José Eduardo Faria, Professor de Filosofia e Teoria Geral do Direito da FDUSP

Em 2023, o Brasil aprendeu muito com os erros cometidos no passado. A afronta, no dia 8 de janeiro do ano passado, contra as instituições democráticas, mostrou o preço que o País pagou por ter contemporizado a punição dos militares golpistas em atentados anteriores.
O que nós vimos de grande consequência em 2023 foi a posição bastante firme do Supremo, foi de alguma forma, surpreendentemente, a atuação firme do Ministério Público, independentemente do seu procurador à época e, ao mesmo tempo, também as primeiras condenações.
É preciso que isso vá adiante, que não haja anistia, como aconteceu no passado com militares golpistas absolutamente incapazes de conviver com o regime democrático. Além disso, também, nós temos um outro ganho. Parte da sociedade, parte do País, do eleitorado, tomou consciência desse câncer moral, desse câncer político que é o bolsonarismo, que é absolutamente inconfiável e antidemocrático, e ao mesmo tempo nós tivemos o fortalecimento das instituições. Em outras palavras, eu acho que o país sai no lucro, sai dentro de um processo de reamadurecimento para que possa reforçar as suas instituições democráticas e o Estado de Direito.