Receio que em face do absurdo nada do que se diga verdadeiramente importará. A revolta e a comédia não são mais do que pontos de partida para a construção de sentidos que, como vasos rachados, não tardarão a vazar, porque a realidade é inapreensível. Qualquer construção estruturada a partir do pensamento, apoiado na linguagem autorreflexiva, não passará de um sucedâneo da vida orientado a significar o passado mediante a supressão das experiências que substituirá por narrativas que, por seu turno, não tardarão a gerenciador as vivências futuras, construindo afetos que se afigurem úteis ao nosso romance em cadeia. Quiçá o esvaziamento conceitual e a "supressão" da fala/linguagem nos permitam alguma vivência. Não proponho um ato (ou salto) de fé, mas simples quietude e presença.
Interessante perspectiva, semelhante à resignação estoica. Creio, porém, que quietude não seja o melhor dos caminhos numa existência tão estranhamente rica em potencialidades. Sou suspeito de um certo cansaço da vida travestido quando se fala em quietude. Obrigado pelo comentário
@@MatheusBenites Se algo de estóico há em minha fala, significa que me expressei mal, pois não vejo o mundo como algo ordenado e regido por uma lei, senão como caos. Ademais, quietude não é resignação, mas ausência de conturbação mental, algo que nos permite a presença sem o recurso abusivo da mente discriminativa (vijnana). Não se trata de um cansaço ao modo niilista (negativo) nietzschiano, de recusa à realidade e ao devir, mas de uma abordagem que se manteve além da compreensão de Nietzsche, sobre a qual Antoine Panaioti, em "Nietzsche e o Pensamento Busdista", pôde lançar "alguma" luz.
Thomas Nagel traz uma reflexão do absurdo. O absurdo é absurdidade, porque é um estado próprio da vida humana. A vida humana se mostra específica pela condição de ser pensada. Pensar em demasia pode ocasionar na renúncia da vida. Thomas Nagel se compromete com a vida reconhecendo a pequenez e produz um reconhecimento para alargar o que é visto como sofrimento em prazer. A renúncia do desejo, como filosofia, é vista em sistemas indianos de pensamento. Thomas Nagel, em seu ateísmo, traz um pensamento religioso, uma peculiaridade do pensamento budista.
No texto: "como é ser um morcego?" Thomas Nagel adota que um ponto de vista subjetivo que não seja o do morcego e, ainda, tentar objetivar, afasta muito mais a questão de "ser um morcego". Nesse texto, Thomas Nagel, para mim, conseguiu um pensamento mais bem acabado acerca do pensamento filosófico. Ele produziu uma reflexão a respeito da epistemologia - como é a história, filosofia e crítica do conhecimento que podemos ter do outro. E, estabelece uma dúvida radical "pode a objetividade expressar a consciência?". Thomas Nagel apequena, ainda mais, o que pensamos conhecer.
Muito bom. Tenho que, seja Sísifo ou um sujeito itinerante, ao final da vida, tudo o que foram tornar-se-á insignificante, posto que os corpos de ambos, para além de restarem incapazes de se afetarem com vivências pretéritas, igualmente o serão em relação a possibilidade de manterem ainda que minimamente, qualquer "revivamento" imanente desses afetos, sejam eles bons ou ruins, que não tão somente, deveras na memória, como nostalgia. Talvez haveria uma diferença em relação à "teoria das couraças" (não recordo o nome do autor), como consequência dessas vivências. Mas de qualquer modo creio que é preciso imaginar, Sísifo não entediado. Obrigado. Abçs.
@@mateusmascarenhas3016 Essa pergunta é muito mais difícil do que parece. Uma parte dela, mais utópica, sistemática ou metafísica, acredito que sim. Toda ela, acredito que não.
Obrigado. Buscando informações sobre este filósofo
Excelente
não deixa de ser uma jornada do herói
Muito bom. Obrigada por compartilhar.
