Geralmente a pessoa quê é muito inteligente no conhecido têm dificuldade de falar em público , mais ele deu uma aula no Jô quê é um grande intelectual também ,e poliglota respeitável
O problema do Jô é que ele geralmente não deixa os entrevistados falarem. E leva a entrevista para assuntos totalmente irrelevantes... É uma pena, pois o Prof. Mario Viaro é brilhante!
Jô é inteligente, e o melhor entrevistador que este país já teve... Pena que essa galerinha que ta chegando agora , muitos não sabem o que era esse programa, e o que foi a TV brasileira até bem pouco tempo.
Não se estuda latim para falar mas para compreender que muito do que temos hoje teve um ponto de partida. E tudo isso ajuda a compreender muito melhor o mundo atual, inclusive as línguas. Estudar latim e greco ajuda muito a compreender por que uma palavra se escreve de um jeito e não de outro, ajuda a construir frases mais claras, mais expressivas, a empregar melhor as palavras, etc. Se o latim voltasse aos currículos da escola, ele teria um ensino muito melhor que o dos tempos em que ele era ensinado. Por isso acho uma pena que pessoas como o Jô, o professor e o prof. Mário Viaro não defendam o retorno do latim para os currículos escolares.
A entrevista tinha um potencial gigantesco de apresentação de vários dados interessantíssimos. Uma pena que o Jô mata isso, interrompendo o cara toda hora...
Em nosso idioma existe também “embaraço” com o significado de “gravidez”. Não se pode negar que esta pode ser descrita, no mínimo, como uma situação atrapalhada, onde a mulher não conta com todos os seus recursos. Deriva do Árabe BÁRASSA, “obstar, cortar o passo, impedir”.
O Jô queria aplicar esta frase: "Eamus in montem fodere putas cum porribus bistrôs, quad piscis fodent cunas". Vamos ao monte cavar batatas com as nossas inchadas, porque os peixes furam as redes".
TABACARIA Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa, Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Génio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu, E a história não marcará, quem sabe?, nem um, Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Não, não creio em mim. Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim... Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando? Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas - Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -, E quem sabe se realizáveis, Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente? O mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; Serei sempre só o que tinha qualidades; Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, E ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo, E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordámos e ele é opaco, Levantámo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível. Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, Nobre ao menos no gesto largo com que atiro A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas, E fico em casa sem camisa. (Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas, Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -, Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! Meu coração é um balde despejado. Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco A mim mesmo e não encontro nada. Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, Vejo os cães que também existem, E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei, e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente. Fiz de mim o que não soube, E o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime. Essência musical dos meus versos inúteis, Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse, E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, Calcando aos pés a consciência de estar existindo, Como um tapete em que um bêbado tropeça Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta. Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada E com o desconforto da alma mal-entendendo. Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos. A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também. Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, E a língua em que foram escritos os versos. Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra, Sempre o impossível tão estúpido como o real, Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?), E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. Semiergo-me enérgico, convencido, humano, E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. Sigo o fumo como uma rota própria, E gozo, num momento sensitivo e competente, A libertação de todas as especulações E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela. O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica. (O Dono da Tabacaria chegou à porta.) Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Latim não é fundamental para o ensino de Português. É possível dominar perfeitamente a língua portuguesa culta sem estudar latim. Sorry, não vai voltar pro currículo porque NÃO PRECISA. O autor entrevistado é excelente pesquisador. Você nunca leu um livro dele e tá aí falando qualquer bobagem.
Que orgulho desse tio… 🥺❤️
Ótimo professor! Sabe uns 10 idiomas ou mais!
Tive aulas de romeno em 1998 ou 1999 com ele!
Tá assistindo?
Assistir a entrevista do excelente professor nessa plataforma chata chamada "youtube"...é um saco.
Geralmente a pessoa quê é muito inteligente no conhecido têm dificuldade de falar em público , mais ele deu uma aula no Jô quê é um grande intelectual também ,e poliglota respeitável
A língua portuguesa é a mais rica de todas parabéns mestre ,obrigado
O problema do Jô é que ele geralmente não deixa os entrevistados falarem. E leva a entrevista para assuntos totalmente irrelevantes... É uma pena, pois o Prof. Mario Viaro é brilhante!
Brilhante, mas gagueja e fica todo travado
Em Portugal existe outro apresentador egocêntrico como o Jô.
@@LUCKYDUCKIES mas não chega perto do nível intelectual e talento...
