O Problema da Estética da Nostalgia

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  • Опубликовано: 13 сен 2024

Комментарии • 186

  • @terabyte8229
    @terabyte8229 2 года назад +22

    Essa nostalgia pós-moderna é um grande fetiche. Video EXCELENTE!!!

  • @fapc4879
    @fapc4879 3 года назад +24

    Eu nasci em 2002 e atualmente tenho 19 anos, eu cresci consumindo bastante desta cultura nerd/geek mas especificamente sempre fui muito fã de pokemon e acho q a comunidade de pokemon reflete muito isto que você diz. Crescer sendo fã de pokemon ,justamente pela estratégia adotada pela marca de ficar constantemente se reintroduzindo para as novas gerações , é crescer com um monte de pessoas mais velhas te dizendo q o que você gosta ( geração de pokemon) é ruim e que na época deles é que os verdadeiros jogos de qualidade eram produzidos, mas a realidade é que todos os jogos do pokemon são praticamente a mesma coisa e quem mudou foi o consumidor. Também acho q esta nostalgia tem uma característica meio contagiante, eu tenho amigos da minha idade que ficaram primeiramente hypados e depois irritados com a nova versão de he-ma da Netflix só que nenhum deles consumiu estes desenhos quando criança eles no máximo ouviram elogios na internet ou por parte dos pais, então de onde vem este apego pela série? também há sempre comentários em vídeos de músicas antigas na internet de pessoas falando q desejavam ter nascido na época em q a música foi lançada.

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +16

      Acredito que às vezes uma reação de rejeição à uma obra pode acontecer quando ele apresenta propostas estéticas ou conceituais que sejam diferentes às propostas que os sujeitos estão muito identificados. Falo nisso em um contexto em que o público que aprecia uma obra acaba se identificando tanto com ela que constrói seu senso de autoimagem meio que se confundindo com aquilo que gosta. Daí quando algo é diferente dessas obras que aprecia e confunde consigo próprio, o sujeito acaba achando que essa divergência poética/estética/conceitual é uma agressão à sua própria pessoa. Algo como alguém gostar tanto de um filme específico do Batman que, quando aparece uma versão nova que propõe uma abordagem que contraria aquela visão do seu filme favorito, a pessoa acha que o filme novo o está agredindo. E esse efeito parece associado a essa incapacidade de algumas pessoas de entender que gostar de algo diferente do que ela gosta não é um ataque a ela.

    • @gabrielfernandes6349
      @gabrielfernandes6349 Год назад +6

      Vejo muito esse tipo de comportamento associado ao futebol. Um homem adulto cuja personalidade é construída a partir de ícones, títulos e experiências passadas tende a não entender o caráter dinâmico que a vida assume. E, em se tratando de futebol, quando uma pessoa se assume como parte daquela instituição -apesar de estar completamente impotente sobre qualquer resultado de seu time - qualquer frustração, decepção ou zoação feita será tida como pessoal. Acho que explica um pouco o que a gente vê nessas brigas generalizadas de torcidas pelo Brasil a fora.

    • @paulonm2097
      @paulonm2097 9 месяцев назад +1

      @fapc4879: excelente comentário! Muita gente associa nostalgia com o apego ao que se consumia no passado. Mas como isso se aplica numa pessoa que gostou do padrão visual de algo antigo, mas vendo pela primeira vez nos dias de hoje? Há um corte de tempo claro quando as CGs começaram a se tornar a regra em animações mainstream. Sempre gostei desse visual mais artesanal de desenho, que ainda havia até o início dos anos 2000. Com o uso de mais IA, acho que essa parte visual vai ficar muito banalizada.

  • @ruanaiub7859
    @ruanaiub7859 2 года назад +8

    Mano quando que eu ia descobrir q estética originalmente era uma filosofia oposta ao mundo ideal do Platão e que foi desenvolvida por um alemão, pra mim estética sempre foi coisa de moda kkkkkk muito obrigado pelo e o ótimo vídeo

  • @limaoseptimus
    @limaoseptimus 3 года назад +17

    esse foi paulada.....me deu uma nova visão sobre estética!

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +5

      Se o vídeo serviu pra proporcionar algum caminho novo de leitura, então fico satisfeito.

  • @lucasedpp
    @lucasedpp 3 года назад +30

    Rafael, seus vídeos são sempre muito bons. Adoro essa abordagem didática que você dá a temas que poderiam muito facilmente soar bastante complexos!

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +4

      Obrigado! Tento ser didático, apesar de que muitas vezes dou umas voltas muito maiores do que o necessário para chegar no ponto.

    • @lucasedpp
      @lucasedpp 3 года назад +5

      @@IlhaKaijuu Eu discordo, acho que dá uma enriquecida na discussão. Eu assisto todos os seus vídeos, não me lembro de nenhum que tenha ficado com a sensação de sobra ou de excesso. Mas aí tem que ver como isso rola com outros do público.

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +3

      @@lucasedppComo a ideia dos vídeos é serem o mais acessíveis possível, e nem todo mundo que assiste tem a mesma bagagem, tento sempre dar um contexto histórico e teórico antes de entrar no tema pra todo mundo conseguir acompanhar. Mas se eu não me controlo, começo qualquer assunto ou resposta lá da Grécia clássica, é sempre uma tentação.

  • @JulioCesar-jc9qn
    @JulioCesar-jc9qn 3 года назад +8

    É muita satisfação estar cursando artes visuais e ter você como complemento para minha formação . Incrível sempre !

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +3

      É uma satisfação meus vídeos terem alguma serventia pra quem assiste.

  • @pereiraalisson9301
    @pereiraalisson9301 2 месяца назад +1

    Muito bom! Confesso que sou bem nostálgico sobre a cultura pop e talz, mas tu está muito correto na leitura sobre a nostalgia abordada nesse vídeo!

  • @adelmo9713
    @adelmo9713 3 года назад +8

    Teve certo momento do vídeo que eu ficava me perguntando do que vc estava falando kk, mas quando vc amarrou a ideia do vídeo com os argumentos que deu sobre a nossa própria história eu realmente adorei, foi uma volta gigantesca mas para mim, conseguiu transmitir muito bem a mensagem, sério mesmo, ganhou mais um inscrito, adorei de verdade.

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад

      Obrigado e bem-vindo ao canal! Espero que goste também do resto do conteúdo.

  • @RaizedByfuckinWolves
    @RaizedByfuckinWolves 3 года назад +8

    Incrível esse vídeo, mano! É uma discussão muito importante hoje em dia, até porque abre espaço pra gente discutir o diâmetro do prejuízo que nós temos na arte quando as pessoas só buscam a nostalgia, tanto pro lado da galera reclamando que não é como antigamente, quanto da galera que acha que tudo tem que ser um remake de alguma coisa.

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад

      Obrigado! Pois é, é um debate que me parece bem necessário atualmente.

  • @henriquerodrigues468
    @henriquerodrigues468 3 месяца назад +2

    Caramba, tive a sorte de me deparar com um conteúdo antológico!
    Sensacional. Tô maravilhado com a qualidade crítica do apresentador. Vi aqui nos comentários que o nome dele é Rafael.
    Rafael, grato pelos excelentes insights que você disponibilizou gratuitamente. Abraço!

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 месяца назад

      Eu que agradeço por assistir.

  • @guintter
    @guintter 2 года назад +3

    Ótimo vídeo. Nostalgia isolada e acrítica é um sentimento reacionario, perfeito

  • @filipenunes9352
    @filipenunes9352 2 года назад +3

    No fim vc agradece pela paciência, eu literalmente fiquei vidrado no conteúdo o tempo todo. A fundamentação através da história para basilar seu posicionamento ou reflexão da nostalgia me abriu os olhos. Nunca olhei a nostalgia sobre este prisma, muito obrigado!

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  2 года назад

      Eu que agradeço por ter assistido.

  • @flaviopereirasenra1946
    @flaviopereirasenra1946 Год назад +2

    👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿

  • @carloscosta6692
    @carloscosta6692 3 года назад +2

    Demais. Sempre abrindo portas para novos entendimentos. Valeu

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад

      Eu que agradeço por acompanhar o conteúdo.

  • @ltonerd
    @ltonerd Год назад +1

    Destrinchou o que está acontecendo com amigo meu. Se eu tivesse assistido antes, teria mais argumentos pra usar na última conversa que tive com ele. Muito bom!

  • @crisonait
    @crisonait 3 года назад +4

    Excelente explicação Rafael! Achei muito interessante a associação que fez ao relacionar a experiência de nostalgia com as formas de representação de jesus nos diferentes períodos da história da arte e teorias estéticas.
    Sempre me surpreendo com o conteúdo do teu canal. Parabéns!

