26:00 - "Por fim, é uma sociedade que não pode tolerar a manifestação explicita das contradições, justamente porque leva as divisões e desigualdades sociais ao limite e não pode aceitá-las de volta, sequer através da rotinização dos “conflitos de interesses” (à maneira das democracias liberais)". Jhonny, você pode me explicar melhor esse trecho, não consegui compreender muito bem. Desde já, agradeço.
Mas é claro, Rian! ☺️ A Marilena Chauí faz uma distinção muito clara ao decorrer do texto, que é o de sociedade e comunidade. Sociedade para ela é sempre estratificada, ou em camadas, e essas camadas são as classes, e são as mais privilegiadas delas que produzem a miséria, que exploram o povo doutrinado-o, o explora ao máximo em prol de todos os privilégios de uma minoria, na imensa maioria das vezes branca, cristã e heterossexual.quando mais se sobe, menos diversidade se encontra. E esse conceito de sociedade é totalmente distinta de comunidade. Comunidade é o povo comum (como + 1), ou seja, é o povo, mas todos vivendo de forma igualitária. E assim não há conflitos ou injustiças, o que, para ela, é a base da democracia. Como diz Jean-Jacques Rousseau: "Uma sociedade jamais será democrática, enquanto houver um que possa "comprar" outro, e alguém que tenha se vender à outra pessoa". E isso em si já constitui uma contradição, pois a sociedade em si é contraditória em praticamente tudo, principalmente ao citar democracia, simplesmente porque é impossível, pois é desigual, é desequilibrada. Esse conflito de interesses não é uma consequência natural de como a vida é, mas uma gigante desgraça, fruto da própria sociedade, pois é sinônimo de "camadas". E isso em si deixa poucos com muito, e a imensa maioria com cada vez menos, o mendigo, por exemplo, é o que é e sofre por causa de um sistema no qual ele não se encaixa, ou porque não consegue ou se recusa. É como se dissesse pra essa pessoa assim: "Ou você entra no esquema do sistema, disponível, olha só que beleza, tem essas dez opções, e você é livre pra escolher, mas ele não consegue ser nenhuma dessas dez, ele se encaixaria em uma décima primeira opção, por exemplo, ou ele simplesmente não quer, e se ele não quer ele escolheu, não se vendeu, então ele é livre ao custo da privação de quase tudo, da humilhação, e da fome". E não seria a liberdade a base da democracia? Cadê o tal do liberalismo aí? Se confundir esse conceito com liberdade já não seria, mas pior que isso, liberalismo é a liberdade econômica de John Locke, lá do século XVII, e a não intervenção do Estado na economia, o que existe hoje é diferente, é neoliberalismo, pois há intervenção do Estado desde a Crise da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, onde o governo não viu outra opção para salvar o mundo comunista se não controlasse, pelo menos parcialmente, tudo. Mas e a liberdade do mendigo? Não foi exatamente isso o que ele fez? E que preço ele "paga" pra ser livre? O que ela, a Marilena Chauí, tá dizendo, é que numa sociedade nunca haverá democracia por causa da desigualdade. No entanto, essa tal sociedade passa 24 horas por dia, de domingo a domingo, 365 dias por ano, falando em democracia, e é justamente essa a contradição que não pode mais ser tolerada. Esse conceito todo é a base de todo o texto, desde o primeiro parágrafo, você mesmo pode ver. Será que ajudou um pouquinho, Rian? Você entendeu? Espero ter ajudado. Essa é uma excelente pergunta. Muito obrigado por ela! 😊 🙏
@@FilosofiaOnline Entendi sim, Jhonny... agora ficou mais fácil para compreender. Entendi agora o que ela quis dizer em "manifestação explicita das contradições", que em sua totalidade a noção de política Neoliberal junto à Democracia são antagônicos em suas premissas, pois há controversas justamente no fato de haver desigualdades sociais e o próprio sistema liberal não "aceitar" aquele que não está de acordo/convergência . Deu para entender melhor🙂, muito obrigado pelo exemplo dado, exemplificou ainda mais.
