Lima Barreto era um dos grandes escritores que realmente conseguia descrever a realidade brasileira. Como diz Olavo" nada está na política atual que já não esteja antes na literatura."
São ótimas as suas impressões de leitura de Lima Barreto. "Os Bruzundangas" é um dos meus preferidos da vida. Também gostei de saber mais deste Clube de Literatura Clássica.
O Olavo no COF indica o Isaías Caminha e mais uns romances do Lima Barreto para termos contato com a realidade brasileira (quanto à moralidade, desprezo pelo conhecimento, amor pelos títulos e superficialidade).. Foi interessante ver a descrição dp Lima
As duas obras refletem nossa realidade. Como você mesma disse: é triste saber que nada mudou. De fato, é triste saber que as fake News já existiam no início do Século XX, assim como, a corrupção. Parabéns! Você dá show com as resenhas das obras somado à sua peculiar simpatia.
Nunca li Lima Barreto, mas tenho dois livros dele aqui na minha casa esperando a oportunidade de serem lidos. Mas, de fato, é um dos autores que pouca gente conhece.
Recordações do Escrivão Isaías Caminha é uma obra ímpar, e há partes que nos faz cair na risada diante da fina ironia do narrador, e também nos deixa tristes e reflexivos quando nos deparamos com os episódios de racismo que o Isaías relata. O racismo estrutural que ainda persiste no Brasil. Confesso que em alguns capítulos as lágrimas se fizeram acumular nos cantos dos meus olhos. O episódio em que Isaías é acusado de furto no Hotel que culminou na sua passagem pela Delegacia, onde experimentou novos gestos racistas, bem como o fato do autor narrar a pungente consciência que o protagonista tem em relação ao preconceito de cor, sinceramente, é de cortar o coração e de posicionar o leitor, principalmente a pessoa de pele clara, na situação do Isaías, do seu incomensurável sofrimento psicológico em ser a todo momento julgado pela sociedade como um ser inferior. O autor também traz à baila a imbecilidade das teorias científicas da época que tentavam justificar a superioridade do europeu, as quais eram convenientes para a elite brasileira, que uma década anterior eram escravocratas e que posteriormente deixaram os negros esquecidos e criaram oportunidades para os imigrantes europeus. A crítica à imprensa, Lima Barreto foi cirúrgico e pontual. Em determinado trecho do romance, Isaías trava uma discussão com o amigo Leiva sobre o papel da imprensa na democracia, aquele exalta a antiga imprensa, da manifestação individual, "quando não era coisa que desse lucro; hoje é a mais tirânica manifestação do capitalismo e mais terrível também...". Por evidente, Lima Barreto compreendia que os princípios fundamentais da democracia, como a liberdade de imprensa e a própria eleição dos governantes, podem ser esvaziados pelo poder implacável do capital. Chamou a minha atenção a trajetória do protagonista Isaías, que abandona o interior do Estado e parte para a capital, cheio de ambições e sonhos, ao tempo em que a sua ingenuidade se defronta com a dura e injusta realidade da sociedade urbana. Com as devidas proporções, identifiquei nisso a trajetória do jovem Julien Sorel, protagonista de Vermelho e Negro , do francês Stendhal. Sorel e Isaías nutriam a mesma afetação por Napoleão. Posso estar enganado, mas cogito que os dois também comungavam do mesmo dilema existencial, cada qual enfrentando as suas circunstâncias do meio: serem reconhecidos pelo que são, e não pelas classes sociais ou cor a que estão inseridos. Não são necessariamente revolucionários, mas sucumbem às forças hegemônicas. Um morre, o outro adere ao cinismo. No ensejo, indico O Vermelho e o Negro, excelente leitura. Abraços, gostei muito do seu vídeo. Continue.