  • @FilipeRama
    @FilipeRama 3 года назад +2

    Perfeito. Uma grande aula. Eu concordo, nostalgia é algo bacana, mas eu vejo novas versões de coisas que eu gosto para que elas tratam algo novo. Se for para ver a mesma coisa eu revejo o original.

  • @LUIZnoSekay
    @LUIZnoSekay 2 года назад +1

    Como eu gostaria de ter tido aulas de história da arte com uma didática tão clara! Adoro as suas explicações e exemplos

  • @TheSamuelDiniz
    @TheSamuelDiniz 2 года назад

    Esse vídeo é tão bom que vi devagar, com calma, por partes, pausando e voltando, com certeza vou voltar depois pra ver de novo

  • @JhonataPactio
    @JhonataPactio 10 месяцев назад +1

    Sobre nostalgia e novas gerações me lembrei de Star Wars. A geração dos anos 80 ataca a versão dos anos 2000, mas para quem cresceu nos anos 2000 aquela é a versão nostálgica deles de Star Wars

  • @rafaelesteves1984
    @rafaelesteves1984 3 месяца назад

    Rapaz, que aula top!

  • @tonpresley
    @tonpresley Год назад +1

    Perfeito! Assistir seu vídeo é uma nostalgia às aulas de história e arte hehe ^^

  • @elisa_cool
    @elisa_cool 3 года назад +1

    Não lembro se já comentei em algum vídeo anterior, mas gosto muito que nos seus vídeos você sempre traz toda uma contextualização para nos inserir melhor no assunto principal. Ótimo vídeo!

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +2

      Obrigado! Como tento ser o mais acessível possível, tento dar um contexto histórico e teórico do assunto. Pra alguns pode ser informação repetida, mas acho que pode ajudar a permitir que todo mundo possa acompanhar a discussão. Só sempre é uma luta pra não acabar falando demais.

  • @felipemarques9912
    @felipemarques9912 3 года назад +3

    acredito que esse apego pela nostalgia vem também daquilo que a obra representa pro indivíduo, e quando a obra sofre uma mudança, ele se sente deslocado, aquilo que ele tanto gostou um dia já não é igual, e isso incomoda
    só uma impressão que eu tenho, desse hate nas obras atuais, seja remaster ou criadas agora, é que estamos passando por um novo processo que ainda não está completo, então não é tão "único e original" quanto as obras antigas, mas tbm não é tão maximizado quanto se espera das obras futurísticas, de certa forma cyberpunk. e tbm são obras recentes, então não tem consolidação suficiente com o público. essa é só uma impressão minha como leigo, e como alguém que prefere a estética dos animes do começo dos anos 2000, pode ser só a bolha que eu frequento, mas essa é uma possível explicação que eu encontrei pra justificar meu próprio pensamento
    deixo aqui tbm isso como sugestão de vídeo, se vc tiver uma teoria de como funciona essa relação entre as obras antigas, as atuais e as futuras

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +2

      Teve um teórico alemão chamado Theodor Lipps que desenvolveu com conceito chamado "Einfühlung", que alguns traduzem como "Projeção Sentimental". O Lipps defendia que o gosto de um sujeito não se dá completamente em razão do objeto que ele aprecia, mas também de um impulso narcisista de se autoelogiar. Quando uma pessoa vê em algo (que pode ser uma obra de arte) características com as quais ele previamente se identifica e projeta como sendo suas, ele sente afinidade por este objeto por ver essas características que ele se identifica e, desta forma, ver ele próprio no objeto. Então quando o sujeito elogia esse objeto que tem características que considera também sua, ele está elogiando a ele próprio. O problema acontece quando o sujeito não consegue mais se separar do objeto, porque, nesta situação, quando alguém critica o objeto, o sujeito entende que a crítica é contra a própria pessoa dele. Então o pessoal que gosta muito de algo antigo a ponto de confundir este algo com a própria personalidade deles vê na criação de uma versão nova algo como uma negação à versão velha, como se esta versão fosse se tornar obsoleta, e, como não diferenciam o objeto de si próprios, interpretam como se fosse também uma negação à personalidade deles. Daí o choque e a resposta reacionária. Geralmente falta a capacidade de compreender que a versão nova não é uma negação à antiga. Mas quem se deixa ser dominado assim pelo efeito Projeção Sentimental e mistura seu ego com a existência de algo que gosta também costuma ter dificuldade de entender que a versão nova não é sobre ele ou para ele, e que podem ter outras pessoas pra quem essa nova versão vai ser tão importante quanto a antiga foi pra ele.

    • @felipemarques9912
      @felipemarques9912 3 года назад

      muito interessante isso, vou pesquisar sobre

  • @smallvillepodbr3
    @smallvillepodbr3 2 года назад

    Verdades precisam ser ditas, Rafael. E você disse.
    A nostalgia me incomoda, particularmente, quando começa a movimentar em demasia tudo que é mercado.
    Obrigado por mais este vídeo. Sucesso sempre!

  • @gabrielmateuzzo1526
    @gabrielmateuzzo1526 3 года назад

    Cada vídeo seu é uma aula, toda vez que vejo saio com uma sensação de que aprendi muito em pouquíssimo tempo.

  • @cacoroger2038
    @cacoroger2038 Месяц назад

    Que aula!

  • @leandrocardoso6540
    @leandrocardoso6540 2 года назад +1

    Esse vídeo foi um " The big brain time"
    Muito bom, brabo

  • @swcristinicastilho9873
    @swcristinicastilho9873 2 года назад +1

    nossa te q enfim alguem,,,,obrigada

  • @andreserra8380
    @andreserra8380 3 года назад +1

    parabéns pelo vídeo, mudou a minha visão sobre o tema. Sempre muito bom acompanhar os vídeos do canal

  • @kimberllyquartzo
    @kimberllyquartzo 2 года назад

    Muito bem falado! A história da estética e tudo mais foi uma aula.

  • @br273k
    @br273k 2 года назад +1

    Vídeo sensacional! Assim como os outros vídeos que já assisti do seu canal, uma verdadeira viagem no tempo e no espaço, com um excelente guia que sabe apontar o que é importante e explicar o que estamos vendo. Quanto a essa leitura "em camadas", eu sempre aponto essa característica em desenhos como Peppa Pig e O Pequeno Reino de Ben e Holly (este, melhor ainda). Tenho filho pequeno e posso me divertir com ele, assistindo esses desenhos, enquanto desenhos como Patrulha Canina são tão ruins que nem meu filho suporta.

  • @MultiMarat
    @MultiMarat 2 года назад

    Muito bom esse vídeo... Me faz repensar minhas relações proustianas com a arte narrativa - quadrinhos, cinema, livros...

  • @lucasmatheus5163
    @lucasmatheus5163 3 года назад

    Ótimo vídeo, venho acompanhando a pouco tempo mas com certeza vou seguir acompanhando por muito.

  • @brunomexicano7559
    @brunomexicano7559 Год назад +1

    Concordo em termos com o que tu expõe no vídeo, mas acho que essa questão é um pouco mais problemática, pois entra em questão 3 fatores: Primeiro é que embora os remakes sejam feitos para as novas gerações, mas eles dependem necessariamente das gerações anteriores para que as releituras sejam divulgadas e isso gera uma contradição. Segundo ponto, o seu vídeo não leva em conta que muitas das vezes os remakes retiram a essência da obra original, subvertendo a visão artística do autor para algo genérico, bastante pasteurizado e superficial. Terceiro ponto: Não leva em conta que em muitos casos, as novas versões são de fato para substituírem as antigas e não para a divulgação das mesmas, pois são uma ínfima parcela dos que assistiram os remakes, vão correr atrás das obras originais. No geral só serve para atender interesses de mercado de aproveitar algo que já fez sucesso para vender uma casca nova, porém vazia, de uma obra com um nome de outra já consolidada , encontrando assim uma menor resistência ao dinheiro dos consumidores. Um caso exemplar é o Warcraft 3 Reforged, que literalmente substituiu a versão lançada em 2002, de uma maneira piorada; fora que caso alguém tente jogar a versão antiga do jogo, é baixado um bloqueio automático exigindo que comprem a versão remasterizada que é em geral uma versão piorada do jogo. Tem até um vídeo do Fazendo Nerdice abordando o escândalo. Abraços. (ruclips.net/video/3qUDjsb5C_I/видео.html)

  • @regotoabel
    @regotoabel Год назад +1

    Valeu!

  • @mangazando7228
    @mangazando7228 2 года назад

    Que aula hein, meu irmão! Parabéns pelo conteúdo fantástico! Muito sucesso sempre!

  • @pablorodrigues1670
    @pablorodrigues1670 2 года назад +1

    Interessante como esse vídeo 5 meses antes dialoga com o que Matrix Ressurections trouxe agora.