Receio que em face do absurdo nada do que se diga verdadeiramente importará. A revolta e a comédia não são mais do que pontos de partida para a construção de sentidos que, como vasos rachados, não tardarão a vazar, porque a realidade é inapreensível. Qualquer construção estruturada a partir do pensamento, apoiado na linguagem autorreflexiva, não passará de um sucedâneo da vida orientado a significar o passado mediante a supressão das experiências que substituirá por narrativas que, por seu turno, não tardarão a gerenciador as vivências futuras, construindo afetos que se afigurem úteis ao nosso romance em cadeia. Quiçá o esvaziamento conceitual e a "supressão" da fala/linguagem nos permitam alguma vivência. Não proponho um ato (ou salto) de fé, mas simples quietude e presença.
Interessante perspectiva, semelhante à resignação estoica. Creio, porém, que quietude não seja o melhor dos caminhos numa existência tão estranhamente rica em potencialidades. Sou suspeito de um certo cansaço da vida travestido quando se fala em quietude. Obrigado pelo comentário
@@MatheusBenites Se algo de estóico há em minha fala, significa que me expressei mal, pois não vejo o mundo como algo ordenado e regido por uma lei, senão como caos. Ademais, quietude não é resignação, mas ausência de conturbação mental, algo que nos permite a presença sem o recurso abusivo da mente discriminativa (vijnana). Não se trata de um cansaço ao modo niilista (negativo) nietzschiano, de recusa à realidade e ao devir, mas de uma abordagem que se manteve além da compreensão de Nietzsche, sobre a qual Antoine Panaioti, em "Nietzsche e o Pensamento Busdista", pôde lançar "alguma" luz.
Thomas Nagel traz uma reflexão do absurdo. O absurdo é absurdidade, porque é um estado próprio da vida humana. A vida humana se mostra específica pela condição de ser pensada. Pensar em demasia pode ocasionar na renúncia da vida. Thomas Nagel se compromete com a vida reconhecendo a pequenez e produz um reconhecimento para alargar o que é visto como sofrimento em prazer. A renúncia do desejo, como filosofia, é vista em sistemas indianos de pensamento. Thomas Nagel, em seu ateísmo, traz um pensamento religioso, uma peculiaridade do pensamento budista.
No texto: "como é ser um morcego?" Thomas Nagel adota que um ponto de vista subjetivo que não seja o do morcego e, ainda, tentar objetivar, afasta muito mais a questão de "ser um morcego". Nesse texto, Thomas Nagel, para mim, conseguiu um pensamento mais bem acabado acerca do pensamento filosófico. Ele produziu uma reflexão a respeito da epistemologia - como é a história, filosofia e crítica do conhecimento que podemos ter do outro. E, estabelece uma dúvida radical "pode a objetividade expressar a consciência?". Thomas Nagel apequena, ainda mais, o que pensamos conhecer.
Achei sua visão particularmente interessante sobre o assunto, Cássio.
Essa perspectiva da vida sobre a ótica da ironia me pareceu bem semelhante a de Kierkegard. Ele faz alguma referência a este filósofo?
Muito bom. Tenho que, seja Sísifo ou um sujeito itinerante, ao final da vida, tudo o que foram tornar-se-á insignificante, posto que os corpos de ambos, para além de restarem incapazes de se afetarem com vivências pretéritas, igualmente o serão em relação a possibilidade de manterem ainda que minimamente, qualquer "revivamento" imanente desses afetos, sejam eles bons ou ruins, que não tão somente, deveras na memória, como nostalgia. Talvez haveria uma diferença em relação à "teoria das couraças" (não recordo o nome do autor), como consequência dessas vivências. Mas de qualquer modo creio que é preciso imaginar, Sísifo não entediado. Obrigado. Abçs.
Eu que agradeço pelo comentário. Muito bom! Abraço
Parece um pouco com a visão de Nietzsche
muito bom.
A verdade é que somos insignificantes...
A vertente filosófica é idealismo?
Em que sentido?
@@MatheusBenites no geral,pode ser considerada como idealismo?
@@mateusmascarenhas3016 Essa pergunta é muito mais difícil do que parece. Uma parte dela, mais utópica, sistemática ou metafísica, acredito que sim. Toda ela, acredito que não.
Massa,obrigado,é que caiu um texto dele no enem.