HISTÓRIA A história do Observatório do Valongo está ligada à criação do Observatório da Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1881. O pequeno “ponto de observação” a ser montado no terraço da Escola Politéc. (hoje Inst. de Filosofia e Ciências Soc.-UFRJ, no Largo de São Francisco de Paula, Centro do Rio) não era apropriado para observações com instrumentos maiores e melhores. Assim sendo, ergueram um pequeno observatório no alto do Morro de Santo Antônio (este desmontado em sua maior parte entre as décadas de 1950 e 60), que ficava próximo à Escola. A partir de 1921, a reurbanização do Morro começou a afetar o funcionamento do Observatório, que precisou ser transferido, logo no ano seguinte, para outra colina, o Morro do Valongo (nome da vertente oeste do Morro da Conceição), alt. 32m, onde se encontra até hoje. Até então na velha Chácara do Valongo, situada entre o Centro e a Zona Portuária cariocas, havia apenas edificações coloniais em ruínas. O terreno foi adquirido pela recém-fundada Universidade do Brasil no início dos anos de 1920. Em 1924, as instalações do Observatório começaram a funcionar para pesquisadores, professores e alunos. O curso de graduação em Astronomia, que fazia parte da formação em Engenharia Civil, passou a ser independente a partir de 1958. Desde 1966, o Campus de Astronomia do Valongo pertence à Univ. Fed. do Rio de Janeiro (ex-Univ. do Brasil). Na ocasião dos 80 anos da transferência do Observatório do Morro de Santo Antônio para o Valongo, há uma placa institucional, de 2001, em forma de relógio de sol. A frase em latim significa: "o sol brilha ou nasce para todos". O Observatório está aberto à visitação pública desde 2015, época da última revitalização da Zona Portuária. Em 2018, o Curso de Astronomia do Observatório do Valongo completou 60 anos de existência comemorados com diversos eventos acadêmicos abertos ao público. MUSEU, LUNETAS & TELESCÓPIOS No acervo do museu, além de fotos e painéis (como cartas celestes), há exposição permanente de antigos instrumentos: estereoscópios, cronômetros (os marinhos eram usados pelos navios para determinar as longitudes no mar), altímetros, barógrafos, teodolitos portáteis, pêndulas, colimadores, círculos medianos e equatoriais, máquimas e lentes fotográficas etc. Um dos destaques é um teodolito T4, usado para determinar coordenadas celestes (ângulos verticais e horizontais). O instrumento foi adquirido da Alemanha, em 1969, quando foi trocado por sacas de café. Há três cúpulas ou pavilhões que abrigam antigas lunetas ou telescópios. Telescópio Cooke: O prédio histórico principal abriga o Telescópio Refrator Cooke & Sons. Em 1901, iniciou-se a compra do primeiro telescópio que daria início à constução do Observatório do Valongo. Equipado para fotografia astronômica (inovação tecnológica na época), chegou aqui, de Londres (Inglaterra), em 1907. Os seis metros de comprimento fazem dele o maior telescópio do Observatório e o terceiro maior do Brasil. Durante quase toda a primeira metade do século XX, foi o maior do país. Luneta Pazos: Construída em 1876 e o mais antigo telescópio em funcionamento no Brasil. O fabricante, o espanhol José Hermida Pazos, foi fornecedor de binóculos e outros aparelhos ópticos para D. Pedro II e o Conde D'Eu. Está instalado na cúpula apelidada "Casa das Bruxas", pela forma de torre medieval e teto cônico. Telescópio Coudé: De fabricação alemã, foi instalado no Valongo em 1974 e ainda é utilizado pelos alunos. A "elaborada" parte interna da cúpula do Coudé, em madeira nobre avermelhada, é semelhante a do Observatório do Vaticano. PALESTRAS Ao fim de cada visita guiada pelas instalações do Observatório, os visitantes podem assistir a uma palestra de divulgação científica com um astrônomo, geralmente um professor do Campus, como a Profª. Ana Beatriz de Mello e o Profº Rundsthen Nader. No dia desta visita, o assunto foi sobre o primeiro observatório astronômico moderno das Américas: Durante a Ocupação Holandesa no Brasil (século XVII), o cosmógrafo alemão Jorge Marcgrave, patrocinado pela Companhia das Índias Ocidentais Holandesas, construíu seu observatório no telhado do Palácio de Friburgo - casa do governador da colônia holandesa na época, Maurício de Nassau, em Refice (PE) - em 1643. Apresentação do