Manuel Antônio Álvares de Azevedo foi um escritor da segunda geração romântica, contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro. 1831 São Paulo 1852 Rio de Janeiro LUAR DE VERÃO (Álvares de Azevedo) O que vês, trovador? - Eu vejo a lua Que sem lavar a face ali passeia; No azul do firmamento inda é mais pálida Que em cinzas do fogão uma candeia. O que vês, trovador? - No esguio tronco Vejo erguer-se o chinó de uma nogueira... além se encontra a luz sobre um rochedo Tão liso como um pau de cabeleira. Nas praias lisas a maré enchente S'espraia cintilante d'ardentia... Em vez de aromas as doiradas ondas Respiram efluviosa maresia! O que vês, trovador? - No céu formoso Ao sopro dos favônios feiticeiros Eu vejo - e tremo de paixão ao vê-las - As nuvens a dormir, como carneiros. E vejo além, na sombra do horizonte, Como viúva moça envolta em luto, Brilhando em nuvem negra estrela viva Como na treva a ponta de um charuto. Teu romantismo bebo, ó minha lua, A teus raios divinos me abandono, Torno-me vaporoso... e só de ver-te Eu sinto os lábios meus se abrirem de sono.
Manuel Antônio Álvares de Azevedo foi um escritor da segunda geração romântica, contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro.
1831 São Paulo
1852 Rio de Janeiro
LUAR DE VERÃO (Álvares de Azevedo)
O que vês, trovador? - Eu vejo a lua
Que sem lavar a face ali passeia;
No azul do firmamento inda é mais pálida
Que em cinzas do fogão uma candeia.
O que vês, trovador? - No esguio tronco
Vejo erguer-se o chinó de uma nogueira...
além se encontra a luz sobre um rochedo
Tão liso como um pau de cabeleira.
Nas praias lisas a maré enchente
S'espraia cintilante d'ardentia...
Em vez de aromas as doiradas ondas
Respiram efluviosa maresia!
O que vês, trovador? - No céu formoso
Ao sopro dos favônios feiticeiros
Eu vejo - e tremo de paixão ao vê-las -
As nuvens a dormir, como carneiros.
E vejo além, na sombra do horizonte,
Como viúva moça envolta em luto,
Brilhando em nuvem negra estrela viva
Como na treva a ponta de um charuto.
Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrirem de sono.
Qué bella canción, muitu relaxante.