FESTAS JUNINAS SÃO TAMBÉM FESTAS INDÍGENAS É quando muita gente se Indianiza até sem saber POr Casé

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  • Опубликовано: 5 ноя 2024
  • Por: Casé Angatu Xukuru Tupinambá
    “Olha pro céu meu amor
    Veja como ele está lindo”
    (Luiz Gonzaga)
    I - PARA OS POVOS DA TERRA A NATUREZA SAGRADA NOS CHAMA À FESTA ENCANTADA !
    Por estes dias Ïacy (Lua) se faz mais poranga (bonita) ainda e repleta de energias essenciais. As noites ficam mais longas e os dias mais curtos. Sinta, veja e/ou imagine Ïacy clareando a noite e deixando seu rastro de luz pelo mar, rios e lagos como se fosse uma estrada iluminada.
    Mas não é só Ïacy que se faz mais bela ainda. O sol que alguns Parentes chamam de Kûaracy, uma das moradas de Tupã, também se embeleza. Mas Kûaracy prefere admirar toda graça de Ïacy e dá licença pra ela ficar mais tempo no Céu - Ybaca.
    Por isto que nesta época os dias ficam mais curtos e as noites mais longas. Alguns chamam estes tempos de solstício … para os Povos da Terra é momento de festejarmos a natureza sagrada.
    As festas juninas são profundamente vinculadas às relações do homem e mulheres com a natureza (terra, lua, chuva, céu), sendo uma homenagem à ela porque nos mantém vivos e naturais. Em grande parte do território brasileiro é momento de agradecer e festejar a colheita do que foi plantado. Veja os vídeos anexo “São João dos Índios Xucurus - São João TVPE - 2012″ - Saudações ao Povo Xukuru ! E o vídeo: ” Targino Godim - Oração pra São João - São do Carneirinho”
    Às comidas tradicionais deste período, em grande parte de origens indígena, são colhidas e repartidas por todos em festejos embalados ao som de músicas de raízes: forró, música caipira, chula, arrasta pé, quadrilhas etc. Para muitos, especialmente os que vivem em grandes cidades, é um dos poucos momentos de reativar a memória ancestral e lembrar que a origem de tudo está na terra e na natureza sagrada.
    É tempo dos arraias, sala de reboco, fogueiras, pau de sebo, corrida de saco, jogar pião, dançar muito forró, música de raiz caipira, beber quentão, licor de jenipapo, comer milho verde, aipim, cuscuz, peão, pipoca, bolo de fubá, mungunzá, curau, canchica, gengibre, cravo, canela, pamonha, maça do amor, canjica, amendoim, bata-doce, aipim, paçoca, pé de moleque, pé de moça …
    Para nós estes festejos são resistências e acima de tudo (re)existências porque representam tradições populares e indígenas em seus modos de viver e o manejo com a natureza. Sempre é bom lembrar que: quem produz os alimentos típicos da época, bem como quase todos que comemos diariamente, não é o agronegócio e/ou os ruralistas. Estes produtos e nossa alimentação cotidiana quem produz é agricultura tradicional feita nas roças (alguns chamam de agricultura familiar que nós indígenas sempre tivemos).
    Bora então prosear um pouco sobre estes dias e noites novas, ternas e eternas que principiam.
    II - TEMPOS IMEMORIAIS DE UMA COSMOLOGIA ANCESTRALMENTE NATURAL
    Em junho/2016, nesta mesma época, conversava com minha Parente Cony Ate, originária do Povo Nasa (Cauca - Colômbia) - Myra Gwarini Atã (Povo Guerreiro e forte): minhas saudações ao Povo Nasa. Sempre aprendo muito com Cony, especialmente espiritualmente. Falávamos deste período que muitos chamam de solstício de inverno.
    Dizia que no Brasil era época das Festas Junina e de São João - uma das mais tradicionais festas brasileiras, possuindo profundas origens indígenas relacionadas à cosmologia sagrada ancestral. Apesar de poucos saberem disto, mesmo de forma inconsciente, exercitam nossas tradições primordiais.
    Cony disse então que, naquela ocasião (junho/2016), estava no Ecuador e lá:
    “hay fiestas del Inti Raymi - Fiesta del Sol - nuevo año el 21 de junio/2016”.
    Lembrei então de um texto que escrevi em 2015 nesta mesma época. Um texto que falava como o calendário cristão oficial com seus Santos e datas reelaboraram e/ou incorporam elementos das culturas naturais de diferentes Povos de Pindorama (“Brasil”), Guairá (Terras Sem Males), Abya-Yala (“América Latina”) e mesmo entre as comunidades anteriores ao cristianismo oficial na África, Ásia e Europa.
    É bom lembrar que o próprio Cristo, bem como seu Povo, vivia em comunidades aldeadas e em profundo contato com elementos da natureza. Já ouvi entre meus Parentes aqui em Olivença (Ilhéus/Bahia) e outros lugares a descrição de Cristo e do Divino Espírito Santo como Encantados da Natureza.
    Muitos intelectuais não indígenas classificam isto como sincretismo cultural e/ou de “aculturação” no sentido de perda de cultura, colocando ponto final em suas análises. No entanto, tenho um originário costume indígena de “esperar a conversa dos outros para depois fazer minha prosa”. Um costume ancestral de: “onde colocam ponto final eu coloco vírgula e continuo a conversa”.
    Texto completo no link: indiosonline.n...
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