Oi, Emanoel! Sou novata no seu canal, tô conhecendo agora, através desse vídeo. Muito bom! Sou filha de um militar que esteve por duas vezes no Haiti, uma delas sob a gerência do Heleno (entendo que o período de comando dele foi recheado de coisas terríveis para a população). Sempre me interessei muito pelo país e sua história de luta e, mais recentemente, passei a compreender melhor as motivações políticas por trás da missão, que sempre vi com muita suspeita, afinal "imposição da paz", que era como meu pai e outros tratavam da missão, parecia uma ideia muito contraditória. Lembro de ver vídeos e mais vídeos filmados por meu pai e outros que lá estavam, mostrando as condições terríveis de vida do povo, a fome, a violência dos tiroteios e, principalmente, a diferença entre a vida que os militares e a população levavam lá. Os vídeos sempre me pareceram feitos em meio a uma completa guerra e devastação, era muito triste. Adoraria aprender mais com você tanto sobre a missão (a partir de um ponto de vista real, não militar) quanto sobre os interesses externos que buscam afundar tão profundamente o Haiti. Sempre tive muita dificuldade de lidar com o fato de que meu pai, pessoa simples e do interior, vê muito orgulho em sua participação, como se ele, como militar, tivesse finalmente "cumprido" seu dever, ao mesmo tempo em que sofro sabendo que ele participou de uma missão tão devastadora. Acho que ter crescido (era adolescente quando meu pai foi pela primeira vez, logo no início das missões) com o Haiti "tão presente" em casa, mesmo que desse jeito tosco e desrespeitoso, que é através dos olhos de um militar que fez parte desse desastre, me aproximou de querer compreender melhor a história do país - que é exemplo na luta contra o imperialismo, sem dúvidas. Enfim, desculpe o textão, o assunto sempre me emociona. Adoraria ouvir mais sobre o Haiti por fontes confiáveis como você. Muito obrigada!
Nossa, Bruna, antes de qualquer coisa, seu relato é muito bem vindo, porque ele enriquece demais o vídeo. Também sou filho de militar, meu pai era bombeiro militar e durante muito tempo eu mesmo quis ser militar, ainda na época do vestibular. As instituições militares são aparelhos ideológicos por excelência e aqui no Brasil, com nosso histórico de repressão aos movimentos de contestação, isso se torna ainda mais evidente. Quando uma pessoa entre para essas instituições ela passa por um processo de assimilação ideológica muito grande, uma nova forma de ver o mundo passa a ser construída e por isso é tão difícil contra argumentar nesses casos. Imagina quantas vezes ele ouviu de seu comando que sua missão era salvar aquelas pessoas... Não sou nenhum especialista em Haiti, na verdade não sou especialista em nada e acho que isso é até bom, porque me permite abordar tanto assuntos diferentes. E seu relato soa quase como uma provocação, uma boa provocação, para que eu faça mais vídeos sobre o Haiti. Muito obrigado, Bruna!
@@emanoeldaflon9459 obrigada pela resposta, Emanoel! Que a provocação gere mais vídeos sobre o assunto, então! rs Vou adorar! Muito legal o que você falou sobre as instituições militares. De fato, ao mesmo tempo que quero compreender melhor a situação do país, entendo que é muito difícil trazer isso para o meu pai, até pela parte psicológica da coisa, mesmo, sabe? Como eu digo para alguém que se orgulha tanto de ter "salvado aquelas pessoas" que, na verdade, o que ele foi fazer lá tava mais relacionado a manter a dependência do país e a agenda americana? Ele participou, inclusive, da eleição fraudulenta que foi realizada depois do sequestro do Jean Bertrand-Aristide, eleito democraticamente pelo povo haitiano, mas que não respondia bem aos desejos imperialistas. Lembro dele contando da dificuldade que foi "controlar a população" que "parecia estar em filas para votar com raiva". Para ele, ajudar a eleição a acontecer era um ato democrático. Para os militares, era vendido mesmo que eles estavam ali para "impor uma paz que a própria população parecia não querer". A maneira como a história do Haiti foi contada para esses militares em sua preparação era muito mentirosa, distorcida e nem mesmo tratava de grandes marcos desse povo, apenas uma história de um lugar que "o próprio povo não sabia cuidar". O nível de doutrinação dos militares que pra lá foram foi gigantesco. Como filha de alguém que participou disso, me sinto na obrigação de aprender cada vez mais e quem sabe, quando o assunto surgir em um rodinha de conversas, conseguir transmitir pras pessoas algo real, diferente do que se escuta nas grandes mídias sobre um país que, na verdade, é vítima de uma guerra que nunca criou. É vítima e seu único crime foi querer independência e liberdade. Por essas e outras, vemos que essas duas coisas não são tão simples assim de conseguir... Enfim, desculpe por mais um textão rs e muito obrigada!!