26:00 - "Por fim, é uma sociedade que não pode tolerar a manifestação explicita das
contradições, justamente porque leva as divisões e desigualdades sociais ao limite
e não pode aceitá-las de volta, sequer através da rotinização dos “conflitos de
interesses” (à maneira das democracias liberais)".
Jhonny, você pode me explicar melhor esse trecho, não consegui compreender muito bem.
Desde já, agradeço.
Mas é claro, Rian!
☺️
A Marilena Chauí faz uma distinção muito clara ao decorrer do texto, que é o de sociedade e comunidade.
Sociedade para ela é sempre estratificada, ou em camadas, e essas camadas são as classes, e são as mais privilegiadas delas que produzem a miséria, que exploram o povo doutrinado-o, o explora ao máximo em prol de todos os privilégios de uma minoria, na imensa maioria das vezes branca, cristã e heterossexual.quando mais se sobe, menos diversidade se encontra.
E esse conceito de sociedade é totalmente distinta de comunidade.
Comunidade é o povo comum (como + 1), ou seja, é o povo, mas todos vivendo de forma igualitária.
E assim não há conflitos ou injustiças, o que, para ela, é a base da democracia.
Como diz Jean-Jacques Rousseau:
"Uma sociedade jamais será democrática, enquanto houver um que possa "comprar" outro, e alguém que tenha se vender à outra pessoa".
E isso em si já constitui uma contradição, pois a sociedade em si é contraditória em praticamente tudo, principalmente ao citar democracia, simplesmente porque é impossível, pois é desigual, é desequilibrada.
Esse conflito de interesses não é uma consequência natural de como a vida é, mas uma gigante desgraça, fruto da própria sociedade, pois é sinônimo de "camadas".
E isso em si deixa poucos com muito, e a imensa maioria com cada vez menos, o mendigo, por exemplo, é o que é e sofre por causa de um sistema no qual ele não se encaixa, ou porque não consegue ou se recusa.
É como se dissesse pra essa pessoa assim:
"Ou você entra no esquema do sistema, disponível, olha só que beleza, tem essas dez opções, e você é livre pra escolher, mas ele não consegue ser nenhuma dessas dez, ele se encaixaria em uma décima primeira opção, por exemplo, ou ele simplesmente não quer, e se ele não quer ele escolheu, não se vendeu, então ele é livre ao custo da privação de quase tudo, da humilhação, e da fome".
E não seria a liberdade a base da democracia?
Cadê o tal do liberalismo aí?
Se confundir esse conceito com liberdade já não seria, mas pior que isso, liberalismo é a liberdade econômica de John Locke, lá do século XVII, e a não intervenção do Estado na economia, o que existe hoje é diferente, é neoliberalismo, pois há intervenção do Estado desde a Crise da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, onde o governo não viu outra opção para salvar o mundo comunista se não controlasse, pelo menos parcialmente, tudo.
Mas e a liberdade do mendigo?
Não foi exatamente isso o que ele fez?
E que preço ele "paga" pra ser livre?
O que ela, a Marilena Chauí, tá dizendo, é que numa sociedade nunca haverá democracia por causa da desigualdade.
No entanto, essa tal sociedade passa 24 horas por dia, de domingo a domingo, 365 dias por ano, falando em democracia, e é justamente essa a contradição que não pode mais ser tolerada.
Esse conceito todo é a base de todo o texto, desde o primeiro parágrafo, você mesmo pode ver.
Será que ajudou um pouquinho, Rian?
Você entendeu?
Espero ter ajudado.
Essa é uma excelente pergunta.
Muito obrigado por ela!
😊
🙏
@@FilosofiaOnline Entendi sim, Jhonny... agora ficou mais fácil para compreender.
Entendi agora o que ela quis dizer em "manifestação explicita das contradições", que em sua totalidade a noção de política Neoliberal junto à Democracia são antagônicos em suas premissas, pois há controversas justamente no fato de haver desigualdades sociais e o próprio sistema liberal não "aceitar" aquele que não está de acordo/convergência .
Deu para entender melhor🙂, muito obrigado pelo exemplo dado, exemplificou ainda mais.