Que bom termos isso à disposição e de graça, uma das coisas positivas dessa era dá informação. vc é claro, objetivo, sem piadinhas sem graça. Parabéns!
Como o New Criticism abordaría os contos de Tchekhov, considerando essa necessidade de estranhamento acentuado? Os textos do Tchekhov me parecem extremamente crus, quase jornalísticos.
Olá, Lincoln. Tudo bem? Sua pergunta é bastante interessante, porque nos permite pensar uma resposta possível do Formalismo/New Criticism e, ao mesmo tempo, mostra suas limitações. Vou falar inicialmente sobre a possível resposta e depois comentar essas limitações. A sua pergunta traz uma resposta possível, na medida em que a crueza dos textos de Tchekhov é um efeito alcançado com muito rigor formal. É preciso lembrar que os próprios textos jornalísticos são expressivamente distantes do que considerava como uma linguagem cotidiana. Eles precisam ser acessíveis, mas isso com uma série de normas seguidas estritamente. Também é preciso lembrar que o estranhamento não se dá apenas no nível das palavras vistas individualmente, mas na composição estrutural dos textos, nas suas imagens, no nível de detalhamento das descrições. Vendo um exemplo do conto "A corista" do Tchekhov: "Pacha sentiu que para essa dama de preto, com olhos raivosos e dedos compridos e alvos, ela causava a impressão de algo baixo, hediondo, e sentiu vergonha de suas bochechas gorduchas e vermelhas, das marcas de varíola no seu nariz e da franjinha na testa, que não ficava para cima de jeito nenhum. Parecia-lhe que, se ela fosse magra, não se empoasse e não tivesse franja, seria possível disfarçar que ela não era uma pessoa decente, e não teria tanto pavor e vergonha de ficar diante de uma dama desconhecida e misteriosa." A tradução para o Português e o fato de se tentar emular (na tradução) um vocabulário do século XIX dificultam a percepção de um possível estranhamento a nível puramente lexical. Contudo, a própria construção da imagem da mulher, por meio de uma descrição física expressivamente detalhada que termina por metaforizar suas características morais, geraria o efeito de estranhamento. Agora, isso também permite que observemos uma limitação dessa abordagem imanentista pautada no estranhamento. Afinal, o que seria uma linguagem cotidiana? Terry Eagleton, em Teoria da literatura: uma introdução, desdobra esses questionamentos: a linguagem jornalística ou publicitária não poderia usar criativamente desses efeitos de estranhamento? Nesse caso, o que diferenciaria o estranhamento destas em relação à linguagem literária? Além disso, não poderíamos usar metáforas, metonímias, ironias (que causam esse estranhamento) mesmo nas situações de linguagem mais cotidiana? Com base em questionamentos como esse, apropriações imanentistas mais recentes têm procurado rever criticamente essas concepções, sem deixar de valorizar o olhar sobre a construção formal do texto literário.
Olá, Juliana. Os textos são: O que é literatura, de Terry Eagleton - está presente no livro Teoria da literatura: uma introdução (Não fala especificamente sobre o Formalismo, mas a definição, ou definições, de literatura é fundamental para a discussão dessa vertente teórica) Formalismo Russo, Wolf-Dieter Stempel (É um capítulo presente no livro Teoria da Literatura em suas fontes, Volume 1 organizado por Luiz Costa Lima) Sobre a poética formalista da linguagem poética, Wolf-Dieter Stempel (Também é um capítulo presente no livro Teoria da Literatura em suas fontes, Volume 1 organizado por Luiz Costa Lima)
Ual! Arrasou, professor. Muito obrigada por ter listado os livros! !! E, claro, obrigada pela aula também! Já me inscrevi no seu canal. Vc é muito didático e direto. Muito bom!!
Incrível!!! Explicação ótima e direta, muito bom! Parabéns!
Maravilhososa aula, foi a única em que realmente consegui entender as duas correntes e a diferença entre ambas. Obrigada!!!!!
Eu estava com muitas dificuldades, ainda estou, mas pelo menos sobre essas correntes, você elucidou bastante.
Estou impressionada com tamanha facilidade e em explicar!
Grata! obrigada pelo o seu cuidado ao repassar esse conteúdo, até então complexo, depois de assistir sua aula consegui compreender.
Que bom termos isso à disposição e de graça, uma das coisas positivas dessa era dá informação. vc é claro, objetivo, sem piadinhas sem graça. Parabéns!
Grande aula, professor! Que grande contribuição é ter isso no RUclips! Obrigado!
Como o New Criticism abordaría os contos de Tchekhov, considerando essa necessidade de estranhamento acentuado? Os textos do Tchekhov me parecem extremamente crus, quase jornalísticos.