Estou muito triste por essa densidade de trocas de experiências e conhecimento não resultou em mais conteúdo sobre o assunto por parte do professor! Cheguei aqui por um relato de alguém não tão próximo a mim mas que esteve no Haiti Nasci, inclusive, em uma missão. Contudo não era de paz, e por isso me intrigou a ideia de impôr uma paz, uma ideia muito complexa para ser atingida por um contigente tão pequeno de militares.
Isso é bastante aparente no caso Haitiano, mas a gente consegue dizer praticamente o mesmo de quase todas as nações latino-americanas. Talvez apenas Cuba tenha de fato alcançado a soberania e recentemente a Venezuela. É um bom debate para trazer ao canal, inclusive.
Muito bom, professor! Minha pesquisa sobre a Minustah também começou pelo interesse sobre esse amistoso. A participação do Brasil nessa missão é uma das coisas que a esquerda institucional ainda não fez autocrítica. Efeitos péssimos para o Haiti e também para Brasil
@@emanoeldaflon9459 Fico aqui me perguntando....pq será que a ultradireita bolsonarista não lançou mão desse calcanhar de Aquiles da esquerda para "fortalecer" seus discursos nos últimos anos? ....
A Colômbia e o México enfrentam o mesmo problema, mas não é possível comparar os três paises pelo abismo socioeconômico que existe entre ambos. A diferença é que nenhum destes dois paises sofrerem intervenções diretas como o Haiti sofreu ao longo do século xx e xxi. O problema é muito mais complexo, inclusive, como esse narcotrafico se relaciona com as oficinas têxteis que operam se aproveitando de uma não de obra hiper Barata. Me parece que falar em narcotrafico é uma maneira de deslocar o problema do modo como o capitalismo se organiza no Haiti.
Antes de qualquer coisa, muito obrigado pelo comentário. O Haiti deixou de ser colônia com a sua independência, ainda no final do século XIX, bem como extinguiu a escravidão. Apesar disso, pesadas multas fora impostas pela França ao Haiti, o que, em parte, explica o difícil avanço econômico do país. Do século XX em diante, o que se vê são as frequentes intervenções dos EUA sobre o país caribenho, intervenções essas que possuíam como objetivo a garantia de um estoque de mão de obra barata num local relativamente próximo.
Ótima análise da subjetividade da burguesia brasileira. Essa ocupação rondou entre o tosco e o macabro, mídia e governo brasileiro tendo uma invasão """imperialista""" pra chamar de sua, exaltando que o crescimento econômico passava pela ótica da expansão militar. O exército brasileiro agindo por interesse próprio, sempre como um poder paralelo, e pregando sua conduta sádica contra a população. Ótimo vídeo, camarada, didática sempre acessível e muita condensação de conteúdo.
Oi, Emanoel! Sou novata no seu canal, tô conhecendo agora, através desse vídeo. Muito bom! Sou filha de um militar que esteve por duas vezes no Haiti, uma delas sob a gerência do Heleno (entendo que o período de comando dele foi recheado de coisas terríveis para a população). Sempre me interessei muito pelo país e sua história de luta e, mais recentemente, passei a compreender melhor as motivações políticas por trás da missão, que sempre vi com muita suspeita, afinal "imposição da paz", que era como meu pai e outros tratavam da missão, parecia uma ideia muito contraditória. Lembro de ver vídeos e mais vídeos filmados por meu pai e outros que lá estavam, mostrando as condições terríveis de vida do povo, a fome, a violência dos tiroteios e, principalmente, a diferença entre a vida que os militares e a população levavam lá. Os vídeos sempre me pareceram feitos em meio a uma completa guerra e devastação, era muito triste. Adoraria aprender mais com você tanto sobre a missão (a partir de um ponto de vista real, não militar) quanto sobre os interesses externos que buscam afundar tão profundamente o Haiti. Sempre tive muita dificuldade de lidar com o fato de que meu pai, pessoa simples e do interior, vê muito orgulho em sua participação, como se ele, como militar, tivesse finalmente "cumprido" seu dever, ao mesmo tempo em que sofro sabendo que ele participou de uma missão tão devastadora. Acho que ter crescido (era adolescente quando meu pai foi pela primeira vez, logo no início das missões) com o Haiti "tão presente" em casa, mesmo que desse jeito tosco e desrespeitoso, que é através dos olhos de um militar que fez parte desse desastre, me aproximou de querer compreender melhor a história do país - que é exemplo na luta contra o imperialismo, sem dúvidas. Enfim, desculpe o textão, o assunto sempre me emociona. Adoraria ouvir mais sobre o Haiti por fontes confiáveis como você. Muito obrigada!