dia baseada no livro: "O observatório no telhado" (1ª ed. 2011), biografia sobre J. Marcgrave. Autor: Oscar Matsuura, ex-prof. de Astronomia da USP. Cepe (editora). OBSERVAÇÃO NOTURNA & POLUIÇÃO LUMINOSA Um dia por mês, além da programação regular, há visitação noturna para observação do céu através de luneta ou telescópio. O programa, que dura cerca de três horas, começa logo ao anoitecer e depende das condições do tempo. Infelizmente, a "poluição luminosa" gerada pelos centros urbanos prejudica cada vez mais a observação astronômica, feita a olho nu ou através de instrumentos ópticos, ao "ofuscar" as luzes visíveis (menos intensas) dos astros: estrelas, planetas, cometas, meteoros etc. Um exemplo: Em 1500, ano do Descobrimento, os indígenas que viviam onde hoje está São Paulo (SP) podiam ver a olho nu no céu noturno (sem nuvens e sem luar) c.4 mil estrelas. Hoje (sob as mesmas condições meteorológicas) os habitantes da maior cidade do país distinguem apenas uma dúzia delas (as mais brilhantes). Quando os observatórios do Valongo e do Observatório Nacional/MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins, no alto do Morro de São Januário, no bairro carioca de São Cristóvão) estabeleceram-se no início da década de 1920, a iluminação externa artificial (geralm. elétrica) era bem menor do que a atual. Assim o interesse de usar lunetas e telescópios, profissionalmente, nesses observatórios passou a ser inviável. Por isso, astrônomos e demais pesquisadores buscam trabalhar em observatórios construídos em locais mais afastados das luzes das cidades. Lembrando que a atmosfera em si já causa distorções nas luzes visíveis que chegam do espaço por causa das camadas de gases e particulas em suspensão (a poluição do ar só piora as condições). Por isso o Telescópio Espacial Hubble, funcionando desde 1990 como um satélite orbitando a Terra, ou seja, fora da atmosfera, captura imagens mais nítidas e precisas do que qualquer outro telescópio em solo. O Observatório do Valongo pede aos "astrônomos amadores" para enviar imagens do céu, feitas por estes, a fim de serem postadas nas redes sociais do Campus. VALONGO (arredores) A palavra "Valongo" pode ser uma composição por aglutinação: vale + longo. O nome é encontrado em diversas localidades em Portugal, uma especificamente ao Noroeste daquele país, próximo à cidade do Porto (para o interior), e quiçá de lá veio a denominação desse trecho da região portuária carioca. Numa encosta do morro, sobre o qual está o Observatório, está o Jardim Suspenso do Valongo: Construído em 1906, durante as obras para o alargamento da rua Camerino, no fim da gestão do Prefeito Pereira Passos. Os jardins elevados foram projetados pelo paisagista Luís Rei no molde dos jardins ingleses do romantismo. As esculturas da mitologia grega são de autoria do francês Grandjean de Montigny (século XIX) e eram do antigo Cais da Imperatriz (atual Cais do Valongo). O local, já tombado em 1938 (Gov. Vargas), foi totalmente reformado durante as obras do Porto Maravilha (2011-16). Próximo há o Cais do Valongo: Principal porto de desembarque de africanos escravizados (quase 1 milhão em c.50 anos) a partir de 1774 (na extinta Praia do Valongo). Em 1811, foi construído um cais de pedra para receber melhor os cativos sobreviventes que eram comercializados logo ali perto. Em 1831, após o tráfico negreiro transatlântico ser proibido por imposição da Inglaterra, este porto parou de receber tais africanos. Em 1843, o local foi aterrado para a construção de novo porto para receber a esposa de D. Pedro II, a italiana D. Teresa Cristina: recebeu então o nome de Cais da Imperatriz. Em 1911, durante as obras de reurbanização da Cidade, esse cais foi novamente aterrado (as águas da Baía de Guanabara foram afastadas 344m). Em 2011, durante as obras municipais do Porto Maravilha, o porto foi redescoberto contendo artefatos arqueológicos ligados ao comércio desumano dos negros escravizados. Nos dois anos seguintes, o Cais foi transformado em monumento e patrimônio histórico. FONTES DOS TEXTOS ov.ufrj.br vejario.abril.com.br/programe-se/observatorio-do-valongo-e-aberto-a-visitacao/ site.mast.br/pdf_volume_1/observatorio_valongo_historia_ensino_superior.pdf www.infoescola.com/astronomia/observatorio-do-valongo/ guiaculturalcentrodorio.com.br/observatorio-do-valongo/ univesp.br/noticias/o-primeiro-observatorio-astronomico-moderno-das-americas www.focuscosmus.com/observatorio-do-valongo-e-aberto-ao-publico-no-centro-do-rio/ g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/poluicao-luminosa-de-grandes-cidades-faz-estrelas-desaparecerem-do-ceu-e-pesquisas-minguarem.ghtml planeta.rio/cartas-celestes/ www1.ci.uc.pt/iguc/atlas/11jupiter.htm#:~:text=J%C3%BApiter%20%C3%A9%20o%20planeta%20de,11%20vezes%20o%20raio%20terrestre). www3.uma.pt/Investigacao/Astro/Grupo/Perguntas/pergunta46.htm#:~:text=Como%20a%20Terra%20est%C3%A1%20a,e%20928%20milh%C3%B5es%20de%20km. www.ipatrimonio.org/rio-de-janeiro-jardim-morro-e-cais-do-valongo/
Eu sei q vc trabalha agora em outra área, mas é sempre bom pro currículo um registro desses. Vou ver se acho mais passeios seus, com a pandemia tenho q garimpar o q entulhei no hd externo. Obrigado pelo Feedback. 👍
HISTÓRIA DO OBSERVATÓRIO DO VALONGO [texto extendido] Com a transferência da sede do reino de Lisboa para o Rio de Janeiro, em 1808, a segurança territorial e ausência de pessoal qualificado na agora ex-colônia eram as preocupações que demandavam ações imediatas. A segurança territorial implicava no conhecimento dos limites do território Brasil e na constituição de forças militares capazes de defendê-lo da cobiça de estados estrangeiros (função de auxiliar na “defesa e segurança dos vastos domínios”). Havia falta de oficiais e de engenheiros, reflexo de política equivocada das cortes portuguesas em relação à colônia. Para suprir esta deficiência o príncipe regente D. João VI ordenou a transferência imediata da Academia Real de Guardas-Marinhas, sediada em Lisboa, para o Rio de Janeiro, onde chegou antes mesmo da instalação da corte. Única instituição que veio de Portugal e nunca voltou, era responsável pela formação dos futuros oficiais da marinha portuguesa e tinha os conhecimentos astronômicos como um apoio necessário à navegação, pois através das posições dos astros se conhecia a posição do navio no mar. O ensino de astronomia tinha o objetivo de usar os conhecimentos astronômicos aplicados à determinação de posições em terra e no mar e como auxílio a levantamentos geográficos e geodésicos, necessários à formação de engenheiros militares. A Academia se instalou inicialmente na Hospedaria do Convento de São Bento (próxima à atual Praça Mauá, coração da Zona Portuária Carioca), em maio de 1808, onde iniciou as atividades relativas ao Curso Matemático, que tinha no programa do 3o ano, Trigonometria Esférica, Navegação Teórica e Prática, e Rudimentos de Táctica Naval. O ensino de astronomia esférica entrava como o conhecimento necessário para navegação teórica e prática conforme se pode constatar através do livro de Bézout, adotado como texto para o curso da Academia. As aulas dos aspirantes a serem oficiais engenheiros militares começaram em 1811, na Casa do Trem (armazém, de 1762, dos armamentos destinados às tropas que chegavam de Portugal) da fortificação da Ponta do Calabouço, aos pés do extinto Morro do Castelo (a Ponta dessa parte da orla da Baía de Guanabara também desapareceu com o Morro nos aterros da primeira metade do século XX). Foi no pátio interno da fortificação, em 1792, que o corpo do Inconfidente Tiradentes foi levado para ser esquartejado logo após o enforcamento. Hoje é o complexo do Museu Histórico Nacional. Se a parte teórica não apresentou maiores problemas, o mesmo não se pode dizer sobre a prática de observações, que deveria ser feita em observatório. Apesar de alguns instrumentos do Observatório Real da Marinha terem vindo ao Brasil, o seu uso na Hospedaria do Mosteiro de São Bento foi precário devido à inexistência de instalações adequadas, conforme relatos de vários ministros da Marinha. Em 1827, sob a regência de D. Pedro I, surgiu o Imperial Observatório do Rio de Janeiro. O objetivo era oferecer serviços de apoio às embarcações que aportavam ao Rio de Janeiro, que precisavam conhecer com precisão a declinação magnética, a hora média (ver Hora solar média) e a longitude para regular os cronômetros de bordo. Embora o Observatório não tivesse o objetivo de servir como local de prática para os alunos das academias, nunca foi implantado por discordâncias entre os membros da