Por causa deste hangout fui ler "Morreste-me", de José Luís Peixoto. Que coisa linda! Depois disso, indico sempre que posso (nesta semana mesmo indiquei a uma senhora, numa biblioteca) e presenteei duas amigas com o livro. Obrigada pela indicação, professor Rodrigo Gurgel!
Ver esse hangout foi muito gratificante, ouvir o Rodrigão falando umas verdades sobre José de Alencar foi do caralho. Eu, como a maioria dos adolescentes, a primeira vez que peguei em "O Guarani" para ler achei uma bosta, e só de lembrar daquela capa já me dá náuseas, parabéns ao professor e ao Flávio, que já é ácido per se.
Eu comecei a escrever um livro do gênero de fantasia faz 7 anos, fiz uma pausa de quase 3 anos, no primeiro ano e meio eu li muitos livros fantásticos, tantos quanto eu consegui encontrar, depois li coisas mais difíceis. Foi então que parti para Ilíada, Divina Comédia e minha paixão ardente que é Shakespeare, li outros também, Foucault, Rousseau, li O Capital (parte dele, mas uma boa parte, é muita asneira), depois li Anatomia do Estado, A Revolta de Atlas e alguns outros e hoje estou indo atrás de autores conservadores e alguns religiosos. Eu tenho a pretensão de escrever um livro de fantasia que seja tão significativo quanto aqueles escritos por Tolkien e Lewis, e que conte, através de uma aventura fantástica, os relatos do que ocorre hoje em dia. Sinceramente não acho que conseguirei e não falo com coitadismo, é só que esses caras estão em um patamar, na minha opinião, muito elevado. Mas eu escrevo e me preparo com os temas para estar entre os melhores porque concordo com muito do que foi dito aqui nessas duas horas, a literatura brasileira é medíocre, eu tenho livros de uma dezena de autores e não tem um deles que eu consegui ler com prazer, mas foram produtivos, porque eu sei o que não escolher. Achei até que eu tinha escolhido autores ruins e vim pesquisar no google e no youtube sobre "a que pés andava a literatura brasileira" e num mar de monólogos sobre livros que debatem temas irrelevantes como r4cismo e fem1nismo, encontrei essa live e uma que o senhor fez com o Olavo de Carvalho e encontrei várias recomendações, e opiniões que eu penso faz muito tempo e achava estar errado porque em mim ainda vive aquilo que diziam na escola que "a literatura brasileira é riquíssima". Eu sei que esse meu projeto é algo que levará mais de 2 décadas para ser finalizado e eu tenho a percepção que ao fim toda a história possa vir a ainda ser medíocre, porém eu fico pensando que se ninguém tentar, o gênero de fantasia aqui no país continuará no limbo porque pelas coisas que já li, é o arcabouço dos gêneros literários escritos aqui no Brasil, junto com autoajuda e ideologias. Ainda mais as histórias que envolvam as tribos indígenas, as lendas brasileiras e o que eu acho o pior: os nomes dos personagens. Todos eles se chamam Scott, Elizabeth, Joseph, Charl, Mary, John e outros tantos enfadonhos, são histórias tão levianas essas escritas atualmente, ainda mais que as de 50, 70 anos atrás. Li um resumo de um livro que a personagem principal é uma índia e se chama Scarlett... eu acho importante alguém conseguir transformar um personagem que se chame Agenor, por exemplo, em um personagem bom (mostrei alguns trechos para amigos e todos criticaram minha escolha de nomes, porém gostaram do desenvolvimento dos personagens e meu objetivo é melhorar até o ponto que o um nome "simples" não se torne uma pedra no sapato.) Enfim, obrigado pelo conhecimento compartilhado.
Continue! Torço por você, sinceramente! Seu comentário me pareceu ser bastante honesto, bem como sua ambição de estar entre os grandes, que não transpareceu ganância, mas um desejo sincero.
1:09:18 - A literatura portuguesa da segunda metade do século XX -- como António Lobo Antunes, José Cardoso Pires, Sophia de Mello Breyner, Eduardo Lourenço etc -- começou a ser publicada no Brasil recentemente. Nós realmente desprezamos o que é produzido pelos portugueses, o que é muito trágico, pois são eles os que mais têm feito bom uso da "última flor do Lácio". Lobo Antunes mesmo, era considerado pelo crítico George Steiner, o maior escritor vivo.
Eu nunca consegui ler o livro Ulisses, de James Joice, considerado um clássico. Da primeira vez parei na vigésima página, folheei tentando encontrar algum trecho compreensível e aí abandonei o livro e senti um certo alívio e culpa quando uma enchente que invadiu o nosso barraco levou o livro. Bem mais tarde comprei uma outra edição, consegui, com muito esforço, chegar à página cinquenta e me conscientizei que, além de continuar não entendendo o que o autor dizia, eu não gostava mesmo daquela história. Será que o defeito é meu?
