O livro é uma enorme, magnífica metáfora. Uma obra-prima. Um monumento ao absurdo, à falta de sentido de existências que se desperdiçam na espera e não se fazem na ação. Um tapa na cara. A comparação com Stoner e com A morte de Ivan Ilich é precisa. Ambos viveram, tal como Drogo, uma vida oca, sem felicidade, aguardando um evento incerto. Isa tem razão: é livro pra reler.
Esse livro foi a minha porta de abertura na TAG. Confesso que ele trouxe um estilo completamente diferente do que estou habituado a ler e isso me chamou atenção porque percebi que o intuito da proposta foi atingido. Por mais que a leitura não tenha me agradado tanto, acredito ser pelo estilo da leitura, a história me passou pontos sobre vida quando dominada pelo tempo. Desde o início a personagem se apresenta imensamente acomodada com fluxo do tempo conduzindo a sua vida, como pode ser observado quando Giovanni não escolhe para onde vai após a sua formação militar. Na tentativa de chegar até o forte, a personagem nem mesmo conseguia acertar o caminho e por "sorte" encontra um capitão, que já habituado daquela vida conduzida pelo tempo, o direciona no restante do percurso. Uma das únicas passagens na história que Giovanni tenta dominar sua vida, ele é vencido pelo comodismo, representado pela aceitação em passar alguns anos no forte, antes de ser transferido, culminando na sua adaptação da rotina do forte. Vencido por essa adaptação, Giovanni começa a criar razões para permanecer no lugar, como aceitação da ideia de que um dia os tártaros vão chegar e uma guerra será instalada. Buzzati traz nessa parte os momentos na vida em que optamos por não mudar e tentarmos, o tempo todo, justificar a nossa escolha de permanecer, isso sendo válido para todos os âmbitos, não só o espaço (que nesse caso era o forte). A narrativa se estende quase até o final nessa insistência da não mudança justificada com o permanecer, “porque os tártaros vão chegar e uma guerra vai acontecer...”. Essas são representações das expectativas criadas ao longo do tempo e a necessidade delas serem atendidas. Por fim, nota-se, muito claramente, que a vida é composta de ciclos temporais, mostrado quando Giovanni toma o lugar do capitão e ensina ao novo soldado, recém chegado e também perdido, o caminho do forte, exatamente como acontecera consigo há 40 anos atrás. O tempo na história é muito marcante no sentido de como ele é capaz de transformar. Transformou o coronel em uma pessoa impiedosa, a ponto não perdoar que um soldado da equipe voltasse ao forte após sair em busca do seu cavalo, matando-o; transforma a força em teimosia, representada pela morte de Augustina na expedição; e transforma o comodismo e a inércia no desgoverno de nossas vidas, sendo conduzido apenas pelo fluxo temporal natural, representado pelo desfecho de Giovanni. Ih, me estendi e nem senti. Só precisava escrever. Ansioso pelos novos títulos que vou receber. Abraços.
Isa vc n precisava ter medo de se repetir.. Esse livro tem tanta sustancia q tenho certeza q mesmo pra qm já tinha visto o do seu canal ia acrescentar algo repetir a msg! De qq forma vou lá ver seu canal tb
Coincidência: Meu bisavô imigrante Giulio Bastiani, casou com Francesca Gandini em 1896. O protagonista principal do filme baseado nesta obra, que guarnecida a Fortezza Bastiani, tambem tem este mesmo sobrenome : Gandini. Alinhamento astral?
Eu me decepcionei por vários motivos a começar pela página 62...Eu queria entender os parágrafos 5 e 6..." Na manhã de 10 de janeiro...A janela dava para o pátio... pois já era noite..." Como assim, passou um dia todinho no médico????
Foi bom ler esse livro, mas fiquei triste por ele ter uma vida sem ação e morrer doente. Também não se rebelava, concordava sempre. Fiquei pasma quando mataram aquele soldado conhecido deles por não cumprir uma regra. E com raiva por aquele que morreu depois de escalar o penhasco e o colega ainda ter inveja dele.
esse livro é maravilhoso. Se tornou um livro da minha vida também. Quero ler novamente em outro momento da vida.
O livro é uma enorme, magnífica metáfora. Uma obra-prima. Um monumento ao absurdo, à falta de sentido de existências que se desperdiçam na espera e não se fazem na ação. Um tapa na cara. A comparação com Stoner e com A morte de Ivan Ilich é precisa. Ambos viveram, tal como Drogo, uma vida oca, sem felicidade, aguardando um evento incerto. Isa tem razão: é livro pra reler.
Esse livro foi a minha porta de abertura na TAG. Confesso que ele trouxe um estilo completamente diferente do que estou habituado a ler e isso me chamou atenção porque percebi que o intuito da proposta foi atingido.
