As teorias raciais do séc XIX: embranquecer para modernizar | Relações raciais [Parte 1]

Поделиться
HTML-код
  • Опубликовано: 11 сен 2024
  • "A espécie humana pode ser classificada em raças; algumas mais avançadas e outras mais atrasadas". Era assim que autores como o francês Arthur de Gobineau explicavam as diferenças culturais no século XIX: recorrendo a um DETERMINISMO BIOLÓGICO que atribuía às supostas diferenças genéticas entre três grandes "raças" - caucasianos, negroides e mongoloides - o desenvolvimento de diferentes comportamentos e aptidões culturais. Segundo essas ideias, que podemos chamar de TEORIAS RACIAIS, brancos (europeus) comporiam a "raça" geneticamente mais adequada à modernidade do capitalismo industrial, enquanto negros e mestiços - estes segundos sendo resultado da mistura entre "raças" diferentes - seriam considerados natural e inexoravelmente mais atrasados; por isso, eram relegados, na divisão do trabalho, às atividades braçais, que demandavam quase que exclusivamente vigor físico em detrimento da atividade intelectual.
    As teorias raciais chegam ao Brasil escravocrata daquele século (Gobineau esteve no Brasil em 1869) e passam a influenciar autores como Nina Rodrigues, João Baptista Lacerda e Oliveira Vianna os quais, na virada para o século XX, diagnosticavam que o motivo do "atraso" brasileiro era a presença maciça de "raças" e "sub-raças" atrasadas; negros e mestiços. "O mestiço é um degenerado", "o Brasil é um caos étnico" - dizem algumas dessas pessimistas avaliações. A solução encontrada para modernizar o Brasil seria, então, "EMBRANQUECÊ-LO": o Estado deveria intervir nos nascimentos e mortes de modo a promover uma espécie de "melhoramento genético" de sua população. Assim, o Brasil do período adota um discurso de EUGENIA semelhante ao encontrado, por exemplo, no Apartheid sul-africano e no Holocausto nazista. Discurso explicitado no incentivo estatal à imigração europeia e na perseguição e criminalização das populações negras, mantidas afastadas da cidadania plena graças à permanência dos estereótipos raciais contidos no racismo pretensamente "científico" de Arthur de Gobineau.
    Para entender melhor este assunto, assista a videoaula e leia as páginas 118, 119 e 120 de seu livro didático (você vai encontrar os títulos "Raça, racismo e etnia: aspectos socioantropológicos" e "Teorias raciais e eugênicas").
    Deixem as dúvidas e obervações nos comentários para que eu possa dar suporte a vocês!
    ------------------------------------------
    Professor Marcos Henrique Amaral
    Facebook: marcoshenriquesa
    Instagram: @marcoshenriquesa
    Twitter: @marcuti

Комментарии • 45

  • @edsonsantana752
    @edsonsantana752 7 месяцев назад +12

    Olá, povo do RUclips, só um desabafo. O professor aí é muito didático e, aparentemente, sabe mesmo sobre o assunto abordado. Queria apenas dizer, até hoje, vejo ótimos professores em sala de aula no ensino médio, talvez tão bons quanto este do vídeo. Entretanto, os alunos não dão valor aos seus professores do ensino médio que, na maioria das vezes, são ótimos no que fazem. Digo porque sou professor de Língua Portuguesa e Literatura e tenho vários colegas, professores de História muito bons, que dão excelentes aulas, mas enquanto eles se esforçam para entregar um conteúdo de qualidade para os alunos, eles fazem grupinhos para conversar, jogar, perturbar os colegas, além de outros que só vão à escola dormir. Então, com certeza, houve este tipo de aula na nossa adolescência, mas, infelizmente, muitos não estavam nem aí para as aulas, nunca souberam o que é uma aula desta; não porque não a tiveram, simplesmente, porque não valorizavam o professor ou não estavam nem aí para aprender mesmo. Agora, muitos vêm aqui no RUclips assistir e ainda falam mal dos professores que tiveram. Eu, particularmente, não sou professor de História, mas amo História, pois, sem ela, não conseguimos entender o passado, nem planejar o futuro. Inclusive, estou aqui apenas para reforçar o meu conhecimento acerca do assunto, uma vez que eu sempre valorizei todos os meus professores. Abraço a todos!

  • @brunotf4531
    @brunotf4531 3 года назад +21

    Deixei de assistir minhas aulas para assistir seus vídeos. Tenho aprendido muito mais. Você explica muito bem!

    • @PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL
      @PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL  3 года назад +2

      Fico feliz, novamente, de poder fazer parte de seu aprendizado! Estou sempre à disposição para novas interlocuções 😉

  • @juniorviana1801
    @juniorviana1801 28 дней назад

    Que top, eu particularmente estou anestesiado com sua didática, sou professor e já estou te seguindo para inspiração.