@@LUCKYDUCKIES oh morcon põe te a andar Larilas ! Por acaso andei no Liceu com tua Irmã pra me tratares por tu ? És da turma do Goucha ? 😃😃😆
Jô é inteligente, e o melhor entrevistador que este país já teve... Pena que essa galerinha que ta chegando agora , muitos não sabem o que era esse programa, e o que foi a TV brasileira até bem pouco tempo.
Nossa ele estava Extremamente Nervoso !!! Coitado ...
Estudei com ele ainda no primário e era nerd ❤
Meu tio. Ele é demais!
@@elisaviaro273 Colecionava borboletas
Não se estuda latim para falar mas para compreender que muito do que temos hoje teve um ponto de partida. E tudo isso ajuda a compreender muito melhor o mundo atual, inclusive as línguas. Estudar latim e greco ajuda muito a compreender por que uma palavra se escreve de um jeito e não de outro, ajuda a construir frases mais claras, mais expressivas, a empregar melhor as palavras, etc. Se o latim voltasse aos currículos da escola, ele teria um ensino muito melhor que o dos tempos em que ele era ensinado. Por isso acho uma pena que pessoas como o Jô, o professor e o prof. Mário Viaro não defendam o retorno do latim para os currículos escolares.
Meu último comentário o Jô não deixou o cara falar ,que pena
mto ofendida com esses comentários de nove anos atrás porque o professor viaro é o melhor professor que eu já tive 😡
Coito deriva de Coitus ( cum+itus de irem). Biscoito deriva de Bis+Coctus, 2 vezes cozido, de "coquere" ou em latim vulgar "cocere".
A entrevista tinha um potencial gigantesco de apresentação de vários dados interessantíssimos. Uma pena que o Jô mata isso, interrompendo o cara toda hora...
Nossa..kk gostei do tema bee gees. "you should be dancing"
@Ybrain100 para poder traduzir os textos antigos que encontram ;)
A propósito, o filme do Monthy Python é A Vida de Brian e tem completinho aqui.
... Quem é Brian? A vida de Brian, esse filme é ótimo. Eu imagino essas duas transando....
Talvez nosso canal possa interessar vocês !
Em nosso idioma existe também “embaraço” com o significado de “gravidez”. Não se pode negar que esta pode ser descrita, no mínimo, como uma situação atrapalhada, onde a mulher não conta com todos os seus recursos.
Deriva do Árabe BÁRASSA, “obstar, cortar o passo, impedir”.
Não Jô, era aramaico no filme do Mel.
O Jô queria aplicar esta frase: "Eamus in montem fodere putas cum porribus bistrôs, quad piscis fodent cunas". Vamos ao monte cavar batatas com as nossas inchadas, porque os peixes furam as redes".
Sem comentários... ok ou ok.
Jô acoito é outta coisa kkk
que merda, os primeiros 7 minutos foram simplesmente falando bobagens, a entrevista só começa depois do 7'
romani ite domum!
TABACARIA
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Embora o tema seja fantástico, a entrevista foi péssima
O trabalho do professor é excelente, mas ele nunca foi bom em entrevistas televisas, ele costuma dá umas gaguejadas.
Transa Vem antes do latin
O cara todo sem jeito. Não vendeu bem o livro
a profissão dele não é de vendedor.
Ainda bem que esse programa acabou. Cansativo ouvir o Jô Soares entrevistar-se.
no meio da entrevista ligou uma gagueira que viu...
Os judeus favam hebraico
Esse professor tava muito fraco rsrs muito desconfortavel na entrevista.
Não rendeu como poderia... uma pena.
Cacilda, 17 minutos e o professor não falou nada, o cara gaguejou mais que tudo rsrs
Plantar batata em latim; Fudere Putada
Ótimo professor, péssimo em expressão oral!
Muito ruim mesmo so entede de portunhol
esse professor eh fraquinho de mais! so gagueja.
+aelson f silva Não é bem assim, meu caro.
+aelson f silva Sem dúvida, o cara é muito tati-bi-tati.
aelson f silva, bom mesmo é quem escreve “de mais”...
Muita punheta causa isso
tenha uma aula com ele pra vc ver! melhor professor que já tive
O latim é fundamental. Me desculpem, mas o prof. é meio enrolado na fala. Nada disso, é muito ruinzinho.
Latim não é fundamental para o ensino de Português. É possível dominar perfeitamente a língua portuguesa culta sem estudar latim. Sorry, não vai voltar pro currículo porque NÃO PRECISA.
O autor entrevistado é excelente pesquisador. Você nunca leu um livro dele e tá aí falando qualquer bobagem.
Não conhecia esse professor. Ele parece não dominar o assunto.
Tenho aulas com ele no curso de letras e posso falar que o cara é brabo sim