3 praias do norte ja foram alargadas a armação a 12 anos em espera. Sul da ilha sendo vendida pra construtora e esquecida em projetos de mobilidade e infra.
Meu nome é Cesar Pompêo, pesquisador e professor universitário, e sou o primeiro entrevistado. Na entrevista aponto à necessidade de revitalização da orla, o que implica a conclusão de um calçadão iniciado em 2012, iluminação e acessos para a areia sobre o enrocamento, sanitários etc. As duas outras entrevistas e as afirmações em off trazem conexões indevidas à questão: o engordamento da praia e a dragagem do rio Sangradouro. O engordamento da praia necessita ser cuidadosamente estudado e não bastam opiniões de leigos para justificá-lo como se infere da reportagem. A erosão da praia em 2010 resultou principalmente da construção de um molhe que rompeu a conexão do fluxo de sedimentos entre as praias da Armação e do Matadeiro, assunto cuidadosamente estudado e descrito em trabalhos científicos. O referido molhe foi construído ao final da década de 1990; anteriormente a elevação da maré ocupava o local e a dinâmica de sedimentos possuía um regime então interrompido. Quanto à dragagem do rio Sangradouro, cientificamente não se sustenta a afirmação de que o mesmo já possuiu 5 a 6 metros de profundidade no passado. O rio Sangradouro é efetivamente o canal de extravasamento da Lagoa do Peri localizado em planície costeira, região cujo relevo não permite cursos d'água com tal profundidade. Faço esta afirmação como hidrólogo, atuando há mais de 40 anos neste campo de conhecimento. Além disso, o canal passou, durante os anos 1970, por retificação em seu traçado, realizada pelo extinto DNOS. Um canal retificado apresenta tendência de aumento de velocidade no escoamento e, em seu trecho final, mais plano, naturalmente é bastante raso. Portanto, mesmo que os pescadores afirmem que este canal teria sido mais profundo no passado, tal afirmação não se sustenta em qualquer evidência e em qualquer curso d'água desta natureza. Como hidrólogo afirmo que a dragagem do canal, ainda que possa sugerir a possibilidade de os pescadores ingressarem com suas embarcações no Rio, seria uma obra de baixíssima eficiência porque o assoreamento naquela área é natural e se reconstituiria com brevidade, demandando dragagens periódicas. Além disso, após o desassoreamento tanto o rio Sangradouro quanto o rio Quincas que também conflui ao mesmo local sofreriam sério impacto em seus regimes de escoamento. Sendo assim, a reportagem inicialmente destinada a mostrar a preocupação com a orla da praia, trouxe outras questões que não entendo possam ser associadas.
3 praias do norte ja foram alargadas a armação a 12 anos em espera. Sul da ilha sendo vendida pra construtora e esquecida em projetos de mobilidade e infra.
Meu nome é Cesar Pompêo, pesquisador e professor universitário, e sou o primeiro entrevistado.
Na entrevista aponto à necessidade de revitalização da orla, o que implica a conclusão de um calçadão iniciado em 2012, iluminação e acessos para a areia sobre o enrocamento, sanitários etc.
As duas outras entrevistas e as afirmações em off trazem conexões indevidas à questão: o engordamento da praia e a dragagem do rio Sangradouro.
O engordamento da praia necessita ser cuidadosamente estudado e não bastam opiniões de leigos para justificá-lo como se infere da reportagem.
A erosão da praia em 2010 resultou principalmente da construção de um molhe que rompeu a conexão do fluxo de sedimentos entre as praias da Armação e do Matadeiro, assunto cuidadosamente estudado e descrito em trabalhos científicos. O referido molhe foi construído ao final da década de 1990; anteriormente a elevação da maré ocupava o local e a dinâmica de sedimentos possuía um regime então interrompido.
Quanto à dragagem do rio Sangradouro, cientificamente não se sustenta a afirmação de que o mesmo já possuiu 5 a 6 metros de profundidade no passado.
O rio Sangradouro é efetivamente o canal de extravasamento da Lagoa do Peri localizado em planície costeira, região cujo relevo não permite cursos d'água com tal profundidade. Faço esta afirmação como hidrólogo, atuando há mais de 40 anos neste campo de conhecimento.
Além disso, o canal passou, durante os anos 1970, por retificação em seu traçado, realizada pelo extinto DNOS. Um canal retificado apresenta tendência de aumento de velocidade no escoamento e, em seu trecho final, mais plano, naturalmente é bastante raso. Portanto, mesmo que os pescadores afirmem que este canal teria sido mais profundo no passado, tal afirmação não se sustenta em qualquer evidência e em qualquer curso d'água desta natureza.
Como hidrólogo afirmo que a dragagem do canal, ainda que possa sugerir a possibilidade de os pescadores ingressarem com suas embarcações no Rio, seria uma obra de baixíssima eficiência porque o assoreamento naquela área é natural e se reconstituiria com brevidade, demandando dragagens periódicas. Além disso, após o desassoreamento tanto o rio Sangradouro quanto o rio Quincas que também conflui ao mesmo local sofreriam sério impacto em seus regimes de escoamento.
Sendo assim, a reportagem inicialmente destinada a mostrar a preocupação com a orla da praia, trouxe outras questões que não entendo possam ser associadas.
Tomará, que seja resolvido essa situação... A praia da armação sul da ilha 🏝️ merece.
Ressaltando que o Rio Sangradouro nunca foi navegável por embarcações do tamanho das atuais. Eram barcaças pequeninas