Descobri esse mestre no QSNos e agora tô desnumbrada c/ essa representatividade. Seus estudos e sabedoria são transmitidos c/ propriedade, no lugar legítimo de fala. Obrigada Casa do Saber por nos dar voz. Gratidão aos q aqui estão p/ dar ouvidos. Que apesar de nossas pluralidades, possamos falar, possamos ouvir. E, então... que seja possível o diálogo.
Muito bom, tenho ministrado um curso de Introdução à Filosofia Ubuntu e sou muito grato a todos os conhecimentos transmitidos através do Professor Renato Noguera.
Sensacional. Reflexão que se encaixa perfeitamente nos inúmeros dramas sociais que se multiplicam pelas cidades. E falando em racismo, deixo aqui minha sugestão por mais pensadores negros no canal. Sucesso.
Caro Douglas...entendi o seu ponto de vista, mas, se me permite, gostaria de trazer uma reflexão pessoal... 🙂 Nasci, cresci e vivi entre dois países africanos de expressão portuguesa (Moçambique e Angola ) com intensa convivência com comunidade Cabo verdeana, neste último país, amigos Brasileiros e de outras nacionalidades, família com ramos em Moçambique e Ásia (China) e recentemente uma adição de um querido genro Paquistanês..., trabalhos em Inglaterra, Suiça...uma breve passagem pela África do Sul no tempo do Apartheid... (uma experiência muito sofrida)..... enfim, posso dizer que sou uma pessoa do mundo...dirão. A minha intenção com este detalhado percurso de vida não é atirar a atenção para mim. Sinto, sim, necessidade de partilhar algo mais abrangente : a questão da pertença versus raça. Uma grande percentagem de pessoas brancas nadcidas em países africanos, apesar de terem sido fortemente marcadas pela vivência da cultura desses países, a grande maioria mantém-se fiel à força da cultura da sua família se esta for completamente europeia/branca.Há saudosismo que nada têm a ver com uma identificação profunda com a cultura do país colonizado. Nas famílias mestiças que permanecem nesses países (sejam africanos, indianos, chineses...o sue fôr) a Alma adquire tonalidades mestiças no viver, sentir, hábitos, alimentação, gostos, etc. Curiosamente, da experiência que tenho colhido, sinto que é mais fácil viver numa família colorida em Moçambique, Angola ou Cabo-Verde, do que ser uma família colorida em países europeus, a menos que o status do casal seja médio/elevado. Assim chego onde queria chegar : sendo branca, fui profundamente marcada pelas culturas de 3 países africanos durante mais de metade da minha vida.Sentia-me muito desenraizada...eu explico melhor...
Mesmo perante famílias misturadas, a tendência é para que os membros com origem noutros países, se deixem absorver e até rejeitar hábitos, cultura e por vezes quase negam a côr...eu, só observo... 😉 Isto confunde-me, num primeiro tempo, mas compreendo bem no fim.. Por outro lado - e tive experiência directa na família, um genro mulato nascido nos Açores - era, e é inteiramente, de corpo e Alma, todo ele Português. Eu chamava-lhe "Pula" ou "Pulinha", nome pejorativo como os negros chamam aos Portugueses...tudo na mais doce brincadeira... Falava dos Açores, das bucólicas paisagens das vacas a pastarem com uma saudade imensa, dos "raids" que fazia com o pai, Bibliotecário, pelas aldeias fora, quando este ía com a biblioteca ambulante (carrinha fechada) levar livros de empréstimo ao povo, nas aldeias. Todas as suas descrições eram tão doces e comovedoras quanto as minhas sobre os cheiros, as comidas, as paisagens, a dança, as músicas, do meu país ou de Angola, vivências que moldaram o meu sentir, o meu modo de estar, os meus gostos...enfim, uma parte importante de mim. Era com a minha comadre, que era negra, que eu "me sentia em casa" quando nos juntavamos... Dois amigos queridos (1 de Angola outro de Moçambique) chamam-me " minha preta de olhos claros"... Se atentar bem para o profundo significado desta expressão e daquela que eu usava para o meu genro mulato, ambas sintetizam profundamente algo muito importante : a colonização criou híbridos um tanto desconjuntados que, se não tiverem uma elevada consciência, podem continuar toda a vida a sentirem-se uns sem pátria...ou com a sensação de terem uma Pátria etérea... Pois um dia decidi definitivamente que a minha Pátria é o Mundo, e o meu Povo a Humanidade. De outro modo, não sairia do "modo nostálgico"
