ME CULPAM PELA MORTE DA MINHA MÃE POR EU SER HOMEM TRANS | Histórias de ter.a.pia

O Vitor foi adotado não apenas uma vez, mas duas. Seus pais o acolheram quando ele tinha poucos meses de idade e novamente quando ele se assumiu um homem trans.
A infância de Vitor foi marcada por desafios. Além de ser adotado, ele carregava o estigma da sua família biológica, que tinha problemas com prostituição e drogas.
Havia o fato também de seus pais já serem bem mais velhos quando resolveram adotá-lo e isso gerou certo desconforto em pessoas próximas. Mas seus pais não se deixaram abater pelas fofocas e preconceitos, eles o protegeram do mundo cruel e da ignorância das pessoas próximas.
Se não fosse suficiente todo o estigma da sua família biológica e a idade dos seus pais adotivos, Vitor cresceu sabendo que era diferente, ele era um menino no corpo de uma menina.
Seu jeito de se comportar e de se vestir causou mais fofocas e mais uma vez seus pais foram alvo da especulação alheia. No entanto, o abuso psicológico, a chantagem e as maldades dos outros não quebraram o laço entre os três.
Pelo contrário, eles aprenderam com Vitor sobre diversidade e acolhimento de pessoas LGBTQIA+. Idosos à frente de seu tempo, eles se tornaram a prova viva de que o amor verdadeiro transcende qualquer obstáculo.
Em 2021, Vitor perdeu sua mãe aos 75 anos. Ela viu o início de sua jornada de transição, orgulhosa de seu filho. Tão orgulhosa que foi ela quem comprou sua primeira cueca.
Seu pai, que partiu em 2022, testemunhou seu casamento com Juliana. O pai chegou a comentar com a nora, no dia do casamento, que gostaria que ela e filho vivessem mais de 50 anos de casados, assim como ele havia vivido com a mãe do Vitor.
E mesmo após a morte dos pais, o Vitor ainda sofre com o preconceito de pessoas próximas, que já disseram que sua mãe partiu por desgosto dele.
Por sorte, essas duas pessoas, com seus gestos de amor e aceitação, salvaram a vida de Vitor não uma, mas duas vezes, e o guiaram para um futuro de esperança, saudade e muito amor.
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