comissão designada para redigir o seu regimento e escolher o local de sua instalação. O local das aulas foi o torreão da Academia Real Militar (depois Imperial). Esta ficava, de 1812 a 1858, onde hoje está o antigo palacete que acolhe o Inst. de Filosofia e Ciências Soc. da UFRJ, no Largo de São Francisco de Paula, Centro do Rio. Desde 1812, os alunos militares estudavam local, que no dito ano substituiu a Casa do Trem como "escola de astronomia". Não era, no entanto, ainda um espaço apropriado aos estudantes para a prática astronômica. Somente a partir de 1846, os alunos da Escola de Marinha puderam fazer suas aulas práticas no inadequado Imperial Observatório. Esta disponibilidade perdurou até 1871, quando tal observatório se desligou da Escola e mudou a filosofia de sua utilização, ficando mais voltado para a pesquisa astronômica e prestação de serviços. O ensino acadêmico em astronomia no Brasil permaneceu exclusivo às academias militares (sobretudo da Marinha), para os trabalhos geográficos e geodésicos, até a criação da Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1874. Em 1881, após passar no concurso, o Prof. Pereira Reis foi nomeado lente catedrático da cadeira de Astronomia da Escola Politéc. Reis sabia que o pequeno “ponto de observação” montado no terraço da Escola não era apropriado para observações com instrumentos melhores do que simples teodolitos astronômicos portáteis. Por isso, resolveu doar com os políticos Galdino Pimentel e Paulo de Frontin construções feitas com o auxílio de várias pessoas, o pequeno observatório do Morro de Santo Antônio que veio a ser o Observatório da Escola Politéc., cuja data oficial de fundação é 5 de julho de 1881. Antes de 1881, esse velho observatório, usado no passado também pelos frades franciscanos do convento próximo (Convento de Santo Antônio, de 1620, ainda existente na parte do morro homônimo que sobreviveu ao desmonte do século XX), passou por um período de abandono até ser redescoberto para ser novamente um “observatório-escola”. Aos poucos foram sendo comprados instrumentos auxiliares, mas fundamentais para as observações, tais como cronômetros, pêndulas, colimadores etc. Dois grandes instrumentos cuja aquisição foi aprovada em 1881, um círculo meridiano e um equatorial, só foram adquiridos muito mais tarde, em 1901 e 1908, respectivamente. A urbanização do Morro de Santo Antônio, planejada pela Prefeitura do Distrito Federal em 1920, afetava diretamente o Observatório da Escola, que deveria ser removido, depois de 40 anos de funcionamento naquele sítio. Em fevereiro de 1921, a Prefeitura e a Companhia Industrial Santa Fé celebraram um contrato para o embelezamento do Morro e transferência do Observatório para o Morro do Valongo - um local que, em verdade, é apenas a vertente oeste do Morro da Conceição - só começou em 1924 (as instalações antigas foram demolidas dois anos antes). Separado das atividades acadêmicas, na mesma época, em 1920, o Observatório Nacional foi fundado e instalado no alto de outro pequeno monte: o Morro de São Januário, no bairro carioca de São Cristóvão. Hoje comporta o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), criado em 1985. A colina do Valongo era terreno da Chácara do Valongo, de cuja posse foi dada à Escola e onde existiam algumas mesquinhas construções coloniais, já em ruínas. Finalmente, inicia-se a criação do curso de graduação em astronomia em 1958, na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil e vem até os dias de hoje. Nesta fase o objetivo é a formação básica de pesquisadores em astronomia, sem a preocupação com as aplicações utilitárias que caracterizaram as fases anteriores ligadas à Engenharia Militar e Civil. Em 1966, quando a Univ. do Brasil passa a ser Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o curso de engenheiro geógrafo é extinto. Este período foi marcado por mudanças políticas e sociais e pelo processo de modernização e desenvolvimento industrial impulsionado pelo Estado, no qual a figura do engenheiro civil era parte fundamental. O estudo em astronomia para a Engenharia Civil caiu, portanto, em desuso na formação acadêmica.
HISTÓRIA
A história do Observatório do Valongo está ligada à criação do Observatório da Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1881.
