Pá, já vos tinha ouvido conversar no desassossego, e lembro que foi uma noite incrível para mim. Todos os temas em que tocavam, eram interessantíssimos e eu colei a conversa toda! E também se notava que ambos tinham pensado anteriormente sobre os mesmos, o que faz com que a troca de ideias tivesse sido mais rica e concisa. Hoje, aconteceu o mesmo. Exatamente o mesmo. Assim de repente, são a ÚNICA dupla que eu adoro ouvir conversar repetidamente. Dá muita vontade de interromper e entrar na conversa também! Um abraço a ambos! E Pedro, nascemos no mesmo hospital! ahahahah Um abraço a ambos
Adorei a conversa, os conteúdos, as referências e honestamente creio que a vossa sinergia enquanto duas pessoas que simpatizam um com o outro, ajudou, obrigada
Finalmente consegui acabar de ouvir esta conversa! Só consigo ouvir quando anda a arrumar a casa, porque é o meu momento sozinha (desabafo 😅). Perdi a conta hás vezes que já puxei para trás para tentar perceber o que estão a dizer porque usam palavras e reflexões rabuscadas para a minha massa cinzenta. Com isto só tenho a dizer Obrigada! Vocês são incríveis! Não parem nunca! 🤍
É sempre interessante ouvir-vos! Mais uma excelente conversa que nos faz viajar e pensar em coisas que nunca antes pensámos. Deviam gravar uma conversa nova todos os meses 😂
Super importante essa reflexão, o que somos, o que fazemos ou o que temos. O nosso valor independe de tudo, o ser basta. Ou deveria bastar☺️ Ser mau ou bom no que faço, mas faço o com intenção e coerência... Posso não ser a melhor no ranking, mas se o que faço serviu alguém ou algo.... para mim vale também.
Olá Pedro, Estou em viagem (e a acabar um documentário sobre o sentido da vida!) mas nas pausas entre voos consegui ver grande parte da tua entrevista. Espero que me permitas umas achegas ao debate levantado. A questão daquilo que podemos considerar "filosofia" ou do que é ser um "filósofo" é também ela uma questão filosófica por natureza, embora seja bastante mais recente do que as mais tradicionais questões da filosofia (e.g. o que é o conhecimento, somos livres ou determinados, deus existe ou não, etc). Na verdade, existe até uma sub-área a que chamamos de "Metafilosofia" ou "Filosofia da Filosofia": esta área procura exactamente oferecer uma definição do que é o trabalho filosófico. Escrevi um pouco sobre isto no meu novo livro "Philosophy & Neuroscience: a Methodological Analysis" (Palgrave), mas para ser curto: há duas questões centrais que devemos distinguir quando falamos sobre este tema. Uma importante distinção que deve ser tomada em conta é a distinção conceptual entre questões descritivas e questões normativas ou prescritivas. Muito resumidamente, questões descritivas sobre método apontam para respostas sobre o que de facto os filósofos fazem (tradicionalmente ou na actualidade) quando afirmam fazer Filosofia. Diferente são as questões normativas: neste ponto, não nos interessa realmente o que os filósofos fazem de facto, mas o foco é sobre o que os filósofos devem fazer, isto é, qual é o método correcto para fazer boa Filosofia, independentemente de como é que a Filosofia é realmente feita na prática. Muitos dos filósofos não davam grande importância a esta questão metafilosófica, porque achavam que ela era mais superficial que outra coisa. Mas este problema tem vindo a ser tomado cada vez mais em conta. O melhor livro introdutório que conheço sobre o tema é o "Introduction to Metaphilosophy" (CUP) do Oveegard e companhia. É um problema super complexo (como são os problemas filosóficos por natureza) mas basicamente há duas grandes correntes: 1) os que acham que a filosofia é uma actividade cognitiva com finalidade epistémica (i.e. alcançar a verdade sobre o mundo); 2) os que acham que a filosofia não tem uma função epistémica (não é sobre a verdade), mas é sobre compreender o mundo (por exemplo, dizendo que o papel da filosofia não é oferecer soluções aos problemas filosóficos, mas, antes, dissolvê-los através da análise do uso de determinados conceitos e da forma como estão relacionados com outros conceitos dado que os problemas filosóficos são, na sua maioria, problemas causados pelo uso errôneo de determinados conceitos). Enfim, já me estou a alongar, mas uma forma pelo menos mais "pragmática" de responder à pergunta "o que é um filósofo" é obter por uma definição mais simples e prática: é filósofo aquele que i) tem formação formal na área; ii) produz investigação académica através dos meios filosóficos tradicionais (e.g. nas universidades, dá palestras com revisão por pares, publica papers e livros com revisão por pares, frequenta conferências, seminários, com os seus pares, etc.); iii) é pago directamente para se focar nessa actividade. É claro que esta definição é estranha porque e.g. as universidades são uma invenção mais ou menos recente e Sócrates não seria filósofo por causa disso. Mas acho que esta definição serve mais para distinguir um filósofo no mundo actual do que no passado (para isso, teríamos de arranjar um equivalente formal para o passado, o que no caso de Sócrates seria fácil até). Em relação ao problema do sentido da vida: acho que o argumento que apresentaram contra um suposto 'sentido' da vida é dos mais problemáticos e menos interessantes na literatura científica. Dizer que "somos meras partículas minúsculas na vastidão infinita do universo e que as nossas vidas são meros segundos no tempo do universo" falha redondamente em mostrar que a vida seria absurda. Porquê? Porque podemos sempre supor o seguinte exercício: imaginem que vivíamos para sempre. Assumindo que a vida seria efectivamente absurda por vivermos 90 anos, será que faria sentido considerar que ela deixaria de ser absurda se vivêssemos a eternidade? E se de facto a vida é absurda devido ao nosso tamanho tão pequeno, quando comparado com o universo, será que a vida seria menos absurda se fôssemos do tamanho do universo? Claro que não… Isto mostra que não há uma ligação necessária entre aspectos temporais e espaciais da existência e o facto da vida ter ou não ter sentido, mas este sentido é independente dessa questão e que, se a vida é realmente absurda, sê-lo-á por outros motivos que temporais ou espaciais. Se quiseres algumas referências sobre o tema, eu envio-te. Em relação a piadas racistas... acho que concordamos mais ou menos no tema. Anyway, sempre bom ouvir-te! Grande abraço, Steven
Olá Stephen! Temos de fazer um Desassossego os três! Não sei se disse aqui no Despolariza que "tenho pensamentos filosóficos" em vez de ser filósofo, mas quer tenha diuto, quer não tenha, é uma coisa que digo muitas vezes devido à nossa conversa. Em relação ao absurdismo, pode ser absurdo na mesma independentemente do tamanho ou tempo, mas devido à falta de sentido intrínsico aparente. Acorda-se, morre-se, e foi isso. É muito mais complexo, claro, haha.