  • @felipemotta5074
    @felipemotta5074 2 года назад +1

    Sobre Jesus, há outra questão a se pensar: a cristalização da estética cristã. Algo que realmente aconteceu nos últimos séculos e que por fim levou a qualquer tentativa de mudança visual relacionada a essas imagens santas a serem taxadas de heresia. interessante inclusive.

  • @BazarStoneAge
    @BazarStoneAge Год назад +1

    Que vídeo excelente cara! Parabéns pela didática! Eu mesmo coleciono e vendo itens de nostalgia, mas gosto de ver novas versões de coisas que conheci na infância, adaptações com mais liberdade criativa e temas maduros para público adulto, mas sempre tenho que conviver com essa conversa aborrecídissima do "Em clássico não se mexe" com fãs que me cercam e não desenvolveram nenhum espírito crítico com o tempo para conseguir avaliar aquilo que gostavam, e eu sempre repito esse argumento do Batman para defender novas adaptações, não fosse Frank Miller e outros escritores dos anos 80, o Batman sempre seria o dançarino da Batusi. Grato pela ótima sustentação do argumento!

  • @titocamello
    @titocamello 3 года назад

    Sempre uma aula. Excelente material!

  • @TjmDr
    @TjmDr 2 года назад +1

    Eu gosto da nostalgia, mas chega um momento que cansa, um exemplo e Star Wars que é tão repetivo. Tem griar em torno de Skywalkers quando temos uma galaxia toda de novas ideias para experimentar.

  • @RaphaCPinheiro
    @RaphaCPinheiro 3 года назад

    Maneiro demais, irmãos!

  • @CanibalisStudio
    @CanibalisStudio 3 года назад

    Parabéns pelo canal! Muito bom!

  • @luisfigueiredo1102
    @luisfigueiredo1102 3 года назад +1

    MAravilhoso vídeo.

  • @cassiodeleontorres9198
    @cassiodeleontorres9198 3 года назад

    Pô, muito legal o vídeo Rafael. Parabéns!

  • @victorgomesweise.0393
    @victorgomesweise.0393 3 года назад +3

    Eu gosto da ideia de banalizar a anatomia natural e cada pessoa criar a sua própria sem ser ridicularizada,não excluindo o desenho anatômico (que é lindo) ,mas também ter a liberdade de desenhar algo como "Sua visão do que é uma carcaça humana" kk

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +3

      Sim, a representação naturalista é só um tipo de representação. Existem várias outras convenções que são tão legítimas quanto ela.

  • @victorgomesweise.0393
    @victorgomesweise.0393 3 года назад +1

    Caramba mano,eu imagino você pensando nesses vídeos incríveis tipo no banho, aí você sai correndo pra fazer o roteiro pra não voar a ideia kk,muito incrível o vídeo,tô adorando a experiência que o canal passa

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +2

      Não escrevo roteiros por vídeos. Geralmente leio algo ou têm um tópico que acho que é relevante. Daí fico pensando nos tópicos principais do assunto enquanto almoço ou escovo os dentes. E depois sento na frente da câmera e falo de improviso. E no final, na edição, corto os excessos, porque falo demais.

    • @victorgomesweise.0393
      @victorgomesweise.0393 3 года назад +1

      @@IlhaKaijuu Eu vi os primeiros vídeos e percebi que você evoluiu muito com o tempo,parabéns de verdade mano,quando eu começo um vídeo seu eu não consigo sair dele kk

  • @marcelgomesz
    @marcelgomesz 3 года назад +7

    meu deus, que vídeo bom! nunca tinha pensado dessa forma. se a nostalgia nos atrapalha sempre que iremos reassistir ou reler alguma obra, como evitar uma leitura que se baseia na perspectiva nostálgica? abraços.

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +9

      Acho que o caminho seria revisitar não com o objetivo de reviver uma experiência exatamente como ela aconteceu antes, mas aberto pra encontrar novas coisas na obra e aceitar de boa esses novos elementos.

    • @marcelgomesz
      @marcelgomesz 3 года назад +3

      @@IlhaKaijuu obrigado pela resposta! perguntei isso pois, apesar de parecer óbvio, às vezes revisito uma obra e não percebo muitos elementos diferentes da primeira vez que a consumi. enfim, continue trazendo conteúdo aqui pro youtube, seu trabalho é muito bom!

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +2

      @@marcelgomesz Têm obras que tem menos camadas do que outras. E têm outras que para acessar as outras camadas é necessário uma chave de leitura específica, como conhecer um conceito ou ter passado por uma experiência. Daí têm vezes que ainda não estamos prontos pra acessar alguma camada, mas que com o tempo ela vai se abrindo.

    • @marcelgomesz
      @marcelgomesz 3 года назад +1

      @@IlhaKaijuu entendi, valeu!

  • @desatencioso
    @desatencioso 3 года назад

    Grande aula! Parabéns pelo conteúdo irmão

  • @gvbarbosa78
    @gvbarbosa78 3 года назад +3

    Parabéns, eu comento essa parada do Battletoads com meus amigos frequentemente. Pra começar, Battletoads é uma cópia das Tartarugas Ninja. Os criadores do jogo novo foram condenados por atualizar o visual. Eles entregaram o que prometeram.
    Conforme eu assistir mais vezes, volto pra comentar mais.
    Valeu!
    Inté.

  • @aldrichkhalled3893
    @aldrichkhalled3893 3 года назад

    Excelente video Rafael!

  • @rodolfoboimarinho6504
    @rodolfoboimarinho6504 Год назад +2

    Belo vídeo.
    Talvez o melhor que já vi sobre filosofia na internet. Só de não chamar o agostinho de santo já valeria o vídeo.
    Tem um ponto que muito reaça confunde é:
    saudade da infância vs saudade da ditadura.
    Saudade da infância vs saudade de morar em uma cidade com menos gente e menos problemas.
    Isto gera uma falha cognitiva onde a pessoa acha que o mundo só está ruim pois "falta ditadura". É uma falsa simetria argumentativa mas que na cabeça das pessoas faz todo o sentido. O polícia e ladrão da minha infância não é pior que o counter strike de hoje. O brincar de casinha não é pior que the sims. É tudo brincar de simulacro mas um pressupõe interagir com mais gente. E hoje no fortnite/lol a gente vê uma geração que interage com outras criançãs/adolescentes online.
    Aí o cara purista cultural acha que só importa a moral dele, a época dele. E aí vamos para she hulk e thor love and thunder: Nerdola fica puto com a mulher hulk pois ele se força a não entender o universo feminino e dramas femininos, quer mais um filme de herói para se sentir fodão. Thor love and thunder é um ótimo filme - se você é criança (até completar 12 anos) e o erro foi a marvel não ter dito que o filme não seguiria o padrão de adolescente. As crianças amaram, deu muito lucro e vendeu muito bonequinho.
    Nem tudo é para ser no nível de mandalorian e filme de super herói está mais perto do shonen do que de qualquer filme erudito.

    • @rodolfoboimarinho6504
      @rodolfoboimarinho6504 Год назад

      E daí uma galera que acha que tudo tem que ser feito para eles na idade atual deles. Todo show ou programa de televisão tem que ser para eles quando tinham 5 anos, com 15, com 40. E tem a influencia do neoliberalismo pois a religião é egoísta. Na política são egoístas. No sexo tb serão egoístas. E este egoísmo vai fazer deles pessoas tão isoladas que só vão criar vínculos de amizade nos locais que agregam os egoístas - como a igreja da teologia da prosperidade. E nem caridade vai poder fazer pois terceirizam isto para o pastor que vai fazer caridade egoísta para dentro da igreja e só vai ajudar alguém de fora do grupo se der algum lucro.

  • @viniciusdavidosiki4217
    @viniciusdavidosiki4217 7 месяцев назад

    perfeito

  • @xerifaononaarte
    @xerifaononaarte 3 года назад

    Rapaz que video top. Foi esse

  • @itiitiatiihylihyl
    @itiitiatiihylihyl 3 года назад +1

    Muito bom mano. Isso explica muito do que passamos hj em dia com adultos infantilizados...

  • @tiagoaraujo7474
    @tiagoaraujo7474 3 года назад

    Ótimo vídeo, como sempre!