é verdade! eu li recentemente "Os bruzundangas" e foi difícil encontrar resenhas sobre esse livro depois eu também recebi esse livro do clube de literatura clássica, vou começar ao contrário, pelo último
...de fato quase nada mudou desde o início da República. A cultura literária é fundamental para estruturar a ampliar o imaginário (mais importante até do que a educação científica e a artística), pena que, como o Nicholas Fernandes comentou, até a educação literária foi contaminada pelo viés ideológico... quanto ao novo espaço, achei a cor de fundo muito 'quente', o que foi reforçado pelo cactos ao fundo (a captação das vozes ao fundo não é legal, uma simples cortina ou um microfone direcional pode resolver)... tem um livro muito bom em português do Prof. Modesto Farina, chamado Psicodinâmica das cores em comunicação (Ed. Edgar Blücher), nele, além de dicas, tem um referencial científico bibliográfico muito rico sobre este tema (o uso e a influência das cores nos meios de comunicação)... siga em frente, não desista, seu projeto é mais importante do que pode imaginar, parabéns em se disponibilizar a fazê-lo e sucesso.
Parabéns pela análise! Lima Barreto é um escritor superestimado pela esquerda patológica pelas suas obras ultramilitantes -a pior parte da sua produção - pq convém a narrativa junto com sua biografia, nunca pelas boas obras e as justas críticas
@@academiabocault Cemitério dos vivos, um livro biográfico, e em partes em Clara dos Anjos, um romance, só pra citar dois. Ambos póstumos, pois nem o infante e infame Afonso Henrique quis publicar em vida, pois sabia do teor do conteúdo. Quem escreve muita crítica ao Lima Barreto é o professor e crítico literário Rodrigo Gurgel, ele tem canal aqui no RUclips, ele é fantástico vale super a pena ouvir o que ele tem a dizer.
@@nicholasfernando6581 ser estudante de letras não funciona como um passe pra vc ser grosseiro e desrespeitoso. Ao contrário, vc deveria se envergonhar d ofender gratuitamente um perfil/grupo político e um autor fabuloso
@@afonsobarroso1307 não existem medalhões incriticaveis da literatura, e quando os maus exemplos são exaltados é necessário lembrar a outra face da moeda. Em momento nenhum eu disse palavras de baixo calão ou obcenidades à pessoa do autor. Critico a obra e o autor dessa obra. Eu nem citei em momento algum questões pessoais biográficas, como o alcolismo e a estadia no hospício, que são questões tristíssimas na vida de Lima, que são sempre exaltadas como primordiais na formação do escritor pelos que querem abduzi-lo pra narrativa ideológica. Achar esse tipo de coisa boa pra um ser humano é sim doentio. E Lima Barreto tem muitos problemas na prosa, e isso não é novidade pra nenhum crítico. E grupos ideológicos ignoram isso, bem como as coisas belas e admiráveis na escrita do autor, pra usá-lo como instrumento descartável na luta cultural pela revolução (como, aliás, tentam fazer com Machado de Assis agora tbm). Leia Lilia Schwartz. Não sei pq vc ficou tão hipersensível ao que eu disse. Se vc não gostou, é uma pena. Mas é a minha liberdade de expressão e a minha crítica pautada na leitura crítica do que já vi. Se vc achou forte demais, é pq não compreendeu a insidiosidade do que estão querendo fazer com Lima Barreto
Parabéns. Amelhor resenha que eu assisti sobre o livro. Lima Barreto foi um gigante que tratou de diversos assuntos com muita ironia e inteligência.
Lima Barreto era um dos grandes escritores que realmente conseguia descrever a realidade brasileira. Como diz Olavo" nada está na política atual que já não esteja antes na literatura."
São ótimas as suas impressões de leitura de Lima Barreto. "Os Bruzundangas" é um dos meus preferidos da vida. Também gostei de saber mais deste Clube de Literatura Clássica.
O Olavo no COF indica o Isaías Caminha e mais uns romances do Lima Barreto para termos contato com a realidade brasileira (quanto à moralidade, desprezo pelo conhecimento, amor pelos títulos e superficialidade).. Foi interessante ver a descrição dp Lima
Vi uma análise dele de como o Isaías sofre não porque é pobre e preto, mas sim porque todo mundo que está ao seu redor é canalha e superficial.
@@pentakill5416interessante
Esse livro foi cobrado no vestibular no ano que fiz aqui no Ceará, em 2005. Maravilhoso!