O pequeno “ponto de observação” a ser montado no terraço da Escola Politéc. (hoje Inst. de Filosofia e Ciências Soc.-UFRJ, no Largo de São Francisco de Paula, Centro do Rio) não era apropriado para observações com instrumentos maiores e melhores.
Assim sendo, ergueram um pequeno observatório no alto do Morro de Santo Antônio (este desmontado em sua maior parte entre as décadas de 1950 e 60), que ficava próximo à Escola.
A partir de 1921, a reurbanização do Morro começou a afetar o funcionamento do Observatório, que precisou ser transferido, logo no ano seguinte, para outra colina, o Morro do Valongo (nome da vertente oeste do Morro da Conceição), alt. 32m, onde se encontra até hoje.
Até então na velha Chácara do Valongo, situada entre o Centro e a Zona Portuária cariocas, havia apenas edificações coloniais em ruínas. O terreno foi adquirido pela recém-fundada Universidade do Brasil no início dos anos de 1920.
Em 1924, as instalações do Observatório começaram a funcionar para pesquisadores, professores e alunos.
O curso de graduação em Astronomia, que fazia parte da formação em Engenharia Civil, passou a ser independente a partir de 1958.
Desde 1966, o Campus de Astronomia do Valongo pertence à Univ. Fed. do Rio de Janeiro (ex-Univ. do Brasil).
Na ocasião dos 80 anos da transferência do Observatório do Morro de Santo Antônio para o Valongo, há uma placa institucional, de 2001, em forma de relógio de sol. A frase em latim significa: "o sol brilha ou nasce para todos".
O Observatório está aberto à visitação pública desde 2015, época da última revitalização da Zona Portuária.
Em 2018, o Curso de Astronomia do Observatório do Valongo completou 60 anos de existência comemorados com diversos eventos acadêmicos abertos ao público.
MUSEU, LUNETAS & TELESCÓPIOS
No acervo do museu, além de fotos e painéis (como cartas celestes), há exposição permanente de antigos instrumentos: estereoscópios, cronômetros (os marinhos eram usados pelos navios para determinar as longitudes no mar), altímetros, barógrafos, teodolitos portáteis, pêndulas, colimadores, círculos medianos e equatoriais, máquimas e lentes fotográficas etc.
Um dos destaques é um teodolito T4, usado para determinar coordenadas celestes (ângulos verticais e horizontais). O instrumento foi adquirido da Alemanha, em 1969, quando foi trocado por sacas de café.
Há três cúpulas ou pavilhões que abrigam antigas lunetas ou telescópios.
Telescópio Cooke:
O prédio histórico principal abriga o Telescópio Refrator Cooke & Sons. Em 1901, iniciou-se a compra do primeiro telescópio que daria início à constução do Observatório do Valongo. Equipado para fotografia astronômica (inovação tecnológica na época), chegou aqui, de Londres (Inglaterra), em 1907.
Os seis metros de comprimento fazem dele o maior telescópio do Observatório e o terceiro maior do Brasil. Durante quase toda a primeira metade do século XX, foi o maior do país.
Luneta Pazos:
Construída em 1876 e o mais antigo telescópio em funcionamento no Brasil. O fabricante, o espanhol José Hermida Pazos, foi fornecedor de binóculos e outros aparelhos ópticos para D. Pedro II e o Conde D'Eu. Está instalado na cúpula apelidada "Casa das Bruxas", pela forma de torre medieval e teto cônico.
Telescópio Coudé:
De fabricação alemã, foi instalado no Valongo em 1974 e ainda é utilizado pelos alunos. A "elaborada" parte interna da cúpula do Coudé, em madeira nobre avermelhada, é semelhante a do Observatório do Vaticano.
PALESTRAS
Ao fim de cada visita guiada pelas instalações do Observatório, os visitantes podem assistir a uma palestra de divulgação científica com um astrônomo, geralmente um professor do Campus, como a Profª. Ana Beatriz de Mello e o Profº Rundsthen Nader.
No dia desta visita, o assunto foi sobre o primeiro observatório astronômico moderno das Américas:
Durante a Ocupação Holandesa no Brasil (século XVII), o cosmógrafo alemão Jorge Marcgrave, patrocinado pela Companhia das Índias Ocidentais Holandesas, construíu seu observatório no telhado do Palácio de Friburgo - casa do governador da colônia holandesa na época, Maurício de Nassau, em Refice (PE) - em 1643.
Apresentação do dia baseada no livro: "O observatório no telhado" (1ª ed. 2011), biografia sobre J. Marcgrave. Autor: Oscar Matsuura, ex-prof. de Astronomia da USP. Cepe (editora).
