamente também da Capital Fluminense.
    A Paz de Iperoig contraditoriamente trouxe mais guerra.
    O armistício não durou muito. De forma lamentável os perós descumpriram sua parte no tratado e voltaram a atacar tabas e escravizar indígenas não catequizados, inclusive com a anuência e incentivo do próprio Anchieta e outros jesuítas: uma das maiores traições da história da colonização portuguesa no Brasil.
    A proibição à escravatura de indígenas, exigida pelos padres, só se aplicava aos nativos amigos devidamente cristianizados sob a Fé de Roma.
    A Companhia de Jesus (ordem dos jesuítas, chamados de Soldados de Cristo) era a tropa avançada da Contra Reforma no Novo Mundo aos pagãos, gentios ou não convertidos ao cristianismo católico (incluindo os "hereges" franceses protestantes).
    Reforços militares foram enviados de Portugal, e, assim, antes do início do século XVII, os tupinambás e demais tamoios foram praticamente exterminados na Região Sudeste.
    VIII- PIRATININGA ONTEM E HOJE
    Os nativos paulistanos do passado diziam que durante as estiagens ou após o baixar das águas do rio Tamanduateí nas cheias, os "peixes secos" (piratiningas) atraíam formigas que, por sua vez, atraíam tamanduás. Eis a origem do nome "Tamanduateí": rio do tamanduá.
    Quando surgiu, no século XVI, o Colégio de São Paulo de Piratininga era formado apenas por barracões de madeira e palhoças cercadas por paliçadas para defesa, um assentamento parecido às tabas da época.
    Estava situado no alto de uma colina entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, hoje canalizados e poluídos igual a outros rios da cidade.
    Tibiriçá e outros indígenas ajudaram os religiosos a se instalarem entre as duas tabas tupiniquins que já existiam.
    Além dos peabirus, o local facilitava o deslocamento através dos rios do entorno.
    Por exemplo, era possível navegar de canoa pelo rio Tamanduateí ao rio Tietê e de lá descer até onde este desagua: no rio Paraná (um dos caminhos às missões jesuítas na Região Sul, ativas durante os séculos XVII e XVIII).
    O colégio reunia escola de catecismo, convento, igreja, hospital e hospício (asilo ou abrigo para doentes e pobres).
    O povoado de nativos cristãos que surgiu ao redor do colégio recebeu a categoria de vila em 1557.
    Em 1711, a vila foi elevada à condição de cidade. Porém seu desenvolvimento estagnou-se devido a maior atenção dada às cidades mineiras e ao porto de escoamento do ouro que vinha delas: a cidade do Rio de Janeiro (capital colonial, real, imperial e federal de 1763 a 1960, respectivamente).
    A inauguração da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (hoje campus da USP), em 1828, garantiu importância nacional à cidade de São Paulo.
    Entre o século XIX e XX, a urbanização moderna da maior cidade do Brasil (metrópole) começou a aparecer junto com a cultura do café para exportação e a industrialização.
    A casa ou maloca original do colégio desapareceu. A construção que existe no local, chamado de Praça do Páteo ou Pátio do Colégio, no coração do Centro ou Marco Histórico de São Paulo, hoje abriga o Museu Anchieta.
    Quando os jesuítas foram expulsos do país no século XVIII, pelo Marquês de Pombal, o imóvel passou a ser sede do governo da província por um certo tempo.
    O imóvel passou por demolições, reconstruções e modificações durante 400 anos. O vestígio mais antigo é uma parede de taipa do século XVII exposta aos visitantes do museu.