  • @EL-cb7gh
    @EL-cb7gh 2 года назад +3

    Que aula didática e maravilhosaaa.Não sabia a origem da palavra Mulato,muito necessário esse assunto.Extremamente grata!!

  • @moabereisamorim5037
    @moabereisamorim5037 4 года назад +6

    Claramente que iria me inscrever no canal e acompanhar o seu trabalho, Professor Marcos. Vou assistir em sequência. Forte, abraço.

    • @PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL
      @PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL  4 года назад +3

      Que legal, meu querido amigo! Você é pura inspiração! Fico feliz de nos conectarmos por aqui. A ideia dos vídeos é estimular os alunos (os de agora e os futuros) a verem as ciências sociais como algo, além de importante, divertido e estimulante. Espero estar no caminho certo! Um grande abraço! 💜

  • @museuvirtualdotijoloantigo5696
    @museuvirtualdotijoloantigo5696 Год назад +1

    Excelente trabalho...esclarece com muito bem, principalmente o uso do termo "Raça" que se perde em alguns momentos o seu real significado, e fica um tanto confuso, quando aplicado em algumas matérias das idisciplinas da arqueologia, biologia, antropologia e sociologia...As vezes o termo tem um significado biológico, as vezes, apenas de cunho social...Parabéns, Professor. Sou estudante de arqueologia pela UNIMES.

  • @joaopvh8267
    @joaopvh8267 2 года назад +2

    Professor: mais um vídeo com excelente qualidade e conteúdo muito útil! Parabéns e obrigado! Suas aulas são uma referência!

  • @vamirdossantos993
    @vamirdossantos993 Год назад +1

    Vale a pena assistir o documentário menino 23. Uma parde da história do Brasil poco conhecida. Período onde o estímulo à eugenia era crescente.

  • @mshawtyz
    @mshawtyz 11 месяцев назад +1

    aula incrível... sem palavras.

  • @DeixaYuriFalar
    @DeixaYuriFalar 6 месяцев назад

    professor, tu é fera! Excelente aula, muito obrigado e sucesso.

  • @ricardofiatlux1283
    @ricardofiatlux1283 Год назад +1

    Só um adendo professor, sobre a" mula", na verdade a mula é o feminino do burro, portanto sai híbridos, sendo o cruzamento do jumento com uma égua ou cavalo com uma jumenta; e não o cruzamento do cavalo com um burro como o Sr hevia dito. No mais, aula maravilhosa! Parabéns!

  • @gorettisamaral
    @gorettisamaral 4 года назад +5

    Então ficamos afastados das nossas raízes em um país extremamente racista...
    A escravidão virou o racismo estrutural e a desigualdade de raças que temos hoje.

    • @PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL
      @PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL  4 года назад +6

      Exatamente. Há um bom livro do Silvio Almeida, intitulado "Racismo Estrutural" que faz essa conexão histórica entre o hoje e o "ontem" de mais de um século atrás. A dificuldade de lidar com o racismo estrutural é que frequentemente não conseguimos "vê-lo": os discursos sobre um "Brasil mestiço", que ganham força com o modernismo (1920), com Gilberto Freyre (1930) e com todas as políticas culturais a partir de Getúlio Vargas, acabam por velar as estruturas racistas, criando a falsa ilusão de uma trama racial mais harmoniosa que países como Estados Unidos e África do Sul. A saída está na educação, na retomada dessa história, e outras medidas de caráter afirmativo!

  • @leandrocoimbra1764
    @leandrocoimbra1764 2 года назад +1

    Muito top esse vídeo pow. Que aula hein

  • @AlineSilva-ye9gu
    @AlineSilva-ye9gu 3 года назад +2

    Gratidão professor 🙏

  • @LarissaOliveira-gc5nk
    @LarissaOliveira-gc5nk 6 месяцев назад

    que aula maravilhosa !!!!

  • @guedesdelmiroguedesdelmiro2023
    @guedesdelmiroguedesdelmiro2023 3 года назад +1

    Parabéns sensacional

  • @sebastiaogonga9817
    @sebastiaogonga9817 Год назад +1

    grande aula

  • @mauriciopiresnatorp9419
    @mauriciopiresnatorp9419 3 года назад +3

    @Marcos Henrique da Silva Amaral Por favor, professor, comente este trecho do livro de João Ribeiro Júnior, “O que é Positivismo”, da Coleção Primeiros Passos, da Editora Brasiliense, 1991( não me lembro em qual página, mas sei de memória este trechinho): “Augusto Comte olha para o progresso social como que condicionado pelos concomitantes biológicos dos indivíduos, de tal forma que nenhuma estrutura social é possível sem que esteja previamente determinada nos fatores biológicos, aliás irredútiveis, como são todas as categorias de fenômenos na concepção comteana.

