Não é egoísmo sair da vida de alguém depois de avisar que as atitudes dela te machucam

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Marisa de Abreu
Psicóloga CRP 06/29493
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Não é egoísmo sair da vida de alguém depois de avisar, várias vezes, que as atitudes dela te machucam
Qual o limite?
Existe um espaço extremamente nebuloso entre entender que a pessoa tem atitudes que não te agradam, que ela tem dificuldades emocionais e por isso faz coisas um tanto chatas, entender que as pessoas não são perfeitas, e... perceber o ponto exato de interromper o contato pois não dá mais para aceitar atitudes que machucam.
É a tal história do sapo que não percebe a água aquecendo aos poucos e morre cozido.
Costumamos dar desculpas para o outro, mesmo quando ele mesmo não se desculpa. Tentamos entender que talvez ele seja inseguro, e quem não é? Entender que também somos imperfeitos e talvez esta pessoa também esteja segurando nossa barra.
Outro fator que faz com que levemos mais tempo do que deveríamos em relacionamentos destrutivos é o fato de estar com alguém que não é de todo pernicioso, sempre tem momentos de leveza, de ajuda, de companhia, de elogios, de reconhecimento do seu valor. A grande questão é saber pesar o quanto a presença desta pessoa nos faz bem e o quanto nos faz mal.
Supervalorizar o lado bom, por carência, por achar que somente esta pessoa será assim conosco, pelo medo de ficar sozinho nos coloca diante de um verdadeiro algoz.
Claro que tirar agora da sua vida alguém que te faz mal será também tira alguém que já foi sua escolha. Talvez o medo de admitir que errou na escolha te segure numa relação falida. Talvez a aversão a ter que admitir em público que você errou na escolha da pessoa te segure onde não te cabe.
Normalmente pessoas que nos fazem mal fazem questão de continuar ao nosso lado, muitas vezes somos exatamente aquilo que eles querem, mão se anime com esta colocação, ser o que uma pessoa quer nem sempre é um elogio, ela pode querer algo que seja bom somente para ele, alguém para dar a sensação de poder, alguém que ele pode ferir e não irá embora, estará ali novamente para ser ferido dando a sensação de ele ser indestrutível, a quem é permitido tudo e mais um pouco.
Muitas vezes não é o caso de tirar a pessoa da sua vida no primeiro deslize leve, seria exagero, mas não se sinta intimidada(o) de falar desde o começo. Mostre o que não está confortável, o que te desanima, o que te agride. Peça para que seja diferente, mostre como quer ser tratada. E observe, seja muito meticulosa na observação, veja se a pessoa tem interesse em te ouvir neste momento, se ela demonstra esforço em ser diferente e se coloca em prática. Isso dirá tudo sobre ela.