A professora aqui explica conceitos marxistas com a categoria que Mozart compunha suas sinfonias! Colegas marxistas as vezes levam dez anos estudando pra entender esses pontos que a professora explica com uma tranquilidade impressionante! Parabéns, professora!
Li esse livro 2 vezes, quisá mais vezez. E muito interessante e fundamental. Depois dele não aguento as analises politicas desses "comentaristas politicos" de tão rasos que elas são!
Na minha humilde opinião a lingua é como um rio que não deve ser represado ou alterado no seu curso. Vamos deixa-la livre e viva. Não gosto desse artificionalismo "WOKE" (detesto essa palavra).
@@JoseSantos-xh9mp Bom, todos têm o direito à própria opinião, mas como acreditava Sócrates em seu processo maiêutico, é preciso nos esforçar para extrair o que há de verdade mesmo nas nossas opiniões. Do ponto de vista do materialismo histórico, tema deste vídeo, não há sentido na analogia. Um rio é natural, uma língua é um artifício humano. Se houvesse um único homem na Terra, ainda haveria muitos rios, mas não haveria nenhuma língua. As línguas são artificiais por definição. Mais que isso, se é que houve um momento de “criação espontânea” das línguas, certamente este não é o caso hoje. Para ficar na história recente, todos os processos de unificação e criação de Estados-Nações passaram pela escolha política de uma língua oficial e apagamento deliberado de dialetos (isso causa problemas até hoje em lugares como o País Basco, Catalunha, Irlanda, Escócia, Gales...). Ainda, a língua tem sido historicamente usada como um instrumento de resistência em tantos outros lugares além destes mencionados, como é ainda hoje por vários povos originários das Américas que se esforçam para manter viva sua língua, mesmo não sendo a língua oficial dos seus países. No século XVI, a revolução científica trouxe consigo uma revolução linguística, com cientistas como Galileu e Descartes adotando deliberadamente suas línguas nacionais em detrimento do latim (até então a língua oficial das universidades, controladas pela Igreja Católica), o que intensificou a perda de poder da Igreja Católica. No século XVIII, a língua Tupi foi PROIBIDA no Brasil (novamente, uma decisão política). No século XIX, a França proibiu suas colônias de usar suas línguas nativas e obrigou-as a adotar o francês, no que é descrito por Aimé Cesaire e Frantz Fanon como um brutal processo de apagamento das culturas locais (ou o que Pierre Clastres chama de etnocídio). Aliás, em “Peles Negras, Máscaras Brancas”, Fanon (filósofo e psiquiatra) nos lembra que “Um homem que possui a linguagem possui, em contrapartida, o mundo que essa linguagem expressa e que lhe é implícito. Já se vê aonde queremos chegar: existe na posse da linguagem uma extraordinária potência...”. Ou seja, nossa visão de mundo e o nosso pensamento estão limitados pela nossa linguagem. Consequentemente, qualquer transformação que desejemos do nosso pensamento e visão de mundo (nos termos de Marx, se queremos sair da alienação e alcançar a emancipação humana) DEVE PASSAR por uma transformação deliberada da linguagem e isso cabe a cada indivíduo. E se você não vê relação entre o fim do capitalismo e o fim da ideologia patriarcal judaico-cristã que prega há milênios que o homem é o TODO e o resto é só uma partezinha do abdome dele, recomendo que leia o Segundo Sexo, da Simone de Beauvoir. Então, meu caro, as línguas não só não são naturais, mas são instrumentos políticos e revolucionários. O Estado burguês usa deste artifício desde a sua criação (sem falar nas gramáticas oficiais, do VOLP, dos acordos ortográficos, etc.). Cabe a quem deseja mudar a estrutura da nossa sociedade e se emancipar deste Estado e deste sistema de produção lutar de volta, e tomar para si, no mínimo, o controle da própria língua. Toda revolução possui um caráter “artificionalista” (aliás, esta palavra não existe no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), ou você acha que transformações sociais acontecem “naturalmente” como os rios?
Estou lendo "Porque é que Marx tinha razaão de TERRY EAGLETON. Muiro adequado para quem quer conhecer a obra de Marx (e Engels) em palavras simples já que Marx não é para amadores!