  • @djangosaturatedmatador9836
    @djangosaturatedmatador9836 6 месяцев назад

    "A releitura não faz com que a obra original deixe de existir"
    Bom, nem sempre é possível revisitar a obra original.
    Um caso emblemático é o de Star Wars. É praticamente impossível de se conseguir - por meios oficiais - a versão exibida nos cinemas em 1977. (ou pelo menos era, não sei se isso mudou recentemente com a Disney...)
    Com o passar do tempo, o diretor George Lucas sentiu a necessidade de realizar "melhorias e correções" (segundo ele) no filme. Ora o embelezando com novos efeitos especiais, ora o moralizando como na mudança realizada na famosa cena do disparo na cantina.
    Seja como for, por conta disso só o que se encontra disponível - oficialmente - são essas versões melhoradas e corrigidas do filme, principalmente da versão comemorativa de 1997 em diante.
    Foi apenas recentemente, na última década, que começaram a surgir e a serem disponibilizadas na internet algumas restaurações do filme original feitas por fãs em cima de VHSs e de trechos de rolos antigos encontrados aqui e acolá.
    Ou seja, a versão inalterada ficou "fora do ar" por mais de 30 anos. Então, nesse meio tempo, quem queria matar a saudade de Star Wars era obrigado a se contentar em assistir uma das várias versões alteradas distribuídas pelos canais oficiais.
    Aqui no Brasil temos o caso dos livros do Monteiro Lobato que foram adaptados para as sensibilidades modernas. Até aí, nada de mais. O problema é que as editoras, muito covardemente, só publicam essa nova versão atualmente. Então, quem quiser reler um livro dele e for a uma livraria hoje em dia, só vai encontrar essas "adaptações" à venda.
    As versões originais e "problemáticas" dos livros de Lobato agora ficaram restritas aos sebos. E, com o tempo, vai saber, nem lá vão (poder) permanecer.
    E essas adaptações/edições/versões, ou mesmo exclusões/obliterações/censuras, de obras tendem a se agravar no futuro já que livros, filmes e jogos são cada vez mais oferecidos/disponibilizados como parte de um "serviço".
    A posse física de uma obra vai tornando-se cada vez mais rara. Quando foi a última vez que você comprou um CD de música?
    E se o serviço deixar de ser oferecido? Como eu faço pra jogar um Resident Evil Outbreak do PS2 online hoje em dia já que a Capcom cortou os servidores? (Sei que existem servidores privados, mas nem todos os jogos têm a comodidade de ter uma comunidade de fãs tão empenhada como a de Resident Evil, por exemplo)
    E quando a simples posse da obra passa a ser proibida, e os exemplares destruídos, como nos textos apócrifos da Bíblia nos primeiros séculos do cristianismo? Como o indivíduo desse período faria pra reler esses originais perdidos com a sua versão de Jesus e não a versão imposta pela bíblia que foi aprovada pela igreja?

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  6 месяцев назад

      Mas daí não é o caso de releituras. O assunto é totalmente outro, que é o de interesses econômicos ou políticos limitando ou restringindo o acesso a obras. O que também não se aplica só a versões originais. A primeira trilogia de "Star Wars" é difícil de ser acessada não só as verões lançadas originalmente, como as primeiras versões com alterações, já que foram alteradas mais de uma vez pelo George Lucas praticamente a cada relançamento em uma nova mídia.
      Ah! A última vez que comprei um CD de música foi em novembro de 2023.

    • @djangosaturatedmatador9836
      @djangosaturatedmatador9836 6 месяцев назад

      Antes de qualquer coisa, desculpe o tamanho dessa joça. Minha capacidade de síntese beira o zero. Desculpe também a falta de nexo e muito obrigado pela sua resposta.
      Parte do seu argumento foi sustentado pela ideia da possibilidade de "sempre" podermos revisitar as versões clássicas/originais.
      Ah, tu não gostou do He-man da Netflix? Calma, não precisa ameaçar ninguém de morte, apague da sua mente a existência dessa abominação e vá reassistir pela milésima vez a animação dos anos 1980.
      Mas, e se essa versão original não estiver mais disponível? (seja lá por qual motivo, mesmo que só temporariamente)
      Então, esse alento, esse conforto sugerido por você tornaria-se inviável, impraticável. A raiva do nostálgico não teria como ser aplacada.
      Era isso que eu estava querendo problematizar.
      Pois incapaz de conter dentro de si toda essa frustração, a beira da erupção, sua única válvula de escape seria a de externar e tornar público o seu descontentamento, injuriando e censurando raivosamente (às vezes a esmo) tudo aquilo que for relacionado com a nova versão.
      Levando em conta esse nosso mundo cada vez mais polarizado, cada vez mais governado pela lógica binária dos algoritmos - certo e errado, bom e ruim - a garantia de preservação de uma obra não é muito sólida ou confiável. Mais cedo ou mais tarde, em maior ou menor escala, pode acontecer uma nova queima de livros "purificadora" nos moldes da Alemanha nazista, por exemplo.
      Lovecraft é racista? Queimem os livros dele!
      Woody Allen é pedófilo? Queimem os filmes dele!
      E, assim sendo, a posse, a disponibilidade, ou mesmo a simples existência de obras que evoquem ideias contrárias as defendidas por este ou aquele partido no poder, bem como obras que estejam em desacordo com a moral vigente estará constantemente ameaçada de ser "cancelada" pelos justiceiros da vez em prol do chamado bem-estar social.
      Sei lá, acho que esse é um ponderamento válido atualmente.
      ...
      (Pode ignorar essa parte se quiser, sou eu bancando o advogado do diabo ^_^)
      Dificilmente duas (ou mais) versões de uma mesma obra coexistem com a mesma importância, logo, uma terá de ser obrigatoriamente "destronada" pra outra ser empossada como "a definitiva" ou como "a melhor". E é exatamente esse "rebaixamento" pra série B o que desencadeia o ódio dos fãs nostálgicos.
      Pra geração atual, o "verdadeiro" He-man será o da Netflix. Sempre que alguém mencionar o nome He-man daqui pra frente, certamente a imagem que será evocada na mente das pessoas predominantemente será a da versão da Netflix.
      O He-man dos anos 1980 passa então a ser uma espécie de esboço ou de alicerce sobre o qual foi construído esse He-man atual, o anterior (apesar da sua inegável importância), limita-se agora a ser uma mera curiosidade histórica.
      Eu me lembro, por exemplo, que o filme Os Infiltrados de Martin Scorsese ganhou uma porrada de prêmios, mas pouco se comentou na época do fato do filme ser uma refilmagem de Infernal Affairs (que eu inclusive acho superior). Era algo que, na época, você só ficava sabendo se pesquisasse um pouco.
      E o difícil acesso a obra original, bem como a resistência/preconceito que a maioria (ainda) têm com o cinema asiático só contribuem pra agravar esse desconhecimento.
      Ou seja, a nova versão praticamente assassinou e ocultou o cadáver da versão anterior, por assim dizer.

      Imagine a aflição do fã de Infernal Affairs - ele já está meio que enlutado e tendo dificuldade pra assimilar que a sua versão foi sepultada, varrida pra debaixo do tapete da história do cinema, e, como se não bastasse isso, ele ainda vê esse sósia, esse maldito doppelgänger sendo ovacionado, premiado e ganhando milhões dólares, apesar de ser um produto inferior.
      Além disso, uma forma de enaltecer a obra atual e de justificar a existência dela - tanto por parte de quem produz quanto por parte de quem a consume e critica - é apontar as falhas e/ou limitações da versão original. No caso do filme Infernal Affairs, vi em muitos lugares a alegação de que era difícil distinguir os atores asiáticos, e que isso atrapalhava o entendimento da trama. O que, obviamente, foi corrigido na versão americana com os rostinhos bem identificáveis de Leonardo DiCaprio, Jack Nicholson e cia.
      Isso é cúmulo pro fã do filme original!
      É como assistir a alguém chutando um cachorro morto. O cachorro não sente nada, é verdade, mas quem vê algo assim não consegue ficar indiferente. O ato é desrespeitoso por si só e causa revolta.
      Além disso, a morte tem esse poder de santificar até mesmo a mais vil das criaturas. Então, ai daquele que apontar um defeitinho sequer do defunto!
      Hoje, o filme live-action do He-man é esculachado até pelos fãs mais ardorosos da animação (eu, particularmente, acho ele divertido) mas, caso façam uma refilmagem dele, muito provavelmente surgirão centenas de milhares de fãs revoltados, defendendo e valorizando até os maiores problemas da versão antiga.
      Levando tudo isso em consideração, não dá pra entender, ao menos em parte, a raiva, a resistência ao novo e o instinto protetor que os fãs nostálgicos têm em relação a suas obras queridas?
      Outra coisa que desencadeia o ódio dos fãs nostálgicos é a quebra da previsibilidade.
      Quando apertamos uma tecla no controle remoto da tv e o volume não abaixa o que nós fazemos? Trocamos as pilhas? Não, apertamos a tecla com força redobrada, como se essa brutalidade fosse influenciar algo. E quanto menos responsivo for o controle, mais violentos somos com ele. E por que temos esses acessos de raiva contra algo inanimado? Porque o controle não está seguindo o "combinado". Ah, mas peralá, não tem uma cláusula do acordo que envolve a troca periódica das pilhas pro controle funcionar corretamente? Sim, mas quem lembra de uma merda dessas quando está querendo trocar de canal?
      O mesmo se dá em parte das hqs, dos filmes e dos games.
      A gente esquece que as obras que nos são queridas são produtos que não nos pertencem e que inevitavelmente serão customizadas para refletirem novos valores, novas estéticas, bem como para agradarem a novos públicos.
      Elas sofrerão mudanças em seu processo de produção. Elementos serão acrescidos e excluídos, talvez, até ao ponto de descaracterizar-las.
      A cantora colombiana Shakira, por exemplo, que é um produto audiovisual composto por suas músicas e pela sua imagem, almejando uma carreira internacional, tingiu os cabelos negros de loiro, abandonou o espanhol e o violão, e entregou-se de corpo e alma para a língua inglesa e o pop norte-americano.