Só mais uma experiência interessante a respeito de raças e cultura. Quando era professora em Luanda, Angola, conheci no complexo de prédios construído para albergar expatriados cooperantes de vários países, uma jovem Belga que tinha um bebé pequenino. Eu passeava diariamente no bairro com minhas filhas pequeninas e os filhos unem sempre as mulheres. Estranhei uma senhora negra naquele bairro cheio de Búlgaros, Cubanos, Portugueses, Coreanos, Vietnamitas...uma miscelânea adorável... Era Belga de nacionalidade e de nascimento, casada com um Belga branco. Confessou-me que sempre sonhou conhecer África julgando reencontrar qualquer coisa que sentia estar perdido dentro de si... Foi uma confissão corajosa e ao mesmo tempo maravilhosa... Concluiu que para seu espanto e tristeza, não se sentia nada identificada com África, em nada e só ansiava voltar para o seu país...uma experiência de carácter social, humano e antropológico fantástica para mim....eu, ali sentada com ela acocoradas na beira do passeio conversando, sentindo-me como peixe na água, isto é...em casa...
De outra me lembrei e peço desculpas de tomar tanto espaço no vosso canal. Um dia, estava no Ministério da Educação em Luanda-Angola cá fora à espera de uma pessoa. Um cavalheiro de fato e gravata, de modos muito elegantes e educado dirigiu-se a mim em Francês...sentiu talvez, por ser branca de olhos claros, que falasse Francês. Acertou neste ponto. O motorista não aparecia para o levar de volta ao Hotel e via-se que estava visivelmente ansioso e com medo. Perguntei-lhe, já o senhor dentro do meu jeep, porque tinha medo...sentiu-se constrangido ao explicar - me, mas tinha medo das pessoas que por ali andavam. Era um senhor negro com um certo cargo no governo Francês, e de visita a Angola, em missão. Parece que havia possibilidades de ele cumprir uma missão por algum tempo, e quis saber de mim, que era mulher, se havia cabeleireiros e outras facilidades na devastada cidade de Luanda em 1981.Disse-lhe o que havia e não havia, falei-lhe do recolher obrigatório da meia noite às 6h da manhã... Visivelmente espaventado concluiu que não poderia viver ali, muito menos trazer a esposa e filhos para Angola. Eu...como peixe na água vivendo e aproveitando alegremente toda a vida tão cheia de carências materiais, mas tão rica e colorida do ponto de vista humano onde se apredia a viver com a tragédia aos nossos pés, no dia-a-dia... Deste caldo nasceu a pessoa que sou...não há outro modo de saldar a falta de uma Pátria com solo... Só fazendo do mundo a nossa Casa e nossos compatriotas, a Humanidade. Obrigada e as minhas desculpas ao canal por ter tomado tanto espaço... Espero que o testemunho das minhas experiências possam acrescentar às nossas reflexões sobre o que é Ser Humano...é complexo...há cada vez mais variáveis que nos forçam simplesmente....a simplificar (desculpem o pleonasmo) Um abraço a todos 🌹🍃🙏
@@mvmcampos Grato por compartilhar sua história pessoal, e quão belas e enriquecedoras elas são. Aqui no Brasil, de onde eu teclo, a leitura que eu faço é que a violência é extremamente racista e a análise do professor é correta. Índices de saúde e segurança apontam a vulnerabilidade para as populações negras; emprego melhor remunerado e bairros com maior infraestrutura urbanística também segregam a população negra. O que entendo é que as piores condições de vida, Educação, Cultura, Alimentação, Saúde, Transporte, Seguranca... interferem nas capacidades de ascenção da população negra cujas gerações se vêem presas num ciclo vicioso. Quando diz ser mais fácil viver numa família colorida na África do que na Europa, fico aqui pensando, da perspectiva de um brasileiro que nunca saiu do seu País, se isso não refletiria a leitura de que o branqueamento é um valor inserido no ideal romântico da democracia racial, da miscigenação; enquanto que para os europeu é visto como uma contaminação. Quando fala das famílias de status médio/elevado também isso mostra um traço marcante de uma política econômica cruel, que julga o mérito do cidadão aos direitos humanos pela sua capacidade de acumular capital. Mas acho sua leitura de mundo perfeita, subversiva frente aos nacionalistas, mas progressista e necessária. As barreiras políticas e geográficas se tornarão cada vez mais obsoletas, seja pela ação do livre mercado de produtos e serviços, seja pela necessidade que as guerras e a miséria impõe aos povos refugiados. Precisamos criar formas de convivência mais justas e humanas. Grato pelos comentários.