Ainda bem que vc não é editor hahaha Brincadeira, mas traidor de quem, bicho? É como se o cara tivesse assinado algum compromisso a seguir dogmaticamente uma linha de pensamento e depois mudado de ideia. E se tivesse feito? Qual o problema? O próprio Marx se opunha a esse tipo de dogmatismo (que é justamente não-dialético)... O Marcuse nunca escondeu que colaborou com o gov dos EUA durante a segunda guerra mundial com inteligência pra derrotar os nazistas (aliás, a CIA nem existia, só foi criada após a segunda guerra). Sabe quem mais colaborou com o governo dos EUA (e do Reino Unido) durante a segunda guerra? Stalin! Vai chamar o bigode de contrarrevolucionário tb? hahaha Sai desse dogmatismo leninista, tem muita coisa boa (e muita coisa ruim tb) em vários espectros marxistas, inclusive na Escola de Frankfurt. Marcuse foi uma puta crítico da sociedade e do governo dos EUA na década de 1960, militou contra a Guerra do Vietnã, foi perseguido politicamente na universidade, orientou a Angela Davis, defendeu os Panteras Negras, desenvolvou uma puta teoria da sociedade de massas, consumismo etc. que se sustenta até hoje. Dá pra criticar o autor pelo que ele escreve (se são boas ideias ou não) ao invés de se concentrar em fofocas da vida pessoal da pessoa. Lê o cara, entende o que ele diz e aí, se ainda assim vc não concordar, faz uma crítica do conteúdo e não da pessoa. Se não, vc vira só um reflexo invertido da direita acéfala que critica Marx com base no "vi um vídeo no RUclips que diz que o Marx...", sem nunca ter lido uma página do autor. Pode começar pelo "Imaginação Dialética" do Martin Jay, que dá uma boa introdução à escola de Frankfurt. Depois lê o Marcuse mesmo, começa pelo "O Combate ao Liberalismo na Concepção Totalitária do Estado", mas não deixe de ler "O homem unidimesnaional", é curtinho. Forte abraço e bons estudos!
Como assim "Hegel está equivocado"? Se Marx estabelece o Capital como Sujeito do movimento dialético da história, não se trata de uma refutação da tese hegeliana, já que "capital" e "espírito universal" não pertencem ao mesmo plano ontológico. Ou seja, o capital poderia ser concebido como manifestação material do espírito universal.
Acredito que a sua dúvida é respondida no Posfácio da Segunda Edição d'O Capital (Livro 1), onde Marx esclarece a diferença entre o seu materialismo (mais próximo de Feuerbach) e a tradição do idealismo alemão (Kant, Fichte, Schelling e Hegel): "Meu método dialético, em seus fundamentos, não é apenas diferente do método hegeliano, mas exatamente seu oposto. Para Hegel, o processo de pensamento, que ele, sob o nome de Ideia, chega mesmo a transformar num sujeito autônomo, é o demiurgo do processo efetivo, o qual constitui apenas a manifestação externa do primeiro. Para mim, ao contrário, o ideal não é mais do que o material, transposto e traduzido na cabeça do homem". Mas vc tem razão que o Marx não abre mão da dicotomia metafísica clássica entre ser e essência, compartilhada com todos a filosofia ocidental antes dele e posteriormente até Husserl.
@@diogohohlorsi6523 , obrigado por compartilhar a citação, trata exatamente da questão do meu comentário acima. Porém, há dois problemas com o conteúdo, pelos quais continuo considerando que não há sentido em dizer que "Hegel está equivocado" apenas pelo contraste com o materialismo defendido por Marx. Primero, pois, ou Marx não entendia a definição de Ideia em Hegel (coisa muito improvável da qual duvido), ou ele está fazendo uma caricatura para ridicularizar o autor criticado. Ou seja, quando Hegel fala de Ideia, é óbvio para seus leitores que ele não está se referindo a algo confinado "na cabeça do homem". Se fosse o caso, o próprio Hegel teria sido suficientemente inteligente para saber que estaria defendendo algo absurdo. Não haveria necessidade de outro autor advertir sobre tal "equívoco", que nunca foi cometido. O segundo problema é a mesma questão que tentei apontar inicialmente. O Espírito Universal, metafísico por definição, engloba tanto Natureza quanto História (no sentido da realidade humana em geral). No caso do Capital de Marx, este Sujeito determinaria apenas especificamente a História. Quer dizer, não é o mesmo nível ontológico, Espírito Universal e Capital poderiam "conviver" em uma mesma doutrina filosófica, não há concorrência ou contradição direta entre tais princípios.