OBSERVAÇÃO NOTURNA & POLUIÇÃO LUMINOSA
Um dia por mês, além da programação regular, há visitação noturna para observação do céu através de luneta ou telescópio. O programa, que dura cerca de três horas, começa logo ao anoitecer e depende das condições do tempo.
Infelizmente, a "poluição luminosa" gerada pelos centros urbanos prejudica cada vez mais a observação astronômica, feita a olho nu ou através de instrumentos ópticos, ao "ofuscar" as luzes visíveis (menos intensas) dos astros: estrelas, planetas, cometas, meteoros etc.
Um exemplo: Em 1500, ano do Descobrimento, os indígenas que viviam onde hoje está São Paulo (SP) podiam ver a olho nu no céu noturno (sem nuvens e sem luar) c.4 mil estrelas. Hoje (sob as mesmas condições meteorológicas) os habitantes da maior cidade do país distinguem apenas uma dúzia delas (as mais brilhantes).
Quando os observatórios do Valongo e do Observatório Nacional/MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins, no alto do Morro de São Januário, no bairro carioca de São Cristóvão) estabeleceram-se no início da década de 1920, a iluminação externa artificial (geralm. elétrica) era bem menor do que a atual. Assim o interesse de usar lunetas e telescópios, profissionalmente, nesses observatórios passou a ser inviável.
Por isso, astrônomos e demais pesquisadores buscam trabalhar em observatórios construídos em locais mais afastados das luzes das cidades.
Lembrando que a atmosfera em si já causa distorções nas luzes visíveis que chegam do espaço por causa das camadas de gases e particulas em suspensão (a poluição do ar só piora as condições).
Por isso o Telescópio Espacial Hubble, funcionando desde 1990 como um satélite orbitando a Terra, ou seja, fora da atmosfera, captura imagens mais nítidas e precisas do que qualquer outro telescópio em solo.
O Observatório do Valongo pede aos "astrônomos amadores" para enviar imagens do céu, feitas por estes, a fim de serem postadas nas redes sociais do Campus.
VALONGO (arredores)
A palavra "Valongo" pode ser uma composição por aglutinação: vale + longo. O nome é encontrado em diversas localidades em Portugal, uma especificamente ao Noroeste daquele país, próximo à cidade do Porto (para o interior), e quiçá de lá veio a denominação desse trecho da região portuária carioca.
Numa encosta do morro, sobre o qual está o Observatório, está o Jardim Suspenso do Valongo:
Construído em 1906, durante as obras para o alargamento da rua Camerino, no fim da gestão do Prefeito Pereira Passos. Os jardins elevados foram projetados pelo paisagista Luís Rei no molde dos jardins ingleses do romantismo.
As esculturas da mitologia grega são de autoria do francês Grandjean de Montigny (século XIX) e eram do antigo Cais da Imperatriz (atual Cais do Valongo).
O local, já tombado em 1938 (Gov. Vargas), foi totalmente reformado durante as obras do Porto Maravilha (2011-16).
Próximo há o Cais do Valongo:
Principal porto de desembarque de africanos escravizados (quase 1 milhão em c.50 anos) a partir de 1774 (na extinta Praia do Valongo).
Em 1811, foi construído um cais de pedra para receber melhor os cativos sobreviventes que eram comercializados logo ali perto.
Em 1831, após o tráfico negreiro transatlântico ser proibido por imposição da Inglaterra, este porto parou de receber tais africanos.
Em 1843, o local foi aterrado para a construção de novo porto para receber a esposa de D. Pedro II, a italiana D. Teresa Cristina: recebeu então o nome de Cais da Imperatriz.
Em 1911, durante as obras de reurbanização da Cidade, esse cais foi novamente aterrado (as águas da Baía de Guanabara foram afastadas 344m).
Em 2011, durante as obras municipais do Porto Maravilha, o porto foi redescoberto contendo artefatos arqueológicos ligados ao comércio desumano dos negros escravizados.
Nos dois anos seguintes, o Cais foi transformado em monumento e patrimônio histórico.