Vi um sujeito idoso no Orkut me dizendo que estudava esse livro há 50 anos (talvez 65 agora, já que era no Orkut ☺ ) ... O livro é fascinante. Lembra que a proposta não é a história em si, mas a experiência de leitura. É como aquela música experimental, o artista quer lhe mostrar um som, quer lhe dar uma experiência sonora (nesse momento ouço o som da chuva por aqui em MT, imagina se eu fosse entender cada nota dos pingos no telhado, nas poças, nos matizes sonoros das folhas, flores, embaúba corta no quintal.... .... ) que não precisa ser inteligível e nem ter as frases melódicas que nosso ouvido tá acostumado. O Ulisses é um desconcerto em cada frase. Há muitas dicas pra leitura do Ulisses, escreveria um livro aqui... Pra resumir, minha dica é essa: Leia como experiência de leitura, nada mais. Não tente entender. Outra dica... Leia somente o final, o monólogo da senhora Bloom... Páginas e páginas de um fluxo profundo de consciência (o pensamento é colocado em torrente, isso a linguagem escrita não consegue reproduzir, afinal, nossos pensamentos são desconexos, por isso a dificuldade de ler o livro), não há parágrafos e pontuações.... Leia só essa parte e me diga depois se você gostou ou não ☺
Ah sim,,, Posto de novo pra lhe dizer: Leia somente a versão do Antonio Houaiss ou o original. Se surgiram traduções que não seja a do Houaiss, é achincalhamento, não tradução. Professor Luís Gonzaga Alvarenga fez um trabalho magnífico sobre como ler o Ulisses.
Por causa deste hangout fui ler "Morreste-me", de José Luís Peixoto. Que coisa linda! Depois disso, indico sempre que posso (nesta semana mesmo indiquei a uma senhora, numa biblioteca) e presenteei duas amigas com o livro. Obrigada pela indicação, professor Rodrigo Gurgel!
Que maravilha!
Ver esse hangout foi muito gratificante, ouvir o Rodrigão falando umas verdades sobre José de Alencar foi do caralho. Eu, como a maioria dos adolescentes, a primeira vez que peguei em "O Guarani" para ler achei uma bosta, e só de lembrar daquela capa já me dá náuseas, parabéns ao professor e ao Flávio, que já é ácido per se.
Eu comecei a escrever um livro do gênero de fantasia faz 7 anos, fiz uma pausa de quase 3 anos, no primeiro ano e meio eu li muitos livros fantásticos, tantos quanto eu consegui encontrar, depois li coisas mais difíceis. Foi então que parti para Ilíada, Divina Comédia e minha paixão ardente que é Shakespeare, li outros também, Foucault, Rousseau, li O Capital (parte dele, mas uma boa parte, é muita asneira), depois li Anatomia do Estado, A Revolta de Atlas e alguns outros e hoje estou indo atrás de autores conservadores e alguns religiosos. Eu tenho a pretensão de escrever um livro de fantasia que seja tão significativo quanto aqueles escritos por Tolkien e Lewis, e que conte, através de uma aventura fantástica, os relatos do que ocorre hoje em dia.
Sinceramente não acho que conseguirei e não falo com coitadismo, é só que esses caras estão em um patamar, na minha opinião, muito elevado. Mas eu escrevo e me preparo com os temas para estar entre os melhores porque concordo com muito do que foi dito aqui nessas duas horas, a literatura brasileira é medíocre, eu tenho livros de uma dezena de autores e não tem um deles que eu consegui ler com prazer, mas foram produtivos, porque eu sei o que não escolher.
Achei até que eu tinha escolhido autores ruins e vim pesquisar no google e no youtube sobre "a que pés andava a literatura brasileira" e num mar de monólogos sobre livros que debatem temas irrelevantes como r4cismo e fem1nismo, encontrei essa live e uma que o senhor fez com o Olavo de Carvalho e encontrei várias recomendações, e opiniões que eu penso faz muito tempo e achava estar errado porque em mim ainda vive aquilo que diziam na escola que "a literatura brasileira é riquíssima".