  • @jensoares
    @jensoares  4 года назад

    V- A BATALHA DE PIRATININGA
    Numa manhã gélida de 10 de julho de 1562, piratiningas com aliados de João Ramalho (minoria) e tamoios (maioria) bateram-se.
    Diversos nativos indígenas eram parentes consanguíneos e mesmo assim lutaram entre si.
    Os combates duraram dois dias e resultaram na vitória dos piratiningas.
    A fortificação da vila causou grandes baixas (mortos e feridos) nos tamoios, incluindo a morte do jovem guerreiro Jaguanharo: filho de Piquerobi e sobrinho de Tibiriçá.
    O grande ataque tamoio amendrontou tanto os tupiniquins dispersos (não convertidos ao cristianismo), que estes resolveram de vez abrigar-se no colégio e igreja jesuítas da vila fortificada.
    ... "para este gênero de gente não há melhor pregação do que espada e vara de ferro", escreveu Anchieta em carta ao Padre Diogo Lainez, residente em São Vicente, em 16 de abril de 1563.
    Tibiriçá, batizado de Martim Afonso (mesmo nome cristão de Araryboîa, morubixaba temiminó-maracajá fundador de Niterói-RJ, em homenagem ao português Martim Afonso de Sousa: fundador de São Vicente), sobreviveu à batalha, mas faleceu no Natal daquele ano, de "grande febre", na epidemia trazida pelos próprios portugueses aliados.
    VI- A PAZ DE IPEROIG
    Diferente de Piratininga, os povoamentos costeiros paulistas estavam desprotegidos das constantes incursões dos tamoios.
    Para esses colonos luso-brasileiros só havia um caminho: a diplomacia.
    Em 1563, os padres Manuel da Nóbrega e Anchieta (um dos melhores intérpretes da língua tupi) aceitaram a perigosa missão de firmar um acordo entre tamoios e vicentinos.
    Os adidos jesuítas desceram a Serra do Mar até a Vila de São Vicente, bem próxima à atual Santos-SP, para logo irem à fortificação de Bertioga ("refúgio das tainhas", em tupi), na ponta nordeste da Ilha de Guaimbé (atual Ilha de Santo Amaro, no município de Guarujá-SP).
    De lá embarcaram para a futura Praia de Maresias e foram à Ilha de São Sebastião (antes chamada de Maembipe e hoje de Ilhabela), marco da fronteira dos tupinambás.
    Maembipe possui o significado de "local neutro para trocas" (de mercadorias e prisioneiros).
    Então navegaram mais ao Nordeste, passaram pelas praias de Caraguatatuba ("lugar de muitos caraguatás, gravatás ou gragoatás", planta frutífera da família das bromélias) até chegar à Iperoig ("água ou rio do tubarão"), onde hoje está Ubatuba-SP ("lugar de canoas ou canas"), atual balneário próximo à divisa entre os Estados de SP e RJ.
    Uma viagem de quase um mês (entre abril e maio) e de mais de 200Km de percurso ao todo.
    Os morubixabas tupinambás de Ubatuba reuniram-se para decidir se haveria paz e, caso houvesse, quais seriam os termos do acordo, enquanto os jesuítas aguardavam resposta na aldeia praiana de Iperoig (o tratado levaria por volta de quatro meses para ser firmado).
    Durante a guerra entre luso-brasileiros e franco-tamoios pelo domínio da Guanabara, várias "igaras" (canoas), com guerreiros tupinambás, cruzavam a rota marítima costeira que ligava o litoral paulista ao fluminense.
    Nesse meio tempo chegou ao local o morubixaba da Guanabara Pindobuçu.
    Após desentendimento incial, Anchieta conquistou-lhe a confiança como fez ao falecido Tibiriçá.