Por mais que a leitura não tenha me agradado tanto, acredito ser pelo estilo da leitura, a história me passou pontos sobre vida quando dominada pelo tempo. Desde o início a personagem se apresenta imensamente acomodada com fluxo do tempo conduzindo a sua vida, como pode ser observado quando Giovanni não escolhe para onde vai após a sua formação militar. Na tentativa de chegar até o forte, a personagem nem mesmo conseguia acertar o caminho e por "sorte" encontra um capitão, que já habituado daquela vida conduzida pelo tempo, o direciona no restante do percurso. Uma das únicas passagens na história que Giovanni tenta dominar sua vida, ele é vencido pelo comodismo, representado pela aceitação em passar alguns anos no forte, antes de ser transferido, culminando na sua adaptação da rotina do forte.
Vencido por essa adaptação, Giovanni começa a criar razões para permanecer no lugar, como aceitação da ideia de que um dia os tártaros vão chegar e uma guerra será instalada. Buzzati traz nessa parte os momentos na vida em que optamos por não mudar e tentarmos, o tempo todo, justificar a nossa escolha de permanecer, isso sendo válido para todos os âmbitos, não só o espaço (que nesse caso era o forte). A narrativa se estende quase até o final nessa insistência da não mudança justificada com o permanecer, “porque os tártaros vão chegar e uma guerra vai acontecer...”. Essas são representações das expectativas criadas ao longo do tempo e a necessidade delas serem atendidas.
Por fim, nota-se, muito claramente, que a vida é composta de ciclos temporais, mostrado quando Giovanni toma o lugar do capitão e ensina ao novo soldado, recém chegado e também perdido, o caminho do forte, exatamente como acontecera consigo há 40 anos atrás.
O tempo na história é muito marcante no sentido de como ele é capaz de transformar. Transformou o coronel em uma pessoa impiedosa, a ponto não perdoar que um soldado da equipe voltasse ao forte após sair em busca do seu cavalo, matando-o; transforma a força em teimosia, representada pela morte de Augustina na expedição; e transforma o comodismo e a inércia no desgoverno de nossas vidas, sendo conduzido apenas pelo fluxo temporal natural, representado pelo desfecho de Giovanni.
Ih, me estendi e nem senti. Só precisava escrever. Ansioso pelos novos títulos que vou receber. Abraços.
Isa sempre bom te ver
Esse é um dos livros mais lindos que existem, sim!
Esse livro foi uma surpresa agradabilíssima.
Isa vc n precisava ter medo de se repetir.. Esse livro tem tanta sustancia q tenho certeza q mesmo pra qm já tinha visto o do seu canal ia acrescentar algo repetir a msg! De qq forma vou lá ver seu canal tb
Livro excepcional!
Também pretendo fazer uma releitura!
Ótima resenha Isa!
Parabéns! Bjs
Li e lerei mais vezes durante a vida! junho/2022
Ótima resenha!!
Livro maravilhoso, edição primorosa... adorei...
Excelente resenha que você fez, e apesar dos spoilers me interessei em ler 'o deserto dos tártaros".
Eu trabalhei 27 anos em Belo Horizonte, mas depois de aposentada voltei pra minha cidade, interior de São Paulo.
O livro também me lembrou a Montanha Mágica
ler esse livro e depois ouvir time do pink floyd, torna essa obra ainda mais incrível.
Lembra Stone
Cada qual com suas peculiaridades
Ver a vida passar
minha jovem amei sua resenha !!
Esse livro me deixou bastante angustiado, triste. Mas valeu a pena.
Na verdade, lembra a "Montanha Mágica" do Thomas Mann
Coincidência: Meu bisavô imigrante Giulio Bastiani, casou com Francesca Gandini em 1896. O protagonista principal do filme baseado nesta obra, que guarnecida a Fortezza Bastiani, tambem tem este mesmo sobrenome : Gandini.
Alinhamento astral?
E Dino Buzati é de Belluno, de onde vieram os Bastiani, inclusive existe lá uma via com este nome.
Eu me decepcionei por vários motivos a começar pela página 62...Eu queria entender os parágrafos 5 e 6..." Na manhã de 10 de janeiro...A janela dava para o pátio... pois já era noite..." Como assim, passou um dia todinho no médico????
tá preocupado com bobagens e não pegou a essênciado livro..pelamor
Foi bom ler esse livro, mas fiquei triste por ele ter uma vida sem ação e morrer doente. Também não se rebelava, concordava sempre. Fiquei pasma quando mataram aquele soldado conhecido deles por não cumprir uma regra. E com raiva por aquele que morreu depois de escalar o penhasco e o colega ainda ter inveja dele.