Tristeza infinita! Comovente...solidão...amargura...angustia...tocca profundamente ...e com o sotaque Português é ainda mais linda essa esplendida Poesia 😢
Quando eu morrer, não digas a ninguém que foi por ti. Cobre o meu corpo frio com um desses lençóis que alagámos de beijos quando eram outras horas nos relógios do mundo e não havia ainda quem soubesse de nós; e leva-o depois para junto do mar, onde possa ser apenas mais um poema - como esses que eu escrevia assim que a madrugada se encostava aos vidros e eu tinha medo de me deitar só com a tua sombra. Deixa que nos meus braços pousem então as aves (que, como eu, trazem entre as penas a saudades de um verão carregado de paixões). E planta à minha volta uma fiada de rosas brancas que chamem pelas abelhas, e um cordão de árvores que perfurem a noite - porque a morte deve ser clara como o sal na bainha das ondas, e a cegueira sempre me assustou (e eu já ceguei de amor, mas não contes a ninguém que foi por ti). Quando eu morrer, deixa-me a ver o mar do alto de um rochedo e não chores, nem toques com os teus lábios a minha boca fria. E promete-me que rasgas os meus versos em pedaços tão pequenos como pequenos foram sempre os meus ódios; e que depois os lanças na solidão de um arquipélago e partes sem olhar para trás nenhuma vez: se alguém os vir de longe brilhando na poeira, cuidará que são flores que o vento despiu, estrelas que se escaparam das trevas, pingos de luz, lágrimas de sol, ou penas de um anjo que perdeu as asas por amor. Maria do Rosário Pedreira
Fiquei petrificado quando, há uns anos, ouvi a Maria do Rosário Pedreira dizer o poema que deixei acima, na Antena 2 , no programa "Poesia dita por quem a escreve". Nesse mesmo dia fui à Bertrand comprar a sua "Poesia reunida", (Quetzal). Escrita de pura magia, sofrida, catártica também. Pedro Lamares deveria dizer este belíssimo poema.
Obrigado pela dica. Tenho de procurar esse poema dito pela autora (uma das melhores vozes a ler a sua própria poesia). Felizmente que "A Vida Breve. Poesia por quem a escreve" está praticamente toda disponível no RTP-Play
Acho que a frase mais triste do mundo … “perdi tudo até o medo de morrer”… ou talvez … “os meus sonhos estão cheios de pedras e terra”… Tudo que MRP escreve é preciso e precioso.
O coração que pára de viver....
Tristeza infinita! Comovente...solidão...amargura...angustia...tocca profundamente ...e com o sotaque Português é ainda mais linda essa esplendida Poesia 😢
As lágrimas..., o grito da alma! 🤦♀️🇧🇷
Que Poema Fabuloso! Mas com uma tristeza Surreal ...Meu Deus 😔
Escutar poesia portuguesa do brasil é muito sensível. Obrigado poetas e poetisas portugueses!
Parabens... belissima poesia...!!!
Infelizmente, só agora conheci essa poetisa e esse canal.
Que poema belíssimo e triste ao mesmo tempo! Sensacional
Triste...mas, lindo!
A infinita e doce sensibilidade com que a poetisa fala de um tema tabu...
Conheci a autora há pouco tempo. Procurei por poesias dela na internet e acabei achando seu canal. Estou encantado!
Que ótimo!
Quando eu morrer, não digas a ninguém que foi por ti.
Cobre o meu corpo frio com um desses lençóis
que alagámos de beijos quando eram outras horas
nos relógios do mundo e não havia ainda quem soubesse
de nós; e leva-o depois para junto do mar, onde possa
ser apenas mais um poema - como esses que eu escrevia
assim que a madrugada se encostava aos vidros e eu
tinha medo de me deitar só com a tua sombra. Deixa
que nos meus braços pousem então as aves (que, como eu,
trazem entre as penas a saudades de um verão carregado
de paixões). E planta à minha volta uma fiada de rosas
brancas que chamem pelas abelhas, e um cordão de árvores
que perfurem a noite - porque a morte deve ser clara
como o sal na bainha das ondas, e a cegueira sempre
me assustou (e eu já ceguei de amor, mas não contes
a ninguém que foi por ti). Quando eu morrer, deixa-me
a ver o mar do alto de um rochedo e não chores, nem
toques com os teus lábios a minha boca fria. E promete-me
que rasgas os meus versos em pedaços tão pequenos
como pequenos foram sempre os meus ódios; e que depois
os lanças na solidão de um arquipélago e partes sem olhar
para trás nenhuma vez: se alguém os vir de longe brilhando
na poeira, cuidará que são flores que o vento despiu, estrelas
que se escaparam das trevas, pingos de luz, lágrimas de sol,
ou penas de um anjo que perdeu as asas por amor.
Maria do Rosário Pedreira
Tenho já outro vídeo-poema feito para esta tão singular voz da nossa literatura. Antes do final do ano devo disponibilizá-lo online
Fiquei petrificado quando, há uns anos, ouvi a Maria do Rosário Pedreira dizer o poema que deixei acima, na Antena 2 , no programa "Poesia dita por quem a escreve". Nesse mesmo dia fui à Bertrand comprar a sua "Poesia reunida", (Quetzal). Escrita de pura magia, sofrida, catártica também. Pedro Lamares deveria dizer este belíssimo poema.
Obrigado pela dica. Tenho de procurar esse poema dito pela autora (uma das melhores vozes a ler a sua própria poesia). Felizmente que "A Vida Breve. Poesia por quem a escreve" está praticamente toda disponível no RTP-Play
Sugiro que fale com o Luis Caetano da Antena 2.
Maria do Rosário, parabéns, tanta sensibilidade, amei! 🤦♀️🇧🇷
Acho que a frase mais triste do mundo … “perdi tudo até o medo de morrer”… ou talvez … “os meus sonhos estão cheios de pedras e terra”… Tudo que MRP escreve é preciso e precioso.
TÃO triste mas TÃO LINDOOO
A música de olafur arnalds é um verdadeiro aconchego para este poema
Verdade! É um casamento perfeito...
Vídeo exato
Mãe!!!!!
Doeu
É pra doer mesmo, Ester
Lindo. emocionei - me 😢😍 Nossa essa poetisa eu não conhecia e me lembrou mt José Régio.
Sublime
Lindo.
Fantástico!
incrível!!!!
Meu deus...que coisa linda...
Lindo
Ouvir algo assim, me dá medo de achar beleza no desterro.