Café Itaú Mulher Empreendedora - Paola Carosella

Paola Carosella, cozinheira e empresária dos restaurantes Arturito e La Guapa Empanadas Artesanais, contou sua história no Café Itaú Mulher Empreendedora. “Nasci na Argentina, numa família de imigrantes italianos, onde as mulheres ainda plantavam, colhiam e cozinhavam intensamente. Acredito que todo negócio começa com uma paixão, ou com algo que nos é muito familiar, muito próximo. No meu caso não foi diferente: a vida me fez ser cozinheira, não fiz uma escolha, eu repeti o que minhas avós faziam, senti um desejo de cozinhar, porque essa é minha forma de me conectar e doar algo para os outros. E me dei bem na cozinha, tive a sorte de poder estudar, viajar e trabalhar em bons restaurantes. Com 30 anos abri meu primeiro restaurante aqui no Brasil, e me concentrei em cozinhar muito bem, me conectar com a poesia, o romance e a arte da gastronomia. Queria ser perfeita nos pratos e nos ingredientes, e cometi um grande erro: esqueci que eu estava fazendo negócio, não olhava os números. Para mim, naquela época, se eu pensasse no negócio, perdia o romance. Eu achava que ganhar dinheiro com o que eu fazia era errado. Não olhava para o lucro como deveria, achava que não tinha capacidade de fazer negócios, ignorei a parte administrativa, deixando-a totalmente na mão de outras pessoas. E deu muito errado. Meus negócios quase fracassaram, eu não só não ganhei como perdi dinheiro. Só consegui virar o jogo e me recuperar depois que olhei para o que eu não gostava, o que me dava medo, e enfrentei. Peguei a administração dos restaurantes e mesmo sem entender, apliquei os princípios que eu conhecia da cozinha, dentro do escritório. Vi que não era um bicho de sete cabeças. A mesma disciplina e a mesma ordem que tenho na cozinha, apliquei na gestão financeira. Acredito que os corajosos não são aqueles que não sentem medo, mas sim aqueles que dentro do medo vão lá e fazem. As minhas maiores conquistas vieram depois de errar, fracassar, olhar para os meus medos e sensações de incapacidade e enfrentá-las. Hoje tenho um ótimo sócio, com talento para administrar. Mas ele só apareceu no meu caminho porque eu segui esses passos anteriores, e aprendi que não posso ignorar a gestão do meu negócio. Aqui faço um convite: vamos abrir os olhos para o que incomoda, o que nos dá medo. E ao invés de deixar de lado, vamos nos jogar de cabeça naquilo para aprender e nos transformar. A única forma de avançar e enfrentar os medos e superá-los”, concluiu.