A ciência conta boas histórias? Sara Sá

Поделиться
HTML-код
  • Опубликовано: 7 фев 2025
  • A relação entre cientistas e jornalistas, entre investigadores e comunicadores é uma relação de amor-ódio.
    Os cientistas tentam sempre chegar à descoberta que sonham revolucionar o mundo. São escravos do método e adoradores do rigor absoluto.
    Nem que para isso tudo se diga com tal complexidade que só eles entendem.
    Os jornalistas, pelo seu lado, buscam a história que vai fazer a próxima manchete.
    E confrontados entre o rigor absoluto e a máxima comunicação, tendem as escolher a simplicidade radical.
    É bom de ver que apesar de precisarem uns dos outros para que a ciência e o conhecimento chegue mais longe, a relação tem alguma tensão.
    No meio desta batalha estão os comunicadores da ciência,
    Uma espécie de tradutores da complexidade dos cientistas e advogados. Da simplificação quase absurda da comunicação para o grande público.
    Uma edição para se falar de histórias e factos, mitos antigos e pós-verdades.
    E de desvendar finalmente porque são tão poderosas as histórias, mesmo aquelas que contrariam a mais elementar evidencia científica.
    Sara Sá ( / sara-sa-jornalista ) é hoje comunicadora de ciência. Mas traz a bagagem de 20 anos de jornalismo. Além disso, começou por estudar engenharia espacial.
    Hoje, no Pergunta Simples, falamos de ciência, de jornalismo e de boas histórias. Ou melhor, falamos de como se conta uma boa história. E para isso, quem melhor do que Sara Sá?
    A Sara é jornalista, ou foi jornalista, é comunicadora de ciência e alguém que passou os últimos 20 anos a contar histórias sobre saúde, ciência e inovação. Agora, trabalha no INESC- ID (www.inesc-id.pt) , onde ajuda cientistas a comunicar melhor o que fazem. Mas a essência do seu trabalho continua a ser a mesma: procurar a lógica que faz uma boa história funcionar. Como rigor, e simplicidade. Mas sempre uma boa história.
    E isso leva-nos ao primeiro dilema da conversa: o jornalismo e a ciência são amigos ou inimigos? De um lado, os jornalistas que querem simplificar, traduzir conceitos complicados para toda a gente perceber. Do outro, os cientistas, rigorosos, meticulosos, nem sempre muito pacientes para explicar os detalhes. Durante muito tempo, estes dois mundos desconfiaram um do outro. Mas hoje, mais do que nunca, precisam de trabalhar juntos.
    O problema é que, no meio disto, há sempre um risco: até onde se pode simplificar sem deturpar? Como se pode contar uma boa história sem perder o rigor? A Sara diz que o truque está na coerência e na lógica. Se um argumento não faz sentido, se um mito não bate certo, o cérebro dela dispara um alerta. E esse radar já evitou muita asneira.
    Depois, claro, falamos de inteligência artificial. No INESC, a Sara acompanha projetos que aplicam IA à saúde, como o Halo - um sistema que ajuda pessoas com doenças graves que impedem a fala a voltarem a comunicar, recriando digitalmente a sua própria voz.
    A IA está a transformar tudo, mas será que sabemos mesmo o que estamos a fazer? A Sara diz que há dois tipos de pessoas neste debate: os otimistas, que veem a IA como uma ferramenta incrível, e os pessimistas, que acham que estamos a brincar com fogo. No INESC, onde se trabalha com os conceitos de base da IA há mais de 25 anos, a perspetiva é clara: é preciso separar o mito da realidade.
    E, já que falamos de mitos, entramos num dos temas mais divertidos da conversa. Será que só usamos 10% do nosso cérebro? Será que o frio causa constipações? E, já agora, será que fazer sexo queima tantas calorias como um treino no ginásio? (Alerta expectativas: não, exceto caso estejamos a fazer algo mesmo muito inovador. E atlético. )
    A verdade é que adoramos acreditar em histórias simples. E é por isso que os mitos sobrevivem. Porque encaixam bem, porque explicam o que não conseguimos entender e, muitas vezes, porque dão jeito a alguém. Como aqueles cursos que te prometem desbloquear os outros 90% do seu cérebro.
    A Sara escreveu um livro sobre isto - Cem Mitos, Sem Lógica (www.wook.pt/li...) - onde desmonta estas histórias com ciência e bom humor. Mas o problema das fake news e da desinformação vai muito além dos mitos do dia a dia. Com a IA generativa, os vídeos e áudios falsos tornam-se cada vez mais convincentes. Como nos protegemos disso? Como ensinamos os mais novos a distinguir o que é real do que é falso?
    No final, a conversa com a Sara Sá é sobre como percebemos o mundo à nossa volta - seja através do jornalismo, da ciência ou das histórias que escolhemos contar.
    As boas vitórias têm sempre que começar bem, forte, de forma direta ou enigmática.
    Podemos contar logo o fundamental na primeira linha ou deixar correr a narrativa oferecendo novos dados.
    Se começar bem é crítico para que nos ouçam, fechar bem é garantir que ficamos na memória dos outros. Pode ser uma frase que ressoa. Pode ser um riso franco.
    N...

Комментарии •