@@filosofiaantropologia-brun7808 Olá, Bruno, obrigado pela resposta detalhada, acho que entendi seu ponto e concordo parcialmente =). Antes de entrar nas questões, acho só importante esclarece que o vídeo diz que "para o Marx, o Hegel está equivocado" e não taxativamente "o Hegel está equivocado" - até pq, como nós dois sabemos, todos os filósofos estão equivocados do ponto de vista do próximo da fila hahaha No trecho que citei, o Marx faz a famosa "dupla torção" do Hegel, e de fato essa primeira torção parece estranho (defender que as ideias só existem nos homens e não de maneira autônoma como "teria" defendido Hegel). Como não conheço Hegel o suficiente, vc deve estar certo, ou Marx leu errado ou está usando de espantalho (exatamente como Hegel faz com Kant no começo da Ciência da Lógica, aliás, troco dado haha). Mas a segunda inversão ainda me parece válida, que é a inversão clássica entre materialismo/idealismo desde Aristóteles/Platão (a realidade material não é uma manifestação fenomênica das ideias, mas sim as ideias são engendradas pela realidade material), como diz o Marx ao deiscordar de que "o processo efetivo, o qual constitui apenas a manifestação externa do primeiro". Quanto ao segundo ponto, vc tem razão, são níveis diferentes (hierarquicamente, o Capital seria uma "espécie" do "gênero" Universal). Mas vou me aventurar em uma explicação aqui. Se o Marx deixa de conceber uma racionalidade absoluta (como consequência de toda aquela querela entre cientificismo, positivsmo, materialismo vs. idealismo alemão hegeliano, que submetia as ciências naturais à filosofia), então o Capital passa a ser para Marx o nível ontológico mais alto (pensando em uma ontologia vertical), no mesmo lugar que ocupava para Hegel o Espírito Absoluto (que englobava Natureza e História). Aliás, a consideração de Marx sobre a Natureza dá muito pano pra manga (e pode ter sido um dos grandes pontos cegos de Marx), Lukacs, Meszaros e Saito que o digam!
Como sou curioso, dei uma assuntada por aqui e me lembraram que o último capítulo dos "Manuscritos econômico-filosóficos" do Marx chama-se "Crítica da dialética e da filosofia hegeliana em geral". Dei uma olhada e, na minha versão (da Boitempo), vale a pena ler a partir da página 121, quando o Marx diz "Um duplo erro em Hegel", e então esmiúça sobretudo a última parte da Fenomenologia do Espírito (saber absoluto). Antes disso ele apresenta a influência do Feuerbach pro materialismo dele mesmo. Espero que ajude! Abs
@@diogohohlorsi6523 , agradeço a oportunidade do diálogo de alto nível, não é sempre que temos em um ambiente como o RUclips, e obrigado também pelas dicas, não sabia desta crítica mais minuciosa que vc indicou, vou conferir. Sobre sua resposta anterior, concordo, é habitual esse tipo de desrespeito entre os filósofos. Só achei importante distinguir um deboche de uma crítica propriamente dita, além de se ter clareza que o espantalho não é realmente o pensamento do autor referido. Também achei pertinente o paralelo que vc fez com Aristóteles. Mas o problema é que, em ambos os casos, se faz uma escolha por limitar mais o alcance da especulação e se dá por suposto que a ideia é meramente um conteúdo mental humano, sem que se discuta a natureza do inteligível e o tipo de conhecimento que somos capazes de ter sobre a realidade efetiva (natural e histórica).
A professora aqui explica conceitos marxistas com a categoria que Mozart compunha suas sinfonias! Colegas marxistas as vezes levam dez anos estudando pra entender esses pontos que a professora explica com uma tranquilidade impressionante! Parabéns, professora!
Olá Ana Paula, boa tarde 😊
Joao, boa tarde :)
Gosteiiii!! Obrigada, Ana Paula!!!!
Obrigada vc, Zélia!
O 18 de Brumário é leitura essencial. Uma análise social que completa a análise feita no Manifesto Comunista
Muito grata. Ainda engatinhando, mas compreendendo as suas explicações.
Devagar a gente vai longe, ana ❤
Aula excelente ! Agradecida.
Paula, obrigada, querida! Não perde as próximas:)
muito obrigada por esse contúdo.
