Cajuina

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  • Опубликовано: 4 окт 2024
  • Música: Cajuína - autor Caetano Veloso
    Artista: Jorge Mautner
    Álbum: Eu não peço desculpas (2002)
    Coreografia: Fatima Aguirre (2022)
    Existirmos a que será que se destina?
    Pois quando tu me deste a rosa pequenina
    Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
    Do menino infeliz não se nos ilumina
    Tampouco turva-se a lágrima nordestina
    Apenas a matéria vida era tão fina
    E éramos olharmo-nos intacta retina
    A cajuína cristalina em Teresina
    Cajuína, lançada em 1979 no álbum Cinema Transcendental.
    "A canção é poesia pura: tem versos belíssimos, com a mesma rima do início ao fim. Mesmo pra quem não conhece a história por trás de Cajuína, dá pra sentir que é uma canção feita com carinho. É inspirada em um grande amigo de Caetano - o tropicalista piauiense Torquato Neto, fundador da Tropicália, junto a outros grandes nomes do movimento.
    Estudou com Gilberto Gil, em Salvador, e depois conheceu outras personalidades da cena artística soteropolitana, como Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.
    Era um apaixonado por arte e defendia vários movimentos da contracultura, como o cinema marginal e a poesia concreta.
    Foi ele o responsável por escrever o documento que oficializou e divulgou o Tropicalismo para a população comum, para além do círculo dos artistas.
    Aos 28 anos, um dia após seu aniversário, Torquato Neto suicidou-se depois de muito sofrer por causa do regime militar e do exílio de seus amigos.
    Caetano, nos conta que apesar de ter ficado abalado com a notícia não chorou imediatamente - “Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste, mas pouco sentimental”.
    O próprio Caetano afirmou o seguinte durante o programa Altas Horas, da Rede Globo, em 2014:
    "Torquato era um parceiro, letrista do Tropicalismo, e ficamos muito abalados com sua morte, mas eu não chorei quando soube. Mas quando eu fui a Teresina, anos depois, e encontrei o pai do Torquato no hotel -- ele foi me procurar. Quando eu o vi, chorei muito. No final, ele ficou me consolando e me levou à casa dele. Ele estava sozinho porque a esposa dele estava hospitalizada e Torquato era filho único. A casa dele tinha muitas fotografias do Torquato e nós ali, sozinhos, ficamos em silêncio. Ele ficava passando a mão na minha cabeça e dizendo: 'Não chore tanto'. Aí ele foi na geladeira, pegou uma garrafa de cajuína, colocou dois copos e ficamos bebendo sem falar nada. Depois ele foi no jardim, colheu uma rosa-menina e me trouxe. Cada coisa que ele fazia eu chorava mais", continuou, se referindo à flor mais encontrada nas floriculturas da cidade.
    E em turnê pelo Brasil, após deixar Teresina, foi para outra cidade do Nordeste e escreveu CAJUÍNA.
    Existirmos: A que será que se destina?
    Caetano abre com uma reflexão, que tem muito a ver com o tipo de raciocínio que a gente faz quando perde alguém.
    Na verdade, dá pra ver que a canção não é pra Torquato e sim para Dr. Heli (seu pai), que sofria em luto.
    Pois quando tu me deste a rosa pequenina
    Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
    Do menino infeliz não se nos ilumina
    Quando Caetano conta essa história, lembra que o pai de Torquato trouxe uma rosa pequena do jardim e o entregou, coisa que o emocionou totalmente.
    E Dr. Heli é o homem lindo, cheio de doçura, que agora carrega a sina de ter perdido um filho (um menino infeliz).
    Tampouco turva-se a lágrima nordestina
    Apenas a matéria vida era tão fina
    Seguem as reflexões sobre chorar e sofrer naquela situação, pensando que a matéria da vida é fina, frágil e vai embora.
    E éramos olharmo-nos, intacta retina
    A cajuína cristalina em Teresina
    Assim, Caetano passa do subjetivo ao literal e lembra onde estava: em Teresina, tomando a cajuína (bebida típica, de caju) que Dr. Heli dividia com ele.
    Texto extraído, em parte, de Wikipedia.

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