  • @jensoares
    @jensoares  4 года назад

    III- ENTRE A ESPADA PORTUGUESA E A CRUZ JESUÍTA
    Em 1562, o Padre José de Anchieta relatou que vários tupiniquins (primeiros nativos aliados dos portugueses) também buscaram fugir da catequização dos jesuítas e escravidão dos colonizadores lusitanos.
    Então a cristianização portuguesa passou a prometer, aos indígenas aliados, o Paraíso no Céu e propriedades, com inimigos nativos escravizados, na Terra.
    Tibiriçá, morubixaba (principal, líder) tupiniquim, era fiel a Anchieta, assim como o genro lusitano dele: João Ramalho (um dos primeiros colonos do Brasil) unido à indígena Bartira (entre outras mulheres, como era costume dos povos tupi).
    A numerosa família deste último, formada por mestiços (mamelucos) e indígenas da taba de Tibiriçá, garantiu a defesa da Vila de Piratininga.
    IV- OS TAMOIOS CONFEDERADOS
    No início da década de 1560, os tupinambás notaram que sozinhos não poderiam derrotar os portugueses.
    Aconselhados pelos aliados franceses, vários morubixabas, como Aimberê (do Rio de Janeiro), reuniram-se para formar uma grande aliança militar constituída por povos que, até aquele momento, foram inimigos entre si há séculos.
    Tempos depois essa aliança foi denominada "Confederação dos Tamoios".
    Tupinambás da costa e interior entre RJ e SP (os líderes da confederação) uniram forças aos tupiniquins de São Vicente (muitos ex-cativos que fugiram dos engenhos portugueses), guaianáses do planalto paulista e de outras tabas do "sertão", carajás, guaitacases ou goitacases e aimorés.
    Os "mais velhos e experientes" de cada tribo - ditos "tamuîas" ou "tamoios" - eram os comandantes.
    No início de 1562, forças luso-brasileiras tentaram destruir aldeias tupinambás da região do rio Paraíba do Sul, mas foram vencidas.
    A vitória dos paraíbas ergueu ainda mais a moral da confederação.
    Em julho do dito ano, o morubixaba tupiniquim Piquerobi, irmão de Tibiriçá, foi convencido pelos tamoios a aderir à confederação.
    Os tamoios queriam mais guerreiros para sitiar e tomar Piratininga.
    Contudo, o elemento surpresa do ataque foi desfeito, pois um dos tupiniquins de Piquerobi desconfiou da presença de tantos tupinambás (pois temia uma futura traição dos antigos inimigos) e alertou com antecedência os parentes que viviam com Tibiriçá na vila.
    Este reuniu aldeias aliadas e reforçou a resistência, sobretudo com paliçadas.
    Além de Piquerobi, havia outros parentes de Tibiriçá que foram à vila com os sitiantes e tentaram convencê-lo a se unir aos tamoios.
    Porém Tibiriçá estava decidido a dar a vida defendendo os padres, a igreja e o colégio de Piratininga.

  • @jensoares
    @jensoares  4 года назад

    Aimberê, mesmo sendo ex-escravo dos portugueses, aceitou colaborar com os jesuítas para poder libertar outros tupinambás do cativeiro.
    Anchieta também conseguiu a amizade de Kunhambeba ou Cunhambebe II, filho do famoso morubixaba homônimo de Ilha Grande (na atual Angra dos Reis-RJ).
    O pai, aliado de Nicolas D. de Villegagnon, havia morrido, em 1555, vítima de outra epidemia, dessa vez trazida pelos franceses.
    Além deles, havia Paranapucu, filho de Pindobuçu, que liderava uma fortificação tomada dos antigos inimigos temiminós-maracajás em Paranãpuã ("lugar de frente para o mar", antigo nome da atual Ilha do Governador, bairro carioca na Baía de Guanabara).
    Paranapucu, assim que desembarcou em Iperoig com seus guerreiros, tencionou matar os dois jesuítas amigos dos perós (que tiveram que fugir naquele momento), mas foi impedido pelo pai.
    Aliás, gente do próprio Pindobuçu (como seu genro francês) também quis matá-los antes e também foi impedida.
    As inspiradas palavras do próprio Anchieta também ajudaram a ganhar a simpatia do jovem e feroz tupinambá.
    As conversas pessoais, missas ou outros cultos com homilias e parábolas, sermões, cantos sacros e discursos dos padres entre os tamoios hostis estavam dissuadindo planos de ataques contra os vicentinos.
    Ao chegar o inverno (junho) Nóbrega retornou à Vila de São Vicente com Aimberê e seus guerreiros (os tupinambás queriam impor certas exigências), enquanto Anchieta, feito refém, continuou em Iperoig com os tamoios.
    Durante todos esse meses, tupinambás reféns também foram levados à vila do litoral paulista, com permissão do próprio conselho de morubixabas, para que ambos os lados garantissem a segurança de seus adidos.
    Nesse período, Anchieta escreveu em latim um longo poema dedicado à Virgem Maria reza a lenda que usou o cajado como pena nas areias da praia.
    Considerado por muitos o primeiro poema escrito em solo brasileiro.
    Eis os últimos versos (em tradução poética):
    "Se neste teto e lar decorrer minha derradeira sorte,
    amarga não terá sido a vida, e doce me terá sido a morte!"
    O tratado de paz foi firmado em 14 de setembro (todos os anos, neste dia, há comemoração de feriado municipal em Ubatuba).
    Como condição de paz, Aimberê percorreu propriedades vicentinas para libertar tupinambás escravos.
    Outro longo poema, agora épico, de Gonçalves de Magalhães, "A Confederação dos Tamoios" (1856), deu um ar romanesco ao protagonista, pai de Potira, Aimbire (assim grafado na obra).
    O morubixaba do livro, por exemplo, possui uma musa: a bela Iguassú.
    Por sua vez, o poema/história foi uma das bases para o libreto da ópera "Lo Schiavo" (1889), de Carlos Gomes.
    Enfim Anchieta partiu de Iperoig na igara de Cunhambebe II, o ato simbolizou uma cisão na confederação.
    As nações dos tamoios estavam com os dias contados.