Parabéns, excelente posição professora😄
excelente aula! adorei a Ana Paula ❤
Ana lindíssima ❤❤❤❤
A AULA 03 JÁ ESTÁ DISPONÍVEL EM: ruclips.net/video/TzZ8OBLBdvM/видео.html
A AULA 02 JÁ ESTÁ DISPONÍVEL EM: ruclips.net/video/cqX0XF31utY/видео.html
A AULA 04 JÁ ESTÁ DISPONÍVEL EM: ruclips.net/video/bVkZhHV-jS0/видео.htmlsi=tW4bU_CqpRxJg47M
Perfeito❤
Sou de extrema-direita e gosto bastante da Boitempo. Argumentos sólidos e honestos. Apesar de discordar, reconheço o valor. A César o que é de César.
Parabéns.
Até hoje o belo livro é atual. Isso é o comunismo científico.
Li esse livro 2 vezes, quisá mais vezez. E muito interessante e fundamental. Depois dele não aguento as analises politicas desses "comentaristas politicos" de tão rasos que elas são!
"Todes", sério mesmo
Na minha humilde opinião a lingua é como um rio que não deve ser represado ou alterado no seu curso. Vamos deixa-la livre e viva. Não gosto desse artificionalismo "WOKE" (detesto essa palavra).
@@JoseSantos-xh9mp Bom, todos têm o direito à própria opinião, mas como acreditava Sócrates em seu processo maiêutico, é preciso nos esforçar para extrair o que há de verdade mesmo nas nossas opiniões. Do ponto de vista do materialismo histórico, tema deste vídeo, não há sentido na analogia. Um rio é natural, uma língua é um artifício humano. Se houvesse um único homem na Terra, ainda haveria muitos rios, mas não haveria nenhuma língua. As línguas são artificiais por definição. Mais que isso, se é que houve um momento de “criação espontânea” das línguas, certamente este não é o caso hoje. Para ficar na história recente, todos os processos de unificação e criação de Estados-Nações passaram pela escolha política de uma língua oficial e apagamento deliberado de dialetos (isso causa problemas até hoje em lugares como o País Basco, Catalunha, Irlanda, Escócia, Gales...).
Ainda, a língua tem sido historicamente usada como um instrumento de resistência em tantos outros lugares além destes mencionados, como é ainda hoje por vários povos originários das Américas que se esforçam para manter viva sua língua, mesmo não sendo a língua oficial dos seus países. No século XVI, a revolução científica trouxe consigo uma revolução linguística, com cientistas como Galileu e Descartes adotando deliberadamente suas línguas nacionais em detrimento do latim (até então a língua oficial das universidades, controladas pela Igreja Católica), o que intensificou a perda de poder da Igreja Católica.
No século XVIII, a língua Tupi foi PROIBIDA no Brasil (novamente, uma decisão política). No século XIX, a França proibiu suas colônias de usar suas línguas nativas e obrigou-as a adotar o francês, no que é descrito por Aimé Cesaire e Frantz Fanon como um brutal processo de apagamento das culturas locais (ou o que Pierre Clastres chama de etnocídio). Aliás, em “Peles Negras, Máscaras Brancas”, Fanon (filósofo e psiquiatra) nos lembra que “Um homem que possui a linguagem possui, em contrapartida, o mundo que essa linguagem expressa e que lhe é implícito. Já se vê aonde queremos chegar: existe na posse da linguagem uma extraordinária potência...”.
Ou seja, nossa visão de mundo e o nosso pensamento estão limitados pela nossa linguagem. Consequentemente, qualquer transformação que desejemos do nosso pensamento e visão de mundo (nos termos de Marx, se queremos sair da alienação e alcançar a emancipação humana) DEVE PASSAR por uma transformação deliberada da linguagem e isso cabe a cada indivíduo. E se você não vê relação entre o fim do capitalismo e o fim da ideologia patriarcal judaico-cristã que prega há milênios que o homem é o TODO e o resto é só uma partezinha do abdome dele, recomendo que leia o Segundo Sexo, da Simone de Beauvoir.
Então, meu caro, as línguas não só não são naturais, mas são instrumentos políticos e revolucionários. O Estado burguês usa deste artifício desde a sua criação (sem falar nas gramáticas oficiais, do VOLP, dos acordos ortográficos, etc.). Cabe a quem deseja mudar a estrutura da nossa sociedade e se emancipar deste Estado e deste sistema de produção lutar de volta, e tomar para si, no mínimo, o controle da própria língua. Toda revolução possui um caráter “artificionalista” (aliás, esta palavra não existe no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), ou você acha que transformações sociais acontecem “naturalmente” como os rios?