Eu fiz esse vestibular e caiu Os Bruzundangas na prova da UFC. Li e passei 🎉🎉
As duas obras refletem nossa realidade. Como você mesma disse: é triste saber que nada mudou. De fato, é triste saber que as fake News já existiam no início do Século XX, assim como, a corrupção. Parabéns! Você dá show com as resenhas das obras somado à sua peculiar simpatia.
Conteúdo impecável, parabéns!
Nunca li Lima Barreto, mas tenho dois livros dele aqui na minha casa esperando a oportunidade de serem lidos. Mas, de fato, é um dos autores que pouca gente conhece.
Marido, cala a boca!!!
A senhora é inspiradora. Ficamos encantados. Em frente, sempre, na Graça de Deus.
Recordações do Escrivão Isaías Caminha é uma obra ímpar, e há partes que nos faz cair na risada diante da fina ironia do narrador, e também nos deixa tristes e reflexivos quando nos deparamos com os episódios de racismo que o Isaías relata. O racismo estrutural que ainda persiste no Brasil. Confesso que em alguns capítulos as lágrimas se fizeram acumular nos cantos dos meus olhos. O episódio em que Isaías é acusado de furto no Hotel que culminou na sua passagem pela Delegacia, onde experimentou novos gestos racistas, bem como o fato do autor narrar a pungente consciência que o protagonista tem em relação ao preconceito de cor, sinceramente, é de cortar o coração e de posicionar o leitor, principalmente a pessoa de pele clara, na situação do Isaías, do seu incomensurável sofrimento psicológico em ser a todo momento julgado pela sociedade como um ser inferior. O autor também traz à baila a imbecilidade das teorias científicas da época que tentavam justificar a superioridade do europeu, as quais eram convenientes para a elite brasileira, que uma década anterior eram escravocratas e que posteriormente deixaram os negros esquecidos e criaram oportunidades para os imigrantes europeus.
A crítica à imprensa, Lima Barreto foi cirúrgico e pontual. Em determinado trecho do romance, Isaías trava uma discussão com o amigo Leiva sobre o papel da imprensa na democracia, aquele exalta a antiga imprensa, da manifestação individual, "quando não era coisa que desse lucro; hoje é a mais tirânica manifestação do capitalismo e mais terrível também...". Por evidente, Lima Barreto compreendia que os princípios fundamentais da democracia, como a liberdade de imprensa e a própria eleição dos governantes, podem ser esvaziados pelo poder implacável do capital.
Chamou a minha atenção a trajetória do protagonista Isaías, que abandona o interior do Estado e parte para a capital, cheio de ambições e sonhos, ao tempo em que a sua ingenuidade se defronta com a dura e injusta realidade da sociedade urbana. Com as devidas proporções, identifiquei nisso a trajetória do jovem Julien Sorel, protagonista de Vermelho e Negro , do francês Stendhal. Sorel e Isaías nutriam a mesma afetação por Napoleão. Posso estar enganado, mas cogito que os dois também comungavam do mesmo dilema existencial, cada qual enfrentando as suas circunstâncias do meio: serem reconhecidos pelo que são, e não pelas classes sociais ou cor a que estão inseridos. Não são necessariamente revolucionários, mas sucumbem às forças hegemônicas. Um morre, o outro adere ao cinismo. No ensejo, indico O Vermelho e o Negro, excelente leitura.
Abraços, gostei muito do seu vídeo. Continue.
é verdade! eu li recentemente "Os bruzundangas" e foi difícil encontrar resenhas sobre esse livro depois
eu também recebi esse livro do clube de literatura clássica, vou começar ao contrário, pelo último
Amei!
muito bom!
Adoro tua voz.
sinistra !!
Aaah que show. Ganhou um inscrito. Eu tbm sou assinante do clube 🤩😍
O marido gritando com o jogo é o melhor. Parece aqui em casa! 🤣
kkkkkkkkkkkkkkkk tava procurando esse comentário
Ótima resenha. Parabéns
Indispensável mesmo!
PALAVRÕES pra CARA@@@ kkk, alguém jogando vídeo game kkk. Adorei o vídeo vou comprar valeu .
O melhor? Que, ao meu olhar, parece mesmo com os personagens kkkkk
Está edição de Lima Barreto é do clube de literatura clássica? Só para saber .