Muito obrigado Steven! Já agora, qual a melhor tradução para Português do conceito moral Personhood (tal como utilizado por exemplo no debate sobre o aborto)? Abr
@@pedroontheroad Olá Pedro, acho que disseste exactamente isso, e acho que é a afirmação mais razoável que se pode fazer. Claro que, de vez em quando, eu cozinho alguns jantares em casa; se isso faz de mim cozinheiro ou chefe, é duvidável, mesmo que, por exemplo, invente uma nova receita que até funciona para algumas pessoas. Mas a maior parte dos filósofos nem perde tempo a discutir isso, o que pode ser uma falha enorme (e.g. no meu novo livro, mostro exactamente isso, como é que determinados filósofos e neurocientistas usam conceitos como "consciência", "mente" e afins sem reflectirem antes sobre que métodos estão a usar nas suas investigações e sem perceberem que os conceitos já estão influenciados por concepções prévias). Popper, por exemplo, dizia isto: "um filósofo deveria filosofar: ele deveria tentar resolver problemas filosóficos, em vez de falar sobre Filosofia". Em relação ao absurdismo (assumindo que é a ideia de que a vida não tem sentido objectivo), estava apenas a indicar que o facto de sermos pequenos ou de curta duração não me parecer ser um bom argumento a favor do absurdismo. Há algo independente disso que, se a vida for realmente absurda, deve entrar em acção, e é esse o argumento que é preciso ser avançado. Os piores autores para se pensar sobre o absurdismo são os existencialistas, que não acrescentam nada de relevante para o debate. O melhor artigo que conheço de uma defesa de que a vida não tem sentido objectivamente, mas apenas subjectivamente, é do Thomas Nagel (cf. philosophy.as.uky.edu/sites/default/files/The%20Absurd%20-%20Thomas%20Nagel.pdf). Eu sigo a linha da Susan Wolf + Neil Levy que basicamente defendem que a vida tem sentido quando nos entregamos a projectos de valor com sentido superlativo, que significa o tipo de projectos de vida que nao tem um fim (a concepção de Wolf fala só em projectos de valor, como por exemplo, escrever um livro; mas a concepção dela tem o seguinte problema: enquantos escrevíamos o livro, a nossa vida tinha sentido; mas ... e no fim? depois de alcançarmos a publicação do livro, o que acontece?). Levy vem corrigir este pormenor de Wolf e defender que o exemplo do livro é um projecto de valor fechado (porque termina), e que o sentido da vida só pode ser alcançado com projectos de valor superlativos ou abertos (no caso do escritor, por exemplo, pode ser tornar-se o melhor escritor de sempre - é uma tarefa sempre em aberto, por alcançar). Outro exemplo é sermos pessoas mais justas. Enfim, não quero tornar isto um ensaio. Se quiseres mais referências em mando-te :) Um abraço e parabéns por trazeres estes temas filosóficos a debate.
@@Despolariza Olá Tomás! Não sei se tenho conhecimento de tradução para responder a isso com toda a certeza (quem faz boas traduções em Ética em Portugal é o Pedro Galvão de U.Lisboa). Mas talvez "pessoalidade" seja uma boa tentativa. Parabéns pelo projecto!
A questão do "ser lembrado após a morte" dava umas quantas horas de podcast :) Sempre me fez alguma confusão alguns artistas que admiro dizerem "it doesn't matter, it's not important to be remembered", já que para nós enquanto seres que ambicionam a imortalidade, ser lembrado após a morte é o mais próximo possível de cumprir esse desejo. No entanto, já consigo ver os 2 lados da questão, visto que o nosso desejo geral de imortalidade normalmente parte de uma soberba desnecessária. Além disso, em última análise, não conseguimos controlar o que as outras pessoas pensam de nós, por isso estar obececado em deixar uma "boa imagem" pode ser contraproducente. Abraço aos 2!
Claro. No final... é só ego. E eu admito isso (acho que no vídeo o admito explicitamente, se não, admito aqui). Mas há vários níveis, claro. E fazer tudo por tudo para ser lembrado é um nível superior, digo eu, ao nível de fazer tudo por tudo para ser reconhecido em VIDA, apesar de ambos serem ego.
E ser lembrado 10 anos ou 10 mil milhões de anos é igual porque não vais estar cá para experienciar o “ser lembrado”. É TÃO TÃO ego que ele nos engana a acreditar que de alguma forma vamos poder experienciar esse ser lembrado :)
Pá, já vos tinha ouvido conversar no desassossego, e lembro que foi uma noite incrível para mim. Todos os temas em que tocavam, eram interessantíssimos e eu colei a conversa toda! E também se notava que ambos tinham pensado anteriormente sobre os mesmos, o que faz com que a troca de ideias tivesse sido mais rica e concisa. Hoje, aconteceu o mesmo. Exatamente o mesmo. Assim de repente, são a ÚNICA dupla que eu adoro ouvir conversar repetidamente. Dá muita vontade de interromper e entrar na conversa também! Um abraço a ambos! E Pedro, nascemos no mesmo hospital! ahahahah Um abraço a ambos
Adorei a conversa, os conteúdos, as referências e honestamente creio que a vossa sinergia enquanto duas pessoas que simpatizam um com o outro, ajudou, obrigada
eu sou alto e nunca me senti privilegiado por isso... antes pelo contrario
Finalmente consegui acabar de ouvir esta conversa! Só consigo ouvir quando anda a arrumar a casa, porque é o meu momento sozinha (desabafo 😅). Perdi a conta hás vezes que já puxei para trás para tentar perceber o que estão a dizer porque usam palavras e reflexões rabuscadas para a minha massa cinzenta. Com isto só tenho a dizer Obrigada! Vocês são incríveis! Não parem nunca! 🤍
Obrigado!