Vai chorar?
Olá, boa tarde!!! Existe vida inteligente no You Tube!!!❤
Parece que algumas ideias do grundisse Marx tirou do Stirner mesmo que ele não fosse admitir
Estou lendo "Porque é que Marx tinha razaão de TERRY EAGLETON. Muiro adequado para quem quer conhecer a obra de Marx (e Engels) em palavras simples já que Marx não é para amadores!
Para ninguém esquecer que Marcuse foi um traidor que trabalhou para a CIA. Eu nao dava lugar num prefacio
Ainda bem que vc não é editor hahaha Brincadeira, mas traidor de quem, bicho? É como se o cara tivesse assinado algum compromisso a seguir dogmaticamente uma linha de pensamento e depois mudado de ideia. E se tivesse feito? Qual o problema? O próprio Marx se opunha a esse tipo de dogmatismo (que é justamente não-dialético)... O Marcuse nunca escondeu que colaborou com o gov dos EUA durante a segunda guerra mundial com inteligência pra derrotar os nazistas (aliás, a CIA nem existia, só foi criada após a segunda guerra). Sabe quem mais colaborou com o governo dos EUA (e do Reino Unido) durante a segunda guerra? Stalin! Vai chamar o bigode de contrarrevolucionário tb? hahaha
Sai desse dogmatismo leninista, tem muita coisa boa (e muita coisa ruim tb) em vários espectros marxistas, inclusive na Escola de Frankfurt. Marcuse foi uma puta crítico da sociedade e do governo dos EUA na década de 1960, militou contra a Guerra do Vietnã, foi perseguido politicamente na universidade, orientou a Angela Davis, defendeu os Panteras Negras, desenvolvou uma puta teoria da sociedade de massas, consumismo etc. que se sustenta até hoje.
Dá pra criticar o autor pelo que ele escreve (se são boas ideias ou não) ao invés de se concentrar em fofocas da vida pessoal da pessoa. Lê o cara, entende o que ele diz e aí, se ainda assim vc não concordar, faz uma crítica do conteúdo e não da pessoa. Se não, vc vira só um reflexo invertido da direita acéfala que critica Marx com base no "vi um vídeo no RUclips que diz que o Marx...", sem nunca ter lido uma página do autor. Pode começar pelo "Imaginação Dialética" do Martin Jay, que dá uma boa introdução à escola de Frankfurt. Depois lê o Marcuse mesmo, começa pelo "O Combate ao Liberalismo na Concepção Totalitária do Estado", mas não deixe de ler "O homem unidimesnaional", é curtinho. Forte abraço e bons estudos!
"No nível de cinismo" é eufemismo
verdade!
Como assim "Hegel está equivocado"? Se Marx estabelece o Capital como Sujeito do movimento dialético da história, não se trata de uma refutação da tese hegeliana, já que "capital" e "espírito universal" não pertencem ao mesmo plano ontológico. Ou seja, o capital poderia ser concebido como manifestação material do espírito universal.
Acredito que a sua dúvida é respondida no Posfácio da Segunda Edição d'O Capital (Livro 1), onde Marx esclarece a diferença entre o seu materialismo (mais próximo de Feuerbach) e a tradição do idealismo alemão (Kant, Fichte, Schelling e Hegel): "Meu método dialético, em seus fundamentos, não é apenas diferente do método hegeliano, mas exatamente seu oposto. Para Hegel, o processo de pensamento, que ele, sob o nome de Ideia, chega mesmo a transformar num sujeito autônomo, é o demiurgo do processo efetivo, o qual constitui apenas a manifestação externa do primeiro. Para mim, ao contrário, o ideal não é mais do que o material, transposto e traduzido na cabeça do homem". Mas vc tem razão que o Marx não abre mão da dicotomia metafísica clássica entre ser e essência, compartilhada com todos a filosofia ocidental antes dele e posteriormente até Husserl.