Uma leitura, um desnudo ou o tirar das vendas para aqueles que ainda não traduziram o que é muito bem colocado pelo professor Renato, através do estudo dos pensadores que citou. Simplesmente elucidador do nosso momento civilizatório. Parabéns à maneira didática e formidável de concluir as idéias.
Tenho Esse Livro De Mbembé Com Titulo Crítica Da Razão Negra,Em Casa é Uma Pena Que Ainda Não Li e Nunca Ouvi Ninguém A Falar Sobre Ele Nas Redes Sociais...e Outros Meios Academicos...Muito Obrigado Casa Do Saber Por Trazer Esse Nome Pra Todos Nós.😍
Prof. Renato, obrigado pelas aulas e partilhas que o senhor faz aqui neste espaço digital da casa do saber. Sempre muito produtivos, reflexivos e construtivos os seus vídeos. Obrigado!
Excelente apresentação de um assunto que precisa ser enfrentado com seriedade e urgência. Não podemos considerar a contemporaneidade do tema ao entender que é uma gestão da vida humana que vem acontecendo à séculos. Uma triste realidade que está nos destruindo aceleradamente. Temos que pensar já em novos formatos de sociedade para continuar vivendo. Muito obrigado pela fala, professor!
Nossa! Precisamos de mais visão de mundo pelo professor Renato Noguera. Aliás, tá precisando deixar o canal mais preto, né? O professor Wanderson Flor do Nascimento também é maravilhoso
Interessante que em certos momentos eu digo que vivemos em uma Senzala Moderna. Em que não existe o tronco. Mas sim o trabalho. E a forma em que trabalhamos e o que o sistema está a nós oferecer. Então com isto o meu pensar está correto🙄
Sim, a Grécia antiga era constituída de uma minoria livre com direito a participar da política. Excluindo mulheres e escravos, imagino que uns 20% ou menos viviam em democracia.
Oi Casa do Saber! Gostaria de saber qual é o outro nome que ele cita no inicio do video, Fanon eu já conheco, mas o outro nao consegui entender o nome para poder pesquisar. Fica a dica para voces: Coloquem referências do que é citado em vídeos nas descrições dos mesmos, vai ajudar muito.
Infelizmente o Brasil Contemporâneo ainda carrega um ranço de pais colonizado, e todas outras coisas que podemos associar a esse período : preconceitos raciais, sociais, corrupção, políticos aproveitadores. Nossos pés ainda estão presos no nosso passado.