Nossa, Bruna, antes de qualquer coisa, seu relato é muito bem vindo, porque ele enriquece demais o vídeo.
Também sou filho de militar, meu pai era bombeiro militar e durante muito tempo eu mesmo quis ser militar, ainda na época do vestibular.
As instituições militares são aparelhos ideológicos por excelência e aqui no Brasil, com nosso histórico de repressão aos movimentos de contestação, isso se torna ainda mais evidente.
Quando uma pessoa entre para essas instituições ela passa por um processo de assimilação ideológica muito grande, uma nova forma de ver o mundo passa a ser construída e por isso é tão difícil contra argumentar nesses casos.
Imagina quantas vezes ele ouviu de seu comando que sua missão era salvar aquelas pessoas...
Não sou nenhum especialista em Haiti, na verdade não sou especialista em nada e acho que isso é até bom, porque me permite abordar tanto assuntos diferentes. E seu relato soa quase como uma provocação, uma boa provocação, para que eu faça mais vídeos sobre o Haiti.
Muito obrigado, Bruna!
@@emanoeldaflon9459 obrigada pela resposta, Emanoel! Que a provocação gere mais vídeos sobre o assunto, então! rs Vou adorar! Muito legal o que você falou sobre as instituições militares. De fato, ao mesmo tempo que quero compreender melhor a situação do país, entendo que é muito difícil trazer isso para o meu pai, até pela parte psicológica da coisa, mesmo, sabe? Como eu digo para alguém que se orgulha tanto de ter "salvado aquelas pessoas" que, na verdade, o que ele foi fazer lá tava mais relacionado a manter a dependência do país e a agenda americana? Ele participou, inclusive, da eleição fraudulenta que foi realizada depois do sequestro do Jean Bertrand-Aristide, eleito democraticamente pelo povo haitiano, mas que não respondia bem aos desejos imperialistas. Lembro dele contando da dificuldade que foi "controlar a população" que "parecia estar em filas para votar com raiva". Para ele, ajudar a eleição a acontecer era um ato democrático. Para os militares, era vendido mesmo que eles estavam ali para "impor uma paz que a própria população parecia não querer". A maneira como a história do Haiti foi contada para esses militares em sua preparação era muito mentirosa, distorcida e nem mesmo tratava de grandes marcos desse povo, apenas uma história de um lugar que "o próprio povo não sabia cuidar". O nível de doutrinação dos militares que pra lá foram foi gigantesco. Como filha de alguém que participou disso, me sinto na obrigação de aprender cada vez mais e quem sabe, quando o assunto surgir em um rodinha de conversas, conseguir transmitir pras pessoas algo real, diferente do que se escuta nas grandes mídias sobre um país que, na verdade, é vítima de uma guerra que nunca criou. É vítima e seu único crime foi querer independência e liberdade. Por essas e outras, vemos que essas duas coisas não são tão simples assim de conseguir...
Enfim, desculpe por mais um textão rs e muito obrigada!!
Estou muito triste por essa densidade de trocas de experiências e conhecimento não resultou em mais conteúdo sobre o assunto por parte do professor!
Cheguei aqui por um relato de alguém não tão próximo a mim mas que esteve no Haiti
Nasci, inclusive, em uma missão. Contudo não era de paz, e por isso me intrigou a ideia de impôr uma paz, uma ideia muito complexa para ser atingida por um contigente tão pequeno de militares.
Grandíssimo vídeo. Informativo e didático. Muito detalhe que eu já não lembrava. Essa geopolítica do futebol foi toque de mestre. Abração, Daflon.
Muito obrigado, amigo ❤️
vim pelo twitter, já vou seguir e compartilhar bom demais o vídeo!
Seja bem vinda, Lara! Tenho certeza de que gostará dos outros vídeos que estão disponíveis aqui. Muito obrigado pelo apoio 💚
Muito bom
Arrasou
Muito bom!!!!!
Obrigado 💚
Muito bom, professor. Só quero fazer uma correção de que Marielle Franco era vereadora e não deputada no 8:23
Obrigado, Arthur. Cara, deixei essa passar realmente, depois que o vídeo estava no ar que fui me ligar. Valeu pela correção!
