Fantástico ter acesso a essa maravilhosa aula do grande professor Monir, aqui trazido pelo também brilhante professor Carlos Nadalim. Muito obrigada pelo esforço de oferecer a alta cultura trazida pelo grande mestre que tão cedo nos deixou,
O pressor comenta às 2 horas da aula, acerca de uma documento contendo a cronologia dos personagens ficcionais gregos. Se alguém souber onde encontrar eu tenho interesse.
A iniciativa do professor Nasser é muito boa em divulgar tão grandes obras. No entanto, no caso específico de Platão humildemente julgo que ele comete diversos equívocos em suas análises. Por exemplo, ao afirmar que, em primeiro lugar, para Platão a Metafísica é um interesse secundário e que o grande assunto é a organização do estado e, que além disso, em segundo lugar, sua Metafísica é deficiente. Ambas afirmações não poderiam estar mais equivocadas. No que concerne à primeira, como o próprio professor Nasser dá a entender em outro instante, deve-se considerar que a maioria dos diálogos (sobretudo os ditos Socráticos) foram escritos para o público em geral e não para os iniciados na academia, de modo que nesses casos a escolha de assuntos da Polis é natural a assuntos metafísicos. No entanto, devemos observar que Platão nunca desconecta política de metafísica, pois a metafísica não pode ser desconectada de absolutamente nada, mas pelo contrário, é o modelo para qualquer outro conhecimento. Nos diálogos Parmenides e Timeu, com os quais o professor parece ter menos intimidade, assuntos metafísicos e cosmológicos são considerados explicitamente. A crítica de Nasser à teoria das formas é colocada exatamente na boca do jovem Sócrates quando conversando com Parmenides no diálogo Parmenides, diálogo este que tenta de modo bem penoso e árido, porém necessário, suscitar nos alunos da academia a verdadeira compreensão da teoria das formas. Dito isso, agora devemos observar que a Metafísica platônica é apenas “sinalizada” nos diálogos, e sobretudo nos mais tardios e provavelmente direcionados aos alunos da academia, como disse, Parmênides e Timeu, que constituem a Bíblia dos neoplatonicos. Para tentar nos aproximar da metafísica platônica como ela era ensinada oralmente aos iniciados da academia é necessário olhar para vários outros autores na órbita de Platão, como seus sucessores imediatos na academia, o próprio Aristoteles e uma grande tradição de grandes intérpretes. Os Comentários de Proclo e sua teologia são a culminação de séculos de trabalho tentando reconstruir e dar inteligibilidade à Metafísica platônica, a qual no fundo não só é extremamente profunda como é provavelmente a maneira mais inteligível existente de expressar as mais diversas tradições antigas não só ocidentais mas também as orientais. Me parece que o professor Nasser deu pouca atenção aos diálogos de Platão que são exatamente os considerados mais importantes pelos seus sucessores (Parmenides, Timeu, Leis X), além de ignorar a imensa tradição de intérpretes tentando reconstruir sua metafísica. Assim, recomendo para quem quiser realmente entender a metafísica antiga, para ler os diálogos mais tardios acima mencionados bem como os grandes neoplatonicos Plotino e Proclo (sobretudo os elementos de teologia de Proclo).
Clássica. A organização clássica da obra platônica em tetralogias deve-se ao gramático alexandrino Trasilo de Mendes (que também organizou as obras de Demócrito de Abdera do mesmo modo). As tetralogias dos diálogos platônicos organizados por Trasilo tem a seguinte disposição, onde as obras assinaladas com (*) tem autenticidade duvidosa e as obras assinaladas com (**) são consideradas apócrifas: I. Eutífron · Apologia de Sócrates (monólogo) · Críton · Fédon II. Crátilo · Teeteto · Sofista · Político III. Parmênides · Filebo · O Banquete · Fedro IV. Primeiro Alcibíades (*) · Segundo Alcibíades (**) · Hiparco (**) · Amantes rivais (**) V. Teages (**) · Cármides · Laques · Lísis VI. Eutidemo · Protágoras · Górgias · Mênon VII. Hípias maior (*) · Hípias menor · Íon · Menexêno VIII. Clitofon (*) · A República · Timeu · Crítias IX. Minos (**) · Leis · Epínomis (**) · Epístolas (*)
Deus abençoe o professor Nasser e quem postou esses tesouros espirituais
Excelente ,quer mais,se possível...
Muito grato pelo compartilhamento! Essas aulas do Prof. Monir não têm preço.
excelente material, muito obrigado por nos disponibilizar o conteúdo do José Monir Nasser a cada aula o admiro mais.
Professor Nadalim, infinitamente grato!
Muito obrigada!
Ouvi quase todos no canal MentalFood! Nem acredito que essas aulas estão em vídeo também. Por favor, poste tudo que tiver.
Realmente um tesouro esse conteúdo,uma pequena parte do legado desse grande estudioso.Sou grato!
Esse Mestre faz muita falta.