Trabalhei vários anos recebendo apenas por aquilo que realizava, ou seja, "sem nenhum beneficio social", inclusive o dono da empresa onde eu trabalhava era afro-brasileiro.
mas as máquinas estão sendo a força de trabalho...cada vez mais... qual o destino desse homem escravizado agora, sem utilidade pela força de trabalho...] isso deve ser discutido... uma idéia seria medir as forças de trabalho e assalariar as pessoas pelos trabalhos respectivos das máquinas... há que ter consumo e pagamentos, gerando um ciclo rico onde as máquinas trabalham e o homem desfruta... e nesse mundo das máquinas trabalhando, não haveria limite de quantidade de pessoas... afinal as maquinas nos rodeariam de benesses...
Há uma discussão enorme atualmente sobre uma renda universal básica para remunerar a grande parte da população que fatalmente perderá seus empregos e habilidades de gerar renda... Até Mark Zuckerberg entrou no assunto... Mas existem muitos problemas com essa ideia... Vale a pena pesquisar e tirar suas próprias conclusões...
Descobri esse mestre no QSNos e agora tô desnumbrada c/ essa representatividade. Seus estudos e sabedoria são transmitidos c/ propriedade, no lugar legítimo de fala. Obrigada Casa do Saber por nos dar voz. Gratidão aos q aqui estão p/ dar ouvidos. Que apesar de nossas pluralidades, possamos falar, possamos ouvir. E, então... que seja possível o diálogo.
Apaixonada por vc, Renato Nogueira!
Muito bom, tenho ministrado um curso de Introdução à Filosofia Ubuntu e sou muito grato a todos os conhecimentos transmitidos através do Professor Renato Noguera.
"a violência se tornou um vício", perfeito.
Não seria o mesmo que a banalização do mal?
Cultura, Simplicidade e Sofisticação.
Obrigado Prof° Renato.
Um previlégio ... uma honra lhe escutar.
@@giarlisonguterres4125 Hannah Arendt, já dizia esta banalização, em dúvidas
Sensacional. Reflexão que se encaixa perfeitamente nos inúmeros dramas sociais que se multiplicam pelas cidades. E falando em racismo, deixo aqui minha sugestão por mais pensadores negros no canal. Sucesso.
Caro Douglas...entendi o seu ponto de vista, mas, se me permite, gostaria de trazer uma reflexão pessoal... 🙂
Nasci, cresci e vivi entre dois países africanos de expressão portuguesa (Moçambique e Angola ) com intensa convivência com comunidade Cabo verdeana, neste último país, amigos Brasileiros e de outras nacionalidades, família com ramos em Moçambique e Ásia (China) e recentemente uma adição de um querido genro Paquistanês..., trabalhos em Inglaterra, Suiça...uma breve passagem pela África do Sul no tempo do Apartheid... (uma experiência muito sofrida)..... enfim, posso dizer que sou uma pessoa do mundo...dirão.
A minha intenção com este detalhado percurso de vida não é atirar a atenção para mim. Sinto, sim, necessidade de partilhar algo mais abrangente : a questão da pertença versus raça.
Uma grande percentagem de pessoas brancas nadcidas em países africanos, apesar de terem sido fortemente marcadas pela vivência da cultura desses países, a grande maioria mantém-se fiel à força da cultura da sua família se esta for completamente europeia/branca.Há saudosismo que nada têm a ver com uma identificação profunda com a cultura do país colonizado. Nas famílias mestiças que permanecem nesses países (sejam africanos, indianos, chineses...o sue fôr) a Alma adquire tonalidades mestiças no viver, sentir, hábitos, alimentação, gostos, etc. Curiosamente, da experiência que tenho colhido, sinto que é mais fácil viver numa família colorida em Moçambique, Angola ou Cabo-Verde, do que ser uma família colorida em países europeus, a menos que o status do casal seja médio/elevado.
Assim chego onde queria chegar : sendo branca, fui profundamente marcada pelas culturas de 3 países africanos durante mais de metade da minha vida.Sentia-me muito desenraizada...eu explico melhor...
Mesmo perante famílias misturadas, a tendência é para que os membros com origem noutros países, se deixem absorver e até rejeitar hábitos, cultura e por vezes quase negam a côr...eu, só observo... 😉
Isto confunde-me, num primeiro tempo, mas compreendo bem no fim..