FONTES DOS TEXTOS
ov.ufrj.br
vejario.abril.com.br/programe-se/observatorio-do-valongo-e-aberto-a-visitacao/
site.mast.br/pdf_volume_1/observatorio_valongo_historia_ensino_superior.pdf
www.infoescola.com/astronomia/observatorio-do-valongo/
guiaculturalcentrodorio.com.br/observatorio-do-valongo/
univesp.br/noticias/o-primeiro-observatorio-astronomico-moderno-das-americas
www.focuscosmus.com/observatorio-do-valongo-e-aberto-ao-publico-no-centro-do-rio/
g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/poluicao-luminosa-de-grandes-cidades-faz-estrelas-desaparecerem-do-ceu-e-pesquisas-minguarem.ghtml
planeta.rio/cartas-celestes/
www1.ci.uc.pt/iguc/atlas/11jupiter.htm#:~:text=J%C3%BApiter%20%C3%A9%20o%20planeta%20de,11%20vezes%20o%20raio%20terrestre).
www3.uma.pt/Investigacao/Astro/Grupo/Perguntas/pergunta46.htm#:~:text=Como%20a%20Terra%20est%C3%A1%20a,e%20928%20milh%C3%B5es%20de%20km.
www.ipatrimonio.org/rio-de-janeiro-jardim-morro-e-cais-do-valongo/
Que bacana seu vídeo, Jen. Muito bom relembrar estes passeios!
Eu sei q vc trabalha agora em outra área, mas é sempre bom pro currículo um registro desses. Vou ver se acho mais passeios seus, com a pandemia tenho q garimpar o q entulhei no hd externo. Obrigado pelo Feedback. 👍
Eu gosto tambem desses tipos de video belo de mais
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Muito legal!!!
Obrigado ☺️ se quiser divulgar o link, fique à vontade!
HISTÓRIA DO OBSERVATÓRIO DO VALONGO [texto extendido]
Com a transferência da sede do reino de Lisboa para o Rio de Janeiro, em 1808, a segurança territorial e ausência de pessoal qualificado na agora ex-colônia eram as preocupações que demandavam ações imediatas. A segurança territorial implicava no conhecimento dos limites do território Brasil e na constituição de forças militares capazes de defendê-lo da cobiça de estados estrangeiros (função de auxiliar na “defesa e segurança dos vastos domínios”). Havia falta de oficiais e de engenheiros, reflexo de política equivocada das cortes portuguesas em relação à colônia.
Para suprir esta deficiência o príncipe regente D. João VI ordenou a transferência imediata da Academia Real de Guardas-Marinhas, sediada em Lisboa, para o Rio de Janeiro, onde chegou antes mesmo da instalação da corte. Única instituição que veio de Portugal e nunca voltou, era responsável pela formação dos futuros oficiais da marinha portuguesa e tinha os conhecimentos astronômicos como um apoio necessário à navegação, pois através das posições dos astros se conhecia a posição do navio no mar.
O ensino de astronomia tinha o objetivo de usar os conhecimentos astronômicos aplicados à determinação de posições em terra e no mar e como auxílio a levantamentos geográficos e geodésicos, necessários à formação de engenheiros militares.
A Academia se instalou inicialmente na Hospedaria do Convento de São Bento (próxima à atual Praça Mauá, coração da Zona Portuária Carioca), em maio de 1808, onde iniciou as atividades relativas ao Curso Matemático, que tinha no programa do 3o ano, Trigonometria Esférica, Navegação Teórica e Prática, e Rudimentos de Táctica Naval. O ensino de astronomia esférica entrava como o conhecimento necessário para navegação teórica e prática conforme se pode constatar através do livro de Bézout, adotado como texto para o curso da Academia.
As aulas dos aspirantes a serem oficiais engenheiros militares começaram em 1811, na Casa do Trem (armazém, de 1762, dos armamentos destinados às tropas que chegavam de Portugal) da fortificação da Ponta do Calabouço, aos pés do extinto Morro do Castelo (a Ponta dessa parte da orla da Baía de Guanabara também desapareceu com o Morro nos aterros da primeira metade do século XX).
Foi no pátio interno da fortificação, em 1792, que o corpo do Inconfidente Tiradentes foi levado para ser esquartejado logo após o enforcamento. Hoje é o complexo do Museu Histórico Nacional.
Se a parte teórica não apresentou maiores problemas, o mesmo não se pode dizer sobre a prática de observações, que deveria ser feita em observatório. Apesar de alguns instrumentos do Observatório Real da Marinha terem vindo ao Brasil, o seu uso na Hospedaria do Mosteiro de São Bento foi precário devido à inexistência de instalações adequadas, conforme relatos de vários ministros da Marinha.