    • @djangosaturatedmatador9836
      @djangosaturatedmatador9836 6 месяцев назад

      Esquecemos também que algumas obras são elaboradas desde o seu início com o intuito de permanecerem eternamente "inacabadas", cheias de pontas soltas pra futuros adendos. A menos que elas falhem comercialmente, essas obras nunca terão uma versão final. Terão, no máximo, de tempos em tempos, "versões definitivas" de um determinado autor ou de um determinado período, eleitas pelo público ou pela crítica.
      A Mona Lisa, por exemplo, é uma obra "estática", sendo a mesma desde de que foi concluída lá no início dos anos 1500 (vamos desconsiderar as restaurações e afins que ela sofreu), e é uma obra capaz de se "autoenergizar"/ "autoressignificar (algo assim, sei lá como explicar isso... ^_^)
      Já no que diz respeito a muitas das obras atuais - sejam hqs, filmes, games, livros - o mesmo não ocorre (podendo isso ser ou não intencional) e, essas obras precisam, mais cedo ou mais tarde, trocar/renovar as suas "pilhas" (equipes criativas/editoriais) para que continuem funcionando adequadamente, visando não só manterem-se relevantes e modernas, como também visando conservar a base de consumidores existente sem, é claro, deixarem de ambicionar novos públicos fazendo gracejos pra este ou praquele nicho que é a bola da vez.
      Até o próprio consumidor ao consumir as obras não escapa da necessidade de trocar as pilhas da sua atenção e do seu afeto vez ou outra.
      E esse momento do "trocar de pilhas" é dureza. É algo que procuramos a todo custo evitar fazer. Porque não se resume apenas ao ato de trocar, você tem que ir até ao "mercado" escolher pilhas novas (sendo que há milhares de opções) e, sobretudo, você tem que descartar as pilhas velhas, as quais você estava "apegado".
      Eu, como muitas pessoas, me iniciei no mundo das hqs lendo histórias do Batman e do Homem-Aranha.
      Com o passar do tempo fui notando que não havia estabilidade em termos de qualidade - fosse dos roteiros ou das ilustrações. Era uma eterna montanha-russa.
      Quando iniciava-se uma fase boa, eu me perguntava - Quanto tempo isso vai durar?
      Quando iniciava-se uma fase ruim, eu me consolava pensando - Tudo bem, já já isso acaba.
      Com isso em mente, aceitei numa boa todas as propostas, mesmos as mais radicais, como Ben Reilly sendo o "verdadeiro" Homem-Aranha ou o Azrael assumindo o manto do Batman.
      Mas aí vieram as fases do Homem-Aranha totêmico (em que somos informados que não foi um acaso Peter Parker ter sido picado por uma aranha radioativa - talvez "Retcom" seja um bom tema para um próximo video ^_^) e o famigerado "Batman com preparo" ( em que ele munido com seus planos de contingência, tudo pode. Caramba, eu me lembro de uma história em que ele saia no mano a mano com o Darkseide e vencia!)
      Essas "fases" iniciaram-se há umas duas décadas(?) e perduram até hoje (ao menos os reflexos delas continuam a reverberar).
      Eu fui guerreiro e as suportei por alguns anos mas me vi incapaz de dar prosseguimento a esse autoflagelo. Eu ainda tinha muito carinho pelos personagens, mas era insuportável pra mim ver essa "degradação" sem fim de ambos. Então, muito a contragosto, cheguei a conclusão de que aquilo não era mais pra mim e abri mão de algo que eu gostava muito, parando de colecionar as hqs de ambos.
      Sim, eu poderia perpetuamente ficar relendo as fases que me eram queridas, mas, caramba, eu queria, sobretudo, que essas fases bacanas (pra mim) tivessem tido prosseguimento. Eu queria, confesso, mais do mesmo.
      A parte boa de ter parado de ler Batman e Homem-Aranha foi que eu finalmente me dei conta de que eu simplesmente gostava de ler. Eu tinha, evidentemente, preferência pelos dois, mas agora eu sabia onde posicionar a minha fidelidade - nas boas histórias. Inicialmente eu passei a ler heróis diferentes, que nunca haviam despertado o interesse em mim, como o Gavião Negro e o Monstro do Pântano. Depois, sai desse universo de heróis lendo coisas como Camelot 3000, Fábulas, Y o último homem e mangás.
      Mas, o caso é, eu não queria ter encerrado o meu "relacionamento" com o Batman e o Homem-Aranha (Ui! ^_^).
      Da mesma forma que quem se casa não espera ser traído, acho que o fã, ao amar, cobra fidelidade daquilo que ele ama. O objeto de sua afeição deve (obrigatoriamente) permanecer sempre igual, imutável, apesar do decorrer do tempo (como a Mona Lisa). Porque se a obra muda, é como se ela deixasse de corresponder ao amor igualmente imutável que o fã lhe dá. Essa transgressão acaba por invalidar todo o tempo e carinho dedicado a obra.
      Traído, o fã se despe do amor e traja-se pra guerra, armado com um rancor de grosso calibre e um infindável suprimento de mágoa pra disparar.
      Em certo sentido, em obras como hqs, é a previsibilidade aquilo que desperta a nossa paixão. É a previsibilidade que nos faz criar expectativas (que devem ser correspondidas!) e nos dá essa ideia de posse sobre a obra. "Eu sei EXATAMENTE como os personagens funcionam!" - o Homem-Aranha, quando em desvantagem, sempre vai contar alguma piadinha, o Wolverine apesar de, inicialmente, tentar evitar o uso de violência, sempre vai recorrer a ela.
      Se eles não agirem como o esperado, então, eles não são OS MEUS Homem-Aranha e Wolverine. São qualquer outra coisa parecida com eles.
      Problema similar ocorreu nos primeiros anos do cristianismo, era difícil assimilar a ideia de que o Deus de Jesus, que ama e perdoa, era o mesmo do Velho Testamento, que condena e pune. Para muitos, eram dois deuses distintos; não um mesmo Deus em fases diferentes, por assim dizer.
      Assim como você menciona no video, toda nova versão é um convite para uma visita à versão antiga; um convite pra enxergarmos pormenores que não havíamos percebido, pra descobrirmos possíveis significados que ignorávamos.
      Entretanto, nem sempre esse revisitar é de todo positivo.
      Eu tinha Alien como um dos meus filmes favoritos quando moleque. Assisti várias vezes um VHS que eu tinha dele numa tv tubo de 14 polegadas.
      Com o anúncio da produção de Prometheus, me animei e comprei um Dvd de Alien e fui reassisti-lo, agora, décadas depois, numa tela plana widescreen de 42 polegadas.
      Estava com a expectativa nas alturas. De fato, notei uma porção de coisas novas, como o gato ser o grande "jump scare" do filme. A produção como um todo, em alta definição, me pareceu ainda mais primorosa do que eu me lembrava, mas terminei o filme com um gosto amargo na boca. Senti que ele - embora ainda muito bom - não merecia tanta adoração de minha parte. Ele se apequenou pra mim. Fiquei realmente chateado com isso. Não senti, é claro, que a minha infância foi destruída ^_^, mas senti que deixei uma nódoa nas lembranças tão entusiasmadas que eu tinha de Alien.
      E, pra ser franco, depois dessa decepção com Alien, fiquei bem receoso de revisitar outros clássicos dos quais também tenho boas lembranças.
      Acho que o fã nostálgico é como aquelas pessoas que num funeral preferem não ver o defunto a fim de resguardar na memória uma "imagem viva", monolítica, do falecido.
      São pessoas que preferem não ouvir os amigos e parentes do defunto contarem e trocarem entre si histórias variadas sobre quem ele era e o que ele fez em vida, pois essas novas perspectivas podem conflitar com a versão cuidadosamente construída e mantida por elas do morto.
      Essa inoculação indesejada de fontes externas (uma combinação de experiências e sentimentos particulares), pode fazer ruir ou abalar a estrutura da versão delas, obrigando essas pessoas a revisarem as suas lembranças e fazendo-as confrontar a seguinte questão:
      (Até onde) Eu realmente o conhecia?
      Medo e raiva são irmãos siameses que habitam (e, por vezes dominam) o coração de todo nostálgico. Porque não há nada pior, ou mais temeroso, do que voltar pra casa e não reconhecer na própria casa um lar. O SEU lar. E não é preciso que a mudança seja drástica para que o estranhamento e o desconforto se instaurem, basta que o sofá esteja fora do lugar e, pronto, a sua percepção de pertencimento, de comunhão com aquele lar se quebra (às vezes pra sempre), e o lar volta a ser apenas uma casa -quatro paredes e um teto.
      (Obs - só pra deixar claro, simpatizar com a dor dos fãs nostálgicos não significa, de modo algum, dar apoio/aprovação pra toda merda que eles fazem ou pensam)