Às vezes*
É sempre interessante ouvir-vos! Mais uma excelente conversa que nos faz viajar e pensar em coisas que nunca antes pensámos.
Deviam gravar uma conversa nova todos os meses 😂
Obrigado bruno! Se te juntares a mais 100 pessoas e todos se tornarem patronos se calhar conseguiremos fazê-lo um dia 😆
Obrigado, Bruno!
Como sempre com estes dois a conversa só podia ser excelente. 👏
Um abraço
Excelente conversa, os 2 de parabéns 👏
Temas e questões interessantes. Continua com o teu projeto!
Super importante essa reflexão, o que somos, o que fazemos ou o que temos. O nosso valor independe de tudo, o ser basta. Ou deveria bastar☺️
Ser mau ou bom no que faço, mas faço o com intenção e coerência...
Posso não ser a melhor no ranking, mas se o que faço serviu alguém ou algo.... para mim vale também.
Parabéns! A temática e a dinâmica está espetacular.
É necessário continuar com este tipo de atividades.
Abraço
Só gostava que conseguissem colocar as referências bibliográficas em cada uma destas conversas 😂
Conversa absolutamente incrível!
Link do documentário 45 graus. Obrigada 👏
Foi muito fixe, curti muito, obrigado!
Meh.
Conversa excelente entre duas pessoas que gostam de pensar.
Haha, tinha visto este comentário e só agora é que percebi que eras tu! Porque dantes não tinha imagem.
Obrigado igualmente!
Sempre incrível ouvir-vos!
Obrigado Sergio!
Olá Pedro,
Estou em viagem (e a acabar um documentário sobre o sentido da vida!) mas nas pausas entre voos consegui ver grande parte da tua entrevista. Espero que me permitas umas achegas ao debate levantado.
A questão daquilo que podemos considerar "filosofia" ou do que é ser um "filósofo" é também ela uma questão filosófica por natureza, embora seja bastante mais recente do que as mais tradicionais questões da filosofia (e.g. o que é o conhecimento, somos livres ou determinados, deus existe ou não, etc). Na verdade, existe até uma sub-área a que chamamos de "Metafilosofia" ou "Filosofia da Filosofia": esta área procura exactamente oferecer uma definição do que é o trabalho filosófico. Escrevi um pouco sobre isto no meu novo livro "Philosophy & Neuroscience: a Methodological Analysis" (Palgrave), mas para ser curto: há duas questões centrais que devemos distinguir quando falamos sobre este tema.
Uma importante distinção que deve ser tomada em conta é a distinção conceptual entre questões descritivas e questões normativas ou prescritivas. Muito resumidamente, questões descritivas sobre método apontam para respostas sobre o que de facto os filósofos fazem (tradicionalmente ou na actualidade) quando afirmam fazer Filosofia. Diferente são as questões normativas: neste ponto, não nos interessa realmente o que os filósofos fazem de facto, mas o foco é sobre o que os filósofos devem fazer, isto é, qual é o método correcto para fazer boa Filosofia, independentemente de como é que a Filosofia é realmente feita na prática.
Muitos dos filósofos não davam grande importância a esta questão metafilosófica, porque achavam que ela era mais superficial que outra coisa. Mas este problema tem vindo a ser tomado cada vez mais em conta. O melhor livro introdutório que conheço sobre o tema é o "Introduction to Metaphilosophy" (CUP) do Oveegard e companhia.