Por outro lado - e tive experiência directa na família, um genro mulato nascido nos Açores - era, e é inteiramente, de corpo e Alma, todo ele Português. Eu chamava-lhe "Pula" ou "Pulinha", nome pejorativo como os negros chamam aos Portugueses...tudo na mais doce brincadeira...
Falava dos Açores, das bucólicas paisagens das vacas a pastarem com uma saudade imensa, dos "raids" que fazia com o pai, Bibliotecário, pelas aldeias fora, quando este ía com a biblioteca ambulante (carrinha fechada) levar livros de empréstimo ao povo, nas aldeias. Todas as suas descrições eram tão doces e comovedoras quanto as minhas sobre os cheiros, as comidas, as paisagens, a dança, as músicas, do meu país ou de Angola, vivências que moldaram o meu sentir, o meu modo de estar, os meus gostos...enfim, uma parte importante de mim. Era com a minha comadre, que era negra, que eu "me sentia em casa" quando nos juntavamos...
Dois amigos queridos (1 de Angola outro de Moçambique) chamam-me " minha preta de olhos claros"...
Se atentar bem para o profundo significado desta expressão e daquela que eu usava para o meu genro mulato, ambas sintetizam profundamente algo muito importante : a colonização criou híbridos um tanto desconjuntados que, se não tiverem uma elevada consciência, podem continuar toda a vida a sentirem-se uns sem pátria...ou com a sensação de terem uma Pátria etérea...
Pois um dia decidi definitivamente que a minha Pátria é o Mundo, e o meu Povo a Humanidade. De outro modo, não sairia do "modo nostálgico"
Só mais uma experiência interessante a respeito de raças e cultura.
Quando era professora em Luanda, Angola, conheci no complexo de prédios construído para albergar expatriados cooperantes de vários países, uma jovem Belga que tinha um bebé pequenino. Eu passeava diariamente no bairro com minhas filhas pequeninas e os filhos unem sempre as mulheres. Estranhei uma senhora negra naquele bairro cheio de Búlgaros, Cubanos, Portugueses, Coreanos, Vietnamitas...uma miscelânea adorável...
Era Belga de nacionalidade e de nascimento, casada com um Belga branco.
Confessou-me que sempre sonhou conhecer África julgando reencontrar qualquer coisa que sentia estar perdido dentro de si...
Foi uma confissão corajosa e ao mesmo tempo maravilhosa...
Concluiu que para seu espanto e tristeza, não se sentia nada identificada com África, em nada e só ansiava voltar para o seu país...uma experiência de carácter social, humano e antropológico fantástica para mim....eu, ali sentada com ela acocoradas na beira do passeio conversando, sentindo-me como peixe na água, isto é...em casa...
De outra me lembrei e peço desculpas de tomar tanto espaço no vosso canal.
Um dia, estava no Ministério da Educação em Luanda-Angola cá fora à espera de uma pessoa. Um cavalheiro de fato e gravata, de modos muito elegantes e educado dirigiu-se a mim em Francês...sentiu talvez, por ser branca de olhos claros, que falasse Francês. Acertou neste ponto. O motorista não aparecia para o levar de volta ao Hotel e via-se que estava visivelmente ansioso e com medo. Perguntei-lhe, já o senhor dentro do meu jeep, porque tinha medo...sentiu-se constrangido ao explicar - me, mas tinha medo das pessoas que por ali andavam. Era um senhor negro com um certo cargo no governo Francês, e de visita a Angola, em missão. Parece que havia possibilidades de ele cumprir uma missão por algum tempo, e quis saber de mim, que era mulher, se havia cabeleireiros e outras facilidades na devastada cidade de Luanda em 1981.Disse-lhe o que havia e não havia, falei-lhe do recolher obrigatório da meia noite às 6h da manhã... Visivelmente espaventado concluiu que não poderia viver ali, muito menos trazer a esposa e filhos para Angola. Eu...como peixe na água vivendo e aproveitando alegremente toda a vida tão cheia de carências materiais, mas tão rica e colorida do ponto de vista humano onde se apredia a viver com a tragédia aos nossos pés, no dia-a-dia...