Olá, Lincoln. Tudo bem? Sua pergunta é bastante interessante, porque nos permite pensar uma resposta possível do Formalismo/New Criticism e, ao mesmo tempo, mostra suas limitações. Vou falar inicialmente sobre a possível resposta e depois comentar essas limitações. A sua pergunta traz uma resposta possível, na medida em que a crueza dos textos de Tchekhov é um efeito alcançado com muito rigor formal. É preciso lembrar que os próprios textos jornalísticos são expressivamente distantes do que considerava como uma linguagem cotidiana. Eles precisam ser acessíveis, mas isso com uma série de normas seguidas estritamente. Também é preciso lembrar que o estranhamento não se dá apenas no nível das palavras vistas individualmente, mas na composição estrutural dos textos, nas suas imagens, no nível de detalhamento das descrições. Vendo um exemplo do conto "A corista" do Tchekhov:
"Pacha sentiu que para essa dama de preto, com olhos raivosos e dedos compridos e alvos, ela causava a impressão de algo baixo, hediondo, e sentiu vergonha de suas bochechas gorduchas e vermelhas, das marcas de varíola no seu nariz e da franjinha na testa, que não ficava para cima de jeito nenhum. Parecia-lhe que, se ela fosse magra, não se empoasse e não tivesse franja, seria possível disfarçar que ela não era uma pessoa decente, e não teria tanto pavor e vergonha de ficar diante de uma dama desconhecida e misteriosa."
A tradução para o Português e o fato de se tentar emular (na tradução) um vocabulário do século XIX dificultam a percepção de um possível estranhamento a nível puramente lexical. Contudo, a própria construção da imagem da mulher, por meio de uma descrição física expressivamente detalhada que termina por metaforizar suas características morais, geraria o efeito de estranhamento. Agora, isso também permite que observemos uma limitação dessa abordagem imanentista pautada no estranhamento. Afinal, o que seria uma linguagem cotidiana? Terry Eagleton, em Teoria da literatura: uma introdução, desdobra esses questionamentos: a linguagem jornalística ou publicitária não poderia usar criativamente desses efeitos de estranhamento? Nesse caso, o que diferenciaria o estranhamento destas em relação à linguagem literária? Além disso, não poderíamos usar metáforas, metonímias, ironias (que causam esse estranhamento) mesmo nas situações de linguagem mais cotidiana? Com base em questionamentos como esse, apropriações imanentistas mais recentes têm procurado rever criticamente essas concepções, sem deixar de valorizar o olhar sobre a construção formal do texto literário.
muito obrigado pela aula!
A aula me ajudou muito a esclarecer os textos que venho ledo para o mestrado, obrigada!
muito obrigada por essa aula fantástica. esclareceu minhas dúvidas!!!
Salvou minha vida!!!
Excelente explicação! Muito obrigada!
Suas aulas são muito excelentes! Muito obrigada por compartilhar!
Só tenho uma crítica e é em relação a luz usada para gravação!
Aula muito boa!
Ótima aula! Gratidão. 🙏🏻
Muito obrigado!
Boa aula!!!!
Muito obrigado explicação ótima estava com muitas dúvidas sobre esses temas
Valeu mesmo :)
maravilhosa aula.
Muito obrigado!
Excelente aula!
ótima aula! muito obrigada!
Perfeito!
ótima aula , adorei me ajudou muito!
ótimo!!
Quem dá dislike em um vídeo desses?
Perfect :)
maravilhoso, foi lucidativo.
Alguém disponibiliza o site onde esses textos estão.
incrível.
Professor quais as limitações da crítica formalista russa?
Finalmente consegui entender, vai dar aula na minha universidade CASTELO BRANCO please! hahaha
Quais os textos?
Olá, Juliana. Os textos são:
O que é literatura, de Terry Eagleton - está presente no livro Teoria da literatura: uma introdução (Não fala especificamente sobre o Formalismo, mas a definição, ou definições, de literatura é fundamental para a discussão dessa vertente teórica)
Formalismo Russo, Wolf-Dieter Stempel (É um capítulo presente no livro Teoria da Literatura em suas fontes, Volume 1 organizado por Luiz Costa Lima)
Sobre a poética formalista da linguagem poética, Wolf-Dieter Stempel (Também é um capítulo presente no livro Teoria da Literatura em suas fontes, Volume 1 organizado por Luiz Costa Lima)
Ual! Arrasou, professor. Muito obrigada por ter listado os livros! !!
E, claro, obrigada pela aula também!
Já me inscrevi no seu canal. Vc é muito didático e direto. Muito bom!!
@@letrasiftm6098 e o de New Cristicism?
Onde acho esse textos?
Como é o nome do texto do New cristicism???