SENZALA e MASMORRA INTACTA na FAZENDA SANTA CLARA - A história pouco mostrada

Visitei a FAZENDA SANTA CLARA, a maior fazenda das américas e a única que já visitei com masmorra, uma verdadeira volta ao passado. Localizada em Santa Rita de Jacutinga no interior de Minas Gerais. Uma propriedade do ano 1770. Essa é uma das maiores propriedades rurais com origem no século XIX ainda existentes na América Latina, com aproximadamente 6 mil m².
Possui 365 janelas, 54 quartos, 12 salões, 3 cozinhas, 2 terreiros de café, uma capela, uma mirante, senzala, masmorra e outras dependências apropriadas. O fazendeiro e minerador nascido em São João Del Rei, então Capitania de Minas Gerais, Luiz Fortes de Bustamante e Sá, assumiu, no final do século XVIII, o cargo de guarda-mor do registro de Rio Preto. Mas Luiz desistiu do cargo, sendo substituído pelo seu irmão Francisco Dionísio Fortes de Bustamante, que mudou com a esposa e filhos em Rio Preto, em 1770, aproximadamente.
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Fazendas Antigas Produção
Rua Simão da Cunha Gago
Nº438
CEP 27213-170
Volta Redonda RJ
Mais detalhes históricos:
A fazenda foi deixada, com sua partida, para a viúva Maria Tereza de Souza Fortes, Viscondessa de Monte Verde. Com a partida da Viscondessa, que não tinha descendentes diretos, a fazenda ficou com o seu irmão Carlos Teodoro de Souza Fortes, que era o 2º Barão de Santa Clara. Com o fim da Escravidão e as dificuldades de pagar mão de obra, e manter toda a estrutura da propriedade, a fazenda acabou sendo hipotecada ao banco, ficando em sua posse por mais de 20 anos.
Depois, foi à leilão e arrematada pelo Comendador Modesto Leal e, em 1924, adquirida pelo Coronel João Honório, sendo a fazenda hoje propriedade de seus descendentes.
Iniciada em 1770, levou mais de 35 anos para ser concluída em 1805. Toda em pau-à-pique e feita por escravos. O terreiro de café é primoroso e foi construído com conchas e óleo de baleia. A masmorra foi concebida com solidez tal que impedisse fugas. No mirante, construído para vigiar a propriedade do alto, foi instalado um grande relógio alemão, fabricado em 1840 e ainda funcionando.
Como ocorre com muitas construções antigas, a fazenda tem suas lendas como a escada do "Pai Nosso" e a escada da "Ave Maria". Ali, o crente faz um um pedido assim que chegar ao último degrau. Dizem que o casarão foi concebido com 365 janelas para simbolizar todos os dias do ano. Também há "janelas" apenas pintadas que, segundo a lenda, objetivavam somar 365 ou, na verdade, para burlar a fiscalização escravagista, já que na época já estava proibido o comércio de escravos.
A história conta que pela fazenda teriam passado aproximadamente 2.800 escravos, o que pode ser uma verdade, pois ali se produzia muito café, o que exigia uma grande quantidade de mão de obra. Um dos objetivos da construção dessa fazenda foi a comercialização de escravos para os senhores da região, inclusive contam que teve reprodução de escravos em massa nessa fazenda.
A fazenda Santa Clara guarda mais de 200 anos de história e tradição. A fachada principal da fazenda é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórica e Artístico Nacional (Ipham). A parte interna do casarão está ainda em processo de avaliação pelo órgão. A manutenção da fazenda é mantida com a arrecadação oriundas das visitas guiadas à fazenda.
Outra lenda é que as telhas eram moldadas nas coxas de vários escravos de tamanhos diferentes, as telhas apresentam imperfeições. Foi dai que surgiu a famosa expressão popular " feita nas coxas".