Admirável o fair play do Tiago Cavaco e, pelas palmas e risos escutados frequentemente na assistência, tal atitude fez-se sentir igualmente na assistência. Também sou ateu; no entanto, se fosse possuidor de personalidade mística, havia fortes possibilidades de me entregar ao culto Baptista. Que diferença entre vocês e os católicos ''retrógrados''!...
O Ricardo, sem fé? Como poderia ele então ser uma pessoa tão determinada, presente e humana e assim prosseguir a sua jornada criativa no sentido de desvendar o seu próprio mito e o do nosso colectivo? A fé é como um depósito de energia de expectativa positiva no que pode-vir-a-ser e alguém tão aberto ao mundo que o rodeia não conseguiria mover-se sem o motor da fé, seja qual for o seu combustível. Um ateu é racional mas o Ricardo não é só racional. É um ser mental, emocional, físico e espiritual, profundamente consciente da nossa fragilidade e da íntima interdependência com o universo que nos rodeia, e como ser compassivo já certamente sentiu a grandeza do amor, e quem a conhece inevitavelmente conhece Deus. Ricardo, eu defendo a tua fé naquelas ideias centrais pelas quais vale a pena continuar a viver e que parecem dar algum sentido a esta coisa de tudo perecer; não só um dia, mas a cada instante. O humor é a busca pelo absurdo - aquele momento tão curto e por isso tão precioso - da constatação repentina do paradoxo de (não) ser, o que por um breve instante anula a nossa busca do sentido da vida. O riso é o derradeiro acto de fé, por ser aquilo que nos levanta apesar de estarmos sempre a cair. A vida começa logo com o absurdo de nos prometer a morte e isso leva-nos, a partir do momento que somos conscientes, a tentar encontrar o valor dessa promessa, desse belo presente que não nos lembramos de ter pedido. Se viver vem com o preço dessa promessa absurda, é rindo que nos encontramos e à vida. A fé até pode ser absurda mas funciona - seja ela qual for. E ela move-nos no sentido de encontrarmos e encarnarmos a nossa própria verdade, contribuindo para a revelação da verdade dos outros, do mundo, do universo e da própria vida. E também da morte. O que importa não é se Deus é a existência eterna ou se está morto; o que importa é o que a nossa (des)crença nos torna como pessoas. O que importa é que essa ideia nos mova e que idealmente também nos comova, de alguma forma. O riso é a declaração última de que não devemos nada a ninguém só por termos nascido, e de que tudo o que foi construído à volta dessa mentira de que temos que pagar para viver é o que tem impedido um mundo justo para todos. A fé é o que dá força para continuar a lutar pela concretização dessa ideia e é a promessa que fazemos à vida. Numa estação de comboios li e nunca mais esqueci, "Um mundo para todos, de todos e de ninguém, ou é tudo para todos ou é nada para ninguém.". E já agora só para terminar, que grande pecado não seres muito físico - que desperdício do milagre que é a totalidade do teu corpo. Enfim, ninguém é perfeito. #cyberamigging #iniciativa #sermaodaplanicie
Admirável o fair play do Tiago Cavaco e, pelas palmas e risos escutados frequentemente na assistência, tal atitude fez-se sentir igualmente na assistência.
Também sou ateu; no entanto, se fosse possuidor de personalidade mística, havia fortes possibilidades de me entregar ao culto Baptista.
Que diferença entre vocês e os católicos ''retrógrados''!...
O Ricardo, sem fé? Como poderia ele então ser uma pessoa tão determinada, presente e humana e assim prosseguir a sua jornada criativa no sentido de desvendar o seu próprio mito e o do nosso colectivo? A fé é como um depósito de energia de expectativa positiva no que pode-vir-a-ser e alguém tão aberto ao mundo que o rodeia não conseguiria mover-se sem o motor da fé, seja qual for o seu combustível.
Um ateu é racional mas o Ricardo não é só racional. É um ser mental, emocional, físico e espiritual, profundamente consciente da nossa fragilidade e da íntima interdependência com o universo que nos rodeia, e como ser compassivo já certamente sentiu a grandeza do amor, e quem a conhece inevitavelmente conhece Deus.
Ricardo, eu defendo a tua fé naquelas ideias centrais pelas quais vale a pena continuar a viver e que parecem dar algum sentido a esta coisa de tudo perecer; não só um dia, mas a cada instante.
O humor é a busca pelo absurdo - aquele momento tão curto e por isso tão precioso - da constatação repentina do paradoxo de (não) ser, o que por um breve instante anula a nossa busca do sentido da vida. O riso é o derradeiro acto de fé, por ser aquilo que nos levanta apesar de estarmos sempre a cair.
A vida começa logo com o absurdo de nos prometer a morte e isso leva-nos, a partir do momento que somos conscientes, a tentar encontrar o valor dessa promessa, desse belo presente que não nos lembramos de ter pedido. Se viver vem com o preço dessa promessa absurda, é rindo que nos encontramos e à vida.
A fé até pode ser absurda mas funciona - seja ela qual for. E ela move-nos no sentido de encontrarmos e encarnarmos a nossa própria verdade, contribuindo para a revelação da verdade dos outros, do mundo, do universo e da própria vida. E também da morte.
O que importa não é se Deus é a existência eterna ou se está morto; o que importa é o que a nossa (des)crença nos torna como pessoas. O que importa é que essa ideia nos mova e que idealmente também nos comova, de alguma forma.
O riso é a declaração última de que não devemos nada a ninguém só por termos nascido, e de que tudo o que foi construído à volta dessa mentira de que temos que pagar para viver é o que tem impedido um mundo justo para todos.
A fé é o que dá força para continuar a lutar pela concretização dessa ideia e é a promessa que fazemos à vida.
Numa estação de comboios li e nunca mais esqueci, "Um mundo para todos, de todos e de ninguém, ou é tudo para todos ou é nada para ninguém.".
E já agora só para terminar, que grande pecado não seres muito físico - que desperdício do milagre que é a totalidade do teu corpo. Enfim, ninguém é perfeito.
#cyberamigging #iniciativa #sermaodaplanicie