O que seria da angústia sem seu objeto?
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- Опубликовано: 26 дек 2024
- Evento realizado, presencialmente, no dia 30/11 com o psicanalista e nosso convidado João Ezequiel Grecco (Possui doutorado em Psicologia Social - Psicanálise e Sociedade
pela PUC SP (2015). Pós Doutor em Psicologia Clínica pelo IPUSP.
Atualmente é professor e supervisor da residência médica em
psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC, psicanalista,
pesquisador membro da Associação Universitária de Pesquisa em
Psicopatologia Fundamental, Membro do Fórum do Campo Lacaniano
de São Paulo):
Nesse nosso encontro podemos, a priori, traçar um breve percurso onde a angústia faz sua incursão no saber da filosofia e na psicanálise, partimos a esse fim. “O homem (...) está irremediavelmente perdido, caiu do lugar que lhe é próprio sem conseguir encontrá-lo novamente, e o busca por toda parte com inquietação e sem êxito, mergulhado em trevas impenetráveis”. Assim Blaise Pascal descreve a situação trágica do ser humano. Condenado a viver uma contínua tensão entre razão e paixões, ele percebe no seu íntimo que não pode “estar em paz com a primeira, sem estar em guerra com as outras, permanentemente dividido, em conflito consigo mesmo”. Podemos fazer remontar a angústia a esse conflito existencial entre razão e paixões, ou ela tem raízes mais profundas? A situação de angústia descrita por Pascal no século XVII teria a mesma significação para o homem contemporâneo ou hoje teria adquirido novas colorações? Qual é o mal-estar psíquico do homem de hoje?
Para Freud a angústia é um mecanismo de defesa que se organiza a partir do conflito que o Eu enfrenta ao tentar lidar com três instâncias: os desejos do inconsciente, as imposições do super-Eu e as exigências da realidade. Podemos continuar falando da angústia no horizonte das neuroses, nos desdobramentos das psicoses, da obsessão, da melancolia e da fobia no sentido freudiano ou devemos situar a leitura de Freud no contexto de novas referências? Não é a atoa que Freud faz da Angústia um ponto epistemológico em seus rascunhos a Wilhelm Fliess em particular no A; B; e E, (1893), em 1926 volta em seu artigo Inibição, Sintoma e Angústia.
Em 1894 e 1895 lança seu artigo: Sobre os fundamentos para destacar da neurastenia uma síndrome específica denominada Neurose de Angústia, a fim de separar as afecções de cunhos neurológicos sintomáticos variados e aqueles oriundos dos estados subjetivos dos afetos da angústia. Mas de qualquer maneira é com Lacan que ela, a angústia, será revestida de uma outra linguagem, implicada na ordem do significante do sujeito do inconsciente estruturado com linguagem e do laço social.
Lacan (1981) dará em seu seminário de 1962-1963 Angústia um aforismo: “...hoje um número de coisas sobre o que lhes ensinei a designar por objeto a, para o qual nos orienta o aforismo que promovi da última vez a respeito da angústia: que ela não é sem objeto” (p. 113). Ainda em Lacan: ... “Para fixar nossa meta, direi que o objeto a não deve ser situado em coisa alguma que seja análoga à intencionalidade de uma noese” (p. 114).
O que seria da angústia sem seu objeto, com aponta Lacan e as condições sociais contemporâneas, como ficam? As patologias sociais vinculadas ao imperativo angustiante do sujeito alienado no sistema capitalista, corrompe o circuito dos afetos o promove outros por necessidade em circunstâncias variadas, SAFATLE (2015) aponta assim: “Dessa forma, Kafka nos lembra de como compreender o poder é uma questão de compreender seus modos de construção de corpos políticos, seus circuitos de afetos com regimes extensivos de implicações, assim como compreender o modelo de individualização que tais corpos produzem, a forma como ele nos implica” (p. 16).
O que podemos dizer a mais a respeito da angústia, depende de que ponto epistêmico o sujeito mira sua necessidade, nesse encontro vamos ver o que será possível.