  • @jensoares
    @jensoares  4 года назад

    II- TODOS OS CAMINHOS LEVAM À SÃO PAULO
    A Vila de Piratininga surgiu, em 1554, após a fundação do jesuíta Colégio de São Paulo, em 25 de janeiro (dia da conversão do santo na liturgia católica).
    "Piratininga", em tupi, significa "peixe seco", pois (diziam) no baixar das águas, após as cheias do rio Tamanduateí, muitos peixes encalhavam nas margens e secavam ao sol ou era simplesmente um local para secagem de pescado.
    Por extensão, o nome também designou os habitantes do local, como os jesuítas paulistanos.
    A vila ficava em um local estratégico, onde os principais "peabirus" (peabiru: "gramado amassado ou pisado", ou seja, trilha) da região paulista se encontravam.
    As importantes rodovias paulistas atuais (sobretudo as que levam nomes de bandeirantes) foram pavimentadas, no século XX, sobre estradas de terra que antes eram antigas trilhas, algumas abertas por animais (como antas, queixadas e veados) há milhares de anos e percorridas por nativos durante séculos.
    Tais caminhos levavam a diversos locais, até mesmo, através dos Andes, às ricas minas de prata dos incas no Peru.
    Piratininga era atacada pelos tupinambás de tabas que tinham terras próximas ao planalto paulista, nas cercanias do rio Paraíba do Sul (futura região cafeicultora).
    Por isso nativos inimigos que habitavam estas terras eram também chamados pelos piratiningas de "paraíbas".
    Além dos tupinambás, os guaianás ou guaianases da região também guerreavam contra os piratiningas, já que estavam nas fronteiras entre etnias inimigas.
    O velho Caminho de Paranapiacaba ("lugar de vista para o mar", devido à paisagem vista no alto da Serra do Mar próxima à costa), em meio a Mata Atlântica ainda virgem, ligava o litoral paulista ao planalto de Piratininga e era usado pelos colonos até ser descoberto pelos tupinambás, que passaram a emboscar as caravanas dos perós e piratiningas .
    A solução foi abrir um caminho novo para subir e descer a "Muralha" (apelido dado pelos luso-brasileiros do litoral à Serra do Mar, por causa do terreno íngreme e de mata fechada de difícil acesso).
    O lugarejo de Piratininga, como já foi dito, era estratégico, pois, sobretudo a partir do século XVII, dele partiram as "entradas" e "bandeiras" para o "sertão" em busca de pedras preciosas, ouro e indígenas inimigos para serem escravizados (principal causa das agressões dos tupinambás).
    Os ricos veios e aluviões auríferos de Minas Gerais foram descobertos, no início do século XVIII, por exploradores vindos de São Paulo.
    Os caminhos de Piratininga foram por muito tempo a principal ligação entre o interior e os portos de São Vicente e Santos.
    O Caminho do Mar ou Estrada Velha de Santos nasceu de uma trilha aberta por jesuítas guiados por nativos por volta de 1560 a pedido de Mem de Sá. Por isso que também foi chamado de Caminho do Padre Anchieta.
    Em fins do século XVIII, outro trajeto do caminho foi aberto e pavimentado com lajes para facilitar o tráfego comercial. Ganhou o nome de Calçada do Lorena.
    Foi por ele que, em 1822, o Imperador D. Pedro I, então príncipe regente, seguiu para São Paulo onde proclamou a Independência.
    Ao longo do tempo, os lentos viajantes a pé, montados ou em carros puxados por animais (geralmente mulas) cederam passagem a velozes veículos motorizados rodando sobre pavimentações de pedra, concreto ou asfalto.
    Tornou-se a primeira rodovia da América Latina (década de 1920) e principal estrada entre a Capital Paulista e o litoral do Estado até 1947, quando foi inaugurada a Via Anchieta (em atual funcionamento).
    Desde de 1985, a Estrada Velha de Santos está desativada para tráfego normal e serve apenas para passeios turísticos.