    • @PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL
      @PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL  3 года назад +1

      Olá, Maurício! Disponibilizei duas aulas a respeito de Auguste Comte e o positivismo. Assiste lá e veja se ajuda com a resolução da pergunta: ruclips.net/video/Um0ouq7ESxs/видео.html e ruclips.net/video/2de4wl6uwMM/видео.html
      Em princípio, eu diria que o parágrafo em questão pode fazer referência à influência de Saint-Simon sobre a obra de Auguste Comte. Para esse autor, o estudo da sociedade seria um ramo da fisiologia, porque a sociedade seria uma espécie de fenômeno orgânico ou, mais propriamente, um orgnismo. Assim como qualquer organismo estudado pelas ciências biológicas, a sociedade seria regida por leis naturais de desenvolvimento que devem ser reveladas pela observação científica. Como um organismo, a sociedade deveria ser estudada, portanto, pela investigação de sua organização, com ênfase particular na natureza do crescimento, ordem, estabilidade e patologias anormais. Essa influência das ciências naturais sobre as ciências sociais no século XIX é algo recorrente, passando por Auguste Comte (que chega a dar primeiramente o nome de física social à sociologia) e chegando a Émile Durkheim, que usa a mesma analogia da sociedade enquanto organismo em seus estudos sobre a divisão do trabalho.
      Espero ter ajudado.
      Grande abraço

    • @mauriciopiresnatorp9419
      @mauriciopiresnatorp9419 3 года назад +1

      @@PROFMARCOSHENRIQUEAMARAL Obrigado pela resposta, professor. Já vou lá assistir, OK?

  • @giovannacasanovaxerfan159
    @giovannacasanovaxerfan159 3 года назад +3

    Muito bom!

  • @rosemaryferreira9651
    @rosemaryferreira9651 2 месяца назад

    Exelente aula

  • @Erbeson
    @Erbeson Год назад +2

    Podem falar o que quiser eu não levo em consideração o que as pessoas falam sobre mim mais eu nunca vou ter orgulho de ser mestiço por causa da miscigenação eu tenho alguns problemas físicos tipo os meus dentes são tortos e a minha aparência é muito estranha eu sou uma mistura de branco africano indígena eu sou muito estranho de aparência por causa da dessa mistura de branco africano indígena eu também tenho problemas de pele horríveis por causa dessa mistura de branco africano indígena eu não respeito a miscigenação de jeito nenhum mesmo eu sendo miscigenado

  • @fabriciaxavierr
    @fabriciaxavierr 2 года назад

    Que aula 🤌🤌🤌

  • @avohayguedes7626
    @avohayguedes7626 2 года назад +3

    O ser humano é um animal. Então existem raças.

    • @paulorobertopr4able
      @paulorobertopr4able 2 года назад

      Leia o relatório final do Projeto Genoma (o maior projeto biológico da humanidade)

  • @luispaucar6996
    @luispaucar6996 Год назад +4

    QI médio das "raças":
    Orientais (japoneses, chineses e coreanos) 105.
    Brancos (europeus), 100.
    Negros, 75.
    Os paises mais desenvolvidos são os que tem maioria oriental ou branca.
    Países de maioria negra são os últimos colocados em nivel de desenvolvimento.
    Países grandes com diversidade regional racial , como o Brasil, repetem esse padrão.
    Não é opinião. São dados estatisticos. Só pesquisar na internet.
    Conclusões? Tirem vcs mesmos.

    • @gairplane
      @gairplane Год назад +3

      toma vergonha cara. Vc é um gord@o pardo e tá pagando de racista. Seu QI de racista pardo é de 1 dígito.

    • @Erbeson
      @Erbeson Год назад

      @@gairplane Quem tem que tomar vergonha na sua cara é você como é que a pessoa defende algo tão nojento como a miscigenação
      E o seu QI é de um cachorro

    • @Erbeson
      @Erbeson Год назад

      @@gairplane o seu QI é de um cachorro

    • @VirtusTheInvictus
      @VirtusTheInvictus Год назад

      Não quero comentar nada.

    • @gangomane840
      @gangomane840 Год назад

      A ciência já explicou que o QI é variável e também influenciado por factores ambientais, por exemplo, povo que se alimentam bem é propenso a atingir o máximo de QI . E se estudar bem a história é que a ciência e desenvolvimento do ser humano iniciaram na África no Egito antigo, veja que a alimentação era abundante devido ao Rio Nilo que tinha muita terra fértil. Os humanos são todos de mesma raça, não contribua para derrubar e humilhar mais a nós que estamos a tentar levantar do chão.

  • @JMF.concursada
    @JMF.concursada 3 года назад +1

    Professor, Pq no Brasil houve um estimulo ao embranquecimento progressivo ao invés de um separatismo, como foi nos demais países que pregavam a eugenia?