Eu sei que esse meu projeto é algo que levará mais de 2 décadas para ser finalizado e eu tenho a percepção que ao fim toda a história possa vir a ainda ser medíocre, porém eu fico pensando que se ninguém tentar, o gênero de fantasia aqui no país continuará no limbo porque pelas coisas que já li, é o arcabouço dos gêneros literários escritos aqui no Brasil, junto com autoajuda e ideologias. Ainda mais as histórias que envolvam as tribos indígenas, as lendas brasileiras e o que eu acho o pior: os nomes dos personagens. Todos eles se chamam Scott, Elizabeth, Joseph, Charl, Mary, John e outros tantos enfadonhos, são histórias tão levianas essas escritas atualmente, ainda mais que as de 50, 70 anos atrás. Li um resumo de um livro que a personagem principal é uma índia e se chama Scarlett... eu acho importante alguém conseguir transformar um personagem que se chame Agenor, por exemplo, em um personagem bom (mostrei alguns trechos para amigos e todos criticaram minha escolha de nomes, porém gostaram do desenvolvimento dos personagens e meu objetivo é melhorar até o ponto que o um nome "simples" não se torne uma pedra no sapato.)
Enfim, obrigado pelo conhecimento compartilhado.
Continue! Torço por você, sinceramente! Seu comentário me pareceu ser bastante honesto, bem como sua ambição de estar entre os grandes, que não transpareceu ganância, mas um desejo sincero.
1:09:18 - A literatura portuguesa da segunda metade do século XX -- como António Lobo Antunes, José Cardoso Pires, Sophia de Mello Breyner, Eduardo Lourenço etc -- começou a ser publicada no Brasil recentemente. Nós realmente desprezamos o que é produzido pelos portugueses, o que é muito trágico, pois são eles os que mais têm feito bom uso da "última flor do Lácio". Lobo Antunes mesmo, era considerado pelo crítico George Steiner, o maior escritor vivo.
Rodrigo Gurgel, ouço muito seus aúdios no telegram, voçe é um verdadeiro professor e escritor da atualidade.
Muito obrigado!
Eu nunca consegui ler o livro Ulisses, de James Joice, considerado um clássico. Da primeira vez parei na vigésima página, folheei tentando encontrar algum trecho compreensível e aí abandonei o livro e senti um certo alívio e culpa quando uma enchente que invadiu o nosso barraco levou o livro. Bem mais tarde comprei uma outra edição, consegui, com muito esforço, chegar à página cinquenta e me conscientizei que, além de continuar não entendendo o que o autor dizia, eu não gostava mesmo daquela história. Será que o defeito é meu?
Não, não é seu. E há milhares de outros livros geniais para você ler. Não se angustie.
Vi um sujeito idoso no Orkut me dizendo que estudava esse livro há 50 anos (talvez 65 agora, já que era no Orkut ☺ ) ... O livro é fascinante.
Lembra que a proposta não é a história em si, mas a experiência de leitura. É como aquela música experimental, o artista quer lhe mostrar um som, quer lhe dar uma experiência sonora (nesse momento ouço o som da chuva por aqui em MT, imagina se eu fosse entender cada nota dos pingos no telhado, nas poças, nos matizes sonoros das folhas, flores, embaúba corta no quintal.... .... ) que não precisa ser inteligível e nem ter as frases melódicas que nosso ouvido tá acostumado.
O Ulisses é um desconcerto em cada frase.
Há muitas dicas pra leitura do Ulisses, escreveria um livro aqui... Pra resumir, minha dica é essa:
Leia como experiência de leitura, nada mais. Não tente entender.
Outra dica... Leia somente o final, o monólogo da senhora Bloom... Páginas e páginas de um fluxo profundo de consciência (o pensamento é colocado em torrente, isso a linguagem escrita não consegue reproduzir, afinal, nossos pensamentos são desconexos, por isso a dificuldade de ler o livro), não há parágrafos e pontuações....
Leia só essa parte e me diga depois se você gostou ou não
☺
Ah sim,,, Posto de novo pra lhe dizer:
Leia somente a versão do Antonio Houaiss ou o original.
Se surgiram traduções que não seja a do Houaiss, é achincalhamento, não tradução.
Professor Luís Gonzaga Alvarenga fez um trabalho magnífico sobre como ler o Ulisses.
Que tesouro! Conversa bastante esclarecedora.
Que aula maravilhosa... era para ser transmitida para nossos jovens estudantes... massacrados pela burrice nacional...
Rodrigo Gurgel é o cara!
Valeu, Gérson!
Ótima discussão.
Grandes caras.
Ótimo Hangout, professor! Comprei meu livro. Um abraço!
Obrigado!
O Guarani, não é tão horrível. O pior era o Alienista, foi tortura mental!
A coleção de crítica literária " Pontos de vista", do Wilson Martins é ótima!
Odeio Chico Buarque! Graças a Deus!
49:00 O que é escrita telegráfica?
Extremamente sucinta, econômica, como nas mensagens enviadas por telegrama
a voz desse Mauro parece muito com a voz do Rodrigo Constantino kkkk
Todo posfácio só pode ser escrito numa segunda edição?
Escutando agora. 👏🏼👏🏼👏🏼 obrigado.
Nunca gostei do Chico Buarque! KKKKK