Muito bom! Estou lendo e vendo coisas sobre essa estranha missão chefiada pelo Brasil. Muito obrigado pelo vídeo.
Por nada, Aureliano!
Amei o vídeo, me ajudou bastante com os estudos!
Muito obrigado, Brena 💚
Excelente conteúdo. Até a próxima 👏👏
Obrigado ☺️ até
Excelente vídeo 👏👏👏
Muito obrigado 💚
👏👏👏
Massa. Haiti é um nítido exemplo de país independente, mas sem soberania.
Essa ocupação é uma mancha na nossa história.
Isso é bastante aparente no caso Haitiano, mas a gente consegue dizer praticamente o mesmo de quase todas as nações latino-americanas. Talvez apenas Cuba tenha de fato alcançado a soberania e recentemente a Venezuela. É um bom debate para trazer ao canal, inclusive.
@@emanoeldaflon9459 Com certeza.
Você não sabe a realidade de lá, claro que vai ter defeitos, mas tem cada coisa macabra no Haiti que não é só a quantidade de mortos.
asmei ❤
Excelente! Parabéns
Obrigado, meu amorr
Vídeo maneiríssimo! Professor, vc autoriza usá-lo em aulas para adolecentes?
Obrigado! Claro, essa é a intenção.
Muito bom !! é dificil encontrar uma introdução ao tema. Com as referências na descrição ainda… porra mandaram mt rs 😅
Obrigado, mano! Referências sempre rs
Meu professor
Nada disso hahaha é muito peso para mim.
Muito bom, professor! Minha pesquisa sobre a Minustah também começou pelo interesse sobre esse amistoso. A participação do Brasil nessa missão é uma das coisas que a esquerda institucional ainda não fez autocrítica. Efeitos péssimos para o Haiti e também para Brasil
Muito obrigado, Lukas. Sua pesquisa é muito boa é também. Queria ter me dedicado mais a ela.
@@emanoeldaflon9459 Fico aqui me perguntando....pq será que a ultradireita bolsonarista não lançou mão desse calcanhar de Aquiles da esquerda para "fortalecer" seus discursos nos últimos anos? ....
Já tive que parar no começo do vídeo pra pesquisar o significado de imbróglio 😂 ficou ótimo! Adorei
Hahahahaha mas gente... Obrigado ♥️
Professor o problema do Haiti passa pelo estado sendo financiado pelo narcotráfico
A Colômbia e o México enfrentam o mesmo problema, mas não é possível comparar os três paises pelo abismo socioeconômico que existe entre ambos.
A diferença é que nenhum destes dois paises sofrerem intervenções diretas como o Haiti sofreu ao longo do século xx e xxi.
O problema é muito mais complexo, inclusive, como esse narcotrafico se relaciona com as oficinas têxteis que operam se aproveitando de uma não de obra hiper Barata.
Me parece que falar em narcotrafico é uma maneira de deslocar o problema do modo como o capitalismo se organiza no Haiti.
gente!!
"No Brasil crime ocorre nada acotece feijoada" como vc resgatou isso? 😂😂😂😂😂
Hahahahahaha veio na minha cabeça DO NADA
Como fica a França nesse jogo de interesse econômico, uma vez que o Haiti é colônia.
Antes de qualquer coisa, muito obrigado pelo comentário.
O Haiti deixou de ser colônia com a sua independência, ainda no final do século XIX, bem como extinguiu a escravidão. Apesar disso, pesadas multas fora impostas pela França ao Haiti, o que, em parte, explica o difícil avanço econômico do país.
Do século XX em diante, o que se vê são as frequentes intervenções dos EUA sobre o país caribenho, intervenções essas que possuíam como objetivo a garantia de um estoque de mão de obra barata num local relativamente próximo.
@@emanoeldaflon9459 E como eles justificam essas intervenções? A ONU corrobora com eles, não?
Ótima análise da subjetividade da burguesia brasileira. Essa ocupação rondou entre o tosco e o macabro, mídia e governo brasileiro tendo uma invasão """imperialista""" pra chamar de sua, exaltando que o crescimento econômico passava pela ótica da expansão militar. O exército brasileiro agindo por interesse próprio, sempre como um poder paralelo, e pregando sua conduta sádica contra a população. Ótimo vídeo, camarada, didática sempre acessível e muita condensação de conteúdo.
Nossa, muito obrigado, Diocleciano!
Um dos melhores comentários que já li por aqui.
Justiça
Sua matéria é super sensacionalista sobre o assunto, típico de Socialistas.
Verdade