É um problema super complexo (como são os problemas filosóficos por natureza) mas basicamente há duas grandes correntes: 1) os que acham que a filosofia é uma actividade cognitiva com finalidade epistémica (i.e. alcançar a verdade sobre o mundo); 2) os que acham que a filosofia não tem uma função epistémica (não é sobre a verdade), mas é sobre compreender o mundo (por exemplo, dizendo que o papel da filosofia não é oferecer soluções aos problemas filosóficos, mas, antes, dissolvê-los através da análise do uso de determinados conceitos e da forma como estão relacionados com outros conceitos dado que os problemas filosóficos são, na sua maioria, problemas causados pelo uso errôneo de determinados conceitos).
Enfim, já me estou a alongar, mas uma forma pelo menos mais "pragmática" de responder à pergunta "o que é um filósofo" é obter por uma definição mais simples e prática: é filósofo aquele que i) tem formação formal na área; ii) produz investigação académica através dos meios filosóficos tradicionais (e.g. nas universidades, dá palestras com revisão por pares, publica papers e livros com revisão por pares, frequenta conferências, seminários, com os seus pares, etc.); iii) é pago directamente para se focar nessa actividade. É claro que esta definição é estranha porque e.g. as universidades são uma invenção mais ou menos recente e Sócrates não seria filósofo por causa disso. Mas acho que esta definição serve mais para distinguir um filósofo no mundo actual do que no passado (para isso, teríamos de arranjar um equivalente formal para o passado, o que no caso de Sócrates seria fácil até).
Em relação ao problema do sentido da vida: acho que o argumento que apresentaram contra um suposto 'sentido' da vida é dos mais problemáticos e menos interessantes na literatura científica. Dizer que "somos meras partículas minúsculas na vastidão infinita do universo e que as nossas vidas são meros segundos no tempo do universo" falha redondamente em mostrar que a vida seria absurda. Porquê? Porque podemos sempre supor o seguinte exercício: imaginem que vivíamos para sempre. Assumindo que a vida seria efectivamente absurda por vivermos 90 anos, será que faria sentido considerar que ela deixaria de ser absurda se vivêssemos a eternidade? E se de facto a vida é absurda devido ao nosso tamanho tão pequeno, quando comparado com o universo, será que a vida seria menos absurda se fôssemos do tamanho do universo? Claro que não… Isto mostra que não há uma ligação necessária entre aspectos temporais e espaciais da existência e o facto da vida ter ou não ter sentido, mas este sentido é independente dessa questão e que, se a vida é realmente absurda, sê-lo-á por outros motivos que temporais ou espaciais. Se quiseres algumas referências sobre o tema, eu envio-te.
Em relação a piadas racistas... acho que concordamos mais ou menos no tema. Anyway, sempre bom ouvir-te! Grande abraço,
Steven
Olá Stephen! Temos de fazer um Desassossego os três! Não sei se disse aqui no Despolariza que "tenho pensamentos filosóficos" em vez de ser filósofo, mas quer tenha diuto, quer não tenha, é uma coisa que digo muitas vezes devido à nossa conversa. Em relação ao absurdismo, pode ser absurdo na mesma independentemente do tamanho ou tempo, mas devido à falta de sentido intrínsico aparente. Acorda-se, morre-se, e foi isso. É muito mais complexo, claro, haha.
Muito obrigado Steven! Já agora, qual a melhor tradução para Português do conceito moral Personhood (tal como utilizado por exemplo no debate sobre o aborto)? Abr
@@pedroontheroad Olá Pedro, acho que disseste exactamente isso, e acho que é a afirmação mais razoável que se pode fazer. Claro que, de vez em quando, eu cozinho alguns jantares em casa; se isso faz de mim cozinheiro ou chefe, é duvidável, mesmo que, por exemplo, invente uma nova receita que até funciona para algumas pessoas. Mas a maior parte dos filósofos nem perde tempo a discutir isso, o que pode ser uma falha enorme (e.g. no meu novo livro, mostro exactamente isso, como é que determinados filósofos e neurocientistas usam conceitos como "consciência", "mente" e afins sem reflectirem antes sobre que métodos estão a usar nas suas investigações e sem perceberem que os conceitos já estão influenciados por concepções prévias). Popper, por exemplo, dizia isto: "um filósofo deveria filosofar: ele deveria tentar resolver problemas filosóficos, em vez de falar sobre Filosofia".