@@diogohohlorsi6523 , obrigado por compartilhar a citação, trata exatamente da questão do meu comentário acima. Porém, há dois problemas com o conteúdo, pelos quais continuo considerando que não há sentido em dizer que "Hegel está equivocado" apenas pelo contraste com o materialismo defendido por Marx. Primero, pois, ou Marx não entendia a definição de Ideia em Hegel (coisa muito improvável da qual duvido), ou ele está fazendo uma caricatura para ridicularizar o autor criticado. Ou seja, quando Hegel fala de Ideia, é óbvio para seus leitores que ele não está se referindo a algo confinado "na cabeça do homem". Se fosse o caso, o próprio Hegel teria sido suficientemente inteligente para saber que estaria defendendo algo absurdo. Não haveria necessidade de outro autor advertir sobre tal "equívoco", que nunca foi cometido. O segundo problema é a mesma questão que tentei apontar inicialmente. O Espírito Universal, metafísico por definição, engloba tanto Natureza quanto História (no sentido da realidade humana em geral). No caso do Capital de Marx, este Sujeito determinaria apenas especificamente a História. Quer dizer, não é o mesmo nível ontológico, Espírito Universal e Capital poderiam "conviver" em uma mesma doutrina filosófica, não há concorrência ou contradição direta entre tais princípios.
@@filosofiaantropologia-brun7808 Olá, Bruno, obrigado pela resposta detalhada, acho que entendi seu ponto e concordo parcialmente =). Antes de entrar nas questões, acho só importante esclarece que o vídeo diz que "para o Marx, o Hegel está equivocado" e não taxativamente "o Hegel está equivocado" - até pq, como nós dois sabemos, todos os filósofos estão equivocados do ponto de vista do próximo da fila hahaha No trecho que citei, o Marx faz a famosa "dupla torção" do Hegel, e de fato essa primeira torção parece estranho (defender que as ideias só existem nos homens e não de maneira autônoma como "teria" defendido Hegel). Como não conheço Hegel o suficiente, vc deve estar certo, ou Marx leu errado ou está usando de espantalho (exatamente como Hegel faz com Kant no começo da Ciência da Lógica, aliás, troco dado haha). Mas a segunda inversão ainda me parece válida, que é a inversão clássica entre materialismo/idealismo desde Aristóteles/Platão (a realidade material não é uma manifestação fenomênica das ideias, mas sim as ideias são engendradas pela realidade material), como diz o Marx ao deiscordar de que "o processo efetivo, o qual constitui apenas a manifestação externa do primeiro".
Quanto ao segundo ponto, vc tem razão, são níveis diferentes (hierarquicamente, o Capital seria uma "espécie" do "gênero" Universal). Mas vou me aventurar em uma explicação aqui. Se o Marx deixa de conceber uma racionalidade absoluta (como consequência de toda aquela querela entre cientificismo, positivsmo, materialismo vs. idealismo alemão hegeliano, que submetia as ciências naturais à filosofia), então o Capital passa a ser para Marx o nível ontológico mais alto (pensando em uma ontologia vertical), no mesmo lugar que ocupava para Hegel o Espírito Absoluto (que englobava Natureza e História). Aliás, a consideração de Marx sobre a Natureza dá muito pano pra manga (e pode ter sido um dos grandes pontos cegos de Marx), Lukacs, Meszaros e Saito que o digam!
Como sou curioso, dei uma assuntada por aqui e me lembraram que o último capítulo dos "Manuscritos econômico-filosóficos" do Marx chama-se "Crítica da dialética e da filosofia hegeliana em geral". Dei uma olhada e, na minha versão (da Boitempo), vale a pena ler a partir da página 121, quando o Marx diz "Um duplo erro em Hegel", e então esmiúça sobretudo a última parte da Fenomenologia do Espírito (saber absoluto). Antes disso ele apresenta a influência do Feuerbach pro materialismo dele mesmo. Espero que ajude! Abs
@@diogohohlorsi6523 , agradeço a oportunidade do diálogo de alto nível, não é sempre que temos em um ambiente como o RUclips, e obrigado também pelas dicas, não sabia desta crítica mais minuciosa que vc indicou, vou conferir. Sobre sua resposta anterior, concordo, é habitual esse tipo de desrespeito entre os filósofos. Só achei importante distinguir um deboche de uma crítica propriamente dita, além de se ter clareza que o espantalho não é realmente o pensamento do autor referido. Também achei pertinente o paralelo que vc fez com Aristóteles. Mas o problema é que, em ambos os casos, se faz uma escolha por limitar mais o alcance da especulação e se dá por suposto que a ideia é meramente um conteúdo mental humano, sem que se discuta a natureza do inteligível e o tipo de conhecimento que somos capazes de ter sobre a realidade efetiva (natural e histórica).
Sujeito=oferta+demanda.
Todes?
Vai chorar?