Bacana teu vídeo. Só senti falta d uma apresentação das edições. Fiquei babando daqui. São lindas. O Bruzundangas tem orelha?
Tem sim. E o do Lima Barreto é Capa Dura! São fantásticas. Tem umas apresentações bem feitas aqui no youtube, por isso não fiz.
@@academiabocaultobg pelo retorno
Olha a plantinha.
Manda o marido ficar quieto!! Kkkk
Hahahhaa.... teve ate um krl, pqp no fundo
Ahahahahah
o cara xingando ao fundo só deixa o vídeo mais legal
VOCÊ TEM TODA RAZÃO, O RUclips ESTÁ CHEIO RESENHA MUITO RUIM E TOTALMENTE FORA DE SINTONIA COM O AUTOR(A). PARABÉNS PELO TRABALHO E CONTINUE...
...de fato quase nada mudou desde o início da República. A cultura literária é fundamental para estruturar a ampliar o imaginário (mais importante até do que a educação científica e a artística), pena que, como o Nicholas Fernandes comentou, até a educação literária foi contaminada pelo viés ideológico... quanto ao novo espaço, achei a cor de fundo muito 'quente', o que foi reforçado pelo cactos ao fundo (a captação das vozes ao fundo não é legal, uma simples cortina ou um microfone direcional pode resolver)... tem um livro muito bom em português do Prof. Modesto Farina, chamado Psicodinâmica das cores em comunicação (Ed. Edgar Blücher), nele, além de dicas, tem um referencial científico bibliográfico muito rico sobre este tema (o uso e a influência das cores nos meios de comunicação)... siga em frente, não desista, seu projeto é mais importante do que pode imaginar, parabéns em se disponibilizar a fazê-lo e sucesso.
100 anos depois, não mudou porra nenhuma
Parabéns pela análise! Lima Barreto é um escritor superestimado pela esquerda patológica pelas suas obras ultramilitantes -a pior parte da sua produção - pq convém a narrativa junto com sua biografia, nunca pelas boas obras e as justas críticas
Ps: estudo Letras
Quais obras dele são ultramilitantes?
@@academiabocault Cemitério dos vivos, um livro biográfico, e em partes em Clara dos Anjos, um romance, só pra citar dois. Ambos póstumos, pois nem o infante e infame Afonso Henrique quis publicar em vida, pois sabia do teor do conteúdo. Quem escreve muita crítica ao Lima Barreto é o professor e crítico literário Rodrigo Gurgel, ele tem canal aqui no RUclips, ele é fantástico vale super a pena ouvir o que ele tem a dizer.
@@nicholasfernando6581 ser estudante de letras não funciona como um passe pra vc ser grosseiro e desrespeitoso. Ao contrário, vc deveria se envergonhar d ofender gratuitamente um perfil/grupo político e um autor fabuloso
@@afonsobarroso1307 não existem medalhões incriticaveis da literatura, e quando os maus exemplos são exaltados é necessário lembrar a outra face da moeda. Em momento nenhum eu disse palavras de baixo calão ou obcenidades à pessoa do autor. Critico a obra e o autor dessa obra. Eu nem citei em momento algum questões pessoais biográficas, como o alcolismo e a estadia no hospício, que são questões tristíssimas na vida de Lima, que são sempre exaltadas como primordiais na formação do escritor pelos que querem abduzi-lo pra narrativa ideológica. Achar esse tipo de coisa boa pra um ser humano é sim doentio. E Lima Barreto tem muitos problemas na prosa, e isso não é novidade pra nenhum crítico. E grupos ideológicos ignoram isso, bem como as coisas belas e admiráveis na escrita do autor, pra usá-lo como instrumento descartável na luta cultural pela revolução (como, aliás, tentam fazer com Machado de Assis agora tbm). Leia Lilia Schwartz. Não sei pq vc ficou tão hipersensível ao que eu disse. Se vc não gostou, é uma pena. Mas é a minha liberdade de expressão e a minha crítica pautada na leitura crítica do que já vi. Se vc achou forte demais, é pq não compreendeu a insidiosidade do que estão querendo fazer com Lima Barreto