Em 1827, sob a regência de D. Pedro I, surgiu o Imperial Observatório do Rio de Janeiro. O objetivo era oferecer serviços de apoio às embarcações que aportavam ao Rio de Janeiro, que precisavam conhecer com precisão a declinação magnética, a hora média (ver Hora solar média) e a longitude para regular os cronômetros de bordo.
Embora o Observatório não tivesse o objetivo de servir como local de prática para os alunos das academias, nunca foi implantado por discordâncias entre os
membros da comissão designada para redigir o seu regimento e escolher o local de sua instalação.
O local das aulas foi o torreão da Academia Real Militar (depois Imperial). Esta ficava, de 1812 a 1858, onde hoje está o antigo palacete que acolhe o Inst. de Filosofia e Ciências Soc. da UFRJ, no Largo de São Francisco de Paula, Centro do Rio. Desde 1812, os alunos militares estudavam local, que no dito ano substituiu a Casa do Trem como "escola de astronomia". Não era, no entanto, ainda um espaço apropriado aos estudantes para a prática astronômica.
Somente a partir de 1846, os alunos da Escola de Marinha puderam fazer suas aulas práticas no inadequado Imperial Observatório. Esta disponibilidade perdurou até 1871, quando tal observatório se desligou da Escola e mudou a filosofia de sua utilização, ficando mais voltado para a pesquisa astronômica e prestação de serviços.
O ensino acadêmico em astronomia no Brasil permaneceu exclusivo às academias militares (sobretudo da Marinha), para os trabalhos geográficos e geodésicos, até a criação da Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1874.
Em 1881, após passar no concurso, o Prof. Pereira Reis foi nomeado lente catedrático da cadeira de Astronomia da Escola Politéc.
Reis sabia que o pequeno “ponto de observação” montado no terraço da Escola não era apropriado para observações com instrumentos melhores do que simples teodolitos astronômicos portáteis. Por isso, resolveu doar com os políticos Galdino Pimentel e Paulo de Frontin construções feitas com o auxílio de várias pessoas, o pequeno observatório do Morro de Santo Antônio que veio a ser o Observatório da Escola Politéc., cuja data oficial de fundação é 5 de julho de 1881.
Antes de 1881, esse velho observatório, usado no passado também pelos frades franciscanos do convento próximo (Convento de Santo Antônio, de 1620, ainda existente na parte do morro homônimo que sobreviveu ao desmonte do século XX), passou por um período de abandono até ser redescoberto para ser novamente um “observatório-escola”.
Aos poucos foram sendo comprados instrumentos auxiliares, mas fundamentais para as observações, tais como cronômetros, pêndulas, colimadores etc. Dois grandes instrumentos cuja aquisição foi aprovada em 1881, um círculo meridiano e um equatorial, só foram adquiridos muito mais tarde, em 1901 e 1908, respectivamente.
A urbanização do Morro de Santo Antônio, planejada pela Prefeitura do Distrito Federal em 1920, afetava diretamente o Observatório da Escola, que deveria ser removido, depois de 40 anos de funcionamento naquele sítio.
Em fevereiro de 1921, a Prefeitura e a Companhia Industrial Santa Fé celebraram um contrato para o embelezamento do Morro e transferência do Observatório para o Morro do Valongo - um local que, em verdade, é apenas a vertente oeste do Morro da Conceição - só começou em 1924 (as instalações antigas foram demolidas dois anos antes).
Separado das atividades acadêmicas, na mesma época, em 1920, o Observatório Nacional foi fundado e instalado no alto de outro pequeno monte: o Morro de São Januário, no bairro carioca de São Cristóvão. Hoje comporta o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), criado em 1985.
A colina do Valongo era terreno da Chácara do Valongo, de cuja posse foi dada à Escola e onde existiam algumas mesquinhas construções coloniais, já em ruínas.
Finalmente, inicia-se a criação do curso de graduação em astronomia em 1958, na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil e vem até os dias de hoje. Nesta fase o objetivo é a formação básica de pesquisadores em astronomia, sem a preocupação com as aplicações utilitárias que caracterizaram as fases anteriores ligadas à Engenharia Militar e Civil.
Em 1966, quando a Univ. do Brasil passa a ser Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o curso de engenheiro geógrafo é extinto. Este período foi marcado por mudanças políticas e sociais e pelo processo de modernização e desenvolvimento industrial impulsionado pelo Estado, no qual a figura do engenheiro civil era parte fundamental. O estudo em astronomia para a Engenharia Civil caiu, portanto, em desuso na formação acadêmica.