  • @IsmaelKenig
    @IsmaelKenig Год назад +1

    Parei para comentar por causa da inspiração do vídeo, Battletoads. Eu joguei o antigo e o moderno. Confesso que a arte do novo (a la Cartoon Network) não me agradou, mas eu não sabia que o objetivo era torná-lo parecido com um desenho animado. Em relação a todo o restante, as novas versões com suas adaptações livres, eu simplesmente não assisto. Não foi feito pra mim e está tudo bem.

  • @vitaminadeabacate5958
    @vitaminadeabacate5958 2 года назад

    Brilhante

  • @Prefeito.de.Ilha.das.Cobras23
    @Prefeito.de.Ilha.das.Cobras23 Год назад

    Essa parte das provocações do mundo material q fazem a gente ter uma ideia no mundo ideal, em um lado mais social poderia ser o realismo materialismo do markx ?

  • @kassiuskennedy2212
    @kassiuskennedy2212 2 года назад

    Excelente!

  • @andersonmbarboza1108
    @andersonmbarboza1108 3 года назад

    Perfeito. Excelente aula, cada vez melhor. Genial o paralelo de Jesus com Battletoads, dei umas boas risadas aqui! 😄

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +2

      Obrigado! Achei que o paralelo funcionaria, já que são duas marcas de sucesso.

  • @labscence
    @labscence Год назад

    Paciência? É uma bênção te ouvir, irmão. Obrigado

  • @gadgetforlife8180
    @gadgetforlife8180 2 года назад

    Como que esse canal ainda é pequeno? Ótimo conteudo.

  • @stefanoaquino5158
    @stefanoaquino5158 2 года назад

    Que texto, mano. mto bom

  • @quadrinhoquasesempre3551
    @quadrinhoquasesempre3551 3 года назад

    Cara, tu tirou muita onda, alias, sempre manda bem! Tu é Muito referencia p eu gravar videos ! Abcao

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +1

      Obrigado! Não sei se sou a melhor referência pra vídeos, já que meus vídeos são numa estética meio grunge. E tem um pessoal no RUclips que faz coisas bem mais caprichadas, como videoensaios e outras formas mais elaboradas.

    • @quadrinhoquasesempre3551
      @quadrinhoquasesempre3551 3 года назад +1

      @@IlhaKaijuuobrigado pela resposta, cara! Estética, pelo menos para mim, é só um aspecto do video, acho que o conteudo dos teus videos sao muito sinistros, e tua explicação é muito boa e direta tb. Sou professor e sempre tento passar meus conteudos de uma forma acessivel, e acho que vc consegue tranquilamente esse feito. Só vc p e fazer parar meia hora ouvindo sobre arte paleocristã eo que isso tem a ver com savestates do battletoads, hahaha. Valeu camarada

  • @gentlepvnk1138
    @gentlepvnk1138 3 года назад +1

    cada vez melhor! seria bacana um vídeo com dicas de livros, sempre que te assisto fico curiosa e com vontade de me aprofundar mais nos estudos da arte como um todo. você recomenda a história da arte do gombrich?

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +1

      Obrigado! Já considerei fazer algo recomendando livros, mas não consegui definir um recorte que seja interessante também pra pessoas que não são pesquisadores, mas gostem de quadrinhos. O "A História da Arte" do Gombrich é uma das recomendações básicas pra quem quer estudar História da Arte. O Gombrich é um pesquisador importante da área e escreve de uma forma para ser acessível para o público leigo e iniciante no assunto. Ele faz pela História da Arte o que o Carl Sagan fez pela popularização da ciência. Além do Gombrich, a bibliografia básica para História da Arte incluiria o "A Nova História da Arte de Janson" do H. W. Janson, o "Arte Moderna" do Giulio Carlo Argan e o "História Social da Arte e da Literatura" do Arnold Hauser.

    • @gentlepvnk1138
      @gentlepvnk1138 3 года назад +1

      @@IlhaKaijuu seria muito bacana algum vídeo ou texto com recomendações sim! acho que falta uma curadoria nesse meio, sinto que muitas pessoas tem a vontade de entender melhor e estudar mas não o fazem pois tem medo d cairem em algo simplista demais ou "inacessível" demais, é o meu caso pelo mrnos :) vou começar c esse do gombrich, obrigadão !

  • @BanchouTV
    @BanchouTV 8 месяцев назад +1

    Cara, concordo, obvio que a nostalgia por si só não é um problema, muito menos evocar elementos vintage ou valores de produções que remetem ao passado, mas sim essa necessidade de manter a leitura superficial, de apenas emular as sensações da infancia e nada além disso, essa é uma barreira que constantemente crítico ao falar sobre tokusatsu e jogos antigos.
    Mas apesar de tudo ainda eu tenho uma birra gigantesca com remakes, porque pra mim apenas se tornou um rescurso sem vergonha para se produzir qualquer porcaria mas ainda sim conseguir uma visibilidade enorme, exatamente pelo barulho causado pela galera da nostalgia vazia. Essa prática se tornou a galinha dos ovos de ouro da indústria do entretenimento, e o que vejo é que isso apenas formenta a culltura da substituição e esses discursinhos pífios de "aaain datado", transformando toda produção cultural em algo descartavel.
    Sobre Battletoads, eu realmente não curti a nova versão, claro que não fiquei chilicando na internet por isso, mas o que eu notei é que não vi nenhum jovem comentando sobre ele, todos que vi falar ou jogar eram pessoas envolvidas no meio retrogamer, logo soa contraditório eles dizerem que querem dialogar com o publico atual, mas pra isso usam de algo antigo e dependem totalmente do engajamento vindo dos tios nostalgicos, em vez de apenas criarem um novo produto. No fim é como se algo produzido pra ninguém, já que não chama atenção do novo publico e é rejeitado pelo público antigo.

  • @zana7154
    @zana7154 3 года назад

    Esse uso da imagem de Jesus como exemplo foi perfeito! Vou até pedir permissão para usar também (dando os devidos créditos, claro!)

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +3

      Sinta-se livra pra usar que o Jesus já é um super-herói com os direitos em domínio público.

  • @lucasrpacifico
    @lucasrpacifico 3 года назад +1

    rapaz.... conheci seu canal hj... cliquei aqui pela miniatura dos battletoads e acabei entrando numa aula de filosofia. hahahaha q onda. mas muito foda o canal. curti a onda de vc falar de uns mangás desconhecidos e tal..

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +2

      Obrigado e bem-vindo ao canal! Espero que goste também dos otros vídeos.

  • @odobrodenada
    @odobrodenada 3 года назад

    Carai mané, que aula!

  • @Randomgames97
    @Randomgames97 Год назад

    Não gosto do remake de Battletoads, pelo menos não do estilo, design dos personagens e tal (não joguei ainda mas talvez eu goste em termos de gameplay). Mas concordo com o que você falou, não faz sentido dizer que isso "arruinou a minha infância", mesmo que eu não goste do jogo novo, os originais continuam existindo e podendo ser jogados a qualquer momento. O vídeo foi mais profundo que eu esperava, explicou até o significado filosófico de estética, me prendeu do início ao fim

  • @sandromassaru
    @sandromassaru 3 года назад +1

    Concordo em parte com sua colocação, principalmente em relação de que a obra original estará lá sempre para que você possa revisitá-la, quando se tem uma nova versão, ela tende a ser hegemônica e por ser tende a obscurecer as outras versões, quando é apresentado o novo reaviva o anterior pelo choque entre essas duas visões. Seu próprio exemplo do Jesus garotão versus Jesus pregado demostra que a obra foi substituída por sua versão "nova". Até o lançamento das novas versões do nintendinho e do super nintendo não se podia replicar a experiência pois as novas televisões simplesmente não usavam mais as mesmas entradas, Emuladores eram apenas simulacros. Assim como um evangélico brasileiro entrando em Notre Dame;
    A relação do cinema com a literatura é diferente pq realmente uma não suplanta a outra e podem seguir em paralelo.
    Agora, não acho que não se deva renovar e atualizar um produto pq homens de 40 anos estão reclamando de animação produzida para meninas de 8

  • @marcelgomesz
    @marcelgomesz 2 года назад

    Fala aí Rafael! Eu adoro muito seus vídeos, e esse meu comentário não tem diretamente uma relação com este, é apena um dúvida que eu queria tirar. Faz pouco tempo que vi um tweet de uma pessoa falando que não é adequado usar o verbo "consumir" quando se fala das expressões artísticas, como cinema, animes e mangás. Justificando que a arte não foi feita pra ser consumida, e sim apreciada. Dizendo que não se consome arte. Nunca tinha pensado por essa perspectiva, embora me pareça mentira e que muitas pessoas consumam arte de fato e não pensem muito sobre o que consumiram. Que achas?