Que maravilha essas aulas.
Simplesmente espetacular!!! Muito obrigada ao canal, pois compartilhou um verdadeiro tesouro.
Muito obrigado desde Portugal. Bem haja
Fantástico ter acesso a essa maravilhosa aula do grande professor Monir, aqui trazido pelo também brilhante professor Carlos Nadalim. Muito obrigada pelo esforço de oferecer a alta cultura trazida pelo grande mestre que tão cedo nos deixou,
O pressor comenta às 2 horas da aula, acerca de uma documento contendo a cronologia dos personagens ficcionais gregos. Se alguém souber onde encontrar eu tenho interesse.
Sensacional. Um banho de filosofia e cultura.
Que alegria ver esse material disponível em boa qualidade. Parabéns por mais essa iniciativa.
Também agradeço ao Laudelino de Oliveira Lima que também faz parte desse esforço de trazer a luz mais fonte de cultura através do professor Monir.
Grande professor Jose Monir Nasser!
Maravilha!!!
A iniciativa do professor Nasser é muito boa em divulgar tão grandes obras. No entanto, no caso específico de Platão humildemente julgo que ele comete diversos equívocos em suas análises. Por exemplo, ao afirmar que, em primeiro lugar, para Platão a Metafísica é um interesse secundário e que o grande assunto é a organização do estado e, que além disso, em segundo lugar, sua Metafísica é deficiente. Ambas afirmações não poderiam estar mais equivocadas. No que concerne à primeira, como o próprio professor Nasser dá a entender em outro instante, deve-se considerar que a maioria dos diálogos (sobretudo os ditos Socráticos) foram escritos para o público em geral e não para os iniciados na academia, de modo que nesses casos a escolha de assuntos da Polis é natural a assuntos metafísicos. No entanto, devemos observar que Platão nunca desconecta política de metafísica, pois a metafísica não pode ser desconectada de absolutamente nada, mas pelo contrário, é o modelo para qualquer outro conhecimento. Nos diálogos Parmenides e Timeu, com os quais o professor parece ter menos intimidade, assuntos metafísicos e cosmológicos são considerados explicitamente. A crítica de Nasser à teoria das formas é colocada exatamente na boca do jovem Sócrates quando conversando com Parmenides no diálogo Parmenides, diálogo este que tenta de modo bem penoso e árido, porém necessário, suscitar nos alunos da academia a verdadeira compreensão da teoria das formas. Dito isso, agora devemos observar que a Metafísica platônica é apenas “sinalizada” nos diálogos, e sobretudo nos mais tardios e provavelmente direcionados aos alunos da academia, como disse, Parmênides e Timeu, que constituem a Bíblia dos neoplatonicos. Para tentar nos aproximar da metafísica platônica como ela era ensinada oralmente aos iniciados da academia é necessário olhar para vários outros autores na órbita de Platão, como seus sucessores imediatos na academia, o próprio Aristoteles e uma grande tradição de grandes intérpretes. Os Comentários de Proclo e sua teologia são a culminação de séculos de trabalho tentando reconstruir e dar inteligibilidade à Metafísica platônica, a qual no fundo não só é extremamente profunda como é provavelmente a maneira mais inteligível existente de expressar as mais diversas tradições antigas não só ocidentais mas também as orientais. Me parece que o professor Nasser deu pouca atenção aos diálogos de Platão que são exatamente os considerados mais importantes pelos seus sucessores (Parmenides, Timeu, Leis X), além de ignorar a imensa tradição de intérpretes tentando reconstruir sua metafísica. Assim, recomendo para quem quiser realmente entender a metafísica antiga, para ler os diálogos mais tardios acima mencionados bem como os grandes neoplatonicos Plotino e Proclo (sobretudo os elementos de teologia de Proclo).
Carlos Nadalim, teria como vc copiar aqui a ordem das tetralogias pelas quais o Monir se baseou?
Clássica.
A organização clássica da obra platônica em tetralogias deve-se ao gramático alexandrino Trasilo de Mendes (que também organizou as obras de Demócrito de Abdera do mesmo modo). As tetralogias dos diálogos platônicos organizados por Trasilo tem a seguinte disposição, onde as obras assinaladas com (*) tem autenticidade duvidosa e as obras assinaladas com (**) são consideradas apócrifas:
I. Eutífron · Apologia de Sócrates (monólogo) · Críton · Fédon
II. Crátilo · Teeteto · Sofista · Político
III. Parmênides · Filebo · O Banquete · Fedro
IV. Primeiro Alcibíades (*) · Segundo Alcibíades (**) · Hiparco (**) · Amantes rivais (**)
V. Teages (**) · Cármides · Laques · Lísis
VI. Eutidemo · Protágoras · Górgias · Mênon
VII. Hípias maior (*) · Hípias menor · Íon · Menexêno
VIII. Clitofon (*) · A República · Timeu · Crítias
IX. Minos (**) · Leis · Epínomis (**) · Epístolas (*)