Em relação ao absurdismo (assumindo que é a ideia de que a vida não tem sentido objectivo), estava apenas a indicar que o facto de sermos pequenos ou de curta duração não me parecer ser um bom argumento a favor do absurdismo. Há algo independente disso que, se a vida for realmente absurda, deve entrar em acção, e é esse o argumento que é preciso ser avançado. Os piores autores para se pensar sobre o absurdismo são os existencialistas, que não acrescentam nada de relevante para o debate. O melhor artigo que conheço de uma defesa de que a vida não tem sentido objectivamente, mas apenas subjectivamente, é do Thomas Nagel (cf. philosophy.as.uky.edu/sites/default/files/The%20Absurd%20-%20Thomas%20Nagel.pdf).
Eu sigo a linha da Susan Wolf + Neil Levy que basicamente defendem que a vida tem sentido quando nos entregamos a projectos de valor com sentido superlativo, que significa o tipo de projectos de vida que nao tem um fim (a concepção de Wolf fala só em projectos de valor, como por exemplo, escrever um livro; mas a concepção dela tem o seguinte problema: enquantos escrevíamos o livro, a nossa vida tinha sentido; mas ... e no fim? depois de alcançarmos a publicação do livro, o que acontece?). Levy vem corrigir este pormenor de Wolf e defender que o exemplo do livro é um projecto de valor fechado (porque termina), e que o sentido da vida só pode ser alcançado com projectos de valor superlativos ou abertos (no caso do escritor, por exemplo, pode ser tornar-se o melhor escritor de sempre - é uma tarefa sempre em aberto, por alcançar). Outro exemplo é sermos pessoas mais justas. Enfim, não quero tornar isto um ensaio. Se quiseres mais referências em mando-te :) Um abraço e parabéns por trazeres estes temas filosóficos a debate.
@@Despolariza Olá Tomás! Não sei se tenho conhecimento de tradução para responder a isso com toda a certeza (quem faz boas traduções em Ética em Portugal é o Pedro Galvão de U.Lisboa). Mas talvez "pessoalidade" seja uma boa tentativa. Parabéns pelo projecto!
@@stevensgouveia sou teu fã! Hás de vir ao Despolariza :)
Olá, qual é as cartas que falou no vídeo. Se poder partilhar algum link eu agradeceria. Obrigado
Columbine Massacre! www.schoolshooters.info
ó algoritmo do youtube, mete este video nas sugestões e nos resultados das partilhas!
Ouviste, RUclips?
Se não levas!
A questão do "ser lembrado após a morte" dava umas quantas horas de podcast :) Sempre me fez alguma confusão alguns artistas que admiro dizerem "it doesn't matter, it's not important to be remembered", já que para nós enquanto seres que ambicionam a imortalidade, ser lembrado após a morte é o mais próximo possível de cumprir esse desejo. No entanto, já consigo ver os 2 lados da questão, visto que o nosso desejo geral de imortalidade normalmente parte de uma soberba desnecessária. Além disso, em última análise, não conseguimos controlar o que as outras pessoas pensam de nós, por isso estar obececado em deixar uma "boa imagem" pode ser contraproducente. Abraço aos 2!
Claro. No final... é só ego. E eu admito isso (acho que no vídeo o admito explicitamente, se não, admito aqui). Mas há vários níveis, claro. E fazer tudo por tudo para ser lembrado é um nível superior, digo eu, ao nível de fazer tudo por tudo para ser reconhecido em VIDA, apesar de ambos serem ego.
E ser lembrado 10 anos ou 10 mil milhões de anos é igual porque não vais estar cá para experienciar o “ser lembrado”. É TÃO TÃO ego que ele nos engana a acreditar que de alguma forma vamos poder experienciar esse ser lembrado :)
Pouco dinamico ... adormeci