Deste caldo nasceu a pessoa que sou...não há outro modo de saldar a falta de uma Pátria com solo... Só fazendo do mundo a nossa Casa e nossos compatriotas, a Humanidade.
Obrigada e as minhas desculpas ao canal por ter tomado tanto espaço...
Espero que o testemunho das minhas experiências possam acrescentar às nossas reflexões sobre o que é Ser Humano...é complexo...há cada vez mais variáveis que nos forçam simplesmente....a simplificar (desculpem o pleonasmo)
Um abraço a todos 🌹🍃🙏
@@mvmcampos Grato por compartilhar sua história pessoal, e quão belas e enriquecedoras elas são. Aqui no Brasil, de onde eu teclo, a leitura que eu faço é que a violência é extremamente racista e a análise do professor é correta. Índices de saúde e segurança apontam a vulnerabilidade para as populações negras; emprego melhor remunerado e bairros com maior infraestrutura urbanística também segregam a população negra. O que entendo é que as piores condições de vida, Educação, Cultura, Alimentação, Saúde, Transporte, Seguranca... interferem nas capacidades de ascenção da população negra cujas gerações se vêem presas num ciclo vicioso.
Quando diz ser mais fácil viver numa família colorida na África do que na Europa, fico aqui pensando, da perspectiva de um brasileiro que nunca saiu do seu País, se isso não refletiria a leitura de que o branqueamento é um valor inserido no ideal romântico da democracia racial, da miscigenação; enquanto que para os europeu é visto como uma contaminação. Quando fala das famílias de status médio/elevado também isso mostra um traço marcante de uma política econômica cruel, que julga o mérito do cidadão aos direitos humanos pela sua capacidade de acumular capital. Mas acho sua leitura de mundo perfeita, subversiva frente aos nacionalistas, mas progressista e necessária. As barreiras políticas e geográficas se tornarão cada vez mais obsoletas, seja pela ação do livre mercado de produtos e serviços, seja pela necessidade que as guerras e a miséria impõe aos povos refugiados. Precisamos criar formas de convivência mais justas e humanas. Grato pelos comentários.
Uma leitura, um desnudo ou o tirar das vendas para aqueles que ainda não traduziram o que é muito bem colocado pelo professor Renato, através do estudo dos pensadores que citou.
Simplesmente elucidador do nosso momento civilizatório.
Parabéns à maneira didática e formidável de concluir as idéias.
Simplesmente brilhante!
Tenho Esse Livro De Mbembé Com Titulo Crítica Da Razão Negra,Em Casa é Uma Pena Que Ainda Não Li e Nunca Ouvi Ninguém A Falar Sobre Ele Nas Redes Sociais...e Outros Meios Academicos...Muito Obrigado Casa Do Saber Por Trazer Esse Nome Pra Todos Nós.😍
Que fala potente!!
Prof. Renato, obrigado pelas aulas e partilhas que o senhor faz aqui neste espaço digital da casa do saber. Sempre muito produtivos, reflexivos e construtivos os seus vídeos. Obrigado!
Maravilhosa reflexão! Dura realidade! Querem de fato perpetuar a escravização dos nossos corpos e para isso seguem atualizando, obtendo novas formas
Maravilhoso ❤️
Vi, compartilhei. Muito bom!
Análise perfeita sobre o que vem acontecendo na atualidade...
Esse vídeo é simplesmente maravilhoso! Muito conhecimento e reflexoes. Parabéns
Excelente reflexão! Sou admiradora do trabalho do Renato, aprendo muito com suas exposições! Muito obrigada ❤️
A Casa do Saber revela muitos Professores e pesquisadores realmente interessantes.
Não me identifico!!
Adoro ouvi-lo, obrigado!
Arrasou! Não os conhecia. Gratidão!