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  2 года назад +3

      Existe uma velha postura que já se encontrava lá no século XIX, mas que continua a existir hoje, de tentar dar essa aura idealizada romântica para a arte ao se tentar separar ela dos objetos de consumo como se ser mercadoria diminuísse o valor cultural de algo. No início isso estava relacionado com o Romantismo ter surgido da decepção em relação as revoluções liberais, e os românticos serem filhos da burguesia que não se reconheciam nela. E essa noção foi reforçada depois pelas teorias da Escola de Frankfurt. Autores da Escola de Frankfurt como o Adorno construíram uma teoria que dividia a produção cultural entre alta cultura e cultura de massas. A alta cultura seria a produção artística superior por ser criada puramente segundo motivações artísticas. E a baixa cultura ou cultura de massas seria inferior por estar associada à indústria cultural e ao capitalismo, como o cinema, a música e a literatura produzida com suporte de empresas e feitas para que muitas pessoas comprassem. Dentro dos estudos de Teoria da Arte, essa interpretação da Escola de Frankfurt é considerada problemática e em muitos pontos obsoleta, existe muita produção teórica posterior apontando esses problemas e fazendo novas considerações sobre a questão. Só que em algumas áreas, como na Comunicação por exemplo, o pessoal é muito apegado ainda à Escola de Frankfurt e teoriza a partir da definição de arte da Escoa de Frankfurt como se ela fosse atual e ignoram toda a produção teórica crítica feita depois.
      Um dos problemas dessa teoria da Escola de Frankfurt é a justamente essa definição de arte que separa em alta cultura e cultura de massas usando o fim de consumo como critério, porque ela parte de uma premissa que é falsa. Desde que o conceito de arte foi criado no Renascimento, a produção artística esteve associada ao consumo. Quase todas as obras hoje tratadas como consagradas tiveram uma relação de consumo e financiamento em sua fundação. As obras do Leonardo da Vinci eram e maioria encomendas de mercadores ricos que diziam como elas deveria ser e exigiam que eles fossem incluídos como figurantes nas imagens. Durante a criação das famosas pinturas da Capela Sistina, o Michelangelo fugiu da cidade porque ele não queria terminar, e o papa teve que contratar capangas para trazerem ele de volta e terminar o trabalho à força. Quando ficou pronto, o Papa não gostou e mandou o Michelangelo refazer parte mudando o que ele não gostava. Têm vários outros casos assim em pinturas, na música clássica e em outras obras hoje tratadas como "alta cultura". Casos de artistas que não queriam fazer, mas aceitaram o trabalho pela grana. Ou obras que tiveram de ser modificadas contra a vontade do artista porque quem estava pagando não gostou do resultado e quis dar pitaco achando que sabia mais do que o artista. Os poucos casos de artistas renomados que trabalhavam de forma independente totalmente livras dessa relação de mercado, como o caso do van Gogh, foram pessoas que morreram no anonimato e na pobreza, e só anos depois de suas mortes as obras foram reconhecidas com importantes depois que seus herdeiros inseriram elas no mercado.
      Então meu ponto é que quase todas essas obras tratadas como arte superior e pura de artistas hoje renomadas foram produzidas como mercadoria dentro de uma lógica de mercado. E mais ainda, o conceito de arte foi criado na Europa no Renascimento. Logo, não existia arte antes do renascimento ou em outros lugares fora da Europa no período. O que hoje tratamos como ate clássica e antiga (esculturas de deuses, pinturas religiosas dentro de igrejas, jarras pintadas, armaduras adornadas) não eram arte para as pessoas que as criaram e as usavam, eram todos objetos utilitários produzidos para a venda e uso em atividades do dia a dia. Logo, essa produção não era feita para "apreciação", mas para uso prático cotidiano. Esse lance de separar arte "verdadeira" de mercadoria é uma artificialização elitista proposta por pessoas que querem se destacar separando a produção cultural que eles consomem como superior da produção cultural consumida por outros grupos sociais inferiorizando-os ao retirar dessa produção o status de arte.

    • @marcelgomesz
      @marcelgomesz 2 года назад +3

      @@IlhaKaijuu @Ilha Kaijuu Caramba... nunca tinha parado pra pensar na escola de Frankfurt desse modo. Quando em sociologia na escola estudei Adorno e Horkheimer, foi tratado sobre essa distinção entre cultura de massas e cultura erudita, mas talvez por minha falta de interesse eu nem sequer tenha pensando nas problemáticas que permeavam esses conceitos. Muito obrigado pela resposta e o esclarecimento!

  • @sithyoda1
    @sithyoda1 3 года назад +1

    Up

  • @viniciusairesstaub2995
    @viniciusairesstaub2995 Год назад

    Mas tem dois problemas aí: o potencial inovador do velho e o potencial alienante do moderno.
    Digamos que eu sinto muita falta da receita de bolo da minha falecida avó. Então, minha tia do interior faz pra mim a receita exata. O problema é que eu sou mais velho, não tenho as mesmas papilas gustativas, as mesmas experiências. Não é o mesmo homem. Então o "mesmo" bolo tem um gosto diferente. Isso é desarmônico: pode ser uma descoberta bacana, inovadora, mas neste exemplo específico costuma ser meio melancólico. Melhor ficar com a memória do bolo, porque "aquele" bolo (aquela experiência-bolo) nunca mais vai voltar.
    Fazendo paralelo com os dois exemplos do vídeo, religião e videogame: pra mim, como cristão, é um sentimento muito bom ver representações antigas de Jesus. É uma desarmonia que me tira de mim, me aproxima de cristãos de outras eras e amplia minha capacidade de conceber Deus. Já o Battletoads do Nintendinho, nem ouso tocar - tenho certeza que vou me frustrar com os controles velhos, dificuldade ridícula, etc.
    Voltando ao bolo, digamos que minha prima confeiteira é que vai fazer o bolo pra mim. Mas ela é esperta: sabe que estou mais velho e que meu paladar conheceu ingredientes novos disponíveis no mercado, além de sobremesas industriais e várias outras coisas. Então, ela atualiza a receita (com ingredientes e técnicas que minha avó não tinha) justamente PARA recriar o "bolo da vovó" em benefício deste marmanjo que vos fala. E eu como, encho os olhos de lágrimas, "voltei à infância" e podipá. Acontece que minha prima NÃO FALA que atualizou, pois, como boa artista, ela é uma mentirosa do caramba.
    O bolo da tia seria quase "brechtiano" em comparação à modernidade ilusionista da prima. Mas o caminho da "prima moderna" é a opção estética de muitas das re-criações das séries antigas: uma tentativa de restaurar a obra tal como a gente se LEMBRA, e não como ela era. É o passado mastigado, sem estranhamento, sem contato com esse Outro que é quem não somos mais.
    Tudo isso pra te provocar. Fiquei embasbacado e feliz com o vídeo sobre o Kamen Rider Black Sun, muito bom mesmo, e descobri o canal por ele. Agora, a atualização do KR Black não é justamente pra marmanjos de 30-40 conseguirem se emocionar com o herói? Pq eu não consigo me emocionar com a série antiga sem uma boa dose de tolerância intencional, generosa e consciente. Com Black Sun, eu me entreguei mesmo, e aí sim, me senti com 6 anos de volta. Não senti só isso, até porque a obra é meio metalinguística por um de seus temas ser a própria nostalgia e a "passagem de bastão" pras novas gerações. Mas na perspectiva da arte que deve emancipar o público (da qual não compartilho completamente, aliás), o passado nu e cru é menos manipulador que o passado "atualizado".

  • @rixmaia
    @rixmaia 8 месяцев назад

    Então, isso tudo é para dizer q se eu não gostar de uma deturpação de algo de minha infância é pq sou nostálgico e não sou capaz de entender as camadas de um episódio do he-man? E pq não fala do parasitismo pós-moderno? Pq não compara a duração e a calda da versão original para com a nova e deturpada?