Que vídeo necessário 👏👏👏👏👏
Q homem ❤️
excelente, obrigada
Excelente apresentação de um assunto que precisa ser enfrentado com seriedade e urgência. Não podemos considerar a contemporaneidade do tema ao entender que é uma gestão da vida humana que vem acontecendo à séculos. Uma triste realidade que está nos destruindo aceleradamente. Temos que pensar já em novos formatos de sociedade para continuar vivendo. Muito obrigado pela fala, professor!
Perfeita reflexão, parabéns!
MUITO bom, importante e emergente! Ótimo professor!!!!!
Trabalho gera valor, liberdade e não escravidão! Os vícios são sim escravizantes.
Nossa! Precisamos de mais visão de mundo pelo professor Renato Noguera.
Aliás, tá precisando deixar o canal mais preto, né? O professor Wanderson Flor do Nascimento também é maravilhoso
❤
Interessante que em certos momentos eu digo que vivemos em uma Senzala Moderna.
Em que não existe o tronco.
Mas sim o trabalho.
E a forma em que trabalhamos e o que o sistema está a nós oferecer.
Então com isto o meu pensar está correto🙄
Que perspectiva genial!
Me lembro da frase "O trabalho engrandece o homem".
A pessoa só tem valor se contribui pra sistema liberal abusador. Baita vídeo!
A variação que eu conheci dessa frase dizia que o trabalho "enobrece" o homem. Como?, a nobreza nunca trabalhou na vida...
@@DougSBrazse não me engano Platão dizia que o trabalho é para os escravos.
Sim, a Grécia antiga era constituída de uma minoria livre com direito a participar da política. Excluindo mulheres e escravos, imagino que uns 20% ou menos viviam em democracia.
Fantástico.
Quem não quer sair do lugar legítimo de fala? Eu!!
Oi Casa do Saber! Gostaria de saber qual é o outro nome que ele cita no inicio do video, Fanon eu já conheco, mas o outro nao consegui entender o nome para poder pesquisar.
Fica a dica para voces: Coloquem referências do que é citado em vídeos nas descrições dos mesmos, vai ajudar muito.
Marx fala disso no Manifesto do Partido Comunista
Ou nos tornamos vítimas, ou nos tornamos fortes. O esforço é o mesmo.
Professor, o senhor poderia indicar uma bibliografia sobre o assunto para quem deseja se aprofundar?
👍👍👍
Infelizmente o Brasil Contemporâneo ainda carrega um ranço de pais colonizado, e todas outras coisas que podemos associar a esse período : preconceitos raciais, sociais, corrupção, políticos aproveitadores. Nossos pés ainda estão presos no nosso passado.
Trabalhei vários anos recebendo apenas por aquilo que realizava, ou seja, "sem nenhum beneficio social", inclusive o dono da empresa onde eu trabalhava era afro-brasileiro.
mas as máquinas estão sendo a força de trabalho...cada vez mais...
qual o destino desse homem escravizado agora, sem utilidade pela força de trabalho...]
isso deve ser discutido...
uma idéia seria medir as forças de trabalho e assalariar as pessoas pelos trabalhos respectivos das máquinas...
há que ter consumo e pagamentos, gerando um ciclo rico onde as máquinas trabalham e o homem desfruta...
e nesse mundo das máquinas trabalhando, não haveria limite de quantidade de pessoas...
afinal as maquinas nos rodeariam de benesses...
Há uma discussão enorme atualmente sobre uma renda universal básica para remunerar a grande parte da população que fatalmente perderá seus empregos e habilidades de gerar renda... Até Mark Zuckerberg entrou no assunto... Mas existem muitos problemas com essa ideia... Vale a pena pesquisar e tirar suas próprias conclusões...
Guedes tenta a todo custo implementar este modelo econômico neoliberal escravista do trabalho no Brasil. Um modelo econômico totalmente excludente.
por que que os vídeos estão sendo feitos em preto e branco, hein?
Pra ficar bem claro!!