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  8 месяцев назад +3

      1- Sim.
      2 - Porque "parasitismos pós-moderno" é invenção de coach reaça que desconsidera vários estudos sérios sobre cultura e arte, inclusive a própria definição de "pós-moderno", e não tem nenhuma credibilidade acadêmica.
      3 - Porque só a ideia de usar um termo como "deturpada" para o ato de fazer uma versão nova de um desenho animado que a pessoa assistiu na infância, como se houvesse uma sacralidade na obra original que é ofendida por uma nova leitura, já parece um tipo fanatismo em estágio grave.

  • @anticomuna
    @anticomuna 3 месяца назад

    O problema do seu argumento é que pressupõe que todas as mudanças são "positivas" ou feitas por interesses genuínos em prol da qualidade e não simplesmente comerciais.
    Por exemplo, a Netflix fez um seriado do He-man sem o He-man onde a história era toda de uma personagem secundária. Isso pode ter sido feito por ativismo político ou interesses puramente comerciais, mas nada de valor foi agregado ao que já existia. Isso faz tanto sentido quanto um filme do Godzilla sem o Godzilla.
    Além do mais, nenhuma dessas empresas age por boa vontade, mas tomam decisões visando atrair uma audiência. Em um contexto comercial, se os fãs de uma série não estão contentes com o que lhes é oferecido, deve-se reclamar. Assim como é em qualquer relação comercial.

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 месяца назад

      Daí o problema é de interpretação da tua parte. Em nenhum momento falei que eram mudanças "positiva". Nem ao menos considerei uma moralização que dividisse entre "positivas" e "negativas", só falei em mudanças. E se fosse possível fazer um juízo de valores das mudanças entre "positivas" e "negativas", seria necessário considerar também pelo ponto de vista de quem elas são "positivas" ou "negativas".
      Sobre a questão comercial, é verdade, empresas querem lucrar. Só que isso se aplica também às versões originais. O "He-Man" original foi feito para vender brinquedo e todo baseado em objetivos comerciais. Mas acontece isso com toda as formas de arte, elas sempre existem na tensa da disputa entre o que o autor quer fazer e o que o grupo que está bancando quer que seja feito. Não é porque uma produção tem interesse comercial que ela é automaticamente sem valor nenhum. Vale lembrar que a arte sempre foi feita nessa disputa. As pinturas renascentistas eram feitas por encomenda e quem pagava com frequência censurava ou mandava mudar coisas, Michelangelo pintou a Capela Sistina contra a vontade depois de gastar todo o dinheiro que a Igreja deu pra ele pelo serviço e tentar fugir sem terminar. Também vale lembrar que motivações políticas e sócias desde a antiguidade foram temas pra produção artística de várias culturas.
      Já sobre a série nova do "He-Man", imagino que tu não tenhas assistido. Só a primeira das três temporadas, que é a que justamante tem como tema explorar a ausência do He-Man, é focada na Teela. Logo que o He-Man é resgatado, ele assume o protagonismo da série.

  • @herickson4683
    @herickson4683 Год назад

    Já tentou pesquisar sobre interesse japonês no classicismo ocidental ou na Grécia antiga?

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  Год назад

      É um recorte bem amplo, porque muitos autores a partir da Era Meiji usaram conceitos e elementos gregos clássicos. Sem falar em toda a influência direta mais antiga, como mitos xintoístas que são variações de mitos gregos, ou convenções formais da escultura budista que também são influenciadas diretamente por modelos da Grécia antiga.

    • @herickson4683
      @herickson4683 Год назад

      @@IlhaKaijuu Eu não sei se tem um povo mais preocupado com estética do que os japoneses. Mesmo se analisarmos somente o mangá ex: jojo bizarre adventures

  • @victorgomesweise.0393
    @victorgomesweise.0393 3 года назад +1

    Meu nicho é os animes e mangás (meio que eu só leio mangá kk) e eu sinto muita pena sobre a evolução da estética dessa mídia,que saiu de autores que sempre queriam ter um traço original ou com várias bases como o Nagai e o Ishikawa, mas de alguma forma se tornou "Comum" ,mas imagina voltar pra quando os olhos são 2/3 da cabeça do personagem kk

  • @yusukeUu
    @yusukeUu 2 года назад +1

    Tenho várias críticas construtivas para melhorar o canal, mas acredito que não seja a questão aqui.
    Oq eu realmente queria comentar é que você é muito inteligente, muito interessante ver suas opiniões simplesmente por ser lúcido e falar com convicção sobre temas

  • @clockcast
    @clockcast 3 года назад +1

    Você mencionou gente reclamando de Cavaleiro das Trevas, pois teve um critico na época do lançamento que fez justamente isso ruclips.net/video/Fuh0uM9-l84/видео.html

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +1

      Sempre tem alguém assim. Tem relação com a teoria da Projeção Sentimental, geralmente é o pessoal que se identifica demais com alguma obra a ponto de confundir a si próprio com ela e entender criticar a obra que gostam é a mesma coisa que ofendê-los.

  • @VictorAugustus
    @VictorAugustus 3 года назад

    Também comprei A Ultima Transmissão que vi aí atrás, você já leu? o que achou?

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +1

      Estou na metade de livro ainda, mas é interessante. Conhecia o Unno só de nome, porque influenciou muitos autores japoneses de ficção científica, mas ainda não tinha lido nada dele.

  • @play7700
    @play7700 3 года назад +1

    Ótimo vídeo cara você é incrível, mas eu acho que essa galera do battle toads entendeu na época que o jogo não era só pra simular um cartoon atual. Acho que na visão deles o game é sempre uma simulação dos cartoons dos anos 80 por isso o hate.

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 года назад +1

      A maioria desse pessoal queria que fosse uma simulação da experiência que eles tiveram, e danem-se o pessoal mais novo que vai jogar.

  • @hugooliveira2104
    @hugooliveira2104 2 года назад

    você sabe que está vendo um bom vídeo quando se vai de jesus cristo a battletoads e o bglh faz total sentido. foda demais!

  • @MrPedrotavio
    @MrPedrotavio 2 года назад +1

    "Personagem famoso da história ocidental... jesus!" kkkkkkkkkk

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  2 года назад +1

      E também da oriental, já que ele luta boxe contra o Jun em "Ring ni Kakero".

  •  3 года назад

    Falou bonito hein?!
    Eu penso parecido mas não com toda essa carga de história de você nos passou no vídeo, o tempo passa e as pessoas querem repetir as mesmas experiências vez após vez, eu não consigo fazer isso, seja filme, música, quadrinhos ou livros, gosto de experimentar algo que me dê novas sensações, rapaz é um negócio de outro mundo.
    Enfim, mais um grande vídeo!

  • @LEONARDO009
    @LEONARDO009 Год назад

    Rafa, como começar a estudar as belas artes?

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  Год назад +1

      Uma indicação que sempre faço para quem quer iniciar é o livros "A História da Arte" do E. H. Gombrich, que é um autor respeitado na área e que tem a preocupação de escrever de forma acessível para leigos e iniciantes. Se tu procurar, acha em pdf pela internet.
      Só que "belas artes" é um termo que não se usa mais porque há tempos se entende que arte não é só sobre beleza. No século XX passou a se empregar o temo "artes plásticas", considerando todos os objetos de arte de diferentes naturezas. E, após a década de 1970, adotou-se o termo "artes visuais" para incluir manifestação artísticas que não são objetos, como vídeos e performances.

  • @brassen
    @brassen 3 месяца назад

    *Jesus pastor moreno*
    eu: oi

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  3 месяца назад +1

      "Jesus através do Jesusverso"

  • @nivaldowesley666
    @nivaldowesley666 Год назад

    essa discussão sobre nostalgia sempre me lembra aquele episodio de teen titans go, com o palhaço! kkkk

  • @ADRIANOLVES-cw3mi
    @ADRIANOLVES-cw3mi 20 дней назад

    Papo de esquerdista identitário.

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  20 дней назад

      Que droga tu fumou para associar o assunto com identitarismo?

    • @baratinandodealmeida
      @baratinandodealmeida 19 дней назад

      Vc se achou super inteligente com esse comentário, né? Vc é burro, cara. Vc é xucro, limitado.

  • @gurgelx1299
    @gurgelx1299 2 года назад

    Dá pra ver que você não entende muito sobre Cristianismo

    • @IlhaKaijuu
      @IlhaKaijuu  2 года назад +2

      Igualmente

    • @KoopaArtsLoopa
      @KoopaArtsLoopa 2 года назад +1

      Fiquei curioso, pode aprofundar o porquê da afirmação?